Elegia de um Tucano Morto
Nas madrugadas frias, nos dias de inverno , como um morto vivo, vaguei. Vaguei por caminhos solitários, ladeado de vozes, de sorrisos , de sons, de sussurros vazios, buscando em meio ao alarido, um único som. O som que meus ouvidos é ardentemente a minha alma almejava ouvir. A sua voz.
Vaguei, e em todos os lados, procurei. Cansado de vagar, procurei descanso em meio às rochas, num vale de terra seca e sem cor. Abatido, ferido, com a alma dilacerada, ali descansei .
Um breve sono se apoderou, e me entreguei ao cansaço.
Cansaço, dor, frio! Acordei e em meio ao esgotamento, ouço o som, que me vez vagar pela vida.
Sua voz.
Teu objetivo não é ter uma boa vida, é ter uma que valha mais do que estar morto. Lembra-te, por pior que seja, sempre poderia ser o inferno.
MORTO(,) VIVO! ("Finados é o dia dos mortos. Os dias seguintes, são dos mortos-vivos." — Ediel)
Hoje, apesar do recesso no trabalho, as circunstâncias me seguraram em meus aposentos, choveu persistentemente lá fora, e aqui dentro, o telhado úmido chorava para dentro, estabelecendo o ritmo com o som das goteiras pingando na bacia. É como disse Renilmar Fernandes: "Igualmente chora meu coração nessa triste chuva de finados." Ninguém interrompeu os meus assuntos, nem bateram no portão; todavia não fluíram o bastante, estou meio sonolento, quase morto! Na manhã toda, estive escrevendo esta crônica de um parágrafo só. Então, lembrei-me sobre o feriado dos finados, eles sim estão descansando de verdade. Preciso descansar, não o descanso dos mortos; mas, talvez visitá-los, tentando ganhar tempo, agora vamos parar por aqui: "Deixe os mortos enterrar os mortos". Amanhã preocupar-me-ei com o que realmente importa: a morte. Sairei do meu cemitério, para estar totalmente focado nos assuntos sobre o estado dos defuntos. Por isso, só amanhã, irei ao cemitério deles buscar a companhia de bons amigos, procurando familiaridade com o tal "campo santo". Com certeza, vou ter mais um dia para viver, e menos um em minha existência. Meu corpo já pode sinalizar alguns desconfortos com esta vida; sobretudo, eu nunca vou me esconder da realidade, pelo contrário, já estou pronto. E quando meu dia chegar, não se esqueçam do meu epitáfio: — Não fui eu quem morreu, pois existo em tudo que restou de mim, e tu me percebes, mas, foste sim tu quem morreu para mim, não posso te perceber.
CRENTES RESSUSCITANDO MORTOS ("As vezes temos que fingir de morto para ressuscitar na frente daqueles que estão achando que estamos mortos." — Leandro Isnard Cardoso Machado)
Hoje, dia dos finados, oportunidade para os religiosos enganarem muitos. Garantem que a morte não é o fim. E se baseiam na mesma bíblia que diz que a mulher tem de ser submissa ao seu marido (Ef 5:22; Cl 3:18 — estas passagens são válidas se a versão não for feminista); e elas não são: e fazem ganhar terreno a ideologia de gênero, são ativistas e militantes. Sim, não é o fim do organismo geral. Morre uma célula, nasce outra no lugar. É verdade, o mundo não acaba quando uma pessoa morre, porém esta se tornou o que era antes de nascer: NADA. Mas, para a defunta célula, coitada, jamais há ressurreição. A burrice do Deus humanizado da igreja é a mesma da de quem o criou, é refazer o que já desmanchou, isso fala de sua imperfeição, sendo que a natureza cria outro indivíduo novo e independente no lugar do que morreu. Como pode cinzas jogadas ao mar virar pessoas? O Deus do impossível é também incoerente? Hoje é dia de ressuscitar defuntos ideológicos. CiFA
Ninguém sabe como é estar morto ou como é a morte, porque em uma efêmera estância de vida ou durante uma parca existência, também não aprenderam a viver direito, pois ninguém lhes ensinaram como é fazer isso de verdade.
O anel da invisibilidade do ódio
deve ser morto na sua raíz
Se ficarmos nos contorcendo
para rir melhor e rir por último
achando que a vida está boa
com ódio no sangue
Levamos uma timbalada
bem por meio do qual
outrem em sua defesa legítima
contra algo que não é seu
se legitima sendo bom
o suficiente para passar
em análise de sua vida conjunta
bem no meio do coração.
Como se fosse um símbolo
congruente mas não o suficiente
para ser mais que fonética
ser também palavra
que não quer, por si só,
dizer que é amor.
❤️
"O luxo do funeral e a suntuosidade do túmulo não melhoram as condições do morto; satisfazem apenas a vaidade dos vivos"
Tantos tons de laranja, quando à mente estava a falhar, fechando os olhos o morto levantou e dizia que as últimas cores que via eram os múltiplos tons de laranja e vermelho, se fechando na nuance escura da morte.
O escândalo da graça de Deus:
Na sexta-feira, o Deus que se fez homem, morto por causa dos nossos pecados; no sábado, luto, incertezas e silêncio no coração daqueles que o seguiam; no domingo, a morte prostrada diante do Leão que ruge. E agora, a vida ecoando por toda a parte na Terra.
