Escritores Brasileiros

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Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu?

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica É preciso parar.

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Não é mau este costume de escrever o que se pensa e o que se vê, e dizer isso mesmo quando não se vê nem pensa nada.

Machado de Assis
Memorial de Aires (1908).

É determinismo, sim. Mas seguindo o próprio determinismo é que se é livre. Prisão seria seguir um destino que não fosse o próprio. Há uma grande liberdade em se ter um destino. Este é o nosso livre-arbítrio.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Crônica Seguir a força maior.

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Escrevo muito simples e muito nu. Por isso fere. Sou uma paisagem cinzenta e azul. Elevo-me na fonte seca e na luz fria.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Enquanto escrever e falar vou ter que fingir que alguém está segurando a minha mão.

Clarice Lispector
A paixão Segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem e o mal. Tal faço eu, à medida que me vai lembrando e convindo à construção ou reconstrução de mim mesmo.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).

Somos livres, e este é o inferno.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Chorou livremente, como se esta fosse a solução.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

É preciso antes saber, depois esquecer. Só então se começa a respirar livremente.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Máquina escrevendo.

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Escrevia-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia. Nacional, 1881.

E no mar estava escrita uma cidade...

Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra – a entrelinha – morde a isca, alguma coisa se escreveu.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Escrever as entrelinhas.

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Ser livre era seguir-se afinal.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Não pode haver criação literária mais popular, que fale mais diretamente ao coração do povo do que a trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e sente sua força. Por isso mesmo, a trova e o trovador são imortais.

Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma ideia. Cada palavra materializa o espírito. Quantas mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento. Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos.

Clarice Lispector
Borelli, Olga. Clarice Lispector: esboço para um possível retrato. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
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Escrevo para me livrar da carga difícil de uma pessoa ser ela mesma.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Eu queria escrever um livro. Mas onde estão as palavras? esgotaram-se os significados. Como surdos e mudos comunicamo-nos com as mãos. Eu queria que me dessem licença para eu escrever ao som harpejado e agreste a sucata da palavra. E prescindir de ser discursivo. Assim: poluição.
Escrevo ou não escrevo?

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

O dinheiro não traz felicidade — para quem não sabe o que fazer com ele.

Machado de Assis

Nota: Autoria não confirmada.

A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede.