Eu Errei me Perdoa Poesia
A paz resplandeceu
Nasceu a luz
Toda aquela escuridão, recua
A luz vem caminhando vitoriosa
Eu vejo o azul e o amarelo
Eu enxergo a cor da rosa
E eu ouço o gorjeio dos pássaros
Ainda se esse dia durasse séculos
Haveria mesmo assim
Muita beleza
A passar despercebida
É muita harmonia
meus sentidos deslumbram-se
A ouvir a sinfonia dos ventos
Existe a cada segundo
Uma alegria nova
A me envolver de suave carinho
Até mesmo
O intenso silêncio da Lua
Intensifica o meu espanto
Quanta gente existe
Revoltada e triste
Ressentida
Pois apesar de ouvir e enxergar e sentir
Não consegue perceber
Que ao seu redor
Tudo isso também se move?
Se tranca em sua escuridão
Ajoelha-se
E reza pela chuva
Enquanto chove
A paz da luz avança
Insistente e penetrante
Como um gás
Se faz sentir na escuridão
e avança
Mansa e audaz
Não se cansa
E alcança o espaço que envolve
a toda essa gente cansada
Que se ressente e não ouve
E reza pela chuva, enquanto chove.
Talvez hoje eu esteja feliz
Creio que seja
Por não ter conseguido
Tudo que eu quis
Se tivesse
Não teria lido tudo que eu li
E nem ido aonde eu fui
E nem feito tudo que eu fiz
Portanto, não fui eu que perdeu
Pois tudo isso me fez
Eu ser eu
E eu satisfeito com isso
Me alegro com todos compromissos
Que eu cumpri
Tudo me fortaleceu
Hoje
Se você tentar me vencer
Eu não me rendo
Se tentar me comprar
Eu não me vendo
Se tentar me enganar
Eu não me iludo
Hoje
Eu tenho os pés no chão
Se alguém tentar me convencer
Eu digo não
Pois hoje eu tenho
Tudo que eu quis
E hoje é sim, a minha vez
Portanto
Eu digo a todos vocês
Com certeza e não "talvez"
Eu estou muito feliz
Por não ter conquistado
Aquilo que um dia eu quis
Eu não sabia
Que se tivesse
Talvez hoje
Eu não fosse feliz
Quando eu era criança, ainda
Não me ensinaram a olhar o Céu
E chamar as pipas de "pipas"
Àqueles mágicos brinquedos
Eu dava o nome de "quadrados"
Em alusão à coincidência geométrica
Finas ripas de bambu,
papel de seda
e sonhos
A voar mais alto
Que o próprio urubu
Não havia e ainda não há
Qualquer outra coisa quadrada
A simbolizar
Com tanta desenvoltura
A liberdade
A simplicidade
E a ausência do medo de altura
Humildade de papel
A ganhar o Céu
Ensinando
Que nem sempre
fragilidade é sinal de fraqueza
Se cada coisa tem o seu lugar
O lugar do quadrado é lá
Nos Céus imagiários da minha infância
Pois as coisas simples
Sempre serão aquelas
belas lembranças
Que o tempo há de ensinar
Que ao final
haverão de ter
O lugar de maior importância.
Hoje eu estive pensando
Conversei comigo mesmo
e conclui:
Se houvesse neste Mundo
Alguém
Uma só pessoa
Que me ouvisse e conhecesse
Talvez
A ela eu perguntasse
O que foi que eu fiz e quis
e vi e vivi
Tentaria resgatar
a memória perdida
das coisas que eu não tenho mais certeza
Se realmente vivi nesta vida
Se houvesse, nesta vida duvidosa
Uma única alma boa
Que me contasse
Se minha vida realmente valeu à pena
Que pena!
Não me recordo de mais nada
Quase nada mais eu sei
Acerca de mim mesmo
Esqueci de quase tudo
Às vezes eu até
Chego a sentir
As dores aludidas
Em tantos poemas anteriores
Mas não tenho mais certeza
Se eu realmente as vivi
As senti
Ou se eu simplesmente
As menti
Nesses anos que eu tenho de vida
Nunca vi nada perfeito
Pois eu jamais busquei a perfeição
Se algo assim passou por mim
Simplesmente não dei-lhe atenção
Nesses anos que vivi sem atenção
Nem nos meus piores pesadelos
Tive a pretensão de parecer
Artista, Poeta ou algum tipo de eleito
Me contento em ser apenas
Este ser, que alguém fez de qualquer jeito
E que depois desses anos
Enxerga mal, caminha lento,
não dorme de madrugada,
acorda cedo e passa o dia a fazer nada
E tem vivido dias perfeitos
Ciente que a perfeição não existe, pois
Se há no mundo algo perfeito
é exatamente aquilo
Que a gente sabe
Quais são e onde estão
Todos os seus defeitos.
