Conto Amor de Clarice Lispector
Por vezes a minha dor é esmagadora, e embora compreenda que nunca mais nos voltaremos a ver, há uma parte de mim que quer agarrar-se a ti para sempre. Seria mais fácil para mim fazer isso porque amar outra pessoa pode diminuir as recordações que tenho de ti. No entanto, este é o paradoxo: Embora sinta muitíssimo a tua falta, é por tua causa que não temo o futuro. Porque foste capaz de te apaixonar por mim, deste-me esperança, meu querido. Ensinaste-me que é possível seguir em frente com as nossas vidas, por mais terrível que tenha sido a nossa dor. E à tua maneira, fizeste-me acreditar que o verdadeiro amor não pode ser negado.
No fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem.
Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada.
É mais fácil amar o retrato. Eu já disse que o que se ama é a ‘cena’. ‘Cena’ é um quadro belo e comovente que existe na alma antes de qualquer experiência amorosa. A busca amorosa é a busca da pessoa que, se achada, irá completar a cena. Antes de te conhecer eu já te amava.... E então, inesperadamente, nos encontramos com rosto que já conhecíamos antes de o conhecer. E somos então possuídos pela certeza absoluta de haver encontrado o que procurávamos. A cena está completa. Estamos apaixonados.
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.
Porque a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total. Todos os sucedidos acontecendo, o sentir forte da gente - o que produz os ventos. Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.
Têm dias que meu lado egoísta só me leva a crer que nasci no lugar errado, ou melhor, no planeta errado. Venho realmente achando que sou um extraterrestre disfarçado de homem. Prefiro ver assim do que achar a humanidade burra. Do que achar metade das pessoas que conheço, pequenas demais perante meus sonhos.
Às vezes é difícil acreditar que as pessoas são do jeito que aparentam por vontade própria, falta de opção, sei lá, será que não abrem o olho logo pela manhã, lavam o rosto e se encaram dizendo: Sou isso ai mesmo? É só isso que eu posso ser? Será que não dá pra melhorar?
Será que eu sou um único destoante aqui? Será que realmente me deixaram nessa Terra por engano? Quanta gente imatura existe no mundo! Vejo criaturas com identidade adulta, cometendo erros tão primários… Coisas de gente que não sabe o que é a vida (como se alguém de fato soubesse).
Ando cansado das pessoas. Ando cansado dos sorrisos falsos, das vidinhas perfeitas, das frases feitas, das músicas repetidas, dos humores sem graça, dessas conversas pra boi dormir, dessas pessoas chorosas por leite derramado. Ando cansado dessa gente acomodada, desse povo conformado, que não curte mudar, que não aceita mudanças, que só segue pelos caminhos traçados por outro alguém.
Hoje em dia é tão mais fácil sorrir e morrer por dentro. Hoje em dia, até o ‘boa noite’ é citação da Clarice Lispector. Ninguém mais tem coragem de dar a cara à tapa. Ninguém mais tem coragem de ser quem de fato é. Ok, ainda têm aqueles corajosos que no meio de tanta coragem, se perdem no caminho. Metem os pés pelas mãos. Sorria, você está sendo filmado.
Quanta hipocrisia. Reformulando: que atire a primeira crítica quem não for hipócrita. Quem não tiver seu rei na barriga. Que atire a primeira pedra os humildes, os santos e os anjos de candura. Só existem criaturas perfeitas nessa Terra aonde vim parar por engano, não é mesmo?
Cai num poço profundo de mim, onde as paredes são lisas e dia chove, dia faz sol, numa alternância sem lógica. Estou preso neste planeta onde me acho errado, para não me fingir certo. Certos são os outros, sempre e para sempre. É melhor assim. É mais prático. É mais rentável se fazer de vítima.
Acredito ainda, por fim, que deva pedir perdão por ser cheio de mim. Por acreditar nas minhas versões dos fatos. Por achar que sou errado em terra de certos. Por pensar diferente. Por ser diferente. Por nem sempre fazer a diferença.
Acredito ainda que deva pedir perdão para fingir saciar a humildade dos que me veem. Me leem. Devo pedir perdão para parecer humano, afinal, errar é de sua natureza. Perdão, não é nada disso que parece. P-E-R-D-Ã-O sou apenas ET, em Terra de gente. Perdão.
Tem dia que estou pra "Caio Fernando", tem dia que estou pra "Fernando Pessoa"...
