Conto Amor de Clarice Lispector

Cerca de 94131 frases e pensamentos: Conto Amor de Clarice Lispector

DESAFIO (soneto)

O meu fadário é devanear solitário
Ter o cerrado a desfolhar no olhar
Sonhar acordado e no mesmo luar
Ficando no tempo, noutro cenário

Onde a solidão nunca sabe esperar
Eu só tenho a saudade num sacrário
Anexo ao coração num pulsar diário
E lágrimas em um soluço sem parar

Oh, uivo árido, trove tal um canário
Os meus versos, e a ela vai revelar
Cada vazio aqui falante e tão vário

Por favor, acaso, pare de me tragar
Faça-me nos beijos dela um erário
E novamente no teu amor eu amar

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NUMA SÓ DIREÇÃO

Tudo é ligeiro, fulgaz e pura ilusão
Do pó, e para o pó, somos nada
Mal desperta a quimera sonhada
Vem logo a sorte na contramão

O tempo nos engana, só fachada
Então, ter vaidade, é mundo vão
Primavera florada, inverno, verão
Outono de folhas ao vento levada

O que as mãos remam, passaram
A emoção faz do coração morada
Nesta trilha de dúvidas, vastidão

Porém, o amor, ah! Este é jangada
De velas içadas, numa só direção
Levando a alma, numa só toada

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

DA PAIXÃO

Da paixão não tive o encanto
O cochicho ao pé do ouvido
Segredando segredos tanto
Tão precisos e tão devido

Minha vida foi de traço só
De uma solidão rodeada
Não posso dizer pra ter dó
Fiz da ventura uma estrada

E neste galgar por galgar
Nunca fingi, nem falsei
Com emoção ensaiei amar
Se não tive sorte, tentei

Sobeja vida, sem desfecho
De pouca oferecida flor
Porém, de sinuoso trecho
E do vário acaso, um editor

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
18/11/2015, 13’13”
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

MINHA BUSCA

Corro os olhos por almas, na cata dum olhar,
ou talvez apenas aquele sorriso roubado.

Então vou num serelepe agreste caminhar,
pelos abraços, laços, dum algo desejado.

E no afã dum afago, um riso, outro chorar,
aqui, ali, lá, vou tentando ter um agrado.

O vazio que me devora, implora, põe a orar,
vem do coração, que quer amor denodado.

Corro os olhos no fado, vejo o tempo passar,
o peito sofredor, e já com o fim tão cansado.

Sem sequer ter uma estória pra poder poetar,
se acostumou com uma solidão, está calado.

Quer versejar a rima perfeita com o tal amar,
ainda busca, não consegui estar parado...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 11 de agosto
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Nel mezzo del cerrrado...

Aportei. Aportaste. E morria calado
E aflito, e triste, e amargurado eu ia
Os sonhos da alma era despovoado
E d’alma as quimeras era só fantasia.

E assim, longo o caminho, o cerrado
Eu preso nos desejos ele pouco polia
Da vida: o tom do tom estava errado
Do horizonte, nada, nenhuma poesia.

Hoje a vida sem ti, é sempre partida
Prantos que a tal saudade umedece
Comovem como a dor da despedida

E eu, sentado no caminho, aguardo
Arfante, poético, e que não arrefece (o amor)
“Nel mezzo del cerrado”, que no peito ardo...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

SAUDADE

O silêncio tantos, aqui frente a frente,
uma privação... O contido medonho!
E, de peito arrebatado, vorazmente,
quedei a ideia, num olhar tristonho.

Saudade! ... Tão mais que de repente,
nas tuas lembranças as minhas ponho,
ressurge nostálgico sentimento ardente,
no cerrado, sob o entardecer sem sonho.

Amargo, na angústia, êxtase supremo;
solitariamente, a dor na emoção invade
nos redivivos sensos, assim blasfemo;

e torturantes, volvendo a infelicidade,
aureolado pelo agastamento postremo
do desagrado da insensível saudade.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, agosto
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Em uma Tarde de agosto

Agosto. No cerrado. Abro as janelas
Sob o céu calado, e poucas nuvens,
Invernado. Flutuam cinzas penugens,
Das queimas, sobre flores amarelas (dos ipês).

