Escritor
Tenho às vezes uma sensação ruim e medo de não passar de um tolo iludido, achando-me um grande pensador que na realidade posso não ser...
Entre todas as mentiras possíveis, mas que não se deve praticar, há especificamente aquela que se camufla em boa intenção e que ilude o tolo que a pratica em nome disso
Desafinei meus grandes pensamentos quando, acovardado, temendo a sarjeta, ingeri tolices por um mísero salário...
Às vezes, quando várias ideias somem de minha mente, sinto-me retornando ao mundo obscuro e enganoso no qual um dia morei e não conseguia desvelar...
*TEMPESTADE*
_Por Paulo Siuves_
Já chorei demais e choro
quantas vezes eu precisar me reconstruir.
Cada pedaço de mim que caiu ao solo
causou-me imensa dor e fez meu ego cair em si,
demonstrando que não caibo em mim
quando inflado de orgulho besta.
Sim, sou orgulhoso.
Muito me orgulho de onde cheguei,
por quem sou,
pelo que passei
e soube me reerguer.
Todas as vezes que chorei,
foram chances que me dei de pausar,
prestar atenção,
talvez dar um passo à retaguarda,
amarrar o cadarço da sandália da humildade
e novamente aprumar o peito,
olhar o horizonte e seguir em frente.
A situação pode estar desfavorável,
mas mar calmo não forja bom marinheiro,
dores de cabeça me faz levantar da cama
e procurar analgésicos.
Mas tenho que levantar e me movimentar.
Estou me movendo para tentar curar a minha dor,
chorando para lavar a alma,
andando para reverter minha triste situação.
Acabo de passar em frente à um espelho...
Estou ficando velho, experiente...
27 set 2018
"É difícil para muitos ricos posicionarem-se por um mundo mais justo, quando isso significa estar disposto a dividir de uma forma mais justa, negando assim uma excludente posição social por ele herdada..."
Tirei muitas vezes o último centavo do bolso - fiquei duro! - quando vi que ficar sem nada de finanças era conseguir - por um momento! - ajudar a sanar um problema que alguém verdadeiro estava passando num instante...
Será ele Pinóquio, serei eu Gepetto?
Ao ver seu eleito, meu desafeto,
Conter-me prometo.
De passagem me ocorre o seguinte panfleto
De tão concreto,
Parece abjeto.
Linguajar seleto
E pouco discreto
O truão acalenta infame projeto
Secreto.
Pretende ser vago mas é bem direto,
Envia um conto , depois um soneto
Devagar bagunçando o coreto....
Ostentando afeto,
Mas quadrado, feito cateto.
Será que politicamente correto,
Quando se diz de paixão repleto?
Desejo esmagar o maldito inseto!
Estranho dialeto
Liquidar este dejeto?
Que triunfo mais incompleto...
Represália melhor arquiteto
Pra liquidar este truque obsoleto
Ao escamotear-lhe da cobiça o objeto.
Humilhado o gajo será... por completo.
Maldade girando no espeto.
Banido por decreto,
Que não admite veto!
Soneto do IR
Mandaria-lhe meus versos, mas primeiro, o Leão.
Pode ser sem importância, mas eu lhe direi que não,
Mesmo sem ser milionário, a tarefa é a mesma,
Com recibos, comprovantes ‘tou’ juntando uma resma.
Como ter tranqüilidade pra poder criar poemas,
Se a renda disponível vira fonte de problemas?
Fico sempre no aguardo de uma lei ou portaria
Que tornasse palatável essa grande porcaria.
E assim fico olhando os recibos de escola,
Que juntei naquele canto, sem saber da armadilha.
Eu paguei uma fortuna, o desconto é uma esmola.
Pois, por trás de tudo isso, Everardo e matilha
Se divertem num conjunto que nem sempre desafina
Ao Rachid , com um sorriso legam a tal ‘malha fina’.
Acima do bem e do mal, tadinho.
É o próprio das nações esperar um salvador
Seja ele Jesus Cristo ou lulinha paz e amor
Mas o mito se alimenta de proezas e que tais
Que fazer quando o mito vive em notas policiais?
