Inexpressivo

Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir – nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

Não quero a meia-luz, não quero a cara benfeita, não quero o expressivo. Quero o inexpressivo. Quero o inumano dentro da pessoa; não, não é perigoso, pois de qualquer modo a pessoa é humana, não é preciso lutar por isso: querer ser humano me soa bonito demais.

Estou tentando te dizer de como cheguei ao neutro e ao inexpressivo de mim. Não sei se estou entendendo o que falo, estou sentindo – e receio muito o sentir, pois sentir é apenas um dos estilos de ser.

Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta.

Quero ver outras pessoas, outros corpos, outras caras, mesmo que sejam inexpressivos, desconhecidos. Eu também serei inexpressivo e desconhecido para elas, e nesse desconhecimento e nessa inexpressividade mergulharemos todos juntos num filme qualquer, de mãos dadas no escuro, como um bando de meninos dançando a cirandinha.

Limite Branco

Quando as pessoas estão prestando um serviço, a vida deixa de ser inexpressiva

Amor,
alimento do faminto,
água pura do sedento,
sol do homem inexpressivo;
conforto do desolado;
indispensável seiva de quem vive.

Não vou criar uma versão equilibrada para as pessoas inexpressivas: essa gente medíocre que sorri sem vontade, chora baixinho e ama aos poucos - isso me dá náuseas!

A dor de perder uma pessoa te deixa totalmente inexpressível e, com toda a certeza, desanimado de praticar qualquer coisa.

Isso é a maior estranheza que temos, expressar o inexpressível: o Eu... Como também é estranho a própria frase "expressar o inexpressível". Mas, é disso que surge a arte.

Nesta trincheira de palavras,
Se perdem alguns sentimentos,
Tão inexpressivos, intensos,
Que distanciam-se da realidade ortográfica.

Como traduzir as palavras do coração?
E dizer o que este ilustre poeta vive dizendo
E falar desta esgotante empreitada que o poeta se põe a enfrentar...
Tentar dizer para o mundo aquilo que só se sabe ao calar..
E ouvir aquele gentil escritor...
Que soa nos ouvidos...
O perfeito poema...
Aquele que ninguém disse..
Mas sentiu,
Que ninguém falou.
Mas ouviu.
Aquele que foi escritos pelas páginas de sua própria vida,
E que você não pode escrever,
mas teve o doce prazer de viver.

Admiravelmente tens-me nas mãos com a força de teu coração inexpressiva em acreditar no amor que lhe ofereço.
Diante de meus carinhos, por um instante insinuou uma verdade inventada, pois lhe trago a sinceridade real.
Como uma brisa que chega e lhe refresca e traz-lhe sensações de prazer e lhe rouba suspiros e múrmuros.

O sentimento do inexpressivo

Ao decorrer da vida, me pergunto:
"sentimento para quê?"
Se quando demonstramos, não valorizam.
E em meio ao caos, minha perplexidade se revela,
Questiono o propósito dos sentimentos, essa tela.

Por que não são valorizados, se tão intensos?
Magoada pelas promessas vazias, os falsos intentos.

Nos magoam aqui e acolá,
Sei nem se importar
Por isso, prefiro o silêncio ao vazio das palavras sem verdade,
Mentiras que alimentam a ilusão e a saudade.

A distância confunde, meu coração perdido,
Sem saber qual caminho seguir, sempre tão dividido.

⁠mais confiável é o semblante inexpressivo que não desperdiça aplausos, do que o sorriso sedutor que, em nome da vaidade e da ganância, contagia desarmonia e articula o desamor.

Sou lixo da escória
Sou barreira sem memória
Sou o ser inexpressivo
Carrego este castigo
Por ter cometido algo pervertido
Complexo ou abusivo
Na passagem derradeira
Sou carne viva da videira
Sou fruto desfavor
Sou capaz de matar ou de morrer
Sou louco sem pensar
Apático sem usar
No meu pensamento
Caio, saio e desapareço
Passo a viver no desconhecido
Além do mais com tantas e outras coisas banais
Eu me aborreço
Sou levante
Sou constante
Deste errante
Sou cova aberta a me esperar...

Meu rosto, inexpressivo, diz tudo o que desejo que saibam.

Fracionados somos inexpressivos, mas juntos somos evidentes, somos fortes.

Eu ando meia inexpressiva ultimamente. Sem saber distinguir o que sinto e o que deixo de sentir. Vai além do querer, e do desejo de sentir ultimamente aquilo que esqueci não sentir jamais. Sinto tanta, mas tanta falta de ter você perto de mim que isso acaba me maltratanto mesmo sem querer, é como se uma parte de mim estivesse indo embora, mesmo permanecendo aqui, e dentre todos os sentimentos mais cabíveis e expressáveis, eu posso chegar a sentir tudo. Mas o meu medo mesmo é de um dia chegar a não sentir mais nada.

Me sinto em preto e branco
Inexpressiva
Sem matiz
Sem riso
Sem colibris...

Mas eu sei que ainda estou lá
Escondida em algum submundo de mim
Arco-íris
Risos
Aquarela
Poesia...

Ser poeta não é apenas escrever livros; é ler pessoas.
É buscar compreensão no inexpressivo, fatídico e transeuntes chamado de entrelinhas, já dizia Drummond, "o segredo está nas entrelinhas".
Um verdadeiro poeta é um amante louco da vida na sua mais pura essência...
Poetize.... O mais belo de sua vida está onde você dificilmente lê.