Conto Policial
Talvez um dia
Talvez um dia te faça um poema!
Talvez um dia te conte um conto!
Porém, as letras vestem de espanto
todas as rimas do mesmo tema...
Talvez um dia te faça um poema,
com as quatro letras da minha sina;
cheio de graça, de sacarina
vinda dos trechos de um nobre tema...
Talvez um dia seja um soneto
que te descreve como eu te vejo...
Falo de amores, de um terno beijo
e das palavras a branco e preto...
Talvez um dia!
No sinal do nosso desencontro
não diminuiu a vontade de ter,
No final um dia eu te conto,
que nunca passou a vontade
De ter imensamente [você].
No final da minha noite
não tenho como não 'dizer':
- Transbordo a leveza de ser
e a indizível crença de te ter.
Da mais enternecida cadena,
sou a rebelde prisioneira,
Só você tem a chave dela;
que desperta a [obediência
De revelar a doce cadência.
No sinal que me trazes,
ele me deslumbra toda...,
A vontade de ter você
é incrível e não é pouca,
Tu me deixas [louca]....
Tu me punes e me abres,
eis o nosso paraíso!...
Tu me corriges,
eis o nosso feitiço!...
Tu me beijas e me levas,
eis o nosso rebuliço!....
Tu me dobras,
E eu não me nego;
Por você perco o juízo.
Lágrimas de Potira
Na beirinha do rio de toda
a minha vida,
Sou eu que conto as lágrimas
de Potira transformadas
por Deus em diamantes
para eternizar o amor
que ela sentia pelo heroico Itagibá,
De poesia em poesia
vou escrevendo a minha Pátria
porque ao menos no meu
peito eu a quero viva
para ninguém com ódio a reinventar.
Classicismo Poético em Rodeio
Aqui conto com os elementos
mais perfeitos que existem
e que fazem com que eu encontre
no Classicismo Poético em Rodeio
tudo o quê permite escrever
nestes tempos tortuosos
a minha poesia rara, mansa
e absolutamente apaixonada
num mundo que não
encontra mais sentido em nada.
Conto cada Borboleta-aro-vermelho
que vem se aproximando ao redor,
Sem receio mergulho em mim
para escrever sobre o amor.
O fel alheio não me sufoca
porque tenho vida anterior,
Sei da onde vim e para onde vou:
ser ainda melhor só cabe a mim.
De mãos dadas com o tempo
o interminável minueto,
ele sussurra e eu apenas solfejo.
Porque quem tem razão
não precisa se antecipar,
tem tranquilidade para continuar.
Cantemos pois (fragmento dos Três Contos)
Trôpego à esmo em labirínticas vielas.
Corpo em espasmos devido à frialdade.
Pensamentos inconsistentes à realidade,
São lindas pinturas de feias aquarelas.
São olhos que vêem qual anjo o algoz.
O qual tece a arte tão bem aceita,
"se há o plantio tem de haver a colheita ",
E deixam aos deuses a vergonha por nós.
E choram um brado de ignota agonia.
Se sofrem é de uma mental patologia.
Prefiro a poesia que há no caixão.
Deita ao lixo tua bela sinfonia.
Guarda teu canto, amante da hipocrisia.
Chegada é a hora de cantarmos podridão.
Sonhos não se realizam como nos filmes ou contos de fadas, na qual o gênio da lâmpada aparece e pergunta quais seus desejos ou a fada balança a varinha mágica e tudo se realiza.
Sonhos são realizados e concretizados com um planejamento e as vezes anos de trabalho e planos de ação semanais, mensais ou anuais, te conduzindo e direcionando à sua meta!
Portanto meu amigo ou amiga, não acredite em conto de fadas, viva o momento e dê os passos para sua realização pessoal e profissional!!!