Um dia eu sonhei em saber
Tanta coisa, só pra saber
Muita coisa, só por saber
Saber o que eu queria
Saber que não sabia
Um dia eu desejei esquecer
tanta coisa que não me cabia
muita coisa que eu não esquecia
Tanta coisa que eu quis saber um dia
Agora eu só queria saber querer
Tanta coisa que eu gostaria
de te dizer que eu não sabia
Tanta coisa que eu jamais diria
jamais faria, jamais queria saber
Eu queria saber esquecer
Queria saber querer
Querer esquecer tudo que um dia
Por não saber o que eu sabia
Eu queria saber
Se eu soubesse voar
Eu não sei se voaria
Eu acho que eu queria
Somente entender a vida
Se eu entendesse a vida
Eu não sei se a viveria
Creio que eu queria apenas
compreender a mim mesmo
E se eu me conhecesse
eu acho que não queria
Ser amigo de mim mesmo
Se eu pudesse me ignorar
creio então, que eu aceitaria
O dom de voar e sumiria
Eu queria só saber
Caminhar corretamente pela vida
E que a vida fosse um pouco mais
Que uma mera superfície plana
Eu queria poder superar
Todas as limitações
A que está submetida
A minha humilde condição humana
e todas as fraquezas nela inseridas
Eu queria conhecer e saber lidar
Com a força existente em mim
Antes do fim desta vida
Eu queria viver o tempo que ainda tenho
Vivendo o Sonho de Conhecer a Deus
O Deus que existe nos meus sonhos
E que às vezes me permite saber
Que é sim, possível voar
Pois Ele já me presenteou algumas vezes
com essa sensação incrível
e me ensinou que o tempo
Apesar de impiedoso e inexorável
É necessário pra que a gente aprenda
a remover a venda que existe
nos olhos humanos, e é
inerente à Condição Humana
Eu não digo o tempo mundano
Que faz compreender
as horas e as semanas
Existe outro tempo, além deste plano
Um tempo que vem de Deus
Que tem me ajudado a tentar compreender
Que cada pedra
Que eu, com respeito, carreguei
e cada dor que um dia me derrubou
Agora se traduzem
numa espécie de compreensão
Que de mim se assenhora
E me faz saber de onde eu vim
E que as dores que eu senti
eram sim, necessárias
Pra que eu não passasse pela vida
e a visse desaguar um dia
Num Oceano de incompreeensão
e a tivesse vivido como um reles pária
Carregando sensações imaginárias
Eu já compreendi que Outra Coisa existe
Porém ainda não sei o quê preciso fazer
e a maneira correta de pedir e receber
Tudo isso às vezes me faz sentir
Um pouco triste ao fim do dia
Quando se aproxima a hora de ir dormir
Eu quero te dizer algumas coisas
Pra te fazer pensar, se quiser:
Por que será que há cores tristes
Se elas são as mesmas
A alegrar-lhe os olhos taciturnos
Quando vistas no Arco-íris
Será que a sua incompreensão
Alguma vez lhe permitiu saber
Que existem Arco-íris noturnos
Projetados pela tênue luz lunar
Eles estarão sempre lá
Nas noites passadas e futuras
Pois sempre haverá
beleza e alegria
Nas noites mais escuras
dos quartos sem janela
e até mesmo não havendo um teto
Por todo lugar onde olhar
Se atentar para o fato
de que neste Mundo e nesta vida
Quase tudo é abstrato
e seus olhos
Enxergam somente
Aquilo que for tridimensional
Tudo existe em igual proporção
Mas nada é concreto
Esta vida é mera ilusão
Seus olhos até hoje
Enxergaram aquilo que teu coração
deu de fato como certo
Porém, sob esta óptica
Teu coração também não existe
Esta existência, na verdade
É somente uma ilusão exótica
Que Deus usou
para explicar as suas dores
Enquanto ainda enxergares
cores tristes
Alegria e tristeza
São somente ilusões
Que juntamos aos pares
depois dividimos meio a meio
E vem do mesmo lugar
De onde tudo veio
Um lugar onde é tudo perfeito
Creio que sou eu
A criar a imperfeição
Quando vejo as coisas
do meu jeito.
