Fernando Pessoa Poema Hora Absurda
o pó e o amor
como o poema
são feitos
no dia a dia
o pão come-se
ou deita-se fora
embrulhado
(uma pomba
pode visitar o lixo)
o poema desentropia
o pó deposita-se no poema
o poema cantava o amor
graças ao amor
e ao poema
o puzzle que eu era
resolveu-se
mas é preciso agradecer o pó
o pó que torna o livro
ilegível como o tigre
o amor não se gasta
os livros sim
a mesa cai
à passagem do cão
e o puzzle fica por fazer
no chão
ARTE POÉTICA
Escrever um poema
é como apanhar um peixe
com as mãos
nunca pesquei assim um peixe
mas posso falar assim
sei que nem tudo o que vem às mãos
é peixe
o peixe debate-se
tenta escapar-se
escapa-se
eu persisto
luto corpo a corpo
com o peixe
ou morremos os dois
ou nos salvamos os dois
tenho de estar atenta
tenho medo de não chegar ao fim
é uma questão de vida ou de morte
quando chego ao fim
descubro que precisei de apanhar o peixe
para me livrar do peixe
livro-me do peixe com o alívio
que não sei dizer
O poema ensina a cair
sobre os vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede
até à queda vinda
da lenta volúpia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma.
Quero um poema que diga
Que nada há que dizer
Senão que a noite castiga
Quem procura uma cantiga
Que não é de adormecer
Eu lhe amo
Assim como esse poema
Sem ponto final sem vírgula
E sem dilema
Eu lhe amo
Como nunca sequer
Ousei amar alguém
Lhe amo assim
Tão exclamação
Lhe amo assim
Sem explicação
É incrível o quão lhe amo
É gigantesca a confusão
Assim como meu amor e esse poema
Que mal cabe em um coração
PORQUE AMO VOCÊ
Há sempre um poema que compõe meu sentimento por ti,
Aquele que não pode mais ser revelado,
O que te fiz sem "exatamente" um porquê...
O que fiz porque amava você.
O ultimo poema
Tão intenso como o mar de Ipanema
Tão frio quanto a dor de quem escrevera
Como se definir
No que ainda está pra vim
Se não haverá mais o amanhã
Como disser adeus
Sem ferir ao seus
Como se reunir
Antes de ir
A gente cansa de embalar a dança
A gente cansa de lutar
Só que esquecer
Amenizar
São tantas histórias
Tantos caminhos até o fim
Tantos me viram com olhos alem de mim
E quando a hora chegar
Quais dessas histórias vai importar
Ao meu filho como me enxergara
Quando eu me torna brisa e ar
Quero...
Da frase ser um verbo
Uma rima do seu poema
Na sede quero ser água
Um vinho que te envenena
Poema mudo
Com a alma despida de beijos negados
entrego nos versos meus dias escuros
de trêmulos risos calados
deixei -me ser esse poema mudo.
Perdendo as minhas penas no vento
dentro da alma, sabor de despedida
E me calo nessa existência sentida
turvo mundo surdo de pranto.
Despida , peregrinam os sentimentos
por minhas trilhas, por labirintos
e sem medo, corro os riscos
que minha alma acredita, desafiar o tempo.
Nas tramas da noite, perdem o enredo do poema
letras entrelaçadas, na urgência dos minutos
costurando trovas, serenatas e cores
Eu me enviarei a ti, cheia de flores.
As horas são implacáveis no meu mar de ilusão
os sonhos inventados buscando explicação
viajante do tempo a velejar fantasias
mera aprendiz nas ondas bravias.
Exposta aos quatro ventos
dançando entre as estrelas
escuto pássaros cantando poemas
... de versos que eu ainda não escrevi
No pouso forçado dessa poesia.
Um verso pra quem pediu
Dedico um poema pra você meu bem
Porque me vem da alma uma luz
Que ilumina cada linha que eu risco, pensando em você
Escrevo um poema pra você minha amiga
Porque o meu coração chama por você
Em cada cair da noite e raiar do sol
Escrevo este verso que dedico a você
Porque o meu coração virou um livro aberto
Desde que o meu olhar cruzou o teu,
Numa tarde em que o meu pestanejar tornou-se mais colorido
Ao ver você galopar diante de meu horizonte.