Um discípulo perguntou a um velho sábio sobre quem vinha primeiro, se era a energia ou a força. E com a serenidade costumeira a resposta do ancião pareceu cheia de complexidade para um entendimento superficial sem os mecanismos da reflexão profunda:
"Sem energia perdemos a força - respondeu-lhe o velho homem -, no entanto, você pode estar pensando que é a força que produz energia. Mas veja bem que não há força sem energia. Neste caso, precisamos descobrir o que é causa e o que é efeito. Não nos parece aquela mesma história de quem veio primeiro se foi o ovo ou a galinha? Então, onde estaria a energia neste caso? Porque a energia que a força produz é secundária, e a força que a energia produz é a força primeira ainda misteriosa como a própria luz. Observe que a luz também é efeito, pois a causa é a energia.", completou o mestre.
E o discípulo ouvindo tudo aquilo, não teve força para replicar, porque estava psicologicamente esgotado, sem energia para raciocinar.
***
Numa noite de outono, linda e serena...
O frescor suave do vento acariciava seu rosto pálido sob o luar...
Pássaros da noite, tristes voavam...
Voavam em direção aos seus recantos, seus ninhos...
Em árvores secas e sombrias...
Estavam prestes a pousar...
Continuava ela vagando tristemente...
Eu observava e pensava... "Por que será?"
Sua alma se encontrava angustiada e aflita, eternamente...
Caminhando ia ela... O seu amado encontrar...
Amor misterioso... Lindo... Puro e verdadeiro...
Chegando lá... Ansiosamente...
Seu amor beijou-a docemente...
Lua cheia... Brilhosa... Sobre o mar reluzindo...
Estrelas cadentes no céu... No horizonte caindo...
Tudo seria perfeito quando,
Com lágrimas nos olhos...
Seu amado disse-lhe com tristeza sorrindo:
- “Amor da minha vida... Ao amanhecer estarei partindo!”
Amanheceu e seu amado partiu tristemente...
Deixando-a com coração partido.
E voltou a adormecer eternamente...
As coisas já não tinham mais sentido.
Pois de que adianta ter as estrelas, a luz do luar... Ter o mundo...
Se não irá mais o encontrar.
O amor, um sentimento lindo e mais profundo...
Mas muito difícil de explicar.
Anoiteceu e tudo ficou mais triste...
Saiu a noite pra contemplar o mar.
Lua cheia no céu, não mais existe...
Agora tão longe do seu amor, já não podes mais o amar...
Já é tarde e eu aqui prolongando o fim
Abro a porta e vou embora
Torcendo para correr atrás de mim
Era pra sempre e terminou alguns dias atrás
Então porque você complicou
Me pedindo para ficar um pouco mais
A nossa história acabou, eu sei
Mas das nossas lágrimas eu sou refém
Eu já aprendi, o certo a fazer, mas meu coração
Não consegue entender
Como eu posso ir embora
Com você me pedindo pra ficar
Como eu posso esquecer
Se só de olhar para você me falta o ar
Me solte, agora já chegou o fim
Não tem conto de fadas dessa vez para mim
Eu não sou a princesa que você sonhou
Não tem final feliz pra nós dois, amor
Era pra sempre, até o fim, mas esqueceram de avisar
Que o pra sempre acaba sim
É só você parar de se importar
O pôr do sol na barra já se vem
Mas eu não vou cantar com você meu bem
Se eu chorar, você não vai estar aqui
E eu nunca mais, vou te ver sorrir
Eu escrevi no seu coração
Mas você esqueceu nossa canção
Eu me lembro do mesmo jeito do amanhecer
Até quando eu me deito
Como eu posso ir embora
Com você me pedindo pra ficar
Como eu posso esquecer
Se só de olhar para você me falta o ar
Me solte, agora já chegou o fim
Não tem conto de fadas dessa vez para mim
Eu não sou a princesa que você sonhou,
Não tem final feliz pra nós dois, amor
Eu não sou a princesa que você sonhou.