Pra quem as vês, as fazem de reféns,
Do belo. Caindo ao clarão das estrelas.
Ao vir o vento, se abri ao vento as velas,
Em um balé de harmonias e de poréns...

Por que, horizonte tão gigante e distante,
Se a angústia é semblante, não arrogante.
E me fazes por um instante, profanidades.

Porém, olho o céu deserto, e o vejo triste,
E minha alma insiste, e no amor consiste.
Inverno... chega à noite e é só saudades...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, agosto
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Maldição

Se da má sorte, tive gosto da amargura,
Envelopado pelo asno e uma maldição,
Me vi chafurdado em uma lama escura,
Hoje, minha paixão abrirá em erupção.

Me deixei inerte sem cólera e loucura,
Os abraços sem laços e sem ter ação,
A solidão em atos vis e de vil tortura,
Agora sou grito, pronto pra explosão.

Maldito sejas o olhar por mim perdido!
O silêncio deixado no doce coração,
Dos amores o amor não será vencido.

Se calado antes mesmo de ter e ser,
A grata emoção não será mais em vão...
Minha compaixão é maçante no viver!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
22/08/2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

AS PAIXÕES

As paixões se expiram como um nevoeiro
São como versos que saem do pensamento
Em vapor de aromas dispersos, por inteiro,
De ilusões, tais plumas voejando pelo vento;

São como tintas que caem de um tinteiro
Tal o pó ressequido no cerrado sedento,
Em um toque são absorvidos tão ligeiro
E tão ligeiro vivem em um só momento...

Mas os verdadeiros, os correspondidos
O “sim” que fica, o “Okay!” que alucina,
Estes ao coração nunca serão sofridos,

Abrasam-nos o ouvido, não são temidos:
Ficam no peito, e numa euforia assassina,
É afeto, é agrado, e ao amor são permitidos.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Setembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

NATAL

No ermo cerrado, árido, na noite, toca o sino
De esperança, pressaga enche nosso ouvido
Em uma toada de paz e bem, no céu subido
Anunciado o Natal do Deus Menino, um hino.

O presépio em glória, reza ao Filho Divino
A árvore alindada, ornam o amor instituído
Num armento em esplendor num só alarido
Há elevar do opróbrio ao halo o pequenino

E nesta lembrança onde se vence ao destino
O teto de palha, a estrela, os Reis, os pastores
Dobrarás os eleitos, em um respeito peregrino

Humilde, mãe, Maria, das Graças, das Dores
Traz o rebento de afeto, e um amor cristalino
Seu Filho, na manjedoura, todos os louvores!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, dezembro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

Com licença poética

Quando nasci um anjo barroco,
desses rechonchudos, disse:
- ide e seja devaneador e louco
trovador, saia da mesmice.
Aceito está sorte, tampouco,
serei neste fado só sandice,
terei, também, a imaginação.
Não sou tão eu de maluquice
que venha sem a razão.
Acho o cerrado uma beleza
ora sim, ora não, darei adeus ao sertão.
Mas o que sinto, e que seja pureza
ponho a inundar o meu coração.
Dor tenho não. Só leveza!
Se choro ou lamento é de emoção.
Cumpro a sina!
Já a inspiração a levo aonde vou.
Se é maldição, eu, ave de rapina.
Poeta é fingidor. Eu sou.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Setembro, 29, 2018
Cerrado goiano
Paráfrase.

Inserida por LucianoSpagnol

Lembro-te:

Saudade: - o choro de outrora chora
Rola no pranto aquele olhar certeiro
O teu cheiro, impregnado no roteiro
Das minhas lembranças, que evola ...

Inquieto romance: - de muita parola
Do doce encontro, o nosso primeiro
Abraçar, cheio de sabor, por inteiro
Tudo neste duro poetar se desenrola

Acende um lembrar deste passado:
Quanto mais o tempo, e nele receio
Mais prazenteio de ter sido amado

Me vem a tua imagem sem rodeio
O teu triste olhar ali ao meu lado
Findo no curso, e não mais veio.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

BENQUERER

Tal qual a chuva no cerrado caída
Molha a terra: sedenta, e no estio
Coração ressequido: seca é a vida
E o sonho sonhado é ato sombrio

Feliz a quem pode curar a ferida
Da alma. Sem querer amor vadio
Fecundado de luz, e ter acolhida
Na ventura de um correto luzidio

É preciso mais que o só querer
Pra colher o bom fruto maduro
Não é ser... é ir além da fé ter...

