Cronica sobre Regime-Jo Soares

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Crônica de Passeio
Como de sempre, passear tem sido meu predileto no final de semana. Quase sempre a casa da minha amiga tem sido a vítima do meu passeio. Dessa vez foi o contrário terrível. Neste final de semana tive mesma idéia de sempre, pude chegar a casa da amiga, mas a recepção dessa vez foi ao contrária com a de sempre. Sempre que eu chegasse a sua casa, a primeira coisa eram beijinhos seguindo assim o sumo como o lanche. Habituei por ser habituado. O contrário foi palco da semana, levantou se briga que até hoje não entendo qual foi o motivo. Quando procurei saber dela, só vinha como resposta o nada. Epha, desisti. A minha desistência do passeio criou abalo no coração dela. Estou pensando em não voltar, mas ela implora de modo que eu volte a tomar o passeio pra sua casa. Nem sei se voltarei. Mas única coisa com que estou convicto é de que estou apaziguado e esperando que Deus me apaniguar.

Por Félix Mutombo, àquele abraço.

Crônica cotidiana

Porque as pessoas se preocupam tanto com coisas pequenas sejam elas de qualquer cunho.
Primeiramente se preocupam com status, status de ser, status de ter ou status de ver.
Depois se preocupam com acontecimentos banais, estes que onde o sujeito é o outro e não ele.
Importam-se mais com o que os outros estão pensando, e não com o que se pensa.
Dão mais valor as pessoas que não estão nem ai pra elas, do que para os seus familiares.
Amam aqueles que nem o conhecem, como ídolos, e não enxergam aqueles que o ama.
Fazem criticas a coisas que de nada acrescentam, mas não vê o que realmente precisa ser criticado.
Dão carinho a quem não merece, quando muitos necessitam desse carinho.
Dizem muitos sim, quando se deveria dizer não. E muitos não, quando se deveria dizer sim.
Elogiam sem a necessidade de ser, podando fúteis.
Esquecem seu papel de cidadão quando não fazem nada pelo seu país pensando só em si próprio.
HIPÓCRITAS, a maioria das pessoas. EGOCÊNTRICOS, acreditando que o mundo gira em torno deles mesmo.
É triste, mas eu não vejo solução para o mundo em que vivemos...
E assim o que merece atenção só piora, degrada.
MEDÍOCRES...
Eu tenho raiva, mas minha raiva ainda é menor que minha pena. Não merecem nada mais que
pena, os que querem ser tanto e não são nada, não fazem nada pra fazer a diferença.
Espero que você que lê isso, faça a diferença, mesmo que mínima, não dê valor a coisas
supérfluas, preste atenção a vida, ao mundo ao seu redor...
Bom se você leu você sabe o que quero dizer.

⁠Crônica da Pandemia
Fui criado com princípios morais e comuns e nunca fui tão verdadeiro em dizer que houve um tempo...
Houve um tempo que mudanças inevitáveis nos acompanhou tanto.
Houve um tempo que tivemos que nos adaptar para se quer sobreviver
Houve um tempo em que o pobre se assemelhou tanto ao rico.
Houve um tempo que tivemos que mudar nossa forma de viver nesse planeta
Houve um tempo que dinheiro não pagou a vida de muitos
Houve um tempo de inúmeras mentiras ditas pela boca dos sensatos
Houve um tempo que não basta ouvir choro de saudade tens que ouvir choro de perda
Houve um tempo que não existiu empresário ou desempregado
Houve um tempo que a doença não foi plausível
Houve um tempo que não bastou para o ser humano aprender a ser mais “humano”
Houve um tempo...
Sim, houve um tempo...

CRÔNICA DE UM AMOR NÃO VIVIDO

Era um tarde normal como outra qualquer, na correria do dia a dia cheia de papéis na mão ela não percebeu a presença dele no café. Uma amiga a chamou, para falar algo que ela nem lembra mais, nem do assunto e nem da amiga.

Quando virou seus olhares se cruzaram. Ele levava a xícara até a boca. Ela congelou, paralisou, sentiu seu coração bater descompassado. Quem era ele? Por alguns minutos imaginou milhares de coisas juntos. Poderiam ter se conhecido no café, na fila do banco, num barzinho ou restaurante, trocariam uma conversa sobre o quanto detestam fila, ou que ela detesta comida japonesa. Ou quem sabe até em uma dessas festas estranhas com "gente esquisita", ouvindo música sertaneja que ele odeia. Talvez trocariam telefones. Talvez.

