Estrada
Eu conheço uma estrada
Que um dia
Ela foi aberta
Perto de lugar nenhum
Lá no meio do nada
Com o tempo vieram ruas
Chegaram pessoas
Criaram boas e más verdades
Plantaram absurdos...calamidades
Era vida que seguia
A cada dia mais gritante
Galáctica, estratosférica
e emudecida
Nada que lembrasse como era antes
Enquanto isso
Nos limites da cidade
O mato crescia ...crescia
Até hoje continua
Desde que Deus criou o mato
Ele cresce e cresceu de fato
E todo dia um pouco mais
e mais e mais e continua
E mesmo assim
Ele nunca, nem sequer
Jamais chegou perto da Lua
Edson Ricardo Paiva.
Estradas de Pedra.
Enquanto a chuva cai
A noite passa e vai pela janela
Pra perto da estrela distante
Na mesma velocidade
Pensamento, instante, vagam
Pedra lisa, estradas sem destino
Que se aprumam
Indiferentes, se acostumam
Vai durar uns meros séculos somente
Durante as tempestades
Quais relâmpagos colidem
Que se agridem pelos ares
Olhares idem pela escuridão que espero
Pra depois, durante as calmarias
Vir buscar-me em sonhos
Pois, durante a madrugada
Não serão jamais pisadas
Vão nascer de novo, sempre vão
No primeiro desvão, por onde invade o sol
Da primeira manhã de alguma infância
Há de ser nova
A primeira manhã de todas as manhãs
Traz consigo o gosto verdadeiro
Do primeiro sol que arde n'alma nascitura
Pensamento, instante, invade
Vai durar uns poucos séculos somente
Indiferente às estradas de pedra
Que foram feitas só pra ser pisadas.
Edson Ricardo Paiva.
Tem sempre alguma coisa.
Um dia
Mesmo o coração de olhar mais duro
Lança um olhar à estrada
Depois de muito ter partido
Porque nada a paisagem lhe diga
Quanto ao começo
Tem sempre um pedaço que fica
Esse é o preço da vida
Num mundo onde tudo é de graça
Passa tudo, passa o tempo
Passa toda e qualquer ilusão
Não mais me iludo
Mesmo o coração mais puro
Não foge a ter o olhar endurecido
Mesmo que a paisagem lhe diga tudo
Tem sempre alguma coisa que não fica
Porque nada é de graça
Um passo deixa sempre rastro
Um mastro ao longe, uma pegada
Mentira acreditada, conta que não fecha
A estrela errada que te orientou
Tem sempre alguma coisa a ser lembrada
No pouco que se traz ou deixa
Esse é o preço da vida.
Edson Ricardo Paiva
Sonhei que caminhava
por uma estrada florida
pensei até que fosse primavera
mas as primaveras existem
assim como a fé;
apenas em nós
perguntas sem respostas
O paradoxo do céu estrelado
num campo de Girassóis
O Mundo às minhas costas
À minha frente
Dez milhões de Universos
Pequenos grãos de areia
pelo infinito dispersos
Que se fazem realmente imensuráveis
diante desta vida tão pequena
revestida de eventos miseráveis
vida que existe por algum absurdo
longa, diante de um sonho tão curto
Objetos luminosos distantes
Quasares gigantes, gigantescos
irradiando seus raios farsescos
Que não me atingem
assim como o imenso amor
que envolve o mundo
nunca me atingiu
nem haverá de me atingir
sequer por um segundo.
Voltando pra casa
vou cantando pela estrada
estou sorrindo
pois não há hoje
nada
Que me tire esta alegria
de Olhar pelo caminho a luz do Sol
As verdejantes folhas
passeando no caminho
Os pássaros alegres
Num alegre vai e vem
Pelos seus ninhos
e outros
Num alegre vai e vem
a formar novas famílias
borboletas e romãs
Maçãs e silhuetas
de anjos
alguns tocam trombetas
outros Harpa
e outros banjo
Eu estou à caminho de casa
Mas não da casa
Aonde não gostavam de mim
Eu estou a caminho de outra casa
De onde eu parti há muito tempo
E volto hoje com o sentimento
e a certeza
de ter finalmente cumprido uma missão
cuspiram no meu rosto
Me enganaram
Recusaram-se a apertar a minha mão
então
Estou feliz
Pois mesmo assim
consegui fazer
tudo que eu fiz
e nada mais me resta
A não ser
caminhar
caminhar de volta
para a linda festa
que me aguarda
no meu lar
de onde
há muito parti
No próximo ano
Talvez abram novas estradas
Porém, já consta nos planos
Que as árvores serão derrubadas
No próximo ano
Talvez distribuam comida
Porém, já consta nas planilhas
Qua aves serão abatidas
No próximo ano
Talvez ressuscitem a arte
Porém, já estão planejando
Os desastres a ser divulgados
No próximo ano
Talvez cheguemos a saturno
Porém, já existe alguém
Pensando em matar
O guarda noturno
No próximo ano
Talvez a gente conquiste o Universo
Porém, está nos planos de muitos
Arraigar e divulgar e eternizar
o retrocesso.
