Falecimento
Habemus Nada -
Alguem diz habemus Papam
na varanda de São Pedro
mas da morte Ele não escapa
e o que habemus é segredo!
E o que habemus nós de querer
deste mundo de mortais
além da fama de não ser
tão diferente dos iguais?
E o que habemus nós de ter
não sabendo o que é amar
numa ânsia de correr
sem saber quando parar?
E o que habemus nós de ser
procurando ser alguém
num caminho que é esquecer
que esta vida vai e vem?
E o que habemus nós de dar
a quem nos dá o que não queremos?
O segredo é não esperar
por aquilo que não temos!
E o que habemus de sentir
perante a crueldade
de uma gente que a fingir
é tão má na realidade?
E por que habemus de chorar
quando houver separações
se não temos quem amar
no bater dos corações?
E o que habemus ante a morte
quando a vida é despojada?!
Nada fica, triste-sorte,
e afinal habemus nada ...
A gente pensa tanto no futuro, no dia de amanhã, mas a morte bate à nossa porta, quase toda manhã.
É preciso sonhar, acreditar que as coisas podem e vão melhorar, mas agora é hora de viver o presente e acordar.
Pegue a mochila, ponha nas costas e vá. A estrada parece longa, mas comece a caminhar.
Nildinha Freitas
Eu já morri tantas vezes que a morte não me amedronta mais.
Não temo mais o escuro véu que me separa do estar aqui, ou em outro lado.
Eu já morri tantas vezes que já não sinto temor, tremor e nem a sombra que apaga meus olhos e os deixam sem alma.
Eu já morri tantas vezes que a morte essa amiga estranha não me leva mais na hora que bem entende.
Agora, nesse momento exato, já sou eu quem diz se quer ou não morrer.
Vivo!
Viva!
Nildinha Freitas
A morte é uma certeza mas, a maior incerteza é saber a sua chegada e conseguir contrariar essa certeza.
Na distância entre a vida e a morte, permanece não só a existência mas, também, a intensa sabedoria de viver e renascer.
A vida e a morte são inseparáveis em todas as religiões:
-Se eu não existisse, tu não viverias. (Vida)
-Se eu não vivesse, tu não evoluirias. (Morte)
Morre-se e vive-se tantas vezes dentro de um abraço que, nem a morte, nem a vida, o tornam compreensível.