Mas a verdade verdadeira é que nada tinha importância, nem ela nem ele se importavam com o dia que aconteceu, isso era pequeno demais perto do que sentiam.

Nunca tiraram uma self, nem fizeram declarações públicas e amor nas redes sociais, não passaram um final de semana viajando, aquela viagem romântica.
A família dele nunca soube o quanto ela o amava e nem a dela o quanto ela era engraçado, porque nisso combinavam eram engraçadinhos, sempre com uma piadinha na manga. A gatinha dele nunca deitou no colo dela, não assistiram nenhum capítulo da novela das oito juntos, e nem discutiram sobre o galão de água que ela esqueceu de comprar.

Ele nunca fez aquele franguinho especial para ela e nem ela o seu famoso risoto de parmesão. Nunca passaram uma noite e conchinha, e ela sempre quis saber como aquele rostinho lindo ficava quando dormia. Nunca se deixaram sentir além da linha amarela. E não o fizeram porque não deixaram que isso acontecesse. Sabiam ser seus pares perfeitos. Mas no fundo não acreditavam nisso.

Acostumaram a viver um amor clandestino. E perderam a chance de sentir aquela paz que o amor traz. Optaram, ou não, pelas noites mal dormidas do que uma vida bem vivida.

Um dia cansados dessa clandestinidade, se despediram prematuramente. Escolheram a vida longe um do outro ao invés do para sempre até o final. Não deixaram o amor acontecer na vida real.

Ela hoje se sente só. Chora pela viagem que não fez com ele e pelos passeios de mãos dadas que tanto sonhou. Ele? Bom ele continua vivendo sua vida procurando quem sabe encontrar um amor que ele acha que ainda não encontrou... Parafraseando Frejat. Que aliás escreveu muitas das músicas deles...

O que eles não entenderam é que precisavam ter tido mais coragem para olhar além de si mesmos...

UM POEMA DE AMOR

Escrevi esta crônica no dia 23 de outubro de 1994. Faltavam dois meses para Déborah completar dois anos e eu já começava a perceber que não poderia exigir que a flor pudesse ter asas ou que falasse, como se isso fosse a única forma de ser feliz, pois descobri que um simples olhar de felicidade dela era suficiente para eu ser também, então, se minha filha era feliz, o que mais eu poderia exigir de Deus ?
E assim eu consegui ser muito mais feliz como sou até hoje ao lado de Suelane e de nossas duas filhas: Déborah, nossa flor e Barbarah, nosso raio de luz.
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Déborah,
Criei um mundo só nosso. Abandonei sonhos antigos, renunciei a tudo. Nada mais fazia sentido a não ser lhe fazer feliz, Déborah. Procurei em livros respostas para as minhas perguntas, mas em nenhum deles consegui encontrar algo que pudesse preencher o vazio que crescia dentro do meu coração, por lhe ver tão distante de mim, mesmo estando ao meu alcance.
Os dias para mim se passavam rápido, mas para você era como se tivesse parado, pois continuava, lentamente, tentando acompanhar o ritmo deste mundo tão longe do seu. Várias vezes refugiei-me num mundo imaginário, e nele eu lhe via correndo para me abraçar, ao chegar do colégio, com o rosto sujo de tinta pintado pelas tias; várias vezes me imaginei na obrigação de todo dia ir pegá-la na porta do seu colégio, e só depois que a última criança saía era que eu voltava a realidade... e lá estava você indiferente a mim e aos seus intocáveis brinquedos, se esforçando para engatinhar alguns centímetros do chão, que pareciam léguas.
E o que para muitos era rotina, para mim era um sonho, pois eu vivia num mundo só de fantasia, imaginando você correndo no lugar daquela criança que passava fazendo barulho na calçada; pensando ser você me pedindo a bênção aquela criança que me puxava pela roupa no centro da cidade, estendendo a mão pedindo uma esmola. Vi sonhos nos seus olhos tão meigos, quando em silêncio, me acariciava com o olhar como se lesse os meus pensamentos, querendo dizer-me para não abandoná-la um só instante. Talvez nem sabia que era eu quem lhe pedia a mesma coisa, pois ao seu lado aprendi a ser feliz. Aprendi a sorrir com a simplicidade de existir, e percebi o quanto são felizes os lírios do campo que se curvam, em agradecimentos, ao toque da mais leve brisa que lhe acaricia ao cair da tarde ou ao nascer do dia, mostrando-nos o quanto devemos ser gratos a Deus por nossa existência.
Em cada sorriso seu eu percebi a esperança brilhar, brilhar no seu rosto tão singelo, como se pedisse desculpa por alguma coisa.
Hoje você já nota a minha presença, talvez até distingue-me das outras pessoas, mas se não distinguir não importa. O importante é que já consegue me abraçar como eu sonhei um dia.
Talvez sinta a minha ausência, mas se não sentir, não importa. O importante é que sorri para mim toda vez que me ver. Seria tão bom se corresse para os meus braços ao me ver chegar, mas se não consegue, não importa. O importante é que me espera sentadinha com um sorriso que torna-me feliz como nunca fui antes.
Ah! Como eu queria que pudesse, mesmo que baixinho, e nem que fosse uma única vez, chamar-me de papai, mas se não consegue, não importa. O importante é que, apesar do seu silêncio, eu consigo escutar um voz mais baixa que o pensamento, me chamar.
Eu queria tanto que pudesse entender as estórias que lhe conto quando estamos sozinhos, ou que pudesse pedir-me para cantar uma canção de ninar para lhe fazer dormir, nas noites quando acorda sem sono. Talvez até queira e não consegue, mas não importa. O importante é que continuo a contar-lhe estórias e a fazer-lhe poesias, pois sei que um dia irá lê-las, então, se hoje elas falam de você para o mundo, amanhã falarão de mim para você.
Te amo, minha filha.
É impossível existir tanto amor e tanta felicidade, e no entanto existe. E o que eu posso querer mais ?
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Déborah já conseguiu com as mãozinnhas juntas, como se segurasse nela mesma, andar sozinha, para os meus braços. Hoje já não anda mais, porém ao me ver vem de joehos na maior alegria, parece até que vem levitando, chego a imaginar que é um pequeno anjo em oração.
___________________________________________________ Transcrito do livro : “O Diário de Déborah”

