Homem Perfeito Texto de Arnaldo Jabor

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SOBRE PLANTAÇÕES E COLHEITAS

De nada adianta
Investir na plantação
Se para fazer a colheita
É necessária a decisão
De sair sob sol ou chuva,
Vestindo ou tirando luva,
Colhendo o que foi plantado
Na terra que se tem arado.

Se aquele que planejou,
Que cavou, plantou e arou
É o mesmo da terra duvida,
A toda a colheita castiga
E a alma na vida investida
Com a plantação está perdida.

Inserida por NaraMinervino

Paciência

A paciência que muitos procuram
Complicada de se achar
Poucos tem e muitos aturam

Diz a lenda que está em ouvir
Mas antes temos de mudar
Nos destruir e reconstruir
Nossas vontades e nossas verdades

Mas onde realmente ela está?
Falam que está dentro de nós
Mas em nós só existe floresta
Em que muito estamos sós

Mas as árvores devem ser cortadas
Para que as luzes sejam exaltadas
Mas não tema com suas árvores
Pois está por vir muitos fulgores

Inserida por HarryHaka

Lutas desinteressantes


Nossas lutas, nosso empenho
Refletem a vontade que tenho
Pois vê-las bem é o que quero
E através disso sou sincero

E por isso travo minha luta
Mas diante disso pouco me escuta
Minha luta amadurece e corrige
Mas diante disso muito se exige

Cortes deixados pelos embates
Isso ocorre em ambas as partes
E no fim a que resultado trouxe?

Para alguns algo se obteve
Mas para muitos pouco se teve
Então para que tantas lutas serviram?
Sendo que todos mal sentiram

Muitas lutas desnecessárias são
Pois muitas delas nos afetam o coração
Lutas para destruir
Ou paciência para resistir?

Inserida por HarryHaka

Temos o que afinal?

O que realmente temos?
Se tudo isso é uma fase mortal.
Por que hoje estamos.
E amanhã, será que estaremos?

Se hoje eu tenho algo.
Amanhã posso não ter.
Mas quem sabe posso entender.
Que o “ter” não se pode apalpar.

O “ter” pode somente se sentir.
Pode-se conhecer.
Mas vamos admitir.
Quem não gosta de se enaltecer?

Mas lembre-se
Pois o “ter” pode ser ilusão.
E muitas vezes só causa desunião.

Não te proíbo de ter, tenha!
Mas tenha coisas que não se pode ver.
Pois assim estará livre.
E assim então, se desenvolver.

Inserida por HarryHaka

Tempo perdido

Vejo vários dizendo perderem tempo
Mas de onde se tira todo esse sustento?
Será perdido de fato
Ou será algo que isso em nós é na­to?

Mas de nada se adianta
Pois não há como perder
Pois também não há como guardar
Então…o que perdemos afinal?

Perdemos de aprender
Perdemos de entender
Perdemos de nos surpreender

Em nossos momentos tudo é singular
E de todos eles podemos nos aprimorar
Então calma, pois não a nada a perder
Pelo contrário ha muito a se conceder

O tempo não se perde
Pois a nós ele não pertence
E assim o tempo se passa
E nós passamos por ele

VOCÊ QUER PERDER OU QUER PASSAR?

Inserida por HarryHaka

BESOURINHO CUPIDO

Besourinho, besourinho, que estás a me escutar,
Voas e pousas bem firme no ninho pra te ninar,
O ninho daquele jeito que tem cheiro de amor,
Que tem um passarinho mais mimoso que a flor.

Besourinho, besourinho, tu que és pequenininho,
Voas até a ave que em meu peito faz seu ninho,
Dizes que eu estou aqui, a alimentar a esperança
De um dia tê-lo nos voos que eu dou na vizinhança.

Dizes que o meu peito explode de tanto encantamento
Por com ele estar, um dia, bem perto do firmamento
E juntos voarmos unidos, pelo céu lindo do amor
E, mesmo tão plenos de nós, distribuirmos calor.