Um bordão o acompanha “nunca antes no Brasil”
Já cansou a lenga lenga, julga o povo imbecil?
No entanto ele organiza em sua volta uma festa
Tem motivo para isso: ele é alma mais honesta
Contra ele se levanta a Zelite, os golpistas.
Os burgueses, os banqueiros, fazendeiros e dentistas
Querem derrubar o mito, o gigante, o herói
Ele fica amuado, indignado, com dodói.
Há suspeitas, coisa pouca, culpa da oposição
E da mídia subserviente, inimiga da nação
E em meio a tudo isso, verdadeiro bombardeio
Ele já tem a resposta. EU ESTOU DE SACO CHEIO
Falam sobre o tal do sítio, o tríplex, o pedalinho
Eles querem dar o golpe, golpe baixo e mesquinho
Mas não há nenhum problema, oh, gentinha mais malvada
Ele é inimputável, ele não sabe de nada.
Prometeu que doravante assaria coelhinho
Dá palpites, está louco fazer um comiciozinho
Mas já que de nada sabe, vale a pena perguntar
Vindo do mundo da lua ele pode governar?
Inocente ou bandido, há justiça para isso,
Não existe o tal golpe não existe compromisso
De fazer dele um mártir, uma vítima, um santo
Resta só a impostura, o eterno desencanto.
Hora da Mudança?
Certo sítio em Atibaia amanhece alvoroçado
Não é o sítio do Lula, já que ele não tem nada
Mas agora é preciso embalar, mandar de volta
Algumas quinquilharias, evidente, com escolta.
Pois agora, oh , milagre, ou devido a um ardil
Esse pobre retirante, vai para Casa Civil.
Nada pra causar espécie, uma mera circunstância
E apenas uma fuga dessa tal primeira instância.
O futuro é risonho, pois perdendo o prefixo
Nosso ex irá agora devolver o crucifixo.
Com guinada à esquerda, evitando o Juíz
Poderá tranquilamente inventar NOVA MATRIZ
Com seu cargo importante torna-se o mandachuva
A função, é evidente cabe-lhe como uma luva.
Perscrutando o horizonte, degustando acarajé
Poderá pedir, agora, Dilma, sirva um café.
O que se salva?
Confiava cegamente neles. Aí aprendi o Braille.
“De tanto ver triunfar as nulidades”, exclamou Ruy Barbosa por volta de 1914, “...o homem chega a desanimar da virtude”. Naquela época, como hoje, o desânimo se justificava, dizem. Será? Para quem a tarefa de endireitar o mundo parece excessivamente aborrecida, resta o consolo de entender que o que puder ser salvo, um dia, o será. Dito de outra maneira: Se estiver confuso, confunda os demais e ganhe tempo. Sobretudo, jamais interpele os impostores. Para quê? A credulidade substitui a contestação; o fraco andará a reboque de conceitos que não entende, sempre disposto a amaldiçoar uma verdade em conflito com a crença que acabaram de lhe instilar. O ingênuo contemplará boquiaberto o espetáculo que lhe é oferecido. Existe justificativa melhor para os chamados showmícios? Nada como a estridência de um espetáculo para determinar uma opção política. Um espetáculo de ópera-bufa protagonizado por um candidato comunicador e pronto, muda o destino de um país. A tal consciência política tira férias remuneradas, para em seguida se indignar com uma escolha desastrada.
Isso só acontece na Namíbia, aquele país tão limpinho que não parece África, já que por aqui, os showmícios foram eliminados.
Exigir algo de meros títeres subordinados aos próprios instintos, é um pensamento utópico e, sobretudo, indigesto, já que a injustiça jamais se limitou a gerar um filho único. Quanto à justiça, ela é cega por definição.
