Eles se Acham Santos
Eles dizem para não queimar as pontes, pois pode ser que você precise voltar. Mas eu acho que o melhor a se fazer é queimar essas pontes, para que eu realmente não possa voltar. Nem se eu quiser, nem se por algum momento, o passado tentar retornar. Às vezes, tudo o que precisamos para conseguir o que queremos é não ter outra opção senão seguir em frente.
Ninguém me feriu sozinho
por Diane Leite
Eles nunca me traíram.
Nunca me deixaram.
Nunca me gritaram.
Na verdade, sempre estiveram ali.
Presentes.
Afetuosos.
Boas pessoas.
Mas não bastava.
Nunca bastava.
Porque o que eu queria deles
nenhum deles podia dar.
Eu só não sabia disso ainda.
Eu achava que queria amor.
Mas no fundo…
eu queria cura.
Queria que eles tapassem um buraco que sangrava desde a infância.
Queria que eles segurassem a mão da menina ferida que cresceu acreditando que precisava ser perfeita pra ser escolhida.
Queria que eles dissessem: “eu fico”,
quando tudo o que eu mais temia era ser deixada de novo.
Mas como?
Como esperar que um homem adulto, com suas próprias dores,
curasse a ausência de uma mãe,
a fome de afeto,
o medo de abandono
que eu trazia no peito antes mesmo de cruzar o caminho deles?
Eles não foram vilões.
Eles só não eram curadores da minha alma.
E eu os culpei.
Porque era mais fácil achar que eles não sabiam amar
do que admitir que eu não sabia receber.
Então eu terminava.
Sempre eu.
Do nada.
Como se fosse simples.
Como se não doesse.
Como se eu estivesse fugindo deles,
quando, na verdade, eu estava fugindo de mim.
E é por isso que hoje… eu entendo.
Entendo os silêncios que me feriram — porque eram meus também.
Entendo os toques que pareciam rasos — porque eu não sabia me deixar tocar.
Entendo os amores que não me completaram — porque era eu quem faltava.
Hoje, ninguém precisa me curar.
Hoje, sou eu quem curo.
Sou eu quem acolhe a criança esquecida.
Sou eu quem diz: “você é suficiente.”
Sou eu quem fica — inteira, firme, em paz.
Não espero mais que ninguém me preencha.
Porque hoje… eu transbordo.
Quando tudo me faltou, eles ficaram
por Diane Leite
Quando o mundo me arrancava o chão,
os livros me davam asas.
Não eram páginas —
eram pulsos.
Veias abertas onde eu podia escorrer
sem medo de desaparecer.
Ali, eu me desfazia em silêncio,
e renascia em palavras.
Enquanto a vida tentava me apagar,
eles me escreviam de volta à existência.
Eu me escondia neles,
mas não para fugir.
Era ali que eu me forjava.
Era ali que eu me reconstruía —
palavra por palavra,
ferida por ferida.
Cresci com um livro no colo
e um buraco no peito.
Mas cada frase era ponte,
cada capítulo, escada.
Subi, tropecei, caí.
Mas continuei.
Enquanto muitos me davam as costas,
os livros me davam espelhos.
Me vi, me li, me reconheci.
E então entendi:
eu era a própria história.
Não personagem.
Autora.
Hoje, escrevo com sangue limpo.
Com alma lavada.
Com a certeza de quem atravessou a dor
e chegou do outro lado viva —
não só viva,
mas inteira.
Mais forte.
Mais lúcida.
E absolutamente minha.
Porque quem escreve com a alma,
sempre chega onde merece estar.
A educação física escolar coloca os estudantes de pernas para o ar, de forma que eles consigam ver o mundo de outros ângulos.
Vou cometer todos os pecados possíveis e quando for para inferno pagarei por eles. Ah, inferno não existe mesmo!
Não há problema em rejeitar o céu e o espirito santo, pelo fato de eles não garantirem a humanização. O que importa é o plano humanista a preservar a vida alheia e suas diferenças.
Deus deu um segredo faminto ao fanático. A mim? Não. Por isso eles devoram meu cérebro e as crianças.
Para os cristãos, há anciões e sacerdotes sabidos da vida. Eles criaram as regras para que na fé religiosa se cultive a esperança, através de seus rituais, os rituais por fim não salvam e as regras os homens não os seguem. Criaram também muito mais necessidades do que satisfações, mais desejos que compreensões, e em cada ser fatigado um ser desapiedado.
um dia terei uma desgraça qualquer como qualquer crente fervoroso, mas eles irão associar a uma trágica falta de crença.
(A V)
Geralmente somos mais intolerantes com os nossos defeitos quando eles se manifestam em outras pessoas.
Eduardo de Paula Barreto
Os segredos são entidades aprisionadas no cérebro e basta a sentinela se descuidar para eles saltarem para a liberdade.
Geralmente as pessoas realizam os seus sonhos secretos, o problema é que eles são tão secretos que nem elas sabem quais são.
... Existem nove mistérios entre female (pedragogia) e male (pedra filosofal), eles montam phantásma em deveres (onipresença) como existem três mistérios incognoscíveis em cada um... O dragão x crocodilo ou tubarão x remora... O cavaleiro de dragões usa todos os phantásmas que, aqui, estão em coisas... Porque? Como? Quando?
Vamos pensar, depois, "esse primeiro raio cósmico universal"... Vamos escrever, isso?