Mágoas de Caboclo
Ah! como eramos felizes
Vivendo lá na choupana
Ao pé da serras da onça
Plantávamos milho, feijão e cana
Fazíamos as nossas festas
No lindo mês de santana
Nossas vidas com certeza
Eram um lindo mar de rosas
Vivíamos sempre felizes
Da casa para nossa roça
Mesmo nós dois sozinhos
Fazíamos nossas troças
Mas como tudo acontece
Na vida de muita gente
Que vive rindo e feliz
Alegre e sempre contente
Eu fui pego de surpresa
Pela sanha da serpente
Nunca pensei que na vida
Um dia eu fosse passar
Por momentos tão difíceis
De dor e muito penar
Com o coração sangrando
Jurando não mais amar
Meus senhores a minha vida
É dividida em duas
Uma quando era feliz
Fazendo versos pra lua
A outra de sofrimento
Jogado em plena rua
Lembro-me como tudo aconteceu
Era mês de santana
Mês de festa e alegria
Era o mês da cana
Íamos para a cidade
Passar por lá uma semana
Que semana de alegria
De festa e divertimentos
Esquecíamos as preocupações
Pra nós só tinha o presente
Logo, logo após a missa
Tínhamos divertimentos
Tinha leilões nas barracas
Apresentação de mamulengos
As disputas das rainhas
Uma do vasco outra do flamengo
Pediam ajuda a nós
Cheias de graça e dengo
Mas em uma dessas noites
Que estávamos a brincar
Notei que tinha um sujeito
Há muito a observar
Eu e minha Maria
Com lampejo no olhar
Eu fiquei desconfiado
Logo com o sujeito
Que não deixava de olhar
Como se eu fosse suspeito
Se fosse para a Maria
Era falta de respeito
Mas o tempo foi passando
E caiu no esquecimento
O cara que nos olhava
Até a poucos momentos
Pois eu queria era paz
Sem haver constrangimento
Já tinha bebido muito
Eu ria por brincadeira
Foi quando olhei pro lado
Meio zonzo da bebedeira
Maria não estava ali
Estava só a cadeira
Muito longe de pensar
No que ia acontecer
Pedi mais uma cerveja
Pra nossa turma beber
Senhores, nesse momento
Começou o meu sofrer
Esfreguei logo os olhos
Sem poder acreditar
Que era minha Maria
Que estava a conversar
Com aquele almofadinha
Don Juan desse lugar
Era sim a minha mulher
A razão do meu viver
Que por muitos e muitos anos
Soube me compreender
O que estava acontecendo
Não podia entender
Foi quando, senhores, eu vi
O cabra abraçar Maria
Eu juro não vi mais nada
Só o meu sangue fervia
Quando voltei a mim
Estava numa delegacia
Eu estava sujo de sangue
De quem eu não sabia
Só podia ser do sujeito
Autor da patifaria
Senti logo um arrepio
E se fosse de minha Maria
Foi quando o delegado
Falou com vós alterada
Cometeste um grande engano
Mataste a pessoa errada
Pois sua esposa era
Simbolo de mulher honrada
Não pude ouvir mais nada
Nada mais me interessava
Só sei que estava vivendo
O reverso da medalha
Por culpa exclusiva e total
Do crime e da cachaça.
"O ano é 2123. Deixo aqui o que acredito ser meus últimos relatos ainda em vida. Duzentos anos atrás, um escritor inglês moldou seu próprio universo fundamentado diante do medo e desconhecimento que possuímos do universo. Lembro - me bem das histórias que meu avô contava, sobre seres antigos e colossais que reinavam no sombrio oceano, na velha e humanamente inconcebível cidade de R'lyeh. Sobre as criaturas que vagavam o cosmos, como bestialidades que desafiavam a natureza do Criador. Quero dizer, deveriam ser contos não é mesmo? Apenas isso. Nós evoluímos, a humanidade focou seus esforços pós terceira guerra na evolução de nossas tecnologias. A fome foi praticamente erradicada, mas as doenças triplicaram com os métodos de produção de alimentos. Encontramos a cura para todas as doenças que eram fatais à 100 anos, e criamos muitas outras que geneticamente foram modificadas. Os humanos nunca estiveram tão vulneráveis em séculos. Nosso derradeiro fim se aproxima, não pelo o que criamos, mas pelo o que aguardava seu momento para despertar. NÃO FORAM SÓ LENDAS! Ele existe! Meu Deus, ele existe! Um continente inteiro ergueu - se do oceano, o Grande Antigo não era uma história, ele é A HISTÓRIA. Nossas armas não podem parar seu avanço, destruímos nosso ecossistema na tentativa de impedir. Mas ele é a cólera apocalíptica, a reação do universo para tudo que nos tornamos, o que somos. E nesse momento, no porão da minha casa, eu, minha esposa e filho aguardamos a chegada da morte. Seja pela fome, pela loucura, pelas pílulas em nossas mãos. Estamos entregues aos desejos do universo que trouxe para cá o novo rei e algoz desse mundo."
