Crime
Medo
Vamos perder o receio, vamos soltar esse freio e falar do medo.
Medo...primeiro a gente tem que perder "o", pra depois falar "do".
Ele é fácil de se achar mas também costuma se camuflar,
disfarçar...
Está presente na vida
e na vontade de se aventurar.
Companheiro fiel, não paga aluguel, mas fixa moradia em muita gente desde a infância.
Tem muitos nomes, substantivos, adjetivos, pronomes.
Medo de rua, de bicho-papão, de escuridão,
as vezes chega de mansinho, outras vezes de supetão.
Medo é forte, é poderoso, tinhoso, insinuoso.
Na juventude aparece como o medo de não agradar,
de ser alvo de deboche,
de não ser aceito pela maioria ou de virar um fantoche.
Jovem tem medo até de falar, de expressar sua covardia,
Tem medo do pai, da mãe, da tia e da filha da vizinha,
da sexualidade, da espinha, de sua própria rebeldia.
Jovem tem medo de tudo, mas contudo se arrisca.
Essa talvez seja a atitude mais inteligente pra lidar com o medo.
Se pra se livrar é cedo,
o melhor é reconhecer que se tem, mas enfrentar.
A vida é um risco, um cisco, é uma poeira, um instante, um caminhar
e durante toda vida, há medo o bastante.
Na idade adulta ele piora, vem sob a forma de doença e de morte,
(que não demora).
Adulto tem medo de queda, de solidão, de desamor, de sentir dor.
Medo de hospital, medo irracional, medo do jovem que desafia
(vendo nele o próprio jovem que também já foi um dia).
Adulto tem medo da velhice e se envolve na tolice de a tudo criticar.
Adulto tem medo até de um dia ficar sem lar
e passar pela vida sem deixar sua marca, seu rastro,de ficar perdido a divagar.
Adulto tem medo devagar.
Se todos temos medo de alguma coisa, pessoa ou situação,
o melhor a fazer é reconhecer isso e matar de vez o leão.
Mas de que jeito?
É simples e perfeito:
basta acolher e esbanjar
todas as formas de conjugação do verbo amar.
Porque onde existe amor o medo não cresce.
A medida em que se ama mais e mais,
o medo se esvanece e a verdade aparece (pra quem merece).
Medo é ilusão e amor é a tradução
do sublime.
Amor é prece.
Medo é crime.
À mãe que nunca me deixou nascer, a que o primeiro afeto que recebi era frio, duro e cortante. Começou doendo muito depois de um tempo a dor ia diminuindo assim como a vontade de viver, me deixaram cheio de marcas profundas que recebi após nascer. Alguém que eu não conhecia me fez sangrar até morrer, minha mãe estava lá e mesmo assim não fez nada, não estendeu a mão para me abraçar e nem para me defender.
O limite a inclusão de opinião divergente se estabelece, inevitavelmente, quando essa faz apologia a crimes contra à humildade.
DIAS ENUVIADOS
Se eu pudesse nos dias enuviados
Acender o sol para você viver.
Eu colocaria uma cor a mais, vibrante...
Não no sol mas na sua alma
E nos seu lábios um pouco do meu batom de cereja.
Deixa-me ser a criança que rabisca sua vida, colorida!
Você teve que nascer assim? Ou qualquer mulher, programada corretamente, pode ser transformada em uma assassina profissional?
A flor de setembro
Confundi o teu rosto
às belas flores de agosto
De setembro, outubro e novembro
Mas seu rosto era a flor de setembro
Flor que murchou sem piedade
Faltando-nos a clorofila nas folhas
E choramos... e nosso choro
Transformou nossos olhos em
Bolhas a bailar pelo ar.
Mas a vida não nos confundiu...
Não eram as bolhas de sabão da nossa infância
Passou-se contigo os risos de criança
E afogamos nas lágrimas sombrias
De nossos dias que se acabam
Feito as bolhas de sabão que se vão
E se desfazem no ar e são elas quase iguais
Às flores de setembro!
CORAÇÃO
Coração, por que te sangras
Ao ouvir um grito na madrugada?
Pode ser algo misterioso, ou também
pode não ser nada.
Os perigos da noite têm seus açoites.
E enfim, espera que chegue a madrugada
Para só então saber, não houve nada.
Foi apenas uma estrela que brilhou
Ou talvez tenha se espatifado,
São pedaços que juntou ou que tenha separado.
DEDICATÓRIA
Trago-te minhas mãos com flores.
São unguentos seus olores.
Pouso-te nas faces, seus perfumes!
As colhi de um jardim de primavera
Na casa branca das montanhas verdejantes.
Encontrei no muro coberto de heras
Lembrei-me dos teus olhos. Quanto lume!
Brilhou-me tantas vezes a estrada
Que nunca, nunca me fiz tão viajante.
Reguei com meu beijo, minha boca...
Ofereço-as em minhas mãos
De todo coração, com meu amor:
A tua louca!
JARDIM PARA MARIA
Foi p’ra ti o meu canto de rosas
Cada pétala em nota formou-se
E várias flores então eu colhi
E para fazer a canção desfolhei tantas rosas
Precisava um imenso jardim
Não apenas das rosas, mas também de jasmins
Pois a canção deveria expandir no infinito
Meu amor, meu querer, e meu grito.
Fiz-te então teu jardim...
Toma-o aqui de dentro de mim!
OH VIDA
O que és tu, vida?
Subida ou descida?
Decida, por favor!
Tenho o horror a altura, mas também
a agonia do porão.
Haja com coerência,
essa nossa vivência.
Que se planamos,
podemos ver o que plantamos,
mas se descemos, o que veremos?
Tu és uma estação ou estado permanente?
És ilusão ou uma vida incoerente?
Repentinamente fica a dúvida
que se esvai para cima ou para baixo,
de repente.
Passarinho, passarinho!
Quando a flor de agosto murchar em setembro
E apenas o lírio vermelho-fosco, permanecer
Na fugaz noite de seu delírio...
Quando uma nota se fechar no piano louco
E nossa música não mais se ouvir.
Quando a chuva dos olhos secar
E ficar apenas a retina, de tanto chorar.
Olharei para setembro com sonhos de desgosto
porque tudo dali partiu.
Hei de chamar um passarinho
E dizer o quanto o amei,
e que todas as minhas flores
Para ele eu deixei.
__Passarinho! Passarinho!
TUDO ERA LINDO EM PARIS
Essa é a madrugada mais fria
e a ruas estão vazias...
Vazias de mim, de você...
Em nada se parece a primavera
dos nossos porquês, dos porquês
da vida embriagada.
Nem tudo é literal...
O carnaval se arrasta na estradas
vestidos de trapos humanos,
junto às sombras do que fomos
e que nos tornamos
Relâmpagos cortam os céus de Paris
Enquanto penso nas ruas de Scrambuer!
E outono chegou...
A flor -de- liz, solta no ar
o seu matiz, e seus pomos
vê-se em alguns jardins;
Tudo era tão lindo em Paris!
Em relação à delitos, não existe risco que possa ser eliminado, simplesmente por causa de um fator chave: tempo!
FRIO
Banhei a alma desnuda,
calada e muda,
no rio da solidão!
Quem sabe era um mar!
Onde me aconcheguei
nas ondas de ímpeto
do meu amar.
E me afoguei
ao acreditar nas tuas mãos!
Ostras e Pérolas
Eu sou a ostra,
meus filhos, as pérolas...
A areia que me feriu,
és tu vida, bendita!
Por me fazer sofrer
e as mais belas pérolas te devolver.
