De fato, há uma convergência do... Jerônimo Bento de Santana...

De fato, há uma convergência do capitalismo contemporâneo com pautas identitárias — especialmente quando essas pautas podem ser convertidas em imagem, marketing, consumo ou pertencimento a nichos.
Essa aderência, por vezes, não se dá por convicção ética, mas por oportunidade de mercado.
Ao mesmo tempo, observa-se uma divergência crescente do mesmo sistema em relação a ideias tradicionalmente associadas à ordem, à autoridade ou a papéis fixos — como os antigos ideais de masculinidade: o homem provedor, alfa, patriarcal, racional, contido.
Essas figuras, antes exaltadas pela publicidade e pela cultura de massa, passaram a ser vistas como símbolos de atraso ou opressão, sendo descartadas ou ridicularizadas nos novos discursos dominantes.
Trocam-se extremos sem espaço para síntese. Sai a rigidez do passado, entra a fluidez do presente — mas o radicalismo persiste, apenas com outra roupagem.
Em vez de integrar valores, seguimos substituindo um polo por outro, como se a sensatez fosse sempre sacrificada em nome da agenda do momento.