O importante é isso, ter motivações para todos os dias e não é por uma guerra de textos que quero rasgar meus versos, sou livre, nasci assim, solta, soltinha para trafegar e se der pra rimar eu rimo, se não, deleto, simples como não SER OBRIGADA A GOSTAR DE TUDO que saem escrevendo por aí.
Por favor, poupem minha literatura!
Barroqueira do Agreste – Bahia
(Fevereiro de 1934)
A grande distância da realidade dos centros urbanos, longe de qualquer vestígio de progresso e imensamente afastada de tudo aquilo que poderia ser compreendido como civilização, Lea Leopoldina era mais uma pobre cambembe emprenhada, prestes a parir mais um predestinado sertanejo azarento. À sua volta, pouquíssima história para ser contada e nenhum tipo de adornos para enfeitar o seu xexelento pardieiro de barro batido: três cuias de água salobra, brotos de palmas estorricadas e um saco de farinha de mandioca dividiam o apertado espaço na mesa de madeira crua com sabão de sapomina, folhas de macambira e um desusado pilão emborcado numa arredondada bacineta de pedra, guardando ainda as raspas das rapaduras trazidas pelos mascates dos canaviais das circunvizinhanças.
Acima dos caibros e das varas que faziam a parede engradada de taipa, o maljeitoso telhado de ripas, com uma tira grossa de embira amarrada ao centro da cumeeira, segurava num só laço de nó um leocádio apagado bem na direção do velho fogão de lenha. E presa na memória dos seus parcos pertences espalhados naqueles quatro cantos de extrema vileza, a triste lembrança de seu companheiro: Nestor a tivera abandonado, inexplicavelmente, após tomar conhecimento da sua inesperada gravidez.
Do lado de fora, onde fumaça manava em vez de flores e onde nada germinava pelas estreitas fendas cravadas na superfície do chão estéril, pouca coisa sobrevivia da crueldade de uma duradoura estiagem. Rodeados por xiquexiques, quipás, seixos, pederneiras, juazeiros e mandacarus, formigas, besouros, calangos e lagartos escondiam-se num devastado matagal pálido e amortecido. Ao redor deles, pedregosas areias de rios secos, cisternas vazias, lavouras abolidas e ossos de animais mortos eram sobrevoados por outros tantos insetos invictos e descorados.
Caia mais um fim de tarde e o céu avermelhava-se por inteiro, levando consigo as minguadas sombras dos resistentes pés de umbu, jataí e jericó. Parecia mais um entardecer inexpressivo – como todos os outros marasmados e silentes daquele lugarejo fosco – não fossem aquelas repentinas vozes cantarolando mais alto que os cadenciados apitos das cigarras entocadas nos calhaus dos roçados e trauteando mais modestas que os finos gorjeios dos cinzentos pássaros que voavam rumo ao infindo horizonte de mato desbotado: "Nós somos as parteiras tradicionais que em grupo vamos trabalhar! Todas juntas sempre unidas, muitas vidas vamos salvar..." (Helen Palmer - Uma Sombra de Clarice Lispector (Capítulo 3).
O motivo pelo qual muitas pessoas vivem se lamuriando a vida inteira é porque acreditam que o seu passado foi melhor do que, realmente foi.
O agora pior do que ontem, enquanto o amanhã será sempre melhor do que o hoje não foi. Então, acabam sem ser quem seriam, se tivessem o que queriam, e amassem quem deveria.