Importante é deixar sempre um espaço para um recuo, que permita contemplar o todo hostil com um sorriso, mesmo com o risco de saber que a qualquer momento, poderá virar um ricto. O segredo, se é que existe, é tocar sempre com a ponta dos dedos, roçar sem o compromisso de aprofundar-se, sem provocar a alergia à verdade daqueles que dela se proclamam donos. Ressaltar o mal, que se esconde atrás de argumentos traiçoeiros, é, seguramente, uma armadilha ao nosso comodismo, a ser cuidadosamente evitada.
Visto assim, tudo passa a ser mero objeto de escárnio. Não há mais o risco de tombar empunhando a bandeira de um ideal com seu prazo de validade vencido. Aos que imaginam ser esse um caminho para a superficialidade, para a alienação, termo abusivamente presente em debates acalorados, Pascal retrucaria ser importante ter um pouco de tudo e não tudo de alguma coisa. Não é uma receita de vida nem um convite ao alheamento e sim, uma forma menos tensa de examinar o palco da existência, no qual um detalhe irrelevante pode arruinar o mais ambicioso projeto, um toque inoportuno de celular consegue dissipar a aura de um momento mágico, onde, finalmente, ídolos adquirem essa condição, enquanto iluminados pelo jogo de luzes de um diretor experiente, para se desintegrar quando baixa a cortina. O “para sempre” dura no máximo até o fenecer da estéril paixão.
Indiferente a reflexões desse jaez, a sociedade se encarrega de ignorar a imagem tétrica do relógio sem ponteiros de “Morangos silvestres”, soterrada pelo advento de inexpressivos relógios digitais. O diálogo encontrou substituto digno no discurso vazio, sem contestação possível, a arenga insossa do “vender o peixe”. Tão compacta é a fala que rege a sociedade, que não há espaço para discussão. Aforismos sem valor, e não vale a pena enumerá-los, passam a governar as mentes. Contestar? Por acaso existe a certeza – e se existe, onde é que ela fixou residência? Deve estar perdida entre a teia de Penélope e o vão esforço de Sísifo, entre o ardil e a sentença.
Levar a sério a realidade? Melhor dirigir-lhe um olhar zombeteiro. Será essa a desforra. A pretexto de estarmos vivendo intensamente determinado momento, não faz sentido afirmar ser determinado instante mais importante do que outro. Não há mais nada de excepcional, inexistem encruzilhadas históricas, a não ser para nós mesmos. Se houver alguma perspectiva inebriante, bastará um olhar irônico para demolir qualquer arcabouço ou dogma, para transformar em bagatela ao invés de sofrer por conta de males, cuja cura teima em fugir à sabedoria. O caniço pensante precisa, com urgência, aprender a dar de ombros.
Nossa jornada é apenas o atalho para descobrir, algo tardiamente, a inutilidade de ser sério. Os mais nobres sentimentos abdicam da sua solidão majestática ao chocarem-se com o trivial. Entre sermos inconsoláveis cassandras, ou torcer pelo fracasso das nulidades, manter o sorriso é uma medida de sobrevivência. Saída poética, talvez, já que sem sermos poetas, saberemos ser fingidores. Ante a falta de pudor do político, o sorriso do sábio. Isso não irá mudar algo, mas se não é a solução, proporcionará pelo menos um agradável fim de semana, sabendo que o Febeapá do saudoso Ruy Porto possui ainda várias páginas em branco.
E as nulidades? Bem, quantos têm na ponta da língua o nome de quem derrotou Ruy Barbosa, nas urnas? Eis a resposta definitiva, ainda que disfarçada de pergunta.
Críticos Carreirolíticos
Bem sabe, depois que as caravanas foram passar,
Todos de uma vez se puseram a observar
Latidos caninos que as acompanhavam,
Mas de forma alguma atrapalhavam.
Outra, porém, é a sina do artista,
Pois, por melhor que seja, acredita que resista
A investidas cegas desses críticos?
Numa palavra: são 'carreirolíticos!'
Não há autor, ator ou prima dona,
Seja ela encantadora ou solteirona,
Que resista a um epíteto mordaz.
Responderá sorrindo: Tanto faz?
Pois, nesse caso, vai palpite de amigo
Esse aí é o domicílio do perigo!
