A intolerância dos tolerantes. O... Weslley Marcelo Massako...

A intolerância dos tolerantes.
O mundo está repleto de saberes rasos, sem profundidade, sem referentes.
A cada dia surgem novas ideias e com elas novas expectativas. Se as perguntas e as respostas movem o mundo, então posso afirmar que é natural que a cada resposta criada, novas perguntas e dúvidas surgirão.
A grande questão é: Será que estamos preparados para sorver tanto conhecimento? Será que o saber, na velocidade existente, é benéfico ao ser humano?
Para que possamos entender o âmago das perguntas acima elencadas, temos que, a priori, ter a visão de que todos nós nascemos em tempos diferentes, favorecendo o choque de gerações. A geração que está partindo, não é capaz de acompanhar a que está vindo e da mesma forma, esta não acompanhará a futura.
Como exemplo, posso citar o desenvolvimento da comunicação nas últimas décadas. Hoje seria improvável a remessa de uma carta aos familiares, amigos e amantes pelo correio, a utilização de um telegrama para as mensagens mais urgentes e outras questões que estão naturalmente sendo substituídas pelas tecnologias agora existentes.
Porém a cada etapa do desenvolvimento tecnológico, um novo desafio surge. Em uma sociedade mista e temporal a capacidade de absorção das coisas existentes é lenta. Conhecimentos não se transformam em saberes, pois não há o tempo necessário de maturação e experimentação destas ideias, e o resultado disso é uma sociedade acelerada, e consequentemente doente. E o pior, doentes criando e cuidando de doentes.
A tecnologia é algo positivo? Sim! Ela é. Porém a sua utilização inadequada e o seu mau uso, trazem mais problemas que solução. A exemplo a peniafobia (medo de ficar pobre), já é algo que permeia os jovens desta geração, visto que é comum as redes sociais estarem abarrotadas de pessoas com estilos de vidas alegres, vibrantes e luxuosos. Pergunta: Se nas redes sociais, víssemos somente mazelas, pobrezas e pedidos de auxílio, você participaria? Acredito que não.
E aqui um novo problema surge, grupos se isolam, pessoas com a necessidade de aceitação se desdobram pelo like e pela visualização de seu conteúdo. Se o normal não basta, apela-se. E vale tudo, de vídeos expositivos a tragédias recém acontecidas. Em um território em que tudo vale, a única regra é a consciência de quem publica, e muitas vezes, este está doente.
Sou imune a isso? Não! Mas tenho a consciência de que somos a construção daquilo que absorvemos, se vejo e vivo maldades há uma possibilidade de replicar maldades. E toda essa informação impactará na formação do ser. Se fossemos tão bons, diferentes e evoluídos, por que não conseguimos fazer a sociedade evoluir acabando com as misérias que hoje assolam o nosso cotidiano? É simples, muito discurso lindo e poucas ações.
Devemos entender que o ser humano não é programável, embora seja um grande alienado das convicções alheias que lhe agradam, e dentro deste sentimento de agradabilidade, acaba buscando pessoas que se assemelham em pensamentos e atitudes, montando uma bolha e vivendo dentro dela. Cria-se o tipo em que este é tolerante com os seus, rejeitando as ideias alheias.
Estas pessoas são fortes e convictas dentro dos limites estabelecidos pela bolha em que vive, e esta se expande. E logicamente, quanto mais dinâmico, quanto mais pessoas aparecem defendendo seus pontos de vista, mais convicto este fica de que suas atitudes são e estão corretas. Falta o contraponto, tão odiado pelos defensores da bolha.
Em algum momento a utopia virtual enfrentará a realidade, sobreviverá aquele que tiver sanidade. E em um mundo que caminha para a necessidade constante de um diagnóstico, de um laudo psicológico ou psiquiátrico, penso que a utopia vencerá, pois para muitos é preferível matar a realidade e viver na ilusão.
Uma reflexão somente.
Massako 🐢