-Homenagem ao grande H.P Lovecracft
O Momento
Só por um instante quero me perder em teus olhos e me reencontrar em tua boca
Só hoje quero ser menos eu e muito mais você
Pois eu te amo e tenho passado as últimas noites em claro fazendo nada além de pensar em nós dois
Na esperança de que você entre por aquela porta e me arranque dessa prisão
Prisão de medos...
Venha para perto de mim
Permita o encontro de nossos mundos, o encaixe de nossas almas,
Permita um conto de fadas.
Sabe, quando eu era criança, acreditava em tantas coisas mágicas: Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, contos de fadas... Tudo parecia possível, tudo era cheio de encanto. Mas aí a gente cresce, e a vida começa a nos dizer que é besteira acreditar nessas coisas, que precisamos ser mais “pé no chão”. Só que, honestamente? Eu não consigo ser assim.
Eu ainda acredito em clichês. Ainda me pego sonhando com finais felizes, ainda choro em filmes românticos, ainda acho lindo quando vejo um pedido de casamento. E, às vezes, isso me faz sentir meio bobo, como se o mundo dissesse que eu deveria ser mais duro, mais cético. Mas por que eu deveria? O que há de errado em querer enxergar a beleza e o amor nas pequenas coisas?
A vida já é cheia de momentos difíceis, de dores e decepções. Então, se acreditar no amor, nos finais felizes, ou até mesmo em um pouco de magia torna tudo mais leve, por que eu abriria mão disso? Talvez seja isso que ainda mantém viva aquela criança dentro de mim, aquela que nunca deixou de sonhar. A magia não está lá fora, está dentro de nós, e eu ainda escolho mantê-la viva.
A gente cresce, sonha, encanta..
E aí percebemos que não somos crianças
Que contos de fadas não tem relevancia
Que a vida em real não é tão doce assim,
Que o amor não supera todos os fins
Que na realidade, não tem igualdade
Há odio, há fome, há rancor e não o amor..
Assim percebemos o mundo em que vivemos,
Não foi bem o que aprendemos...
E assim.. nos perdemos.
Então vaguei solitário durante muito tempo, esperançoso de encontrar meu lugar. Em inúmeros universos tentei pescar algumas estrelas que rompiam minhas linhas e roubavam meus anzóis...
(...) Foi aí que vi de relance aquele mais belo lugar, que sussurrava meu nome e me atraía de longe. Meio hesitante mergulhei naquele novo mundo.
Ah! Quanta paz eu encontrei. Um pequeno universo com uma única Estrela, meio vermelha, meio alaranjada. Ali repousei e pude contemplar o futuro que um dia imaginei para mim. Foram dias que ficaram e marcaram, que eu queria guardar para sempre...
A Princesa e a Incerteza
Era uma vez, num reino muito distante, uma princesa de pele clara como a neve, ela tinha o corpo coberto de estrelas e seus cabelos mudavam de cor assim como seu humor. A princesa adorava cantar, era amorosa e muito alegre. Ela não vivia num palácio, pelo contrário, vivia em meio a simplicidade, porém a princesa nunca se importou com isso, pois para ela o amor era seu bem mais precioso. Seu reino sempre foi conhecido por ser muito alegre, cheio amor, planos, sonhos e principalmente esperanças.