Aproveitas que estarás perto da ave mais linda do mundo,
Dizes que estou sabendo que o seu tesouro mais vivo,
Que é a vida recebida do nobre sopro divino,
Hoje encerra outro ciclo de voos plenos e compridos.

Contas que, aos quatro cantos dos lugares em que voei,
Gritei forte e gritei alto - porque tanto me emocionei! -
Que essa ave nobre, a quem dedico parte da vida,
Hoje faz aniversário e inicia outra linda partida.

Dá-lhes os meus parabéns e desejos de felicidade,
A mesma que, nessa hora, o meu coração invade.
Apresenta-lhes os meus sinceros, verdadeiros e profundos:
Parabéns para você! Felicidades, saúde e tudo além de tudo!

Aproveitas, ainda, o momento que estarás com a ave,
Revelas o meu amor e tudo aquilo que só tu sabes.
Dize-lhe que a cada dia, quando cai a gota de orvalho,
Meu coração regozija por saber-me enamorado
Dessa ave tão bela e nobre, por quem estou apaixonado.

Dizes por fim, finalmente, sem uma palavra esquecer,
Que ela é a ave dos sonhos que me fazem percorrer
As idas e vindas do amor que à humanidade aquece,
O mesmo amor que, eu sei, só sentem os que merecem.

Nara Minervino

Inserida por NaraMinervino

RECADO BEM DADO

Lá vem ela
Que não se esconde e
Chega bem de mansinho.
Não avisa
Nem prepara,
Vem chegando com carinho.

Aí... de repente...

Parece que enlouqueceu
Ela vem com tanta força
Batendo em quem lhe bateu,
Arrebatando
E gritando:
Quem manda aqui sou eu.

E agora
Despreparados
Ficamos encurralados.
Ela não perdeu o tempo
E nós ficamos afogados.

Pera aí....
Eu não te disse?
Mas que bobeira
E tolice!

Eu falo da chuva que cai,
No plano
E na planície,
Que molha
E traz de volta
Aquilo que o homem solta
E transforma em
Imundície.

Ela dá o seu recado.
Se liga aí,
Descuidado!

Nara Minervino.

Inserida por NaraMinervino

Agradeço a Oxalá por tudo que tenho na vida;
Que a vida que eu tenho seja de sofrimento ou de alegria eu sou o merecedor;
Agradeço por acordar mais um dia;
Pelo ar que respiro;
Peço forças para enfrentar as batalhas diárias;
E que eu consiga ajudar o próximo a ter tanta força quanto eu;
Que tudo que aconteça tenha sempre a permissão de Oxalá.

Inserida por JeicyFontoura

SALVE, SALVE TIC-TAC!

De repente,
Bummm!!!
Me deparo com você.
Meu coração faz
Tum-tum,
Pela alegria de te ver.

Tic-tac.
Tic-tac.
Eu vou ter um piripaque!
Tic-tac.
Tic-tac.
Meu coração tá num empasse!

Você veio
E me mostrou
Como é alegre o amor.
Você chegou
Me conduziu
E o meu sorriso se abriu.

Tic-tac.
Tic-tac.
Eu vou ter um piripaque.
Tic-tac.
Tic-tac.
Meu coração tá num empasse!

Tudo foi.
Tudo acabou,
Você a mim me deixou.
Minha vida
Foi rasgada,
E eu por você fui deixada.

Tic-tac.
Tic-tac.
Eu vou ter um piripaque.
Tic-tac.
Tic-tac.
Meu coração tá num empasse!

Sozinha
E solitária,
Eu era uma frágil florzinha.
Hoje, forte
E bem astuta,
Tornei-me uma árvore robusta.

Tic-tac.
Tic-tac.
Não vou ter mais piripaque.
Tic-tac.
Tic-tac.
Meu coração saiu do empasse!

Nara Minervino.

Inserida por NaraMinervino

RAIZ QUE ME PRENDE, ME DEIXAS VOAR?

Raiz que me prende,
Me deixas voar?
Largar deste solo
E folhas lançar
No vento que insiste
Em me acariciar?
Tu me alimentas
E me faz respirar,
És todo o sustento
Do meu caminhar,
Mas preciso da vida
Que está a me chamar.