POETITE CRÔNICA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Desde sempre me calo pra poder dizer
pelas mil entrelinhas que nas linhas ponho,
pelo sonho que filtro das minhas verdades
e me dou ao prazer do prazer e da dor...
Comecei bem cedinho a desvendar a tarde,
conhecer cada noite que atravessa o dia,
dar à hora tardia essa demão do verso,
pra que tudo pareça eternamente novo...
A revolta, o contento, as emoções diárias,
meus afetos e surtos de raiva incontida,
minha vida ensinou a conservar nas pautas...
Não me vejo não vendo com olhar profundo,
vários mundos no mundo que me faz assim,
tão à margem de mim pra viajar no tempo...

Crônica do amor

As vezes me deparo com certas perguntas no face,

que na realidade, são;
auto-perguntas.
tipo:

"já mentiu para alguem dizendo que foi bom ?"

Das duas uma;
ou vc não se satisfez,
ou acha que deixou a desejar.
A pior parte, tudo tem a ver com vc,
fantasmas do passado,
arrependimento,
serve para homens e mulheres.
Quantas vezes nos deixamos levar pelo momento,
pelo desejo momentaneo ?
Estamos carentes, um bom papo,
o clima em volta, otimo,
mas a sós, a coisa muda,
a mente começa a divagar,
começamos a raciocinar e o que fazer ?
pedir desculpas e sair ?
Muitos encaram,
e vai dar merda,
se nessa hora,
sentarmos, assumirmos o erro,
dependendo de quem esteja com vc,
vai entender,
e pode ate rolar algo melhor que sexo;
o entendimento,
do entendimento, vem o proximo encontro,
e o que era acaso, impulso,
pode virar um desejo real,
a vontade de ter, possuir,
de permanecer juntos.
O desejo atrapalha a paixão,
que é um dos primeiros passos para o amor.

CRÔNICA DE UM LEIGO
de: Eduardo Pinter

Uivamos ao clamor da paz mundial
Nesta terra que o apocalipse parece reger.
Esta humanidade desumana viciada em desordem
Perdeu o que talvez nunca teve: um coração.
Jornais televisiveis, escritos e caricaturados
Amam em ênfase a dor do próximo por audiência.
E a pergunta mais imbecil que possa existir
À família que acabara de perder um ente próximo:
" como vocês se sentem?"...
A falta de sensibilidade ou inteligência à questões cruciais
Parece reinar sobre qualquer noção significativa
À ordem humana ou racional.
A impunidade, a diferença social, colabora com a violência;
Mas os poderes dos poderosos só existem
Quando um povo desolado porém, coerente de suas razões,
Não se unem para uma mera questão:
UNIÃO -- não para obter privilégios próprios,
Mas para abraçar causas nobres onde todos deitarão
Sobre a consciência voluntária e verdadeira em harmonia com a Unidade.