Tem horas
em que apenas
os ponteiros andam
O tempo, este pára
A rede onde eu me deito
Idem, permanece inerte
E eu estou tão distante...
Caminhando na paisagem
daquele quadro que faz anos
Se move torto
Na parede à minha frente
Porém, todos esses anos
Se passaram em um instante
No momento em que o tempo parou
Não faz mal, tá tudo igual
O movimento, o tempo, a paisagem
Tudo faz parte da eterna viagem
Permeada de sombra e luz
Vida ou não
Quando me vires rindo
Não penses que está tudo lindo
Pois, talvez eu esteja só mentindo
Sempre propenso a me esquecer
Há coisas que eu até aprendo
Me arrependo e desaprendo
Começo tudo de novo
Eu faço a prova dos nove
e fico fora
Me movo pelas calçadas
Vou-me embora
Sobra o nada
A minha conclusão, perante a vida
é que somente me iludo
Eu queria que estivesse tudo bem
As coisas estão indo muito aquém
Uma dor aguda me desconforta
Uma revolta calada e muda
Se desbota a cada dia que passa
Nada fazem, desde que eu
também não faça
Eu abro a porta e pergunto ao vento
de quantos momentos há de se compor
tudo isso, essa total ausência
de compromisso e comprometimento
Será que existe alguma
Anuência do Universo
Pra que tudo isso ocorra ou, antes,
Não ocorra?
Melhor escorregar num papelão
ou brincar de gangorra
Viver qualquer alegria, realmente ativa
Antes que um dia eu morra
e não viva.
Por mais que eu seja visto
como incompreensível
Por este mundo complicado
Eu creio que vou morrer
Sem também compreendê-lo.
Por mais que cada gesto meu
Repleto de amor e desprendimento
seja, a cada dia mais
repelido somente com indiferença
Eu creio que vou morrer
Sem levar comigo qualquer sentimento
de vingança, ingratidão ou ofensa
Por mais que eu saiba
O quanto de tristeza vou sentir
Por distorcerem aquilo que eu digo
Simplesmente
Por não haverem prestado
A mínima ou a devida atenção
é a vida
Tudo isso me vem do coração
e eu não vou me calar
mesmo sabendo que eu digo
Em português
A quem só lê javanês
E mesmo que nada esteja igual
e eu esteja sempre
Nos fundos do quintal deste mundo
eu vou permanecer pra sempre lá
e tenho certeza
Que um dia haverão de me procurar
pra me dizer
Que finalmente a minha piada
inteligente e sem graça
realmente, anos mais tarde
Fez muita gente rir
Principalmente pelo fato
de eu não estar mais aqui.
Navegante solitário
escuridão da madrugada
ao meu redor, somente o som do Mar
distante, eu posso ver a luz das tochas
Que se movimentam
Como se empunhadas por formigas
Cessaram-se todas as brigas
Já transpus também
todas as rochas
Apesar dessa aparente e transitória
ausência de luz
Eu sei onde estou
E sei também onde é que estão
As coisas que eu faço questão
de ter por perto
Elas estão exatamente
onde eu as pus
Agora é somente
Aguardar um pouco mais de tempo
e o dia amanhece
desaparecem todas as brumas
e as vistas novamente
Se acostumam
Àquela branca e viva luz
Apesar de parecer
Não estou e jamais estive
à deriva
Eu conheço muito bem as armadilhas
e as esquivas
Estou a caminho
de colher as flores
e as frutas que plantei
Nesta vida eu me fiz rei
Em meu próprio ninho
Superei todas as dores que encontrei
Fiz o melhor que pude
em tudo que fiz
Portanto eu sei
Que falta muito pouco
Pra eu poder descansar
e me sentir feliz
Azar de quem não quis
Atravessar o Mar comigo.
Hoje choveu
Antes da chuva
O vento carregou as folhas
Que a chuva varreu
Eu estava parado na calçada
Sozinho, pensando
No quanto eu
de certa forma me sentia
Semelhante às folhas que caíam
Agora elas também se foram
E eu fiquei só
Somente em companhia da chuva
Mas enquanto ela desaba
Eu sei que posso chorar
Sem que ninguém perceba
Amanhã é outro dia
Brilha o Sol, as folhas crescem
Somente isso que eu sinto
não se acaba
A vida segue adiante
Somente meus olhos
parados no tempo
Atrelados ao meu coração
tão solitário
Não te esquecem.
