Contexto da Poesia Tecendo a Manha

Cerca de 29158 frases e pensamentos: Contexto da Poesia Tecendo a Manha

⁠uma crisálida indecifrável
que respirasse
na perpendicularidade
das minhas pálpebras
como uma força
vibrante e extraordinária
a desenhar as novas veias
fartas e cálidas
do dogma
filosofia ou religião
paradoxais
um paradoxo forte
imbatível e irrefutável
que fizesse esvoaçar
a inércia do verão
que é na memória póstuma
dos outros
o solstício
permanentemente sombrio
uma silhueta contendo
os risos verdes
lá atrás
onde os braços descansam
nus
no imponente esquecimento
do mundo.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "crisálida indecifrável")

Inserida por PoesiaPRM

⁠monja de salto-agulha
encontra o teu destino
imola-te na laça poeira
do celeste e laço doce
uno absorvente e único
das infinitas cadências
porque virão galáxias
e cometas invisíveis
velar a mulher densa
untada do encarnado
quente e magmático
resplandecente corpo
onde a mulher morta
dá lugar ao vaticínio
há mil anos escrito
no sangue e no fogo
o universo ressurge
enquanto a deusa nasce
da kundalínica nébula
que os povos adorarão.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "monja de salto-agulha")

Poema dedicado a Sheila

Inserida por PoesiaPRM

⁠mês de julho
dia vinte e dois
farias sessenta anos
mais os quatro decorridos
sobre o ano que adormeceste
a palavra pai é como um balão aceso
sobre a imprecisão contígua da boca cerrada
só a prejuízo a poderei pronunciar com a leveza certa
porque arde e não sei quando se fará noite dentro de mim.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "vinte e dois de julho")

Inserida por PoesiaPRM

⁠pai
não tenho memórias
desde que mostraram
a mortalha coerciva
cercando o teu corpo

pai
ouvia dizeres “é a fingir”
eu ria e dizia “é a fingir”

por isso todos acreditaram
que a minha extravagância
era um produto da loucura

pai
como se na aritmética
da vida que continua
e do tempo que passa
coubesse alguma lógica.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "aritmética do luto")

Inserida por PoesiaPRM

⁠uma flecha que anoitecesse no tempo
lugar, pedaço de terra, erva ou árvore
uma flecha que resistisse implacável
à biologia de uma meia volta de Úrano

sem a subtracção de uma soma
este lugar contém o mesmo
azul celeste sem ser galáctico
poalha invisível sem ser cósmico

é este o lugar onde renascem
os primeiros homens órfãos
do destino sem distinguirem
a mortalidade do seu tempo

densos e altos e firmes poentes
ave, voo pleno ou plano boreal
desvelam frondosos sobre a água
o misticismo das sereias mudas

ninguém as vê plantando os peixes
ninguém as vê caminhando sobre o céu
ninguém as vê contando as pedras
e os peixes voam no céu como pedras.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "os peixes voam no céu como pedras")

Inserida por PoesiaPRM

⁠ancestral aranha que mascaras
balaustradas, capitólios e olimpos

sigiloso movimento trespassando
o invisível lugar de visível vazio

aroma metálico ou apurado gume
na distracção sonora do sono

afinal, de quantos rituais e cantos
ou milenares hecatombes aladas
se fazem as arestas criminosas
onde jazem brancas e indefesas
as mil e uma esvoaçantes criaturas
que encontraram na sedutora luz
o seu destino ébrio de inocência?

(Pedro Rodrigues de Menezes, "ancestral sibila")

Inserida por PoesiaPRM

⁠é olhando para todas as mães
com as suas vaginas derrotadas
e os ventres espiando a cicatriz
que me adormecem os olhos
perante a mão cega e grotesca
somos incapazes de vir ao mundo
sem ensanguentar o mundo inteiro
sem arrancar dormitando ainda
sendo ainda esse sonho por gerar
pedaços vivos da carne e do sonho
criaturas invariantes e futuras
condenações a estourar hediondez.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "hediondez maternal")

Inserida por PoesiaPRM

⁠o corpo pairando
suspenso nu
fantasma sem cor
com forma de fantasma
candura obliterada
interrupção incomum
cadáver assombroso
terra inclinada na chuva
um poeta sobre uma poça
milenar
o sangue coagulando todo
vertical

a veia míope tocando o
horizonte

a vírgula expansiva da sua artéria
cavernosa

os pés, uma chaga infernal do
caminho

as mãos, um claustro negro de
silêncio

o poeta salta
o poeta corre
o poeta também ri
mas o poeta está morto.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "o poeta, o poema e o fantasma")

Inserida por PoesiaPRM

⁠Até um dia novamente
Até um dia novamente.
Gente, gente, gente.
Quantas gente, passaram pelo nosso mundo.
E deixaram lembranças eternas.
Como agradecer. No calor da Vida.
Apenas o ato de estar juntos, perto. Estar lá.
No mesmo lugar. Alegrou o Viver.
A simpatia sentida. O tempo distante.
Transforma aqueles encontros, em saudades.
E quando se lembra. Dar-se o valor do encontro.
Cada encontro. Traz uma riqueza.
Mas o coração dividido. Não sabe aferir
A verdadeira preciosidade.
Por isso; as lembranças.
Não havia óleo na candeia.
E a memória conforta o tempo
que ficou lá atrás.
Saber-se feliz. No momento de felicidade,
Traz o jubilo do Viver.
Saber ser feliz na saudade,
Traz o jubilo , de bons tempos vividos.
Perder-se na Vida. Só para reencontrar-se.
Marcos fereS

Inserida por marcosviniciusfereS

NOVA HISTÓRIA

⁠Mais um dia que se inicia
e mais uma nova história,
para alguns são grandes
mudanças, para outros
nem tanto; más esteja
certo de que sempre haverá
mudança, pode até ser à
constituição da história de
ontem ou não.
Se foi ruim, mude sua história.
Se foi boa, aperfeiçoe, e vai
em sendo feliz...