26 Abril 2013
Eduardo Pinter

Crônica
Anjos de resgate
Seu nome, Maria Lúcia. Cidade natal Santa Maria, Rio Grande do sul. Gaúcha de coração, de sangue e de nascimento. Tinha um sonho. Como adorava animais, queria ser veterinária, pois assim, salvaria vidas. Mas vidas de animais? Sim, vidas de animais, pois os bichos também são especiais. Até parecem crianças quando recebem carinho de alguém! Na faculdade ajudava seu professor a cuidar de alguns animais. Até era reconhecida por Totó, o cãozinho do tutor da faculdade, aliás, “que cãozinho”, era um pastor alemão bastante valente. Pois bem, fora acidentado, quebrou a pata traseira e Maria Lúcia cuidou do bichinho com tanto carinho, que mal chegava perto do portão da casa do tutor, que por sinal ficava perto da faculdade, era recebida com latidos pelo animal e a moça tinha que passar a mão na cabeça do bicho para ele parar de latir! No final de janeiro iria juntamente com outros colegas, realizar o sonho “de salvar vidas”. Conclusão da faculdade, finalmente os moradores de Santa Maria (RS) teria anjos de resgate em suas vidas. Na ultima sexta feira de dezembro de 2012, juntamente com os colegas de classe planejaram uma festa de despedida na boate Kiss, onde trabalhava à noite para pagar o seu curso na faculdade. A festa seria ao som da banda gurizada fandangueira. Dançariam até o dia amanhecer... Anjos também merecem se divertir não é mesmo?
Chegou o tão sonhado e planejado dia da festa. Todos estavam felizes, agora iriam finalmente concretizar seus objetivos: salvar vidas. No entanto nem todo final é feliz. A alegria foi consumida pela fumaça de um sinalizador. Agora ao invés ecos de alegria ouvem-se gritos de horror pedindo socorro! “Quem entra aqui só sai se pagar”. Cadê os passes? - Morre queimado, mas não sai sem pagar - falou o segurança da boate, sem escrúpulos, sem dó nem piedade. Cadê o amor pelo semelhante? Acho que está morto junto com aqueles 239 jovens da boate Kiss.
Maria Lúcia se salvou, mas agora não vive, vegeta. Não dorme, não come, não anda. Após passar um tempo em uma cama de hospital, junto aos jovens resgatados com vida do incêndio, encontra-se hoje sem sonhos, deprimida, perdida em suas próprias lembranças..
Que ironia do destino! Anjos preparados para resgatar vidas, perdem a sua própria vida no dia da própria formatura!

UMA PEQUENA CRÔNICA: APENAS VEJO.

Abro a porta da alma. Olho lá dentro o que vejo?
Vejo pessoas desesperadas em busca da felicidade. Vejo o tempo correndo, querendo nos deixar para traz. Vejo as nuvens cobrindo as cabeças de lutadores do dia a dia. Vejo estranhos caminhando, se acabando por coisas desnecessárias. Vejo em quatro ou cinco anos pessoas se abandonando, esquecendo as amizades construídas nesse pequeno espaço de tempo que dele restará apenas lembranças. Vejo em cada olhar a vontade de vencer, vencer uma luta, vencer a desesperança, vencer as intrigas diárias, vencer os medos, vencer seus erros, vencer o orgulho que perdura nos nervos. Vejo na esquina seres rodeados de amarguras, fechados armados e parece que a qualquer momento tudo estará zerado e a explosão se espalhará e quem estiver desprotegido, será infectado pela tristeza desmedida. Abro as janelas da alma com receio deixar entrar pela porta, a desolação, o peso que arrasta o ser a perdição. Vejo os laços sendo rompidos, sendo substituídos pelas emaranhadas e embaraçadas amarras sem saída. Vejo lá fora, já se perdera o encanto, as pessoas andam se esbarrando, sem sentir o calor do outro. A frieza congelou a singela união que um dia aparentou existir. Vejo o desinteresse, em cada gesto e cada verso que sai da boca meticulosamente planejada para ser solto no ouvido dos que recuam por deslizes e clamam por compaixão. Abro a porta do meu coração, para que seja desintoxicado desse mundo de ilusões que oferece um paraíso efêmero e trapaceiro. Eu quero o eterno paraíso. Pois quando abro a porta da alma, esse mundo se mostra, mas a mim, não interessa! Abro as mãos, distorço os dedos para discorrer essas poucas linhas que restaram.