Desprezar a corja ululante,
A pretexto que o alvo segue avante,
Desprezando os atos da matilha
É esquecer que essa camarilha
Tem o poder de vida ou de morte
Sobre carreiras. Não o fazem por esporte.
Mas, por serem desprovidos de ideias
Destroem sem pudor obras alheias.
Tão fácil é dizer: ‘Isso não presta’,
Com ar soturno de um final de festa!
Jogar no lixo um autor que ia avante
Como fazia o Flávio Cavalcanti.
Quebrava discos? muito bem , esses senhores
Numa penada destroem os autores.
Isso porque com seu poder mediático
Ressaltam num tom denso e enfático,
Ser a leitura desse pobre diabo uma besteira.
Outros fizeram melhor. E a peneira
Que eles ao serviço do público deixaram
Soterra infelizes que tentaram
Por um momento, ou menos, um segundo,
Deixar o pensamento vagabundo
Soltar uma imagem. Que importa
Se um amor eterno escala a aorta.
Mas imaginem quanta leviandade!!
Exclama enfurecida a ‘autoridade’
Essa metáfora, essa alegoria
Provém de quem ignora anatomia.
E vão falando sobre a veia cava:
´Por ela corre sem parar a lava
Dos sentimentos que esse pobre autor.
Um misto de palhaço e trovador,
Que de modo absoluto ignorava
Ser rota do amor veia cava’.
E a metáfora se perde na história,
O grande crítico a retira da memória
De quem por um acaso a decorasse
a amasse
interpretasse
Rotulasse.
O papel glorioso da aorta,
O sofrimento? Ora, letra morta...
Meus parabéns, meu caro amigo crítico,
Receio agora ter que ser político.
Terei que reduzir minhas patadas
Pois prezo muito minhas obras publicadas.
Desafiar você? Nem tento,
Não vou fazer pipi contra o vento.
Contudo , ó crítico, respeito-lhe o cetro,
Sobeja-lhe razão prá mais de metro
O seu oficio apreciaria a distância
Pontificando em algum jardim de infância
Impondo suas regras sem moral.
Ó crítico, egresso de um Mobral
E para poder espetar você de jeito
Eu acrescento: Mas que Mobral mal feito!
Dizia o Ionesco :estúpido animal
Louvando sua mente vegetal.
Quando uma idéia assim incubo,
O ventilador espalha o adubo.
Talvez a situação seja esquerda,
Mas todo crítico, afirmo, é uma merda.
Pessoalmente, se é que isso vale algo, acho Chico Buarque um compositor brilhante, um cantor medíocre e politicamente o considero imberbe. Na época da Banda ele ainda não tinha se exilado no desconforto da Île Saint Louis. Essa pequena paródia é apenas uma carona sem-vergonha na magistral A Banda e uma reflexão da pátria subtraída, na expressão do bardo. Menções a mensalões e outros “ões” ficam a critério da coloração política do leitor.
O bando
Estava bem indeciso
Duda Mendonça chamou
Para votar no PeTê
Lulinha paz e amor.
E tanta gente sofrida
Pensou livrar-se da dor
E foi votar no PeTê
Lulinha paz e amor.
O pobre diabo que não tinha dinheiro votou
O palanqueiro que contava vantagem contou
E quem sonhava com o Fome Zero
Votou para ver essa nova miragem
A marolinha que virou um tsunami cresceu
O Manteguinha os cordões da bolsa abriu
E a tigrada toda se assanhou
Votou na Dilminha
E então deu no que deu
O aposentado se esqueceu do cansaço e pensou
Que tinha vindo a bonança ... por isso dançou
A dona Dilma fechou as janelas
Pra não ouvir mais
O som das panelas
A coisa piorou mas o Guido insistiu
O rombo que estava escondido surgiu
A Economia toda enfeou
E foi a debacle que o governo causou
E pra total desencanto
O que era doce acabou
Agora vem o ajuste
Depois que o bando roubou.
Adeus as belas vitrines
Sem Minha casa melhor
Depois que o bando passou
Vejam o que sobrou.
