Frases sobre poesia
Está um rapaz a arder
em cima do muro,
as mãos apaziguadas.
Arde indiferente à neve que o encharca.
Outros foram capazes
de lhe sabotar o corpo,
archote glaciar.
Nunca ninguém apagou esse lume.
Gosto da claridade penumbrosa
de adolescentes indecisos.
Gosto deles assim lentos
inaptos, vorazes, sedentos
do labor meticuloso e da
antiquíssima sabedoria de outras mãos.
Anjos devastados, senhores do caos
é para longe que partem.
A tua ausência
a encher-se de dunas.
Aquele bater de vidraças
na orla da praia.
O silêncio a insistir
a recusar-se ao rumor.
E a vida a fluir,
lá fora.
A noite toda a selva
dissolvendo-se em sândalo
e esquecimento.
Casas, degraus a prumo, águas
despedaçadas. Equilíbrio precário
num fio de luz.
Toda a noite a luz multiplicou
o instantâneo de um rosto intraduzível.
Esquiva, a tua morte não escapou
à ladainha de regra.
Correu uma versão torpe quando
te viram a sorrir
uma ironia de druida clandestino,
indiferente à voragem dos bárbaros.
Talvez eu não consiga quanto amo
ou amei teu ser dizer, talvez
como num mar que tu não vês
o meu corpo submerso seja o ramo
final que estendo já não sei a quem
Há dias em que em ti talvez não pense
a morte mata um pouco a memória dos vivos
é todavia claro e fotográfico o teu rosto
caído não na terra mas no fogo
e se houver dia em que não pense em ti
estarei contigo dentro do vazio
Reformulamos o amor porém se fórmula
não existia como repeti-la?
É preciso criar um eco ambíguo
que deixe de ser eco e tome a forma
do que viver possa ter sido:
encontraremos restos do sentido
que num instante incerto alguma coisa fez
e nunca poderá ser repetido
antes chova,
do que nunca.
uma releitura sobre a chuva,
cujos corpos se derretem.
repouso mental,
para o ar passar.
passar ar.
pra sar ar,
passa ar.
passa ar.
pas,
ar.
não sei de quem a mão
fantasma que esfuma
o meu rosto o meu tempo o reflexo
que me habituei
a confirmar aqui
não sei quem plantou
na minha cara uma outra
biografia
não sei ao certo
mas desconfio que essa neblina
no espelho
seja eu.
Muitas vezes quando recomeçamos ficamos sem chão, é como se um lugar seguro nos faltasse. Com um bom coração e uma pitada de sorte somos capazes de nos reconstruir e reinventar uma nova forma de viver e de aprender.
Este longo cansaço se fará maior um dia,
e a alma dirá ao corpo que não quer seguir
arrastando sua massa pela rosada via,
por onde vão os homens, contentes de viver...
Teu corpo é um templo onde deveras perdoar
Os pecados da minha insanidade de amar
De amar-te, e se tais delitos merecerem condenação
Meu amor, peço-te que me mate pelos prazeres da paixão.
mansidão
as paredes estão caladas
as janelas numa mansidão
as portas foram silenciadas
para não inquietar a solidão
eita casa vazia!
prostração
tagarela só a poesia
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, meados de outubro
Cerrado goiano
O canto triste e melancólico
da sabiá-laranjeira
que reside aqui em frente,
invade minha solidão.
Formamos um belo par de solitários,
ambos fora de tom:
ela, com seu canto,
lamenta o amor que se foi,
eu, em meu canto,
lamento o amor que não veio.
— o amor e seu poder imensurável
de fazer com que nossas pupilas dilatem
mesmo que a rios
de distância
Usamos todos a ilusão
de fabricar a vida:
história, constelações
de sons e gestos
Usamos todos a suprema glória
do amor: por generosidade
ou fantasia, ou nada, que de nada se fazem
universos
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