Contexto da Poesia Tecendo a Manha
Deixei de ouvir-te. E sei que sou
mais triste com o teu silêncio.
Preferia pensar que só adormeceste; mas
se encostar ao teu pulso o meu ouvido
não escutarei senão a minha dor.
Deus precisou de ti, bem sei. E
não vejo como censurá-lo
ou perdoar-lhe.
ESTA MANHÃ ENCONTREI O TEU NOME
Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
DORME, MEU AMOR
Dorme, meu amor, que o mundo já viu morrer mais este dia e eu estou aqui, de guarda aos pesadelos.
Fecha os olhos agora e sossega — o pior já passou há muito tempo; e o vento amaciou; e a minha mão desvia os passos do medo. Dorme, meu amor — a morte está deitada sob o lençol da terra onde nasceste e pode levantar-se como um pássaro assim que adormeceres. Mas nada temas: as suas asas de sombra não hão-de derrubar-me — eu já morri muitas vezes e é ainda da vida que tenho mais medo. Fecha os olhos agora e sossega — a porta está trancada; e os fantasmas
da casa que o jardim devorou andam perdidos nas brumas que lancei ao caminho. Por isso, dorme, meu amor, larga a tristeza à porta do meu corpo e nada temas: eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui, de guarda aos pesadelos — a noite é um poema que conheço de cor e vou cantar-to até adormeceres.
Quando eu morrer, não digas a ninguém que foi por ti.
Cobre o meu corpo frio com um desses lençóis
que alagámos de beijos quando eram outras horas
nos relógios do mundo e não havia ainda quem soubesse
de nós; e leva-o depois para junto do mar, onde possa
ser apenas mais um poema - como esses que eu escrevia
assim que a madrugada se encostava aos vidros e eu
tinha medo de me deitar só com a tua sombra.
guardei as fitas cassete que você gravou para mim
com músicas do rádio
apertava o rec junto com o play para gravar
as fitas cassete
cortava as propagandas que às vezes invadiam a música
não posso mais tocar
as músicas que você gravou para mim direto do rádio
não tenho mais toca-fitas
restou sua mensagem gravada na secretária eletrônica
na mini fita cassete da secretária eletrônica do aparelho de fax
não posso mais escutar
seu último recado gravado na mini fita cassete
não tenho mais secretaria eletrônica que use mini fitas cassete
(elas também morreram)
tenho apenas caixa postal que grava mensagens de voz
de quem ainda deixa mensagens de voz
que serão apagadas em trinta dias
#RIP
os e-mails continuam a chegar
também as cartas
a página do facebook segue sem
atividade
inúmeros cadastros em infinitos sites
senhas irrecuperáveis
boletos de entidades beneficentes
convites, promoções, corretores insistentes
revistas e jornais: volte a ser um assinante
estamos com saudade
não se pode mais
morrer em paz
NESPEREIRA
era uma nespereira e
eles não sabiam como
protegê-la
quanto tempo leva
gestar um poema
era uma nespereira e
espiávamos dentro dos
saquinhos feitos de jornal
pode levar uma infância curta
ou uma vida inteira
era uma nespereira e ansiávamos que
amadurecessem para enfim
comermos o poema
na estrada de terra
da cidade vazia
a criança preta empunha um pedaço de pau.
ela está nua e vê-se um corpo tão prematuro
quanto ruínas.
a boca intumescida da criança preta gutura
morte ao rei!
e na aridez inalcançável dos pés descalços
resiste
a criança tão criança e velha,
sozinha e livre –
o sino da igreja abandonada toca todo dia na hora errada.
ela pediu pra eu não enlouquecer
parei de tomar os remédios pra tentar ser gente
mas uma chuva forte caiu
era janeiro
e me escorreguei
perdi o senso
disseram
é temporário
os tremores noturnos
a matriz de uma ânsia descabida
os rostos na janela
todas as noites
os rostos que catequizam as janelas
nas casas sem muro
não há o que se ver que não sobrecarregue a carne
o corpo ainda sente
curva-se ao inevitável
tomba no meio da rua e conclui
não se dá as costas pra morte
há sempre um diagnóstico
preto no branco
vou morrer de tempo ou
vou fazer o quê?
re:___________________.
Tem uma mulher
que eu amo.
Olhos doídos, pálpebras mornas.
Já acalentou crianças,
deu-lhes o corpo,
alimentou, limpou suas lágrimas,
fez sorrir com voz calma.
Filhos, talvez netos.
Soube renascer neles tantas vezes.
Conhece a fragilidade humana.
Eu beijo os lábios
fechados dessa mulher,
a partir dos cantos,
em pequenas lascas de ternura
e queda no vazio.
Essa mulher viveu coisas
que me abastecem.
Ela fala de alegrias,
de sóis, sobremesas, decotes,
livros, enganos.
Vai falando e contornando dores
com pequenas pausas,
no que os cílios superiores tocam
os cílios inferiores demoradamente,
e ela afunda.