Crônica do Grande Amor

Um dia uma paixão virou amor. Não foi nem num "belo dia", foi num dia qualquer. E esse ser se estranhou, era mesmo um corpo estranho. Estranhíssimo! De fato, não se reconheceu. Perdeu a identidade por alguns dias, pois não sabia, nem tinha dimensão do quão colossal forma havia se tornado. Ninguém reconheceu. Esse novo amor, mesmo quando se expôs, não teve identidade. Isso porque por quem ele havia crescido, não estava nem aí. Noutro dia, um belo dia, o amor se acabou. E era fatal que terminasse assim. Sem dúvidas de que havia existido, sem respostas da razão da sua breve e inesquecível existência. Foi breve, se for relativo quanto ao tempo de vida de sua morada, mas foi longa assim mesmo. Dolorosa, tímida e irritante. Porque os deuses se irritam quando morre um amor.

A crônica da TDAH.

Eu, esquecida? Não!
***
Meu irmão diz que sou excêntrica. Um engenheiro, com quem trabalho, diz que sou genial. Está certo, nós todos falamos demais, rotulamos e julgamos a todos. Acho que é uma necessidade didática da personalidade humana.
***

Agora se tem uma coisa que me irrita é me chamar de esquecida.
***

_Eu não sou esquecida! Sou aérea.
***

É bem diferente.
***

O esquecido é que esquece. Aéreo é quem não se lembra ou se dispersa momentaneamente, mesmo que este momento dure alguns dias.
***

Eu sou é concentrada, tão concentrada que não me lembro de nomes e números. Mas jamais me esqueço de rostos. Têm muitas lembranças que são boas de serem oradas para que Deus nos faça esquecer. Algumas doem. Bom é tirar proveito do que aconteceu.
***

E passado sempre será passado, quem vive de passado é antiquário, museu, arqueólogo e outros que não me lembro neste momento. Agora presente é uma dádiva, uma nova oportunidade. Prefiro encarar como uma nova chance.
***

_As pessoas me chamarem de esquecida é um absurdo!
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Eu me lembrei muito bem do casamento de uma amiga minha, só troquei o dia, era num sábado a noite _todo mundo casa num sábado a noite, até hoje não sei o porquê_ eu fui à igreja e ela estava fechada, mas eu fui. Isso é importante! Eu me lembrei, me arrumei, saí de casa e dei com as portas fechadas na minha cara.
***

Me disseram para fazer uma agenda, eu fiz, só que a guardei em um lugar, tão bem guardado... deve estar lá, eu acho no ano que vem.
***

Eu sempre uso relógio de pulso, amo a invenção de Santos Dumont, valorizada por Cartier. Me disseram que se eu trocar de braço o relógio fica como um memorial do que eu tenho que fazer. Mas como é difícil ver as horas no braço direito eu volto o relógio para o braço esquerdo e ainda penso: _ Nossa! Hoje eu estou aérea, como coloquei o relógio no braço errado?
***

Me mandaram ir a um médico. Fui em um que disse que eu tenho TDAH, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, agora só porque eu troco umas coisinhas, isso já tem nome e remédio. Lógico que tinha que ter remédio. Afinal, alguém tem que lucrar! Vivi quarenta anos assim e agora vou deixar de ser divertida?
***

Já esqueci onde coloquei o meu carro num shopping, também, por que todos os estacionamentos são iguais? Entrei num pavimento e saí no acima, acionei os vigias e eles o acharam. Foi tão engraçado ver uns quatro moços em volta do carro sorrindo e dizendo:
***

_ Está aqui! Não foi roubado! Olha só que bom! Se eu não fosse esquecida; quer dizer, dispersa, não teria fatos engraçados para me lembrar.
***

Mas não me esqueço da minha palavra empenhada. Eu disse que vou fazer, não juro e nem prometo, apenas faço. Quem mandou eu falar.
***

Portanto, ninguém pode me chamar de esquecida, isso não sou. Porque sempre me lembro que esqueci algo. Isso me faz uma pessoa que se lembra das coisas.
2017

O MELHOR DOS MEUS DRAMAS

Nunca fui de fazer dramas para afetar os outros com lágrimas dissimuladas e discursos de intensidade barata, mas sempre fui dramática. Você sabe. Não é que eu aumente fatos e sentimentos, é apenas aquela coisa de que eles já brotam acrescidos e alargados em mim. Tudo o que passa por esse meu peito tem o costume de ficar profundo, singular e agigantado. Até nas pessoas que nem se preocuparam em trazer originalidade, falando e agindo como com tantas outras, eu enxerguei o que de incomum e maior poderia abstrair. Entretanto, é a primeira vez em que me deparo com tão algo imenso, tão incalculável e real. É clarividente a lisura e autenticidade do oceano que vivo agora, é transparente que desta vez não é grande só partindo de mim, e que o meu âmago não ampliou nada, ele apenas está fazendo o exato reflexo do que já existe por si só como gigante: Doa a quem doer, olhe quem olhar. É dos dois lados e não somente interna, a nossa enormidade. Por isto mesmo, por já sermos o drama, a intensidade, o mar inteiro, é que resolvi me ater à realidade para falar de nós.