Um dia esse belo reino foi tomado por uma escuridão horrível. A princesa perdeu tudo o que lhe era mais precioso, sua vida, antes tão alegre se tornou vazia e sem cor. As canções, antes cantadas com tamanha alegria, se calaram e seu coração se partiu com a solidão que ali se fez.
A princesa, sempre muito determinada, não aceitou que seu destino fosse esse e depois de muita tristeza resolveu lutar, virou guerreira. Suas batalhas contra a escuridão eram diárias, incansáveis, ferrenhas. Ela estava tão determinada a mudar seu triste destino que não percebeu quando uma nova moradora chegou ao reino. Ela era silenciosa e parecia inofensiva. Seu nome era incerteza.
A incerteza se alimentava de cada pedacinho da guerreira, mas seu apetite tinha uma predileção por esperanças. A cada dia a Incerteza consumia mais e mais suas esperanças e com ela se iam também as alegrias, sonhos, planos. Tudo aquilo que levara tanto tempo tentando recuperar.
A guerreira enfim notou a Incerteza, ela estava grande e muito forte. Tão forte que a guerreira com medo, correu para bem longe e deixou somente a princesa ali. A princesa mais uma vez determinada enfrentou a Incerteza como pôde e ao se ver fraca para lutar sozinha gritou por socorro, mas ninguém a ouviu. Então ela gritou mais e mais. Gritou, suplicou, rogou, mas o socorro nunca chegou.
Dizem as histórias a princesa gritou tanto que perdeu sua bela voz. Alguns camponeses juram ainda ouvir seus gritos nas noites mais silenciosas, mas a princesa, aquela do reino das alegrias, essa nunca mais foi vista.
Iasmin Borges
Lábios
Qualquer dia desses vai acontecer uma chuva dentro de você, quando você se pegar pensando em mim. Vai escorrer nas suas pernas. Só que você nunca vai me falar. Vai ser assim... você estará distraída, no sofá, na sua cama, ou em algum lugar por aí. Sua cabeça vai me buscar, vai buscar minha boca, vai buscar minhas ideias, vai buscar minha imagem, vai buscar minha voz e minha voz vai falar baixinho na tua orelha. Minha voz vai reconhecer as coisas mais lindas em você, minhas voz te fará se sentir acessa, brilhante como uma estrela e viva como nunca, minha voz acompanhada do tato do meu queixo encontrará a tua nuca, acompanhado do meu olfato sentirá teu cheiro, ligeiramente respirando perto do teu pescoço,minha voz acompanhada das minhas mãos tocará tua cintura, acompanhado da minha força apertará você mas de forma suave, pressionando seu corpo no meu corpo, encostando minha respiração na tua. Nesse momento tua pele não estará mais tão branca, o sangue agitado na sua corrente sanguínea deixará teus batimentos cardíacos mais acelerados, a tua respiração ofegante, teus olhos hipnotizados, tua boca seca e tua calcinha molhada. Se você estiver de calcinha.
E eu nem toquei teus lábios.
E foi só um sonho.
04/05/2019
Contando as horas
6:45Am
Bocejo sossegado, olhar pesado, pálpebras fechando e cá estou eu, pensando em você!
6:50Am
Andar cambaleante, um samba bêbado até o banheiro, água da cabeça aos pés, pensamentos se organizando e cá estou eu, pensando em você.
7:15Am
Café quente, leite frio, queijo coalho, torrada morena, manteiga cheirosa, paladar apurado, Café-da-manhã concentrado e cá estou pensando em você.
7:45Am
Trânsito parado, semáforo quebrado, rádio sintonizado, música de Erasmo Carlos e cá estou eu, pensando em você.
10:00Am
Escritório desorganizado, papel pra tudo que é lado, ao lado uma janela grande, eu em pé ali me lembrando da música no carro “Amada amante” Remetendo a todo instante... Você.
12:15PM
Comendo rápido, almoço acelerado, pra poder entrar no carro terminar o meu trabalho e correr pra poder te ver.
