Distração
Ouço melodias melancólicas não como distração, mas como constatação. O que para muitos parece repetitivo ou desprovido de vida, para mim é a tradução mais lúcida do existir. Cada tecla do piano, em sua cadência transcendental, não apenas sugere tristeza, mas expõe, com rigor quase científico, o estado real do meu espírito.
"A distração é camuflada em entretenimento vazio, produzido uma geração que se considera feliz, mas cada vez mais imbecilizada."
”Tememos a escuridão porque ela nos devolve ao essencial. Sem cenário, sem plateia, sem distração. Apenas o que somos quando ninguém vê.”
Me Perdendo em Você
Seu passar na distração
Vem chamar minha atenção
Me perco por inteiro
Sentindo o teu cheiro
Melhor que te olhar
Só a boca para beijar
Difícil te esquecer
Não quero me perder
Como é bom sonhar
Ao teu lado acordar
Seguro sua mão
Feliz eu perco o chão
Olhar você sorrindo
Meu dia fica lindo
Poder te merecer
Só faz amar você
Vem, chega assim
Eu te quero só para mim
Agora, por favor
Me entrega o seu amor
Nem todo caos é espontâneo. Às vezes, é apenas uma mente manipulando a distração para desviar o olhar do que realmente importa.
Senhor, aumenta em mim a sede pela Tua presença.
Tira toda distração que me rouba do secreto.
Desperta em mim o desejo de Te buscar com mais intensidade,
com mais tempo, com mais entrega.
Quero crescer na graça, na fé e no amor.
E sei que isso começa no meu tempo Contigo.
Me leva para águas mais profundas.
Que meu relógio gire ao Teu favor,
e que meu coração se aqueça no Teu alta.
Se o amor te enfraquece, então não é amor, é distração.
Amor de verdade fortalece, te dá paz, te empurra pra frente.
Se você tem que implorar por atenção, já perdeu o respeito.
E onde não há respeito, um kamorrista não finca raiz.
A Jornada de Retorno à Essência
Vivemos em um mundo onde a distração e o comodismo nos anestesiam. Muitos seguem rotinas espirituais sem questionar, acreditando que basta comprar indulgências ou repetir fórmulas religiosas para garantir um lugar em um paraíso idealizado. Um paraíso que, talvez, nunca tenha existido da forma como nos contaram.
Durante séculos, a Igreja Católica institucionalizou a culpa como ferramenta de controle. A venda de indulgências, especialmente na Idade Média, transformou o arrependimento em moeda de troca. Em vez de promover o entendimento e a transformação interior, oferecia salvo-condutos para o céu, como se a salvação pudesse ser adquirida em balcões sagrados.
Mas a verdade não se compra. Ela se descobre. E esse despertar exige coragem para investigar além das histórias que nos foram ensinadas. A Bíblia, por exemplo, não é apenas um livro de regras, mas um mapa simbólico cheio de pistas. Jesus nos convida: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Jeremias reforça: “Invoca-me, e te responderei; e te revelarei coisas grandes e ocultas, que não sabes” (Jeremias 33:3).
Pensadores como Santo Agostinho viam a culpa como herança do pecado original e a redenção como retorno à pureza espiritual. Nietzsche, por outro lado, denunciava a culpa como invenção social, uma prisão que nos afasta da vida autêntica. Ricoeur, Jaspers e Espinosa apontavam caminhos de reconciliação, razão e unidade com a natureza divina.
Todos, em suas linguagens distintas, falavam da mesma essência: o retorno à nossa origem racional e pura. A parábola do filho pródigo é uma metáfora sobre arrependimento e rendição, não diante de uma instituição, mas diante da própria consciência.
A libertação está no entendimento. Está em abrir os olhos, em se questionar, em investigar com sinceridade. Enquanto não compreendermos de onde viemos, por que estamos aqui e para onde realmente vamos, continuaremos renascendo como sementes que buscam florescer em plena consciência.
Estamos no meio do colapso mas a distração virou anestesia. Não é o fim do mundo, é o fim de lucidez.
Era uma caixa de madeira envernizada,
com detalhes florais em machetaria.
À menor distração de mamãe, embrenhava-me no seu quarto,
onde, no fundo do guarda-roupas, estava aquela maravilha.
Dentro dela, em séphia, muitas fotos antigas.
Retratavam mulheres, homens e crianças
elegantemente vestidos à moda dos anos vinte, trinta, quarenta...
Coques imensos, sedas, ternos, bebês arrumadinhos.
O sorriso contido das mulheres, como convinha à época!
Homens carrancudos, com bengala e bigode elaborado.
Intrigavam-me especialmente algumas fotos milimetricamente
cortadas que sonegavam, aos meus olhos ávidos de criança,
personagens misteriosos, histórias desconhecidas,
dramas e segredos desbotados.
Ali ficava durante horas a observá-las. Identificando traços familiares, perguntando-me quem eram aquelas pessoas, o que tinham vivido, de onde vieram, o que delas ficara em mim?
Algumas respostas foram dadas, mais tarde. Outras jamais!
Das minhas furtivas incursões ao armário de mamãe,
restou-me a certeza de que o tempo apaga
resquícios de vidas que geraram as nossas.
Preservadas e silenciosas
numa simples caixa de fotografias.
Cika Parolin
A felicidade é conquistada nos raros momentos de distração. Os amigos que nos possibilitam tal experiência, estes são conquistados no cotidiano da vida. E quando verdadeiros, são pra vida toda.
A distração impediu de notar o som da voz.
O contato distante não alcançou o visual.
Frente a frente e olho no olho avassalador.
A visão de raio laser computou no minuto.
O foco se perdeu na imaginação num segundo.
Saltou da boca um sorriso largo e revelador.
Vermelho como a casca da maçã ficou o rosto.
O calor subiu como um vulcão em erupção.
A revelação a fundo não deu a solução.
O tempo estendeu aumentando o fluxo.
A sensação arrepia com o dia que aproxima.
Depois dos 30 anos,
a vida é uma eterna reflexão,
onde a maior distração é tentar consertar os erros do passado
sem poder pedir perdão.
Razão,raciocínio,compreensão...
Lógica...Reis ou rainhas
Pura vaidade,distração
Porque no jogo do amor
Ele sempre lança sem perdoar
O seu Xeque Mate.
"A luta só é dura pra quem está dentro do ringue. Para a platéia é apenas uma distração entre torcer contra ou a favor, podendo se ausentar a qualquer momento da arena quando lhe for conveniente."
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