⁠Sou o frio, e a solidão
Sou um lago fundo de águas turvas
Sou vazio, e a escuridão
Me vejo vagando, procurando por alguém
Me lembrando de suas palavras
Me lembrado do seu desdém
Escutado o lago sangrar
Onde você está?
a falta de luz não me deixa enchegar
Onde estou?
O que sou?

Inserida por Elysian

Sou como uma rosa a quem arrancaste as pétalas e deixaste os espinhos
Entre nos ja não ha dialgo nem troca de carinhos
So berros e discussoes e é disso que eu estou farto
Deprimido , fico fechado no meu quarto
A relembrar os nossos bons momentos, confesso cai uma lágrima
Como eramos felizes e nos tornamos uma lástima
Tento seguir mas nao me sais do pensamento
Palavras sao como folhas , voam com o vento
Se era amor não resultou, se nao era sinto-me enganado
Porque para dizer coisas que nao sinto prefiro ficar calado⁠

Inserida por joaquim_silva_js


Quem sabe eu compartilho meu amor com uma estranha, que ela possa se deleitar da minha cama, do meu corpo, se molhar no meu suor com cheiro de mato, e no final de tudo, que ela não roube meus sentimentos, porque ele também é estranho.

Inserida por norberto_dias

Difícil de Responder

Algo que é difícil de entender
É compreender o porquê
Saber que podemos morrer
Sem saber como viver.
O difícil é continuar
E pensar sobre o porquê
A demora para acabar
Tantas vida a perder.
Será difícil de aceitar
E de responder o porquê
Basta apenas recomeçar
Com um motivo para viver

Inserida por LuigiBortoloto

⁠Sentimentos Atômicos

Ouço assobios vindo do céu
E vejo clarões aterrorizantes
Sinto a terra tremer meus pés
Pressinto o fim a cada instante

Ouço um choro constante
E vejo pessoas desalojadas
Procurando por onde se esconder
Dessa guerra que não acaba

Ouço outro estrondo alarmante
Que veio de uma cidade muito distante
Eu vi, o que já tinha sido visto antes

Ouvi a voz de um pequeno garoto
E o grito de um homem gordo
Eu vi as consequências trazidas
Que é vivenciada até hoje em dia.

Inserida por LuigiBortoloto

⁠Um estômago no soco.

A felicidade é um momento.
E o problema das pessoas
é tentar eternizar esse segundo.
Esperando que seja eterno, mas não enquanto dure,
mas enquanto seja lúcido.

A felicidade dura um fragmento estúpido em uma pauta,
e as lembranças ficam cobrando algo que já passou.

Não marque a felicidade como uma ferida na pele.
Pois, sempre haverá um machucado novo pra te lembrar
que você nunca vai ficar bem.

Inserida por HudsonHenrique

⁠Eu quero ver os teus pés que afundam na areia da praia,
vindo em minha direção, correndo para um abraço.

Que o vento que bagunça os teus cabelos seja
substituído pelas minhas mãos, mas que eu nunca
tome o lugar desse teu universo particular, pois sei
que é a tua paz.

Quero ser um complemento da tua felicidade, não quero ser tudo.
Que você possa deitar em meu peito e dormir tranquila, como quem deita
sobre a grama olhando o céu limpo ou estrelado e sinta liberdade, mesmo
que por vezes sinta-se aprisionada ao meu amor.

Chega, deita e fica.
Por uma hora, por um dia, pra vida inteira que também pode ser um
instante eternizado em nossa alma.

Inserida por CarlaRamires

A depressão é uma dor que se vivida sozinha ela implode.
⁠Às vezes os primeiros sinais chegam sem que você perceba. Mudanças de humor, de interesses, a tristeza repentina que se confunde com a natural. O apetite que some, ou aparece em demasia. O sono que te falta, ou que surge em excesso. O cansaço inexplicável e logo incompreendido. O medo de abrir os olhos ao amanhecer. A pressa em fechá-los no decorrer do dia. Vários sinais que quando ignorados tornam-se um acúmulo insuportável de dor.
Quando você entende o que está acontecendo, vê também que só falta um palmo para tocar o fundo do poço.

Inserida por alineguima

⁠Ela limitou-se a ficar calada. Fiquei confuso precisei do meu
Lápis e um papel para descrever sobre o que me faz rir, e o que me faz chorar.
Agora Resolvi achar um jeito de entender seus gestos.
É igual mergulhar no mar.
Tem sua beleza e também seus perigos, mas amo estar lá.
Um segundo se torna um minuto e um minuto se torna um segundo.
Tive medo de me declarar, mas, não quero mais ter medo.

Os sentimentos.

Inserida por lucas_guimaraes_1

⁠Lamúrias

Deste amor que dilacera minh’alma
Pouco vivido, que de tão vívido, não traz calma.
Tanto fez sofrer e que nem o tempo o deixa morrer.
Quantos, porquês!
Que chega a sangrar e doer, sem convalescer.
Da lamúria intermitente, que inquieta a alma vivente.
Mesmo assim, como uma sobrevivente, deste sofrimento persistente, que deixa a alma doente e insuficiente.
Que nunca a permitirá em paz viver.
E que ainda assim, o viveria, de tudo e todo. Pois prisioneira sou, e sem nenhum esforço, me afogo nesse poço. Onde me perco pouco a pouco.

Por Léla Dias

Inserida por LelaDi