RIO DE JANEIRO, 9 de dezembro de 1977 – dez e meia da manhã. Quando – em decorrência de um câncer e apenas um dia antes de completar o seu quinquagésimo sétimo aniversário – a prodigiosa escritora Clarice Lispector partia do transitório universo dos humanos, para perpetuar sua existência através das preciosas letras que transbordavam da sua complexa alma feminina, os inúmeros apreciadores daquela intrépida força de natureza sensível e pulsante ficavam órfãos das suas epifânicas palavras, enquanto o mundo literário, embora enriquecido pelos imorredouros legados que permaneceriam em seus contos, crônicas e romances, ficaria incompleto por não mais partilhar – nem mesmo através das obras póstumas – das histórias inéditas que desvaneciam junto com ela. Entretanto, tempos depois da sua morte, inúmeras polêmicas concernentes a sua vida privada vieram ao conhecimento público. Sobretudo, após ter sido inaugurado, em Setembro de 1987, o Arquivo Clarice Lispector do Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB/CL) – constituído por uma série de documentos pessoais da escritora – doados pelo seu filho, Paulo Gurgel Valente. E diante de cartões-postais, correspondências trocadas com amigos e parentes, trechos rabiscados de produções literárias, e outras tantas declarações escritas sobre fatos e acontecimentos, a confirmação de que entre agosto de 1959 a fevereiro de 1961, era ela quem assinava uma coluna no jornal Correio da Manhã sob o pseudônimo de Helen Palmer. Decerto, aquilo não seria um dos seus maiores segredos. Aliás, nem era algo tão ignoto assim. Muitos – principalmente os mais próximos – sabiam até mesmo que, no período de maio a outubro de 1952, a convite do cronista Rubem Braga ela havia usado a identidade falsa de Tereza Quadros para assinar uma coluna no tabloide Comício. Assim como já se conscientizavam também, que a partir de abril de 1960, a coluna intitulada Só para Mulheres, do Diário da Noite, era escrita por ela como Ghost Writer da modelo e atriz Ilka Soares. Mas, indubitavelmente, Clarice guardava algo bem mais adiante do que o seu lirismo introspectivo. Algo que fugiria da interpretação dos seus textos herméticos, e da revelação de seus Pseudos. Um mistério que a própria lógica desconheceria. Um enigma que persistiria afora daqueles seus oblíquos olhos melancólicos. Dizem, inclusive, que em Agosto de 1975, ela só teria aceitado participar do Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria – em Bogotá, Colômbia – porque já estava completamente convencida de que aquela cíclica capacidade de renovação que lhe acompanhava, viria de algum poder supremo ao seu domínio, e bem mais intricado que os seus conflitos religiosos. Talvez seja mesmo verdade. Talvez não. Quem sabe descobriríamos mais a respeito, se nessa mesma ocasião – sob o pretexto de um súbito mal-estar – ela não tivesse, inexplicavelmente, desistido de ler o texto sobre magia que havia preparado para o instante da sua apresentação, e improvisado um Discurso Diferente. Queria ser enterrada no Cemitério São João Batista, mas – em deferência aos costumes judaicos relativos ao Shabat – só pode ser sepultada no dia 11, Domingo. Sabe-se hoje que o seu corpo repousa no túmulo 123 da fila G do Cemitério Comunal Israelita no bairro do Caju, Zona Norte do Rio de Janeiro. Coincidentemente, próximo ao local onde a sua personagem Macabéa gastava as horas vagas. No entanto, como todos os grandes extraordinários que fazem da vida um passeio de aprendizado, deduz-se que Clarice tenha mesmo levado consigo uma fração de ensinamentos irreveláveis. Possivelmente, os casos mais obscuros, tais como os episódios mais sigilosos, partiram pegados ao seu acervo incriado, e sem dúvida alguma, muita coisa envolta às suas sombras jamais seriam desvendados. Como por exemplo, o verdadeiro motivo que lhe incitou a adotar um daqueles pseudônimos. Sua existência foi insondável, e seus interesses tão antagônicos quanto vorazes: com ela, fé e ceticismo caminhavam ao lado do medo, e da angústia de viver. Sentia-se feliz por não chorar diante da tristeza, alegando que o choro a consolava. Era indiferente, mas humanista. Tediosa e intrigante; reservada e intimista; nativa e estrangeira; judia e cristã; lésbica e dona de casa; homem e mãe de família; bruxa e santa. Ucraniana, brasileira, nordestina e carioca. Autoridades asseguravam que ela era de direita, outras afirmavam que ela era comunista. Falava sete idiomas, porém sua nacionalidade era sempre questionada. Ao nascer, foi registrada com o nome de Chaya Pinkhasovna, e morreu como Clarice Lispector. Mas afinal de contas, por que a autora brasileira mais estudada em todo o mundo era conhecida pelo epíteto de A Grande Bruxa da Literatura Brasileira? Que espécie de vínculo Clarice teria estabelecido com o universo mágico da feitiçaria? Por que seu próprio amigo, o jornalista e escritor Otto Lara Resende advertia sempre alguns leitores: "Você deve tomar cuidado com Clarice. Não se trata apenas de literatura, mas de bruxaria”.