A verdade é que não preciso que você venha para que eu sobreviva. Preciso é tomar na hora certa aquele remédio horrível que o médico me indicou na semana passada. Preciso comprar papel higiênico e consertar o meu micro-ondas quebrado a quase um mês, porque é necessário que eu esteja limpa e alimentada para não cair dura no chão por doenças ou anorexia não intencional (isso existe?). Preciso fazer atividades físicas, porque a minha respiração está péssima e aquela dor que senti noite passada pode ser consequência da minha preguiça e sedentarismo. Preciso de muita coisa, mas não de você. Não para existir, não para que meus órgãos funcionem e para que meu coração continue pulsando o sangue que necessito.

Contudo, não sei como seria a etapa de aguentar a dor de perder as suas manias e cuidados. Não quero nem pensar. Porque justamente por não precisar, é que surge a questão do querer, e eu quero. Não porque vou morrer se não tiver, porém, porque só estarei agora vivendo bem e realizada, ao ter. É que não almejo só sobreviver, só existir, só perambular pela vida com o básico necessário. Quero viver, ser e acrescer. Foi um dos desejos que você despertou em mim com tudo o que veio a lecionar. Quero então, a evolução tão descrita pelos velhos de alma. E para isto, eu preciso de você. Careço dos nossos planos para que a minha esperança seja revitalizada nos dias difíceis e do seu colo acompanhado de palavras que me ajudam a acreditar um pouco mais em mim quando tudo parece perdido. Quero a garra que ganho também quando vejo a força que temos e que sou capaz de possuir por nós. Preciso dos seus afagos que me mostram que não devemos só tomar um remédio para que a saúde esteja normalizada, mas sim, para estarmos vivos e dispostos para cuidar também de quem amamos. Preciso dos nossos risos e da sua massagem agressiva que me faz lembrar que as dores também podem ser engraçadas, se olharmos de um ponto de vista mais bem humorado, ou um tempo depois. Preciso das suas teses, brincadeiras, de você por quem é, sendo e estando presente para que haja mais do que apenas o ar e as obrigações no meu mundo, para me tirar do universo prescrito, mostrando que a vida vai além da sobrevivência, que se trata de viver, e que viver sozinho não faz tanto sentido assim.

Dizem que a tristeza é o que mais aflora o nosso lado artístico, porque nos fechamos em nós para digerir as mágoas, assim, refletindo até expelir em imagens caladas. E quando alegres, queremos viver, tanto que não "podemos" parar para compartilhar aquilo, só que você, que me faz tão bem, me dá vontade de correr para a vida e de desmembrar em palavras, de tentar os dois. E mesmo que seja bem mais fácil não falar nada, porque quem sente faz mais do que cita e o cotidiano vai levando algumas das juras e das lindas palavras, e transformando tudo em apenas pequenos (e tão grandes) atos, ainda assim, eu falo. O amor continua a ser aquele que usa a voz e comete, não esquecendo nem de um e nem do outro. E esta é mais uma das coisas que você tem efetivado e consolidado no meu novo estar. Por isso eu afirmo sempre para mim mesma, todos os dias, o quanto é surpreendente a forma com que você chegou de mansinho e provou que as minhas teorias sobre o amor podem ser concretas mesmo sem um cavalo branco e as palavras do Nicholas Sparks citadas dia após dia. Que é na rotina, nas durezas da vida e na intimidade construída que a ligação realmente está presente, fazendo o seu papel. Que não tem isso de enjoar, que no amor de verdade a gente luta, segura no que prende a estrutura, mas não joga fora tão fácil assim. Você quebrou as minhas asas só para reconstruí-las, e me mostrou que a realidade pode ser linda também, mesmo que com suas guerrilhas bobas.

