Epígrafe de Livro
Não somos perfeitos o que nos fazem perfeitos são nossos erros do passado que são perdoados que nos fazem perfeitos
Analogia sem você...
(Nilo Ribeiro)
Peguei a via mental
e me encontrei com você,
sei que não é normal,
mas alivia meu sofrer
sinto imenso vazio
sem você por perto,
soufogo comfrio,
casa sem teto
você está longe,
sinto tua falta,
sou templo sem monge,
caderno sem pauta
saudade que tortura,
noite de solidão,
sou quadro sem pintura,
pecado sem perdão
no escuro do quarto,
sozinho na aldeia,
sou toquesem tato,
praiasem areia
aflição que aguça,
rio de lágrima,
sou caminho sem bússola,
livro sem página
placa sem sinal,
luz sem escuridão,
estória sem final,
clima sem verão
coração sem pulso,
marido sem esposa,
floresta sem urso,
lobo sem a Loba
queimateu gelo,
frustra meu vulcão,
sou homem sem modelo,
cantor sem canção
pedra sem brilho,
árvore sem fruta,
saio do trilho,
perco a conduta
distante do desejo,
atormenta a dor,
sou boca sem beijo
e beijo sem amor
poeta sem rima,
estrofe sem verso,
sou rua sem esquina,
planeta sem universo
navio sem mar,
flor sem perfume,
sou noite sem luar,
sou vela sem lume
pé sem calçado,
andarilho sem caminho,
teatrosem tablado,
afago sem carinho
me tornei um nada,
manhã sem alvorada,
namorado sem namorada,
um ninguém absoluto,
tarde sem crepúsculo,
hora sem minuto
sem a tua presença,
sou visão sem imagem,
diante da tua indiferença
sou correio sem mensagem
urso não foi feito para Loba,
nem pobre para a burguesa,
não há nada que resolva,
basta-me admirar tua beleza
uma viagem de fantasia,
como os versos desta poesia
eu me sinto assim,
comvocêlonge de mim...
METADE
Sol de meia noite,
meia lua em meio dia.
Vago em meio devaneio,
meia luz em tarde fria.
Vou e volto, volta e meia,
não consigo te encontrar.
Meio triste, meio solta,
busco a luz do teu olhar.
Quantas noites meio calma,
meia volta tento dar,
desta dor que me derrota,
não consigo me livrar.
Vou seguindo meio morta,
meio viva ainda estou,
o meio amor que tu me deste
era pouco e se acabou.
L A B O R E S
Cai a noite.
O dia entrega as armas.
Mais uma batalha vencida.
Volto pra casa-refúgio da guerreira,
onde sorvo, na solidão,
eterna companheira,
o néctar das flores
plantadas ao longo do caminho.
Flores que enganam espinhos,
oferecendo, mudas,
o perfume e o humano carinho
que o tempo abduziu.
Ligo o rádio.
Ouço a canção de quem partiu,
falando de lutas inglórias,
de ilusórias vitórias,
num contexto artificial.
Amanhã será mais um dia...
Um dia a menos na insana caminhada...
Um dia a mais em direção
ao fim da jornada...
E o Sol por testemunha
de mais uma empreitada...
Outro dia trazendo em seu bojo,
como um Cavalo de Tróia,
milhões de guerreiros que,
como eu, talvez sobrevivam, por eras,
ao tempo perdido em dolorosas quimeras.
C I D A D E
O Sol amanheceu a cidade.
A Vida respirou Liberdade.
A noite fria e escura, morreu.
Passo pelas ruas e paços,
buscando um ombro amigo,
um abraço...
em olhares que o horizonte perdeu.
A Vida me empurra pela cidade,
navego neste mar de ansiedade
atrás do tempo...
atrás das horas...
Mãos que se apertam e não se tocam,
olhos que se veem e não se olham,
ombros lado a lado, em solidão!
Não sei quem morreu de verdade...
se a noite, ou o dia-cidade...
Se o ar que respiro é, assaz, Liberdade...
Se o Sol que ilumina estas ruas desertas
de amor, compaixão,
aqueceu, afinal, algum solitário...
coração.
