Coleção pessoal de polianapb

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Oh, espíritos errantes, se vós realmente caminhais sem repousardes em vossos estreitos leitos, permiti-me esta pequena felicidade ou levai-me; como vosso companheiro, para longe das alegrias da vida.

O ontem do homem talvez jamais seja como o seu amanhã: nada perdura, a não ser a instabilidade.

O cálice da vida estava envenenado para sempre e, o coração feliz e alegre, nada via em torno de mim senão uma treva densa e terrível, que nenhuma luz penetrava...

Ai de mim! A vida se prende obstinadamente àquilo que mais odeia.

Você me odeia, mas seu ódio não pode igualar-se ao que eu próprio dedico a mim.

Chorais, ó infelizes, mas essas não serão vossas últimas lágrimas! Mais uma vez entregar-vos-ei ao pranto fúnebre, e o som de vossas lamentações será ouvido mais e mais.

Meu coração fora tomado de angústia e desespero. Dentro de mim, sentia um inferno, que nada podia aplacar.

Quando será derrubada a infinita servidão da mulher, quando ela viverá para ela e por ela, o homem, - até agora abominável -, tendo-a despedida, ela será poeta, ela também!
A mulher descobrirá o desconhecido! Seus mundos de ideias divergirão dos nossos? Ela encontrará coisas estranhas, insondáveis, repugnantes, deliciosas; nós as teremos, nós as entenderemos.

O poeta se faz vidente por meio de um longo, imenso e refletido desregramento de todos os sentidos. Todas as formas de amor, de sentimento, de loucura; ele procura ele mesmo, ele esgota nele todos os venenos, para só guardar as quintessências.

Farsa contínua! A minha inocência me faria chorar. A vida é a farsa a ser levada por todos.

Vamos apreciar sem vertigem o tamanho de minha inocência.

Recebi no coração o golpe de misericórdia. Ah! Eu não o havia previsto.

De manhã, eu tinha o olhar tão perdido e a postura tão morta, que aqueles que encontrei talvez não me vissem.

A mão na pena, vale a mão na enxada.

Uma noite, sentei a Beleza no meu colo. - E a achei amarga. - E a xinguei.

Assim, minha tristeza voltando sempre, e me achando mais perdida aos meus olhos - como a todos os olhos que quisessem me encarar, se eu não tivesse sido condenada para sempre ao esquecimento de todos! - eu tinha cada vez mais fome de sua bondade. Com seus beijos e abraços amigos, era mesmo um céu, um escuro céu, onde eu entrava, e onde gostaria de ser deixada, pobre, surda, muda, cega. Já eu me acostumava. Eu nos via como duas boas crianças, livres para passear no Paraíso de tristeza.

Não nos deixar cair em tentação é o mesmo que dizer: não nos deixar ver quem realmente somos.

Mas Gilliat vigiava. Espreitado, espreitava.

Vivamos, seja.
Mas façamos com que a morte nos seja progresso. Aspiremos aos mundos menos tenebrosos. Sigamos a consciência que nos leva para lá.

O homem, carnívoro, também é coveiro. A nossa existência é feita de morte. Tal é a lei terrífica. Somos sepulcro.