Certamente, ainda hoje, muitos desconheçam completamente, o estreito envolvimento que a escritora mantinha com práticas ligadas ao ocultismo, assim como o seu profundo interesse na magia cabalística. Para outros, inclusive, aquela sua participação em uma Convenção de Bruxas, seria apenas mais uma – entre as tantas invenções – que permeavam o imaginário fantasioso do seu nome. Inobstante, Clarice cultivava diferentes hábitos místicos. Principalmente, atrelados a crendices no poder de determinados números. Para ela, os números 5, 7 e 13, representavam um simbolismo mágico, uma espécie de identidade cármica. Durante o seu processo criativo, cafés, cigarros e a máquina de escrever sobre o colo, marcando sempre 7(sete) espaços entre cada parágrafo inicial. E, por diversas vezes, não hesitava em solicitar a amiga Olga Borelli para concluir os últimos parágrafos dos seus textos que, inevitavelmente, inteirassem as páginas de número 13. Ela própria escreveu: “O sete é o número do homem. A ferida mais profunda se cura em sete dias se o destruidor não estiver por perto [...] O número sete era meu número secreto e cabalístico”. Há sete notas com as quais podem ser compostas “todas as músicas que existem e que existirão”; e há uma recorrência de “adições teosóficas”, números que podem ser somados para revelar uma quantia mágica. O ano de 1978, por exemplo, tem um resultado final igual a sete: 1 + 9 + 7 + 8 = 25, e 2 + 5 = 7. “Eu vos afianço que 1978 será o verdadeiro ano cabalístico. Portanto, mandei lustrar os instantes do tempo, rebrilhar as estrelas, lavar a lua com leite, e o sol com ouro líquido. Cada ano que se inicia, começo eu a viver outra vida.” E, muito embora ela tenha morrido apenas algumas semanas antes de começar o então ano cabalístico, sem dúvida alguma, todos esses hábitos ritualísticos, esclareceram a verdadeira razão pela qual – aceitou com presteza e entusiasmo – o inusitado convite do então escritor e ocultista colombiano, Bruxo Simón, para participar – como palestrante/convidada – do Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria organizado por ele. (Prefácio do livro: O Segredo de Clarice Lispector).
Olhar de menino
O ônibus prossegue pela rodovia. O sol castiga a terra. O sol e com o que vem junto: a sede.
Sorriso alargado, o menino se sente em uma aventura, um adulto! A mãe contava moedas como se contasse pérolas. E durante uma parada foi surpreendida pela pergunta:
- Mãe, me dá um sorvete? Parecia incondicional... mas ela foi tolerante, e o menino sentiu um refrigério, um manancial em seu interior árido.
O menino era tão simples e inocente que não enxergava as dificuldades vividas por ele e sua mãe. Talvez seja melhor assim.
Enxergava a vida com um olhar traquina. O filho olha para futuro a mãe olha para o presente.
- Mãe, cadê o seu sorvete? Com um semblante sereno ela respondeu:
- Assim que puder eu compro, meu filho. Porém o vendedor lhe disse:
- Não minha senhora. Eu faço questão de oferecer por conta da casa.
Caindo em si, o rapaz entendeu que moedas não compram momentos felizes.
Vida de professor
Portões abertos. Vozes ecoavam pelas salas de aula. A algazarra tomava conta da molecada.
O aluno pensava alto, sonhava ser médico. Esgotado, o professor estava para explodir... Como se explodir resolvesse a situação.
Com garganta rôca, o professor pediu silêncio para explicar a matéria.
- Essa é a fórmula para calcular essa questão. Alguém não entendeu? Perguntou com dor.
Levantando a mão, disse o aluno:
- Eu, professor!
Seria talvez um momento conveniente para explodir, ou birrar, ou ser adulto e professor.
Tocou o sinal, era para ser mais um dia comum de sua rotina, acompanhada de remédios. Quando não, veio uma surpresa na sala dos professores: era o seu aluno carregado de dúvidas.
Surpreso com o que viu, o aluno disse:
- Professor, seus remédios resolveram seus problemas até agora? Se não porque persiste em se desgastar?
Com essa pergunta, o professor percebeu que não podia viver para trabalhar, mas trabalhar para viver.
Nesse dia especial, minha singela homenagem a todos aqueles que tentam expressar sentimentos, ideias, arte e conhecimento com palavras. Que dão a cara à tapa, sem medo de errar, de ousar, de serem ridicularizados, esnobados ou ignorados. Autores, compositores, editores, produtores, tradutores, todos artistas, todos escritores!
Parafraseio parodiando minha prima avó Clarice Lispector e a famosa frase de Samuel Bekcett, esculpida no braço do meu tenista favorito:
"Escreva, como eu escrevi. Mergulhe na escrita, como eu mergulhei. Preocupe-se em entender. Escrever facilita qualquer entendimento"
"Ever written! Ever failed! No matter. Write again! Fail Again! Write better!
