Escrita
O mais importante dos bons romances reside nas elipses, no ar que circula entre os personagens, nas frases menores.
Aquilo é poesia
Escrever aquilo que se pensa
Pensar naquilo que se sente
Sentir aquilo que se ama
Amar aquilo que se escreve
Declamar aquilo que se cria
Criar aquilo que se observa
Observar aquilo que se constrói
Construir aquilo que se declama
Gostar daquilo que se faz
Fazer aquilo que se quer
Querer aquilo que se perde
Perder aquilo que se gosta
Lutar por aquilo que se acredita
Acreditar que aquilo se consegue
Conseguir aquilo que se vence
Vencer por aquilo que se luta
Terminar aquilo que se começou
Começar aquilo que se imaginou
Mas para que escrever tudo isso ?
Apenas para que aquilo seja Poesia
É oportuno dizer que ao escrever não me preocupo explicitamente em inovar. Uso a forma que o texto pede.
Sabe por que eu gosto de escrever? Pois posso criar um conto fantasioso cheio de dor e você não saberá que é como me sinto mas tenho medo de lhe contar
"É preciso dar crédito ao poeta, pois as linhas e versos traduzem em si mais que a centelha da inspiração,expõe de forma desvelada fragmentos da alma do poeta,em pleno exercício de evolução."
Posso perder tudo
Posso deixar de existir
Posso me rebelar contra minha essência
Posso deixar de ser eu
Mas minhas letras jamais se perderão no vazio.
Elas respiram por mim, me dão vida e me fazem renascer.
Eu imaginava que nos dias que eu estivesse com mais dor, seria os dias que eu mais escreveria. Não escreveria simples palavras, mas sim, lindas histórias. Histórias que as pessoas pudessem se identificar, que pudessem ajudá-las. Mas não. Nos dias que eu mais tenho dor, são os dias que as palavras me fogem, me restando apenas a dor e as lágrimas. Eu queria saber escrever. Não pequenos textos carregados de frases clichês, nem poesias melosas demais, não. Eu queria saber escrever, transcrever, desenhar palavras. Queria saber colocar sentimentos em uma folha, sabe o que eu quero dizer? Queria me mostrar nas letras ou me esconder nas palavras, fazer um livro pelo prazer da escrita. Criar, emocionar, viver a escrita. Sim, eu queria muito.
Eu tenho que editar antes de postar, todas as vezes acabo esquecendo, acho mais facil escrever a proprio punho do que digitando.
“Por que a mim não escreves? {2}
-
Por que a mim não escreves?
Por que, por que não escreves?
Nesta essência não te inseres?
Sentes que sou-me o nada?
E tal nada não alimenta o que queres?
Queres a vida de forma vasta?
Por que a mim não escreves?
Por quê? Por quê? Por quê?
Tens inspiração em falta?
Que falta somente a mim,
Que dás aos outros, completa,
Como se fossem dignos de ti.
Por que a mim não escreves?
Por que, tais letras, sufocas?
Uma carta como outrora
Sílaba esmagada pelo tempo
Que descreve uma maldita história
Que frágil como uma brisa do vento;
Eu não quero que me escrevas
Como quero… Como quero…
Algo que transforme esta treva
Em teu conto dramático eterno;
Eu não quero que me escrevas
Só quero… Somente quero…
Ser a protagonista que inventas
A sofrer em cada trecho mero.”
“Por que a mim não escreves? {1}
-
Por que a mim não escreves
Se te escreves ao respirares?
Se te respiras então escreves
A cada segundo em que vives
E se não vives tão vorazmente
Escreves à solidão e à tristura
No silêncio que lhe persegue
Em meio ao sono que amargura
Escreves quando pensas
Em alimentares teus vícios
E se escreves para todos eles
Para que o existir seja longínquo
Por que a mim não escreves?
Se não lhe sou tão precipício
Se não lhe causo um sentir abismo
Não me escreves por sentires
Sobre mim o mais puro vazio
Sobre esta lacuna, inda assim
Tu poderias escrever-me
Ou contando-me os teus motivos
Do por quê a mim não escreves.”
" Todos sofrem e muitos em silêncio. Eu também sofria em silêncio, mas agora o meu sofrimento está presente nas minhas histórias, os meus cortes nas minhas personagens e o meu amor na minha escrita."
Eu escrevo e, escrevo e, escrevo. Eu escrevo até doer os dedos e, queimar minha alma. A sensação de asfixia é grande, é exorbitante. A garganta pigarreia e o corpo desmorona. Eu tento, eu tento, mas eu não consigo libertar minhas dores. De escritora amadora, passei a ser o buda no caminho do nirvana. A minha cabeça pede trégua, meus músculos pedem trégua, meu coração pede trégua. Tudo em mim levanta a bandeira branca, mas só consigo ouvir o sopro do vento lá fora, não tem ninguém para responder. Não tem ninguém com vontade o bastante para fazer com que eu pare com isso. E, eu escrevo e, escrevo e, escrevo, mas o nó continua entalado em mim. Eu escuto músicas reflexivas que me ajudam, naquele dó escravo do piano, eu me sinto um pouco melhor, mas volto a escrever. Não me falta inspiração, me falta dedicação. Me falta ser viva assim fora do papel, fora dos meus textos. Todos os dias a caminho do trabalho, pegando o transporte público, eu me transporto dentro da bolha e, fico lá. Fico lá, observando as pessoas a minha volta, escuto suas conversas, eu rio em silêncio, tiro minhas conclusões e, as vejo partir. E, é assim que me sinto, uma espectadora observando a vida das pessoas, observando o resquício de vida que parte, sem eu me dar conta. A cada dia, um dos meus suspiros leva mais um sopro da minha vida. E, eu continuo a escrever e, escrever, para que assim me sobre alguma coisa. Eu não queria ser lembrada, não queria marcar a vida de ninguém, não queria me tornar passado ou futuro, sempre quis ser presente, quis ser vida, quis ser alegria, quis ser luz, mas acontece que escritores deixam sua marca no mundo. Escritores são lembrados depois de suas mortes, depois de terem vivido suas vidas mesquinhas. E, eles escrevem e, escrevem. E, eu não paro de escrever e; escrever, porque minha vida se tornou um labirinto cheio de caminhos que me carregam de volta para o ponto de partida. De todas as minhas escolhas, nada parecer mudar, nada parece dar certo, nada parece seguir o rumo do mundo. Me arde o peito correr e, perceber que corri em círculos, apenas. Minha cabeça me arrebenta os neurônios. E, eu quero chorar para isso acabar, mas o sofrimento é insistente. Se ao menos alguém lesse meus textos, a dor seria menor, mas não é. E, os meus temores começam a se tornar realidade, porque as coisas nunca mudam. O meu relógio biológico estagnou no tempo e, agora eu me sinto presa. Eu estou presa. E, eu continuo a escrever; eu continuo, porque isso é a única coisa que não acaba, porque é a única coisa em mim que é capaz de mudar o curso natural das coisas.