Estando tão presa
E agarrada a ti,
Não vejo a beleza
Que tem pra além de mim.
E o ar que existe
E joga minhas folhas,
Parece que insiste
Em me ver toda solta,
Não abandonada,
Mas de ti desgarrada,
Pra comigo viver
E a mim conhecer.

Não posso perder
Esse pouco de mim
Que, mesmo sem você,
Existe por fim.
Minha independência
É o meu furacão
Que acelera o fluxo
Do meu coração
E me faz explodir
Procurando emoção!

Não penses que eu vou
De ti me esquecer,
Pois o de que eu preciso
É aprender a viver
Comigo somente
E de mim depender,
Para todos os dias
Eu jamais me esquecer
Que, mesmo tão livre
E com galhos dançantes,
Foste tu, oh, raiz,
Quem me fez navegante!

Nara Minervino.

Inserida por NaraMinervino

AMOR CERTEIRO

Como bala perdida,
Você acertou minha vida,
Colocando na palma da mão
Meu amor e o meu coração,
Fazendo-me estremecer
Toda vez que eu sei vou te ver.

Passou pela minha esquina
E viu em mim a menina
Que, brincando, nem pensava
No enamorar que se achava
De um jovem belo e andante
Promotor de uma vida errante.

Aos poucos eu fui me envolvendo
E o meu amor foi crescendo,
Alterando o que era rotina
E modificando minha vida,
Que solitária e aprendiz
Descobriu o amor bem feliz.

Hoje estou eu essa assim:
Com uma metade de ti dependente,
E, por estares bem dentro aqui,
Não me esqueço do que vi bem em mim:
Os teus braços a mim me abraçando
E as chamas do medo de amar se apagando.

Nara Minervino.

Inserida por NaraMinervino

AMOR CONDUTOR

Você veio de repente,
Mas sem me avisar.
Chegou sorrateiro,
Nem se deixou notar.
Logo dos meus desejos
Você se apossou
E, além do meu coração,
Tudo em mim arrebatou.
Colocou em suas mãos
O amor que me fascina,
E transformou em mulher
O que em mim era menina.

Deu-me diferentes
E incontáveis emoções,
Fazendo-me conhecer
O prazer das sensações.
Ensinou-me que beijar
Envolve o contagiar
Da alma, das alegrias,
Dos desejos, das fantasias.
Ensinou-me que é pelo beijo
Que se acende o desejo,
Esse mesmo beijo que finda
O amor que na cama vinga.

Você me disse que amar,
Com fogo e com falta de ar,
Só é mesmo quente e caliente
Se for feito entre a gente.
Chegou me ajustando ao seu corpo
E a mim amou feito um louco,
Numa loucura doce e insana
Que só conhece mesmo quem ama.
Fez de mim uma mulher intensa
E para o amor mais propensa.
Uma mulher que aprecia
Ser amada de noite e de dia.
Disse que eu fui envolvente
Ao agir como uma indecente;
Que mexi com suas ilusões
E acendi os seus furacões.

Por tudo o que me tornou
E pela mulher que hoje eu sou,
Não posso esconder o que sinto
Nem pra você nem pro infinito.
A todos eu preciso mostrar
Que conheci bem de perto o amar,
Nos braços de quem, sem ter pressa,
Mostrou-me como o amor começa.
Revelou que tudo o que é preciso,
Para amar e viver o que eu vivo,
É ao amor se entregar com vontade
Sem ter medo de amar de verdade.

Com você eu quero ficar
E para sempre, pra sempre, te amar!
Sentir o seu pulso tão forte
Que dá à minha vida o norte;
Que é condutor do meu destino
E controla meus prazeres e instinto.