"Todo início tem um fim, mas devemos deixar espaço para que algo novo nasça no lugar daquilo que morreu" Entre nós dois (2011, p.13)
I L U S Ã O
Quero comer tudo o que vai me matar,
Quero beber tudo o que vai me afogar,
Quero ficar na chuva, no sol,
na escuridão da noite fria,
até desbotar!
Quero sair do meu corpo e flutuar,
no mar etéreo de tua visão.
Quero me libertar desta prisão.
Quero ser o outro lado do teu avesso,
Quero ser o começo de tua revolução.
Quero viver sem perdão
e morrer no fogo de tua paixão.
Quero tudo o que for proibido,
o Universo vertido em versos sofridos,
consumidos pelo desamor!
Quero ser a flor amanhecida
no cemitério da dor.
Quero pensar que encontrei teu amor...
o abraço invisível,
o beijo impossível,
a carícia irreal...
Quero ser adorno em teu funeral,
sem corpo, sem alma...
melodia serena, apenas...
som das estrelas...Ilusão final.
Uma das piores sensações é saber que o nosso mundo, o mundo que a gente ama e sonha, se desintegra, com o fechar de um livro, ou com os créditos no final.
Um único minuto de bondade pode valer mais do que toda uma vida repleta de complexidades. Um único livro enfim pode conter a verdadeira serenidade, a mansidão e a plena conciliação de nossa alma com tudo que existe valendo se assim bem mais do que toda uma farta bibliografia de perguntas, dúvidas e incertezas. Uma única música de amor pode valer bem mais do que toda um conjunto de falsas canções, com poucas poesias, sem as alegrias, sem rimas, sem os sorrisos e e as promessas de bons sonhos como encontramos sempre nas singelas e suaves cantigas de ninar.
De repente a insônia...e você acorda de madrugada e se vê pensando na vida e ai que se dá conta que a árvore cresceu e deu frutos e que seu melhor momento é o próximo capítulo no livro da vida... A sombra do projeto que Deus esboçou no ventre materno e entregou pra ti e disse: - Vai e colhe os frutos que caírem da árvore (destino) que Eu adubarei a terra por onde passares... E serei a sombra envolvendo-te em meus braços de amor. Segue e não olhes mais para trás...
"Pode entrar devagar. Vá tomando seu assento, se reconheça nos quadros que você pintou. Cheire os livros que ainda guardam as marcas das suas mãos. Escolha o melhor canto do sofá. Ele sempre esteve guardado com as notas do seu perfume, emoldurando suas lembranças nos quatro cantos deste espaço. Abra seu abraço e apenas se apodere de tudo. Não saberia dizer não" (Seu canto da sala - Victor Bhering Drummond)
Parei atento para entender cada uma de suas formas, observando seus contornos e movimentos. E percebi que meu corpo ficou estático, querendo mergulhar em cada canto, como se formasse as peças de um quebra-cabeça. Mas depois de um tempo, mais importante do que encaixar-me nas curvas de seu corpo, eu precisava - e estava pronto - para deixar minha alma e meu coração ganhar as mesmas formas de suas paixões e espiritualidade. (Alma Gêmea - Victor Bhering Drummond)
Eu clamei a Deus uma mente e coração menos insanos, mas a minha fé mostrou-se abalável, me tornando o fiel mais descrente do mundo.
[Quote do livro]: Dezesseis, A Estrada da Morte
Seria aquela, a tal liberdade que eu tanto ansiei? Uma liberdade livre de maldade.
Em meus pensamentos, sequer havia espaço para me lembrar do inferno que nos fizera fugir.
[Quote do livro]: Entre o Céu e o Inferno
Do céu sorvi a ventura;
Do inferno, o esquecimento;
Voei planícies distantes;
Ansiando comprometimento...
Do inferno tive a brasa ardente;
E a insanidade que maltrata;
Do céu tive o amor resplandecente.
Da lucidez que retrata;
Do fogo conheci a dor;
Da água, o amor;
Abaixo o beijo da morte;
Que por pouco não me levou;
Do amor tenho o céu;
Que assim, me curou;
Do ódio, o inferno;
Que infindavelmente, será meu pavor;
Céu, Inferno [...] Paraíso!
[Epílogo]: Entre o Céu e o Inferno