Eu podia estar remoendo minha carga de dores passadas. Aliais, não posso dizer que sou dessas pessoas que conseguem simplesmente abandonar as mágoas. Tenho o terrível costume de reler a minha vida inteira e debater como aquelas feridas chegaram onde puderam. Então eu podia sim, continuar dessa maneira, vivendo com um pé lá atrás e metade do outro aqui, no entanto, você me dá vontade de olhar para frente e estar no agora, de observar a sua paciência e entender que generalizar não adianta quando se trata de construir algo sólido. Que cada pedacinho de cada ser é diferente e deixa uma saudade inigualável.

É que é de dar agonia tanto amor! Você me emociona. Faz com que eu pergunte e responda, com que eu amadureça meu autoconhecimento e meu repertório, não como naquele amor que eu descrevi a uns meses atrás, e sim como naquele que eu nem sabia que existia, como aquele que me ensina como é. Porque você é a verdade mais bonita que conheci. Só peço é que nunca desacredite, que não abandone aquele nosso acordo de sempre falarmos um com o outro antes de ouvirmos os burburinhos. Só peço que tente entender a quantidade infinita desse calor que você plantou aqui, que faz com que o meu receio de acordar descabelada na frente de alguém e de escancarar os meus defeitos mais chocantes sejam uma bobagem, quando ao seu lado.

Então venha. Fique. Nunca foi tão bom lutar contra dragões e inverdades como está sendo agora. Traga as suas cicatrizes, isso não é problema, eu sou cheia delas também. Continue mostrando tudo, cada pedaço, porque eu quero descobrir novos com a sua existência. Vamos nos curando e deixando as bagagens pesadas no armário dos fundos. Não vamos jogá-las fora, porque é preciso abrir essas malas vez ou outra, porém já não quero futucar, reorganizar, renascer os mortos... Por isso venha, esteja. Leve-me. É por ser grande demais que aceito este amor como é: de verdade. Nem sempre tão lindo, nem sempre como queremos. Mas sem máscaras, e com uma intensidade tão absurda que para explicar até o meu drama vira indiferente. E para quem não acreditar, dane-se. É tudo grandão assim mesmo! Podem jogar as pedras no castelo, estamos aqui preparados, porque ele não é de areia e nem feito só do que o meu coração quis achar. Ele é tão de verdade, que cada tijolo que o mundo tasca pela janela, vira só mais um para segurar a base.

DIFERENÇA DE IDADE

Antes de assumir um relacionamento amoroso com um homem que tem 3 vezes a minha idade, bem antes disso, eu fui até o meu guarda-roupa chiquérrimo e peguei o meu melhor colete à prova de bala, eu tinha que estar muito bem preparada, mas esse meu colete não era um colete qualquer, desses que policiais usam nas ruas, era um colete à prova de preconceitos, suportava até os olhares mais cortantes, aqueles olhares tortos que todo mundo conhece, e foi por isso tudo que eu saí de casa de punhos bem fechados, os punhos não iriam agredir ninguém, só quebrar em milhões de pedacinhos os sermões de uma sociedade "padrãozito".
Eu fui armada e vestida de coragem, pra assumir o que eu sou e o que eu quero, essa coragem que eu usei foi a mesma coragem que Charles Chaplin usou quando decidiu formar uma família com Oona O'Neill, a mesma coragem que José e Pilar enfrentaram, a mesmíssima coragem que Woody Allen enfrentou ao lado de Soon Previn, não é nenhuma comparação, só estou dizendo que eu bebi da mesma coragem, na mesma fonte, e foi essa coragem que Fernanda Gentil usou recentemente.
E que coragem é essa, minha gente? É a coragem do Foda-se!
A minha sorte é que todos os meus amigos são artistas, poetas, atores, espíritos evoluídos, de mente aberta e pés livres, mas sempre tem alguém com a curiosidade de saber como nós nos conhecemos, onde e quando.
Um dia desses eu estava na manicure, e a mesma fez o seguinte comentário:
"Nossa! você se casou com um homem bem mais velho que você, bem mais velho mesmo. "
E eu fiquei em silêncio, porque aquilo que ela estava dizendo era óbvio demais, era evidente e eu sabia daquilo o tempo todo.
Depois ela disse:
"O importante é o amor..."
E eu pensei, mais importante do que o amor é cada um cuidar da própria vida, afinal de contas, ela não estava pintando minhas unhas de graça, eu estava pagando por aquele serviço, resumindo: Ela não paga minhas contas!
Vez ou outra, alguns amigos fazem piadas, como o Nilson Rodrigues, mas eu não me importo, porque são meus amigos, eles têm liberdade pra isso, e eu sei que não tem um tom de maldade, não fazer piada com a nossa diferença de idade, é inevitável, fazemos isso o tempo todo, o Luiz vive brincando dizendo que é avô da Serena, existem as brincadeiras sadias, e as piadas de mau gosto, que visa somente ofender e constranger, e onde é que eu quero chegar com esse mimimi todo?
Eu só quero me expressar, acho fantástico essa oportunidade que o Facebook nos dá de falar pra várias pessoas ao mesmo tempo, essa espetacularização toda. :)
Eu conheci o Luiz em um bom ambiente, lá tinha muitos livros, e você também pode encontrar uma pessoa bacana se parar de frequentar esse botecos de esquina, baile funk ou essas igrejas pentecostais. (Sorry!)
Então, camaradinha... quando tiver alguma dúvida ou curiosidade sobre a minha pessoa, por favor não suponha, não julgue, não espalhe falsos boatos, não ache, tenha certeza, não cai no achismo, seja feliz! Caia na real!