Eu te amo, meu amor.
Eu te amo para além do amar.
Eu te amo como amam os fortes,
Pra quem qualquer desafio é sorte.
Eu te amo como amam os fracos,
Que com pouco se sentem exaustos.
Eu te amo como amam as aves,
Cujos voos mais livres são grades.
Eu te amo como amam os presos,
Cujas celas trazem desassossegos.
Eu te amo apesar dos contrastes
Porque minha vida sem a tua é um à parte.
Eu te amo tão forte e suavemente
Que os sonhos se tornam dormentes
Desse amor louco e entorpecido
Mas que é só em teus braços vividos.

Nara Minervino

Inserida por NaraMinervino

CHUVINHA FININHA

Chuvinha fininha que desce fraquinha,
Vais com cautela, mas sem muita espera,
Diz ao meu amor que aqui onde estou
Está bem friozinho, e eu, tão sozinho,
Esperando o calor de quem me jogou
Na rede que encanta e chamego balança.

Chuvinha fininha que desce fraquinha,
Molhas aos pouquinhos o meu jardinzinho
De flores que enfeitam o meu corpo de gueixa
E cujos perfumes provocam ciúmes.
Quando tu molhares as minhas plantinhas,
Molhas com carinho, pois elas são minhas
Melhores amigas, de noite e de dia,
Pra quem confidencio os meus arrepios.

Chuvinha fininha que desce fraquinha,
Tu estás chorando ou estás reclamando?
Por que tu lamentas, se lento arrebentas
As armas mais duras e mais carrancudas
De alguns corações que fogem de furacões?

Te acalmas, chuvinha, não chores assim,
Desde outro dia, em que leve caías,
Há tantos jardins, com perfumes sem fins,
Que têm ressurgido nesse mundo perdido,
Carente de amor e de bem mais calor.

Tuas águas tranquilas, mas bem destemidas,
Uniram pessoas que estavam à toa
No meio da rua, passando outra chuva.
Pra dentro dos lares as gentes mandastes
Ficarem juntinhas e agarradinhas
Nos ninhos de amor que tua chuva formou.

Chuvinha fininha que desce fraquinha,
Não chores assim, se fizestes a mim
E a tantas pessoas, com tuas garoas,
Um bem tão danado e tão desejado:
Amar uns aos outros sem nenhum esforço
E ser muito amados e pra sempre lembrados.

Nara Minervino.

Inserida por NaraMinervino

SOLIDÃO DE AMOR

No meio da solidão,
Sob o alto som do silêncio,
Meu coração está agitado
Por te ver, assim, tão calado.

Não posso me conformar
Com esse silêncio bobo
Que, deixando-me como um tolo,
Me põe sempre a chorar.

Tu és cruel
E andas na contramão:
Não sabes que o meu coração,
Que bate rápido, inquieto,
Sofre por ti, meu tesão,
Alguém a quem quero por perto.

Não faça isso comigo?
Não faça isso com a gente?
Troque tuas palavras mudas,
Que são mais graves que agudas,
Por meu beijo dado e bem quente?!

Nara Minervino.

Inserida por NaraMinervino

Então, deixei os momentos irem, como pássaros que voam livres no verão e se protegem do frio no inverno... Deixei o passado cair como as folhas de uma árvore no outono, mas , tenho certeza de que na primavera elas voltarão... Volverão como lembranças e assim, deixarei brotar o presente, tal qual as flores, florescendo e espalhando o seu perfume... Enfim, esperarei o futuro chegar, assim como os pássaros esperam o verão para voarem livremente, e os bulbos entumecidos que esperam a primavera para florescer e exalar o seu perfume. Assim somos feitos... Passamos pela vida, que é feita de passado, presente, futuro, momentos, lembranças, verões, invernos, primaveras e outonos...
Marilina Baccarat (escritora brasileira) no livro E a vida tinha razão

Inserida por MarilinaBaccarat

Compete, a nós, escolhermos o que vamos guardar dentro de nossos corações... Que não sejam bugigangas de sentimentos, tal qual a raiva, a inveja e o desamor... Que sejam sentimentos sonoros, tal qual uma sonata, que só é linda, quando, ao final, ela chega, levando às lágrimas qualquer mortal...
Marilina Baccarat de Slmeida Leão no livro "Musicalidade Colorida"

