Crítica

Quem critica a injustiça fá-lo não porque teme cometer ações injustas, mas porque teme sofrê-las.

O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica.

As obras de arte são de uma solidão infinita: nada pior do que a crítica para as abordar. Apenas o amor pode captá-las, conservá-las, ser justo em relação a elas.

A nossa época é a época da crítica, à qual tudo tem que submeter-se. A religião, pela sua santidade, e a legislação, pela sua majestade, querem igualmente subtrair-se a ela. Mas então suscitam contra elas justificadas suspeitas e não podem aspirar ao sincero respeito, que a razão só concede a quem pode sustentar o seu livre e público exame.

O homem que não aceita crítica não é verdadeiramente grande.

Louvam-se ou criticam-se muitas coisas porque está na moda louvá-las ou criticá-las.

Crítica construtiva é como mulher meio grávida... não existe.

As obras de arte são uma infinita solidão: nada as pode alcançar tão pouco quanto a crítica.

Faz-se crítica quando não se pode fazer arte, como quem se torna delator quando não se pode ser soldado.

As paródias e as caricaturas são as formas mais agudas de crítica.

Agradeço pela crítica mais severa apenas se ela permanecer imparcial.

A inveja, que abrevia ou suprime os elogios, é sempre minuciosa e prolixa na sua crítica e censura.

Antes de começar a criticar os defeitos dos outros, enumere ao menos dez dos teus.

Para evitar críticas, não faça nada, não diga nada, não seja nada.

Casar é trocar a admiração de vários homens pela crítica de um só.

A crítica não tem sobre a psicologia das massas o poder sugestivo que têm as crenças afirmativas, mesmo falsas.

Não desanime em razão da crítica. Se a censura é serviço cabível a qualquer um, a realização elevada é obra de poucos.

Quem não critica o que crê não lapidará suas crenças, quem não lapida suas crenças será servo de suas verdades. E se suas verdades forem doentias, certamente será uma pessoa doente.

Para a concepção crítica, o analfabetismo nem é uma ‘chaga’, nem uma ‘erva daninha’ a ser erradicada (...), mas uma das expressões concretas de uma realidade social injusta.

Muito prazer, meu nome é Caio Fernando Abreu. Faço literatura, teatro, música, cinema e crítica. Mas de amor é o que eu gosto mais.