Fase Ruim Fase Boa Fernando Pessoa

⁠O pobre de direita não sonha em mudar de classe, ele sonha em ser aceito pela classe que o despreza.

⁠Ele é contra cotas, mas nunca percebeu que a maior cota do país se chama sobrenome.

⁠Acredita no mérito, mas não percebe que largou na corrida sem tênis, sem pista e com uma mochila nas costas.

⁠Enquanto defende o patrão, esquece que se for demitido hoje, não tem nem quem pague o aluguel amanhã.

⁠Não tem herança, não tem rede de apoio, mas defende quem nunca vai dividir nada com ele.

⁠O pobre de direita prefere se identificar com o opressor na ilusão de um dia o ser, do que com os iguais que poderiam caminhar com ele.

⁠Na cabeça dele, ser explorado é nobre. Reclamar é coisa de vagabundo.

⁠É contra o Estado ajudar os pobres, mas aplaude o Estado salvando banco.

⁠Faz sacrifícios que os ricos nunca fariam, em nome de valores que só favorecem os ricos.

⁠Ele não quer justiça. Ele quer um lugar na injustiça do lado de quem manda.

⁠Corretor não tem rotina — tem missão diária de entender desejos e encontrar soluções.

⁠Quem pensa que corretor só mostra imóveis, nunca precisou de um bom negócio.

⁠O bom corretor ouve mais do que fala. Porque imóvel certo se descobre com escuta, não com pressa.

⁠Quem cuida de um cachorro aprende que amor verdadeiro não exige palavras — só presença.

⁠Cuidar de um cão é assumir um pacto silencioso: eu te protejo, você me ensina a amar melhor.

⁠Quem cuida de um cão aprende que felicidade está no simples: um olhar, um rabo abanando, um silêncio cheio de afeto.

⁠Cuidar de um cachorro é doar tempo, carinho e cuidado. E receber lealdade em dobro.

⁠Cuidar de um cachorro é assumir um amor que dura menos do que gostaríamos, mas marca para sempre.

⁠MÃES QUE ME FORMARAM

Eu venho de um mundo diferente.
Um mundo em que o que eu mais tive, desde muito novo, foi mãe.
Mãe não só no sentido do sangue — mas no sentido do cuidado, da bronca, da atenção.
Apanhei na escola, da diretora, da madrinha, da vizinha.
Na minha época, a gente apanhava tanto que o que mais tinha era mãe.
Era porrada misturada com afeto — ou, pelo menos, com o que entendiam por amor naquele tempo.

Minha mãe de sangue sempre viveu no Sudeste, no Rio de Janeiro.
E eu cresci no Sítio Novo, em Olinda.
Dois mundos separados por quilômetros e por silêncios.
Fui conhecê-la de verdade já quase aos 15 anos.
E mesmo assim, foi uma passagem rápida —
a vida logo nos colocou em direções diferentes.

Saí de casa muito cedo, com os trapos na sacola, e fui girar o mundo.
Nesse giro, encontrei muitas mães:
as que me deram teto, comida, um conselho, uma bronca, um colo, um olhar.
Algumas já nem lembro o nome.
Mas levo um pedaço de cada uma dentro de mim.

Essas mulheres me ensinaram a me virar, a respeitar o outro,
a ser homem sem ferir ninguém.
Foram todas mães à sua maneira —
e todas ajudaram a compor quem eu sou hoje.

Por isso, nesse Dia das Mães, minha homenagem vai pra todas elas:
as que me pariram e as que me pariram de outras formas.
Meu muito obrigado por terem me acolhido no mundo quando o mundo parecia não ter lugar pra mim.

Fernando Kabral
Olinda, 11 de maio de 2025. 13h32

⁠"Há aqueles que têm e querem, mas não podem.
Há aqueles que podem e querem, mas não têm.
Há aqueles que têm e podem, mas não querem.
Quanto a nós — que temos, podemos e queremos — façamos."