Se for por paixão,
Deixe que me apaixone
Pelo verso que escrevo e dedico pra você
Senão,
Deixe-me apaixonar-me pelo seu jeito de menina
Porque o verso que escrevo e dedico pra você
Levará o meu cantar, sempre que o silêncio invadir o seu ouvido
Então
Ouve estes versos que escrevo e dedico pra você
Eu o fiz hoje que sinto o coração contente e
Transbordante de tanta felicidade e saudade de teus lábios
Escrevi o verso que me pediste,
Sem rimas nem rigor poético.
Apenas, com palavras que me vêem na alma
21 de Agosto de 2006
Poema de blogueira
Mas blogueira não quero ser
Quero minha parte em dinheiro
E recebidos do mês
Não rimou porque não sou poeta
Eu quero é ser atleta
E vencer a meta
Diária
De não furar a dieta!
Leio-te em verso 🌹
Para te amar em prosa
Escrevo-te em poema
Para te desejar em verso
Rascunho-te em poesia
Para te enlouquecer
Num soneto 💕
" poema do assassino"
De seus lindos olhos
Que vejo a tristeza
Os cabelos castanhos
Onde floresce o orvalho
Que escorre pelo rosto
Tangendo entorno a alma
Sedenta em todo sangue
Cujo a lâmina seca
Gerada a ferro frio
Transborda o sangue quente
Carne dilacerada
De seu corpo agora morto
POEMA INEFÁVEL
Em um desejo fecundo o instante
Como o etéreo lume do meu corpo,
No rútilo semblante do meu rosto.
E inerte como o tempo de meu pranto.
Em um momento estéril e obstante,
Em seu corpo ausente e encantador,
E de arte e beleza dois amantes
A presente chama e seu calor.
Submerso momento criador
Indizível e obstante amor,
Onde existe o belo e a presente dor.
Poema sem nexo
Ontem eu tive uma miragem
Eu avistei um anjo
Que olhou para mim e disse:
- Escreva, escreva mais poesias!
As pessoas na fila
Para entrar em um museu
E eu ali pensando
Quem afinal eu era?
Pessoas aglomeradas
E o sol forte no céu
Um vendedor de águas
E umas meninas da Iugoslávia.
Não me dirigiram a palavra
Não sei o porquê entraram no poema
Deva ser porque o orgulho é pouco
E isso não era relevante.
Importante deva ser o instante e a rima.
Ei, Anjo, o poeta era eu?
Ou escrever poesias
Foi mais uma das utopias?
Frida Kahlo, oh Frida!
Que vida tão sofrida.
Quisera eu ser Diego Riveras
E morar na Casa Azul.
BLASFÊMIA.
Um fato que se basta.
Não quer mais nada.
Ele em si é um poema.
Acrescentar algo mais
a ele é definir
o quê é blasfêmia
Não me lembro do resto do poema.
Só me lembro de
como sentimos
sem sentido,
sem ser dito,
sem nos termos tido
E sem ter metido
os pés pelas mãos.
O amor nos deixa mesmo esquecidos.
"RELER-TE"
Quero escrever letras engarrafadas
Fazer um poema no teu corpo
Com a ponta dos meus dedos
Seres sempre o meu poema predileto
Onde eu gosto de ler-te e reler-te
Em cada verso que faço
Afinal moras na margem esquerda do meu peito
Onde permaneces inteiro
No final se recortares em pedaços
Cada palavra que escrevo
Irás encontrar o teu nome
Escondido em cada letra do meu poema
Porque é assim que o teu corpo escreve no meu
O significado das palavras
Páginas escritas para sempre
Onde posso folhear os teus livros de letras minhas
Escrever um poema no teu corpo
Sem ser uma tatuagem permanente!
Se andares comigo
Te recitarei um poema.
Cantarei em versos.
Te entonarei melodias
De amor,de paixão...
Já não existirá solidão
Pois tudo há de passar
E as lagrimas apenas serão
Lembranças,pois um novo
Dia repleto de felicidade
Eu prometo,não tardará em chegar
Hannah Lessa