Inserida por MarilinaBaccarat

Fases da vida

Somos pessoas felizes por ter vivido bem cada etapa da nossa vida... De cada uma delas, saindo mais rica e mais forte, mesmo através do sofrimento... Algumas vezes, trôpegas, com vontade de desistir... Noutras, eufóricas, querendo permanecer, para sempre, em alguma fase vivida... Mas, seguindo em frente... Mesmo assim, por isso mesmo, aprendemos que tudo passa... O tempo não passa sozinho no relógio e na contagem desenfreada dos dias... Passa, tão rápido, e com ele passamos nós e tudo o que vivenciamos em nossa caminhada... Tentamos validar nossas experiências, a cada decisão tomada, a cada ação desenvolvida... Porque é preciso não perder o objetivo e esse objetivo é justamente saber usar todo o tempo que foi vivido, o conhecimento adquirido, a luz que não se apagou, que são os anos vividos e que carregamos... Tenhamos vinte, trinta, quarenta, cinquenta, sessenta, setenta, oitenta, noventa, cem anos, o que não é difícil chegar...ou mais, quem sabe... Pois, toda idade receberá, da vida, sua bagagem de informação. E o entrosamento, dessas noções, formará o Eu de Nós... Respeitar e procurar entender as razões de cada idade. Pois cada uma é diferente; se não reverenciarmos, não seríamos o Eu de Nós, pois, cada passagem da vida, é dessemelhante, assim como são as pessoas...
Marilina Baccarat no livro "O Eu De Nós" página 15

Inserida por MarilinaBaccarat

Eram 3 socós,
Um socó pediu pra o outro socó coçar,
só que tinha 3 socós, e o outro socó estava com inveja do socó que ia coçar o outro socó que pedido pra ele coçar, como o socó que ia coçar o outro socó não queria coçar só um socó então como são 3 socós, um só socó queria coçar os dois socós, então são 3 socós pra um só soco coça.

Qual socó coçou os outros dois socós?

Inserida por valterbrasil

A DISTÂNCIA

Não há distância quilométrica
Que o amor não afeta,
Que o coração não injeta
Numa saudade tão certa.

Não há distância de espaço
Que não meta no embaraço
O amor sem cansaço
E tão carente de um abraço.

Não há distância de amores
Que não provoque dores,
Que não cause dissabores
Na vida de quem colhe flores.

Mas há a distância que existe
No coração de quem insiste,
De quem no amor só persiste,
Porque dele jamais desiste.

Há a distância que incomoda,
Que mais emagrece que engorda,
Que torna a poesia prosa
E que ao amor só renova.

Há a distância, enfim,
Que põe um aqui e outro aí,
Que não permite ir e vir
E faz qualquer peito explodir.

Há a distância que dói,
Que a alma do peito corrói,
Mas que nem de perto destrói
O desejo de se ter logo após.