Muita coisa não deu certo
Creio eu que foi isso que me deu
A força que agora eu tenho
E com coragem, deixei de seguir
Tantas leis, de tamanha injustiça
Pois um dia eu descobri
Que as fizeram só pra mim
Assim
Deixei de estar por perto
Desertei, fui embora, porque
Minhas súplicas, ninguém ouvia
Os meus dias nasciam mais cedo
Eu tinha medo de ir e sempre ia
Não sabia calcular meus passos
Arrisquei mesmo assim
Muitos saltos na vida
E em alguns eu não cai
Ninguém nunca se importou
Se eu sentia saudade ou vontade
E os meus dias eram sempre
Os que terminavam mais tarde
E quando era assim
Acabava estando tudo
Distante, muito distante
Parecia que só eu errava
Tem dias em que a vida
Simplesmente não ajuda
Enquanto tudo se agigantava
Fui crescendo, também eu, com isso
E agora
Meu único compromisso
é com algo
que ainda não conheço
As coisas que não deram certo
Me ensinaram
Que um novo amanhã
e um novo começo
Podem estar
Bem mais perto
Mais perto que eu penso.
Cancela tudo
Eu conheço gente muda
Que diz coisas melhores
A melhor arte que existe
É aquela que me faz
Sentir em Marte
e mesmo assim
Sentir-me em paz
E sem vontade de voltar
e se voltasse
Eu pediria a Deus
Que me fizesse vagalume
e que a minha bioluminescência
Atraísse um amor ciumento
na medida exata
Pois amor sem ciúme é crime
e ciúme demais incrimina
bom mesmo seria
viver de uma maneira criminosa
e ter como comparsa
um amor amigo
e nessa cumplicidade
viver a vida
cometendo crimes sem castigo
Seríamos algozes de nós mesmos
felizes simplesmente
por estar juntos um do outro
e que todos os demais
se esquecessem da gente.
No meu passado
Eu pensei que sabia de tudo
Hoje eu sei que estava errado
No meu passado
Eu tinha pernas e pensamentos
que me levavam muito, muito rápido
a qualquer lugar onde eu pensasse
e por não saber pensar
Sempre fui aos lugares errados
Hoje, além de pensar mais lentamente
penso de novo e novamente
Percebo
O quanto um dia
eu fui um estúpido
Hoje meu corpo está mais velho
Agora eu tenho o meu rosto
Um tanto lívido
E sei que em breve
tudo isso acaba
O Céu se abre
e a luz desaba sobre mim
se eu tiver sorte
Hoje
Eu me sinto feliz com isso
Honrei meu compromisso
Com o infinito e a dor infinda
Que agora
eu compreendo que é finita
Eu olho o Céu e digo Amém
Não troco esta idade bonita
Pela estupidez de ninguém.
Foi amando que aprendi
Que a vida me deixou aqui
Pra que eu pudesse
aprender a amar
e vivendo descobri
Que tem coisas
Que para aprender, demora
No percurso
A gente ri e a gente chora
Buscando motivos pra vida
E a existência das estrelas
Rebuscando, em momentos de dor
A causa que me fazia
Vê-las tão distantes
E não ver o amor
Que a vida toda esteve perto
Vida, viagem longa e passageira
varia, dia a dia
Pois
Enquanto o tempo vaga
Sem pressa
Fazendo-me perder-lhe a conta
há nele sempre
duas pontas e a gente o remonta
Mas não existe amor que se meça
Existem sim
Amores que o tempo dilui
e de volta ao infinito, flui
Voltando ser parte integrante
da verdade que não vimos
Mesmo existindo
por toda uma eternidade, pois
O amor é a verdade sem pressa
e que sempre
há de voltar depois.
Sob meus pés
O pó da Estrada
Onde eu leio meu nome escrito
Amanhã ou depois
Não resta nada
Fica o dito
pelo não dito
E isso vale pra nós dois
Há de se apagar a tinta
e o tempo corrói o pincel
Se tudo isso existe de fato
Não passa de Fato Cruel
Que não vale o pó dos sapatos
Tudo passa
Como passam
as nuvens do Céu