Amar é dar atenção ao outro,não precisar de palavras para saber como ele está o que se passa,é dar sem querer nada em troca, sem pensar em um futuro próximo é saber que vocês estão ali para tudo,é ter vontade de estar sempre perto, de passar horas ali sem se preocupar com nada, é ‘morrer de saudades ‘ após cinco minutos, é saber pedir desculpas sem precisa de um bom motivo, sem sofrer ameaças ou ouvir arrogâncias e gritos ao pé do telefone , é saber à hora certa de chegar juntinho , amar é saber que você sempre terá uma pessoa que vai te dar apoio, que vai chorar a cada perda sua ,que vai sofrer a cada briga, que vai sorrir a cada palavra ou gesto, que vai saber te perdoar, que vai sempre achar que você é o melhor, mesmo que você não tenha feito nem metade do que é capaz,sempre vai te dar um sorriso sem nenhuma esperança de um outro nos teus lábios ,amar é ser tudo e mais um pouco para a outra pessoa . Ame!

Você foi um dia tudo aquilo que eu sempre sonhei,que eu sempre achei que precisasse,você foi um sonho que eu não gostaria de acordar,mas acordei!Acordei e voltei para essa mera realidade e vi que você não era totalmente perfeito, como nos meus sonhos,que você não era totalmente real,me decepcionei ao analisar detalhes,palavras,olhares.Aos poucos fui percebendo que o sonho sempre será um sonho e se depender de você nunca irá se tornar realidade,eu assumo que pensei por alguns instantes que poderia realmente dar certo,mas com o tempo a máscara cai,aquela personalidade perfeita passa a não ser tão perfeita assim e percebemos que somos opacos uns perante os outros.

Com o tempo se aprende que as pessoas podem se torna especiais com uma certa intensidade,percebe que elas podem ter seus defeitos mas que os mesmos podem passar despercebidos, por algumas vezes.Você passa a querer mais atenção,a cobrar mais, a analisar cada gesto e cada direção de olhar.Mas com o tempo você aprende que o que tiver de acontecer irá acontecer sem nenhuma precipitação,irá acontecer no momento certo,que não é preciso exageros,exageros não são bons.Com o tempo se aprende que os momentos,não importam quais,sempre estarão guardados com você.Mas por mais que você aprenda sobre a vida, sobre a outra pessoa, nunca é o suficiente para saber das surpresas.Eles sempre surpreendem com novas atitudes.

Queria ter você aqui sempre comigo me ajudando nas horas em que eu preciso de um ombro ,me consolando quando as lagrimas não se enxugarem mais sozinhas, dizendo que eu sou uma pessoa especial , mesmo que seja mentira,e que você não saberia viver sem mim como você sempre dizia,queria você aqui do meu lado me lembrando dos momentos em que nós fomos felizes , e como fomos , e nada conseguia nos tirar os nossos sorrisos.

Ciclo da Vida

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo org*sm*! Não seria perfeito?

Sean Morey

Nota: Tradução livre e adaptada de um texto do autor. O pensamento surge por vezes atribuído a George Carlin, George Constanza ou Woody Allen e até Charles Chaplin, mas a sua autoria foi reclamada por Sean Morey no seu site oficial.

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Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A décima (está indo longe) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo.
Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a realidade em busca do IBOPE.
Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa com bundão, a “não sou piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta
de apanhar (essa é para acabar!!!).
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de
perguntar se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores) , carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados.
Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo santo dia.
Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns).
Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$ $$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?
(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores )
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.

Marcelo Guido

Nota: A autoria do texto é muitas vezes atribuída erroneamente a Luis Fernando Verissimo.

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