Crer: que nos da visão no escuro
Saber é quem semeia benquerer
Pois benquerer, que colhe futuro!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Sou…
A flor da pele transpirando emoção
A mão que fuça a doce ilusão
Uma duradoura paixão...
Sou...
A noite que se faz dia
A madrugada de pura revelia
A chegada, a partida, fantasia
Sou o olhar estendido
Sou o coração partido
Sou alma de uno sentido
Sem hora nem lugar...
Sou um eterno amar!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
07’39”, 04/06/2013
cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VITA NUOVA

Deste de outrora prazer me convidas
Se ao mesmo desejo me faz desejos
Nestas tão insensatas vindas e idas
É amor abrasador e de doces beijos

Não me poete das lágrimas perdidas
Não me troves os olhares em cortejos
Há neste amor, o amor de liras ouvidas
E dos pecados cem mil são os pelejos

Amo-te! A distância, apenas uma porta
Entreaberta. Deixe-a assim, eu volto!
Se a nós nada importa, o que importa...

Ainda te amo, o amor, amor que canto
E o tenho na poesia, teu cheiro envolto
VITA NUOVA! Sempre cheia de encanto.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
14 de junho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

PROMESSAS DE PAIXÃO

As promessas de paixão perecem como fumaça
São versos que adoçam e azedam o pensamento
Palavras dispersas da empolgação em uma caça
Uma quimera, que no sonho do poeta, um invento

Perfumes imersos nas lembranças que devassa
A alma, vapor em um sopro ao torvelim do vento
Raios de ilusão que na noite cravejam a vidraça
Dos sonhos, e vivem em um único e só momento

Mas as que passam para o amor, em um feito
Ah! estas ao coração em um clarão alucina
Acalmam e fazem na emoção a sua morada

Acaloram os ouvidos e adentram pelo peito
É saciar a sede em riacho de agua cristalina
Tornando camarada a vida em sua caminhada

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
31 de julho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

CONTENTAS

Contentas... Mas que enfado perturba
A alma inquieta? Que dor esta serva
Que ao peito aperta, e pouco se eleva
A fé, casta, vibrante tal o som duma tuba

É o banzé! Que palpita como uma turba
Nos devaneios, e os sonhos de mim leva
Do meu seio, e vão, desenhando treva
Assim aos luzidos pensamentos deturba

Aquietes, com o juízo nu, no travesseiro
Solto as quimeras... e ei-las, aligeirar
Nos caminhos da serenidade por inteiro

Alegra-te na concórdia doce e macia
Da vida, leve, com o desejo de amar
O bom hálito do prazer subleva o dia!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
23 de agosto de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

ERRANTE

sonho
tornei-me assim devaneador
quando o anseio, enfadonho
despiram as quimeras em dor

de mim então fracassei
me achei e me perdi
nesta vontade, chorei!

ficou a frustração comigo
criou raiz na imaginação
tal um áspero castigo
indignação...

os olhos de tristura
choviam pela emoção
escoando amargura

sou tal qual um incessante
enxurro, transbordo, derramo
teimosia, um pescador andante
sangro, e no amor me esparramo

(nesta turra, errante!)

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
19/09/2017
Araguari, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

SAGRAS

Há os sonhos ocultos
dizer o que? Vultos...

Há a poesia derrocada
calhorda a sua fornada

O dedo em riste, olha
insiste, a alma desfolha

Não há poetar sonegado:
- o verso nunca é calado

Há desencontro na colisão
também o meu e seu perdão

O fado tem vida peculiar
o amor não, tem de amar!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/09/2019
Araguari, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

nascente

nem dia ainda é
nem escuridão
nesta hora de silêncio, fé
o sono já em vão
e a alma já de pé
mansidão

neste momento aflito
agoniada a solidão
que suspira num agito
num grito, em oração
será meu este delito
ou será do coração?

não importa a importância
não importa o cravo
o amor é relevância
o poeta da poesia escravo
a poesia pro poeta substância:
prosa, cria, aroma, desagravo...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

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