Aperto sua mão e ela emerge.
Enquanto a ouço,
beijo seus olhos.
Digo-lhe que é uma mulher, ainda.
Poucos homens despertaram em mim
o desejo de ser eu mesma.
Dois, talvez três em toda a vida.
O primeiro meu pai, que,
quando nasci,
perdeu-se amorosamente em mim
até se achar outra vez
mais tarde
não saberia precisar
esquecido de não ser, voltando a ser
homem.
Não tenho irmãos.
Tenho um primo que certa vez derrubei
no chão sem querer enquanto brincávamos.
Foi quando entendi
que o trabalho do ódio
é mapear circunstâncias
aleatórias
em torno de feridas alheias
que nem são nossas
portanto alheias
aprendidas.
É bonito como a criança resiste ao ódio,
se assim lhe permitem.
eu porém tantas vezes não estava pronta
banho tomado
penteada asseada jantada
crescida formada empregada quase morta
pra quando minha mãe chegasse
eu não estava pronta
eu resistia a todos os meus deveres
eu me insubordinava
eu teimava toda uma vida
(ainda teimo)
eu não me limpava
só pra ver se minha mãe chegaria
a despeito de mim
a despeito da sujeira do erro da noite
a despeito da espera a que
assim fingindo não esperar
eu me recusava
foi assim por muitos anos
minha mãe e eu
numa língua estranha e indecisa
embora fosse a mesma língua
a limpeza que eu deveria guardar para ela
e oferecer a ela
na volta
ainda guardo comigo
e de repente deparo com ela
(que ainda espera)
num livro
numa voz estranha
numa outra mulher
que também esperou
numa banheira vazia
o seu amor voltar
AMO-TE CEDO
Ele é .
Como?.
Não vou dizer.
Não vou conseguir.
O que sinto?!
Se é que sinto.
Saber não vou te permitir.
Sei eu que sinto.
Sabe ele se lê.
Lê sem vírgulas pontos ou palavras.
Leio eu quando sua voz falha.
Eu viveria um romance desses de filmes adolescentes facilmente.
Eu sei amar até doer.
Eu sei chorar pra parar.
Sei que é triste até dizer
Suponhamos que assim venha ser .
Ele me ame assim por eu ser .
O que geralmente não sabem que eu sou.
Me amasse por cada letra.
Cada palavra sorteada.
Cada poema meu de amor.
Se fosse amor.
Amortecedor.
Sendo amor que tece a dor.
Ou amor te, cê dor...
Ou até mesmo a morte... medo...
amo-te cedo...
É cedo demais pra ser versificado?
É bonito mesmo os casais entrelaçados?
Poderia me amar por esse meu outro lado?
Dos meus versos, pelo menos você não ser um alienado?
Me deixar sonhar com o amor.
Amor tessido em felicidade.
Podemos lidar com isso de verdade.
Leia meus poemas por eu ter te amado.
Eles são mesmo os resultados.
Mas leia antes do registro da minha morte.
Leia hoje se for forte.
São só uns cinquenta e nem todos falam dessa minha sorte.
"Andei procurando sentidos que pudessem levar-me do náufrago ao porto.
Desembarquei em ti Bahia.
Solo que me era pouco conhecido.
Pisei na tua terra, banhei-me em tuas águas, abracei teus nativos e respeitei tua mata.
De ti não quero distância, quero teu mel, tua pimenta, dançar com os Pataxós e fazer eternas lembranças.
Agradeço teu conforto, teu zelo, teu alvoroço,
que sem nenhum esforço faz de mim um todo".
Ela é paz em meio a guerra,
Guerra em meio a paz!
Sentimento que se desperta,
Se corre sem ir atrás!
Ela é brisa e ventania,
Depende da intensidade!
Ela é ritmo, responsa e alegria,
Bondade com sabor de maldade!
Ela é show de Rock,
Com tons de Djavan!
Meu coração já acorda a esperando,
Domingo a domingo, manhã a manhã!
Ela é conexão rara,
Mente inquieta em construção!
Ela é tatuagem sem marca,
Tatuado: dona do teu coração!
Ela tem sabor de vinho doce,
Sem perder sua magia!
Quem dera se o que me bastasse fosse,
Ser sentenciado só a tua companhia!
Ela é solidão cativa,
Silêncio que fala sem tocar!
Ela é brega bem pai d'égua,
Daquelas que dá vontade de namorar!
Ela é rua que encosta na tua,
Falar que ela é linda é pleonasmo!
Despir sua alma nua,
Foi mais do que uma poesia,
Foi um golaço!
Ela é mistério,
Com mil segredos e um para desvendar!
Ela é menina ou é mulher?
Ela pode ser o que quiser,
Onde ela for estar.
Ela é horizonte,
Latitude 0 puro verão!
Dona do amor de quem não se esconde,
A dizer que é louco por ela,
Sem ser louco em vão.