Nara Minervino

Inserida por NaraMinervino

O riacho e sua música
Certa vez, olhamos para o rio, no auge do seu esplendor, chegamos à conclusão de que suas águas,ao declinarem e batendo em suas pedras, são bastante
parecidas com a regência de um grande coral, regido pelo horizonte... Quando as águas, ao descerem em direção ao mar, cantam suas canções...
Os nossos corações se aquietam, para poderem ouvir aquela cantiga...
Há uma infinidade de vozes, ali, dentro daqueles talentos... Ali, parece existirem clamores de sopranos,contraltos, baixos e tenores e, de cada um deles,parece haver o maior ajustamento possível, que permitirá
que todos eles sigam o ritmo, criando o mistério da sinfonia da música...
Como um rio calmo, vai correndo com sua melodia...Ela é perfeita e cresce conforme ele desce, regendo o coral, dominando profundamente o nosso ser... Com os raios derramados pelo sol, que refletem,em suas águas. Ali, acharemos a calma e a paz...
Ao lado da sonata, que é executada, para nossa admiração, observamos que, sempre, há flores em suas margens...
O útil e o belo precisam onviver,iluminando-se, mutuamente, pois, do contrário, não
haveria a harmonia, de que muito a música precisa...Mas, quem invade o espaço do rio somos nós, que não paramos para ouvir a sua melodia, que é bem gostosa de se ouvir, alegrando o nosso ser..
Pessoas se aproximam e logo dizem para as crianças: – Não se abeire, pois pode ser perigoso...
E nós a escutar, pensamos com os nossos botões: – Perigoso por quê?
As crianças aprenderiam a ouvir sua música e, com isso, aprenderiam a cantar...
Mas quem abonaria o aproximar das crianças perto das beiras, que têm suas margens floridas?...
Ninguém permitiria que elas se aproximassem, pois não haveria segurança, conforme eles diziam...
Então, elucubramos: – garantia do quê? Vista como uma maravilha da natureza, a música, que esse coral executa, não averia o porquê, de não haver uma abonação...
Muitas vezes, quando estamos em suas margens, ouvindo sua canção, tentamos imaginar, naquelas águas, que correm para o mar, rostos de pessoas, que, a nós, são caras... Às vezes, parece-nos que ainda estamos vendo seus gestos, quando olhamos para o rio... As nossas mãos são como as delas, calejadas por remarem todos os dias, contra a correnteza das águas da vida... Mãos machucadas de tanto remar contra os infortúnios da vida, elas são vigorosas, mas, ao mesmo tempo, capazes de transformar, de uma hora para outra, sua força em delicadeza...
Do mesmo modo que ele se encontra com o oceano, cantando a sua canção, o nosso mundo está cheio de fatos misteriosos, abitolado e restrito, apenas àquilo que, a nós, é visível... Nunca ficamos irritados
com suas histórias, pois, para nós, suas temulências trazem uma espécie de pozinho mágico, que alegra nosso navegar pelas águas calmas...
No fundo, estávamos convencidos de que aquele ribeirão fosse algo, extremamente, feminino, onde o feminismo significa uma atitude própria, de quem não precisa se empenhar, seriamente, nas coisas concretas da vida...
Não contestamos e, muito menos, procuramos explicações acerca daquilo, que defendemos, pois, evidentemente, não temos a capacidade de fazê-lo, pois as torrentes descem, com uma tal velocidade, que não seria possível a uma fêmea possuir a força daquelas águas...
Acostumamos a ver, todos os dias, as carraspanas descerem violentamente, levando os barcos, com uma violência, que chegamos a pensar que a vida poderia ser assim, tal qual a sua correnteza, mas, que levassem as nossas dores...
Que avaliassem as nossas relações, cantando suas melodias, que, hora parecem ser uma sonata e, em outra, um adágio a nos embalar em suas margens floridas...
Sentiríamos o seu perfume e, certamente, encontraríamos o andamento e aprenderíamos a navegar juntamente com suas moafas... Nesses assuntos, a única coisa, que poderia nos unir, às suas correntezas, além de sua música, seriam as flores em suas margens...
Dispomos de mais tempo que os arroios, pois eles descem velozes e não conseguimos acompanhá-los, pois eles dispõem de mais tempo do que nós...
Há dias em que, ouvindo a melodia, que é executada por ele, com nossos barcos aproximados, colocamo-los no rio e, juntamente, com suas correntes, vamos navegando e, juntos, seguimos a sua regência, cantando-a juntos com ele...
E, de fato, quando retornamos, desse passeio, parecemos pescadores de contentamentos, garimpeiros em busca da jovialidade, que suas melas parecem nos oferecer por toda a nossa vida, afora...
Porém, enquanto o rio corre na perfeita paz, marcando o tempo dos nossos pensamentos, com seus cantares, nossas palavras parecem suspensas, no silêncio...
Já não eram meras palavras, mas pedras preciosas, que dançavam, à nossa volta...
Entorno de nós, corria o rio do mistério... E era, justamente, esse mistério, que nos dava a certeza de que pequenas janelas são abertas, com suas melodias...
Marilina Baccarat no livro "Corre Como Um Rio" página25

Inserida por MarilinaBaccarat

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