3:55PM
Relógio em frente à mesa, tic-tac assustador, o tempo para a todo instante e tão longo e aborrecedor.
5:00PM
Saindo apressado, tropeçando no assoalho, secretária educada “Tenha uma boa tarde empresário”.
6:30PM
Pego ansioso o elevador. Subo para o 13º andar, toco sua campainha, você abre a porta tranquila e sorri. Eu nem um pouco calmo carrego você em meus braços, rasgo seu vestido mais caro e desejo que a noite não tenha fim.
11:32PM
Olho apaixonado aquele rosto delicado, digo, dessa vez bastante calmo – “Pensei em você todo o dia”, você sem acreditar, mas emocionada declara “Contei os minutos pra te ver!”. Eu ri.
(...)
Vaga a mente numa exaustão profunda e encontra o fim do que parece ser a tolerância, trama o plano de fundo fronteirando o inalcançável, segue o longo, estreito e profundo abismo estendido infinitamente sob o céu escarlate de poeira vermelha vagando com o vento seco levando consigo resquícios de esperança qual clama por seguir adiante e atravessar o desfiladeiro dos cânions abissais que cercam e emparedam-o aos cantos escuros das sombras geladas.
Teme os estrondos longínquos que vagam pela grande vala, das nuvens carregadas em algum lugar a despejar torrentes de águas a escavar e aprofundar valetas no solo que de tão seco não enxarca. Tempestades que ameaçam dar por fim um gole sedento e refrescante engolindo para o fundo dessa garganta todo irrelevante presente, presos, entalados, incapazes de se defenderem do tumultuoso reboliço gélido e embarrado da saliva secular que torna a jorrar dos céus para terra numa faxina destrutiva reiniciadoramente confortável.
O sol lá fora ferve e frita os que vagam num passeio infernal por entre as areias escaldantes e entorpecedoras, passos que levam o ser cada vez mais perto do fim de seus curtos tempos. Enquanto lá em cima desejam o fechar do tempo e o cair da chuva, aqui em baixo só se procura sentir novamente um confortável sopro de vento refrescante. Cansado de olhar para a silhueta das bordas do precipício, vaga procurando por algo caído, folhas, galhos, flores, sementes, qualquer coisa que alimente a esperança desconfiada da remota chance de sair dali, espera que esteja descendo rumo a um lago ou riacho, pelo menos o fim dessas paredes que o engolem mais a cada hora que passa, a cada passo que hora em hora ficam mais insensíveis à caminhada fatídica infindável do vale que engole a todos e digere até mesmo a sanidade.
Restos de carniça, abandonada, esquecida, refugada pelos livres urubus a voar tão alto que daqui parecem moscas no risco de céu que se vê. O derreter paciencioso da carcaça fedorenta vai sendo banqueteada calmamente por vermes lúgubres
habitantes isolados nesta garganta que a tudo abandona
deixa morrer
se findar
acabar
porque ela
final
não possui.
Desprovida de fim serpenteia a eterna víbora por entre o quente e desértico solo, rico em ausências e espaços, imensidões vazias que põe qualquer infeliz vivente à condenação de ser devorado mais pelo tempo que pelos vermes. Vastidão isolada de qualquer presença, tendo o uivar dos ventos no alto das entranhas como companhia, o aguardar paciente das aranhas em seus emaranhados nós tricotados com exímia destreza milenar, calmamente a espera de um inseto qualquer que por azar o destino lhe finda a vida neste fim de mundo enrolado numa teia tendo suas últimas lástimas ouvidas por um vagante tão azarado quanto ele que de tando andar no fundo do abismo já alucina e ouve lastimando a pequena criatura que alimenta o predador com suas energias, lembranças, sentimentos e sonhos nunca alcançados.
(...)
🔍 Está em busca de se entender melhor?
Todos os dias, compartilhamos ideias, perguntas e reflexões que ajudam a olhar para dentro — com mais clareza e menos julgamento.
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