E na geração que tenta ser de tudo,
Inclusive não ser o que se é!
Ela mesma responde a pergunta que te fiz:
Ela é menina!
Ela é mulher!
#EJr.
Renato Russo uma vez escreveu: "Que o pra sempre sempre acaba"... Ele tinha razão por que o 'pra sempre' tem que ter um fim quando esse nos impulsiona a caminhos tortuosos, a coisas sem sentido que mesmo insistindo inconscientemente numa mudança, novos começos determinam o pra sempre!
Não é diferente em um relacionamento, alguns 'pra sempre' são maiores que outros no sentido de que e de quem você tá disposto a levar 'pra sempre'.
Tem gente que prefere levar lembranças para a eternidade, tem gente que prefere abrir mão das decisões que já estavam determinadas 'pra sempre' nao irá acontecer... Mas isso me faz pensar, quais decisões ja tomei dizendo que seria 'pra sempre' ou melhor dizendo... Eu nunca mais farei isso ou aquilo.... Será que existem assuntos que resumi a eternidade em palavras?
Quantos 'nunca mais' estão entre você e sua felicidade?
Sim, a gente coloca barreiras em palavras! Quantas vezes já disse: Isso nunca mais eu faço! E quando nos pegamos fazendo e de novo nos surpreendemos e isso momentaneamente até nos envergonha e isso é natural, acontece com todo mundo.
Analisando a vida pude vê que isso limita muito aonde estamos e aonde queremos chegar, temos de lembrar que existem muitos outros caminhos para se ter uma definição daquilo que não entendemos concretamente, precisamos sempre chegar ao consenso de que é covardia definir uma vida inteira por um momento que se tornou confuso, importuno e contraditório.
Não defina sua vida num momento de raiva, não dê eternidade a sentimentos de momento e viva de forma a não se importar com o que os outros e vc mesmo as vezes acha sobre algo que ainda nao entendeu plenamente... Viva pra você!
Posso sentir os anos atravessando meus dedos feito uma lâmina cortante, rasgando minha carne até o osso. E te vejo indo embora, igual a uma faca cega ambulante tentando cortar um arame. Da qual não sabe a hora de parar de passar pelo mesmo lugar, e não causar efeito algum.
Deixando o estrago ainda maior.
Eu queria um poema bonito
Daqueles que deixam a gente feliz
Poema com cor
Cheiro
Com gosto de quero mais
Logo cedinho o encontrei descansando no fundo da xícara do meu café
Andando em uma calçada o vi no sorriso banguela de uma menina lambuzada de sorvete
Quando a noite caiu o encontrei dormindo a meu lado
Parecia feliz.
Repousando no travesseiro
O amor e a saudade
O amor, as paixões da carne são tão atraentes
A carência de um coração latente é tão doente
O amor de verdade é sonhador, nunca mente
A carência dos corações são fracas e descrentes
A saudade vem como uma brisa marítima no meio do deserto, você não sabe como ela chegou ali mas agradece o frescor que ela trás de dias áureos de sua vida, onde talvez, você era bem mais feliz do que agora.
Se você apenas fechar os olhos então será teleportado pro exato momento onde tudo aconteceu, a única terra onde ninguém pode tomar de você é a terra da imaginação, ali não existe presente, passado nem futuro, existe apenas sua mentalidade que vaga por entre o tempo e a gravidade.
– Eros Delyon
à sombra do meio dia se espera a noite,
uma noite escandalizando-se em estrelas, luas e segredos.
sem o enredo de um teatro vulgarizado.
à saudade da partida se espera a chegada,
a volta ou o nunca mais de um nunca a mais infinito,
e coisas se guardam na mente de anônimos apaixonados.
Olhos se fecham, corpos se entortam e um único gemido dilacera,
em cada um - uma espera.
"Quem nunca?
Ouviu aquela canção
E apesar dos pesares
Ansioso espera o coração
Que angustiado precede seu lacerar
Em sádica espera do refrão
Ressentimento e remorso
Que lamúrias lhe trarão
E por mais que lhe doa a alma
Por remorso peça perdão
Ao ressentimento que lhe cerce
Conceda a libertação
A alma materializa a vida
E amor às vezes é só lição."
Ao longo do tempo, fui plantando sonhos e me esquecendo do feijão.
Assim, fiquei aí pela vida, semeando utopias e colhendo solidão.
Descobri-me enfim, um adicto da poesia, injetando-a diariamente em minha veia e hoje, embora possa, por vezes, estar de estomago vazio, minha alma permanece cheia.
- Relacionados
- Poesia de amigas para sempre
- Poesia Felicidade de Fernando Pessoa
- Poemas de amizade verdadeira que falam dessa união de almas
- 27 poemas de bom dia para celebrar uma nova manhã
- Poesias para o Dia dos Pais repletas de amor e carinho
- Poesia de Namorados Apaixonados
- Primavera: poemas e poesias que florescem no coração