Esperança é como um sopro de vida,
Que nos inspira a seguir em frente,
E nos dá a força necessária,
Para enfrentar qualquer desafio que a vida nos apresente.
Clarice Lispector, em sua sabedoria,
Nos falou da importância da esperança,
Que é como uma chama que não se apaga,
E que nos mantém firmes em nossa jornada.
Pois mesmo nos momentos mais difíceis,
A esperança nos guia como um farol,
Iluminando o caminho adiante,
E nos dando a certeza de que podemos alcançar o sol.
E assim, a cada novo dia,
Vamos cultivando essa semente de amor,
Que nos enche de alegria e harmonia,
E nos leva a um amanhã ainda melhor.
Que a esperança nos inspire sempre,
A buscar o melhor em cada situação,
E que a luz que ela nos traz,
Nos leve a uma vida cheia de realização.
Linear
Estou perdida
Não sei quem eu realmente sou
Tenho muitas faces
Muitos eus
Mas acho que descobri
Acho que sou tudo isso mesmo
E todas as coisas
Eu sou mesmo essa dualidade oposta de personalidades
Eu sou o frio e também sou o calor
Sou o fogo e também a água
Sou a neve, o granizo
E também sou a brisa, o raio de sol
Que entra pela janela e acalma
Sempre pensei que tinha que ser uma só
Mas não me lembrei que dentro de uma só podem caber várias e todas
E ainda sim ser única
Posso flutuar em vários estados
Posso ter várias sombras
Eu sou isso tudo e mais um pouco
E isso é o que me torna eu, enfim
Eu sou um emaranhado de descobertas, sonhos, segredos,
Recados não dados, palavras ditas
Mensagens caladas
Discursos ouvidos
Gritos sufocados
Corações partidos
Porque sou amor
E sou amor de vários tipos
Sou isso aí, o improviso
Um verso que não era pra ser
Mas foi
E acabou se tornando
A parte de mim mais verdadeira e genuína
Eu sou o meu estado atual, as minhas fases, a minha essência que fica
Os meus humores e estados de espírito
Eu sou tudo isso
E há de quem diga de mim
Que sou duas caras
Dupla personalidade
Eu não sou a mesma o tempo todo
Meu ser não é linear
É por isso que veem uma, duas, até três de mim ou mais
Não tenho um destino fixo
Meu destino é voar
Eu não fico, não fixo
Meu destino é parar, conhecer um pouco, e depois seguir, continuar,
Sendo quem eu sou
Por mais que eu não seja o mesmo ser sempre, um ser linear.
É perceber que talvez amar seja outra coisa. É sentir-se leve e livre. É saber que o coração dos outros não lhe é devido, não lhe pertence, não lhe cabe por contrato. A cada dia você deve merecê-lo. E dizê-lo. E dizer a ele. E compreender pelas respostas que talvez seja necessário mudar. É necessário mudar. É necessário ir embora pra reencontrar o caminho. Fabio que me olha bravo, de pé diante do portão.
E diz que não, que estou errada, que somos felizes juntos. Agarra meu braço e aperta com força. Porque, quando alguém que você deseja se vai, você tenta mantê-lo com as mãos e espera assim prender também seu coração. E não é assim. O coração tem pernas que você não vê. E Fabio vai embora dizendo você vai me pagar, mas o amor não é divida a ser liquidada, não dá créditos, não aceita descontos.
Quando Alex era pequeno, antes de todos saberem seu nome, ele sonhava com o amor como se fosse um conto de fadas, como se fosse entrar em sua vida nas costas de um dragão. Quando ficou mais velho, aprendeu que o amor era algo estranho que podia desmoronar por mais que você o desejasse, uma escolha que você faz mesmo assim. Ele nunca imaginou que estava certo nos dois momentos.
Ah, Clarice Lispector, se você soubesse o quanto também me tornei intolerável para mim mesmo, o quanto tenho me perseguido. Dentro de mim, criei inúmeros labirintos, e todos eles me conduzem à prisão da minha alma. Por fora, estou livre, mas por dentro sou dominado pelo peso de ser escravo de mim mesmo.
Um dia Clarice Lispector escreveu assim: "Que minha solidão me sirva de companhia." Eu sinceramente espero que esse pensamento tenha dado certo para ela, pois para mim a solidão me levou a porta da loucura e decidi que não quero mais, então já chega. É hora de voltar ao jogo e novamente voltar a viver.
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