Estradas existem
Para que possamos
decidir nossos caminhos
Os quais nem sempre nos é dado
O direito de escolher
E não há como saber
O que há no fim de cada uma
seguimos sozinhos
Nos sentindo acompanhados
Não há nada e nem ninguém
A lhe apontar constantemente a direção
das águas que haverão
de aplacar eternamente a sede
e trazer-lhe o alento desejado
do amor incondicional
Se me tivessem dado o direito a escolher
(Pois as estradas também não escolheram Sê-las)
Talvez eu tivesse escolhido
A Estrada que leva às Estrelas
Estrelas não existem
Somente pra serem olhadas
Mesmo assim, no fim
Existem noites em que as procuramos
Não vemos nada
Estamos presos a outros caminhos
Muros marcados
Pelas manchas que lhes faz o tempo
Portas trancadas
Chuvas sem telhado
Coração sem abrigo
dias e mais dias
Sem ouvir palavra amiga
Não me basta aguçar os ouvidos
Se não há quem as diga
Caminhos existem
Para que a gente finque os pés no chão
Querendo ou não
O conhecimento
Nem sempre traz riqueza
Muito menos a riqueza
O verdadeiro amor ou amizade
A única coisa que existe
É o caminho e a caminhada
Esta é a única verdade
Mais nada
O tempo e a necessidade
Transformam uma simples trilha
Em uma cada vez mais longa Estrada
Meus pés apenas fizeram esse caminho
E não há nada que eu queira abandonar
Ao longo de suas margens
Além das flores que plantei
Enquanto fazia esta viagem
À qual nós chamamos de vida
Cujos passos ninguém conta
Muito menos as perdas
de Pequena, média e grande monta
As vitórias
Estas deixo à Humanidade
No dia em que minhas pernas
Não mais puderem caminhar
E meus olhos não mais conseguirem
Vislumbrar seus horizontes
Mas hoje eu ainda caminho
Com meus passos cada vez mais lentos
pois hoje nada é como antes
Talvez por não haver
Mais nenhum lugar aonde eu ir
Pois descobri que ainda preciso
buscar a mim mesmo
Aquele que deixei ficar
Em algum lugar desta jornada
Hoje eu sei
O tempo e a necessidade
me ensinaram
Que a mim mesmo preciso encontrar
Mais nada.
Ontem
Minha alma saiu a passear
Em meio a lugar desconhecido
Estrada larga
Escura madrugada
Iluminada pela luz de estrelas
Olhando para elas perguntei
Qual força Deus usou
Para erguê-las lá no Céu
E que tecido Deus usou
Pra fazer o véu da noite
E quem será o noivo
de tão bela criatura
Hoje
Noite escura iluminada
À luz de vela
abro a janela
Estrelas não há
Somente o som de água corrente
que vem lá do meio da mata
A escuridão traz o perfume
e a serenata
vagalume solitário
iluminava intermitente
A galha da cigarra
Que aproveitava a escuridão
pra fazer farra
E nem percebe do morcego a chegada
Em pouco menos de um segundo
Só se ouvia
O som do sossego e mais nada
CANÇÃO DE AMOR À PÁTRIA
O ensino é precário
O caminho é longo
A estrada é quente
O salário é baixo
O trabalho é árduo
Sou um simples “latino”
Americano
Sem inglês e sem diploma
Não danço funk
Não canto samba
Logo não tenho chance
E do outro lado do oceano
Continuarei sendo
A poeira dos sapatos dos gênios
Gênios?
Aqueles que sabem mexer.
O bumbum?
Não
Com números
Com calculadora
Com orçamento
Com ciência
Com salário quente
Com trabalho baixo
Com carreira longa.
Esses também são mortais.
Mas antes de morrer, terão feito.
Terão vivido.
Cada estrada levam em algum lugar
Umas até se cruzam no trajeto constando caminhos ficando longe ou mais perto.
Cada estrada tem um por que, não são feitas só por fazer em algum lugar ela vai te leva se você quiser chegar.
Se você já está na sua caminhada não desista segue na estrada a final cada um tem sua própria jornada
Em cinco minutos o jornal dizia o que Raul já anunciava que a gente já era. Que a estrada é comprida e tem sempre um chato querendo mudar minha via. Depois num trem a beleza partia e eu na estação a ver fumaça enquanto sumia.
Não paro nem um instante
Somente na estrada do prazer
Consigo me achar
Eu jamais me dei a chance de parar
Agora grito como louco
Estou obcecado por amar
Estou obcecado por paixão
Neste momento de loucura
Uivo, uivo, uivo
Uh, uh, uh, uh
Que vontade louca
Preciso saborear
Sentir, sentir
Todo seu prazer
Suas estradas
É meu combustível
Preciso viver
Estou cheio de vontade de
Viver, viver, viver
Minha maior excitação
É viver"
"Corre pelas estradas afora,
que o novo chegou agora
e vai demorar muito tempo
pra poder ir embora."
