Grito de Protesto
Bestas Humanas
Avisto o singular na adjacência dos infectos olhares.
O mundo não acredita em visões.
Como se opor a eles?
A quem, senão aos homens?
Como me defender se a minha boca está ferida!
Os meus lábios cortados como ameias.
Diante do meu corpo eu vejo dor.
Sou fraco por excelência.
Grito por socorro! - Quem me protegera?
Amparo falsário.
Nada de palavras.
Nada de fugas.
Nada de porcos a refocilar o meu quintal.
Aos fracos, restam os cadáveres banhados ao ouro.
As almas lúridas e repletas de musgos.
Permaneça-te incrédulo e cousa alguma te parecerá estranha.
Se tudo é natural; se tudo é coincidência.
Para que tanta filosofia e para que tanta ciência?
A símplice: Porque o mundo gira!
Como não haveria de girar, com tantos excrementos o cercando?
Até para o mundo se há efêmeras fugas.
O mundo marcha; exceto o criador!
Longínqua marcha aos passos de um leopardo com longos pés de urso.
É bíblico. - Marchar progressivamente faz-se necessário.
O mundo giraria se não houvesse filosofia? - Ele jamais girou sem ela.
Duas pessoas não conversam por mais de dez minutos sem cair na metafísica.
Repetem-se as buscas e necessidades.
É preciso celebrar a idiotice humana.
As visões e todas as descrenças; celebrem-nas!
Não se pode batalhar hostil aos impulsos incontestáveis do espírito.
Recordo-me de haver visto o mundo a sangrar em minhas visões.
A se esvair como os meus pulsos.
O sangue sempre verte além do que supúnhamos.
Acordo-me: Consciência é uma das poucas faculdades que se me restam.
Já perdi muitas vezes a cabeça, a paciência, já entrei em desespero, já me calei diante do mal e já gritei em silencio por socorro. Em todos esses momentos não perdi o respeito ao próximo, apenas o respeito a mim mesma e as minhas cicatrizes. Sei que poderia ter feito muito mais por mim, descobri ao longo dos anos que o passo para a cura desses males esta no grito que não dei , exatamente por saber que nunca iremos mudar as pessoas a nossa volta, só podemos mudar a nós mesmos!
GRITOS EM SILÊNCIO
Sinto-te carente de gente
Com alma viva
Que te dê mais vida
Na vontade
De viver o presente
Como um presente
De conectar com gentes
Que te encostem bem
Na tua costa
Com abraços verdadeiros
Sincronizados
Looongos, quentes
E intensos
Sinto-te, com vontade
De no rio e mar, mergulhar
Despida, de corpo e alma
Na tua intimidade
Deixando que as águas correntes
Te atravessem, abrassando
O teu corpo e arrefecendo
A tua braza 🔥
Na totalidade
Sinto-te, num vazio
Contudo, carregada de amor
Fulgor
Para dar e receber
Abertamente e
Com mente aberta
Sinto-te envolvente
Rodeada de gente
Porém, numa ilha deserta
Com desejo de uma alma
Encontrar, para com ela
Partilhar
Os teus medos
Receios
Vontades
Gritos d'alma
E os barulhos
Grudados no corpo
Poder entrementes
Ultrapassar os teus limites
Politicamente correctos
Expressando a alma
Na sua essência
Sinto-te excitada
De tudo e do nada
Almejando
Ser escutada em silêncio
Sinto-te sedenta
De conexões enérgicas
Que garantem prazeres longos
Sem evadir o que existe
E em silêncio
Te reencontrares
Sendo
Verdadeiramente Tu
Sem tabus
Nem fingindo qualidades
Extraindo dessa dor
O ardor sem pudor
Toda Tu
Dona do teu mundo
Inteiramente
Em gritos de silêncio
Porque tudo que te faz bem
Fazes em silêncio.
Opoetadafogueira 🔥
Ninguém pode pisotear sua liberdade. Se quiserem te calar, grite mais alto.
No passado gênios foram calados, hoje continuamos sem ouvir os gênios por que os idiotas gritam a sua ignorância. Quanto maior o grito, menos temos dúvidas de que falta sabedoria.
O mal não precisa de força para vencer, basta a omissão dos que poderiam detê-lo. No fim, não é um monstro que destrói o mundo, mas a multidão que o assiste em silêncio.
O tom de voz é maquiagem eficaz de um orador. A verdade pode ser gritada e não ouvida e a mentira sussurrada e seguida.
Mentiras devem ser umas das coisas mais fáceis que podem ser feitas.
A distorção entre o escuro, as luzes artificiais e a afinação
As coisas podem facilmente tornar-se avermelhadas, se assim eu quiser.
A quem pertence esta face? Não a reconheço, não a reconheço
Ângulos internos apontam para mim.
Me dilaceram de dentro para fora, agulhas de arrependimento rompem-me.
A realidade novamente é distorcida
Angustiada estou sob este céu vermelho; pássaros pretos sobrevoam minha cabeça, formando em mim uma coroa. Devo exalar cada vez mais desespero. Sobrevoará também todo tipo de desgraça que me foi ensinada.
Estive crucificada por mil meses e mil horas. É de costume vê-los apontando para meu sangue que tem escorrido todos os dias desde então.
Qualquer vício é coincidência
A hipnose em que caí me rodeia de mal
Não posso acreditar, jamais
Deus, dê me asas para que eu possa voar para bem longe daqui.
Sabe… certas dores não gritam. Elas silenciam a alma devagar, como quem fecha as cortinas de um teatro depois do fim. Algumas feridas não sangram mais, mas seguem abertas dentro da gente, como páginas que o tempo não teve coragem de virar.
Elas criam um véu — sutil, quase invisível — sobre tudo o que fomos antes do abismo. E é nesse véu que a alma aprende a respirar diferente, com mais cautela, com menos fé. Nunca tente levantar esse véu… Ele não é esquecimento. É sobrevivência.
Nada há aqui
Na terra tua
Tejo sem ti
Noite sem lua
Dias ao sul
Senda de paz
No mar azul
Refúgio capaz
Voltas um dia
Repetes tudo
Procuras magia
Num grito mudo
Reflexo no rio
E nada mudou
Espelho vazio
De quem amou
DAQUI
Cada nota inconstante revelava a tua indignação, cada agudo um mar de sensação, e naquele dia tudo que estava preso voltou-se para fora; posso ouvir o teu grito daqui.
Os arrepios me acompanharam, meu peito bateu mais forte que nunca, meus olhos estremeceram sem controle; posso sentir o teu grito daqui.
Quando, enfim, colocaste para fora tudo aquilo que aprisionava a tua alma, tudo aquilo que ao mundo se ocultava, eu pude ouvir o teu grito daqui.
Estiro os meus braços e uno o teu corpo ao meu, na esperança de que teu grito se abafe em mim, pois em muitos sorrisos se escondia o vazio, mas eu pude te sentir daqui.
