Coleção pessoal de noi_soul

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⁠vontade de deitar na rede
derramar-me sobre o céu
enquanto contemplo o mar...

⁠A cada sofrimento, uma pausa
A cada luz de velas, uma causa

⁠O tempo é amigo
Abrace-o sem pressa.

⁠A vida goteja sobre meus pés
Lágrimas ensandecidas de tormento
É ela ou sou eu?
Pergunto ao relento
Como se ele, este desgrenhado miúdo,
mo pudesse revelar...

⁠Olhei para o céu tão choroso
Não vi seus olhos
As nuvens os encobriam
E os meus corriam
Sobre a face caudalosa
Essa ternura amorosa
Do tempo passando
Eu nada fazendo
A vida gozando bem à minha frente
Um espetáculo de dança
Suas gotas penetrando a pele do chão
Pedindo a benção
Do corpo sedento
Expurgando as máculas
Fixando raízes
Deslocando raízes
Tudo estava certo
Até o motor de um carro me despertar...

⁠Vesti-me de universo
Virei verso na poesia
Tornei-me sinfonia
Na dança da caneta de alguém...

⁠Roço a língua pelo ar para capturar o gosto do som que adentra meus ouvidos. Sei que é um perigo misturar os sentidos, mas sempre arrisco um pouco mais. Vale a pena e a tentativa. Sou atravessada por histórias que nunca ouvi e, apesar da contra-intuição, são meus poros e não meus olhos quem mais absorvem o que vejo. Sou feita de remendos alheios e nem conheço os nomes das personagens principais, porque, se existe algo do qual não posso me gabar, é da minha memória. Até tento, mas já descobri que tentar não é suficiente. Sou apanhada por refratários retoques das lembranças que permeiam meu cérebro. Cérebro não me parece uma palavra poética, todavia sempre me questiono se o que escrevo pode mesmo ser chamado de poesia. Não basta rima e nem sempre ela é imprescindível. Conheço gente que faz da vida uma poesia e poesia que se presta a ser gente. Fico fascinada com estas outras dimensões de nós. Somos, ao mesmo tempo, tão bonitos e tão feios, tão belos e tão asquerosos. Sinto tudo isso no paladar. De vez em quando, é mel; de vez em outra, é fel; às vezes, é sangue atravessando a garganta, cortante, dilacerando todos os sonhos, ceifando pupilas brilhantes, escorrendo mares por outras faces. Não sei, mas algo que começou com tantos sentidos, agora parece não fazer sentido algum. Eu sinto e explico, mas temo que ninguém me entenda, a não ser quem também seja assombrado por estes pensamentos à noite, um pouco antes de dormir. Sempre, sempre, sempre…

⁠A paixão se cura.
O amor, não!
O amor é a cura.

sou o istmo ligando minhas emoções
às emoções alheias
ao mesmo tempo sou ilha e oceano
sou o próprio sentir
desaguando inteiro
em mim:
sou o rio que mata
a própria sede
enquanto desafaz-se das redes
do seu existir:
rio
mar
oceano
e eu-gota
escorro dos lábios ferozes
amantes da terra molhada
do bálsamo de si…

⁠gasto tanto tempo
lendo os olhos alheios
esqueço que tenho olhos também
não me leio se não me vejo
mas me vejo apenas se leio
os olhos de outro alguém...

⁠Deixar o verso livre...
Libertar o verso
Virar do avesso
E descobrir o mundo
Deixa o verso livre
Ele quer voar...

⁠Não!
Eu nunca Não sonhei em ser atriz
Não!
Eu nunca Não sonhei em ser cantora
Não!
Eu nunca Não sonhei em ser pintora
Não!
Eu nunca Não sonhei em ser médica
Não!
Eu nunca Não sonhei em ser juíza
Não!
Eu nunca Não sonhei em ser bela
Não!
Eu nunca Não sonhei em ser amada
Não!
Eu nunca Não sonhei em ser poeta
Não!
Eu nunca Não sonhei em ser feliz
Não!
Eu nunca Não sonhei em ser madura
Não!
Eu nunca Não sonhei em ser melhor
E, dos tantos sonhos dessonhados,
Acreditei naquele milagre-prisão
Naquela loucura-ilusão
Naquele espinho-flor
Joguei os dados para cima
Corri léguas da esquina
Voltei ao tempo que se plantou:
Dos sonhos dessonhados vi-me
Diante daquela criança
A mesma da tal esperança
De tudo ser numa vida só
E, para acabar os nunca sonhados dessonhos,
Retrato do pesadelo medonho
Da hora que se passou
Refaço a minha estrada
Decerto esta mesma jornada
Foi a que a mim desejou...



@noi.pulsaopoetica

⁠É chato ter consciência de que sua escrita não é boa o suficiente. Não é boa o suficiente para quem? Para os parâmetros que eu mesma me impus. E vejo que não escrevo nada com nada e o sentimento apenas não reside nas palavras ou em suas junções como eu gostaria… fim. Sem finalidade. Sem vontade de se expressar ao mundo como vivem em mim.

⁠estou bufando Poesia
cagando Poesia
arrotando Poesia
quem diria!
num tô me aguentando
tô arrebentando de Poesia
esta magia!
me agonia
me aperreia
me fantasia
de melodia
estou vomitando Poesia
tá vendo?
até nisso ela me atormenta
quem aguenta?
estou muito insana
de Poesia
a barriga continua vazia
mas o coração se alimenta.

⁠Perna exausta de um coração quase desistente
flagrante ensejo de ser
quando não se é
nem se está presente
o oculto encerra tempestades
as ideias desabrocham em imagens
e as bolhas do tempo
ao relento
apenas descobrem-se nelas
nas estranhas e doces passagens
ainda escuto o vento
cantando seu silencioso lamurio
para a multidão correndo em desvario:
ninguém sabe aonde vai
mas todos persistem
insistem
na brutal essência do existir
como a amálgama de uma conta
entorpecida em si mesma
não enxerga a beleza
dos arredores
dos corredores cheios de flores
das estradas cálidas
das nuvens pálidas
da areia a escorrer minutos…

⁠não-poesia¡


formas geométricas harmonizam-se
na face do belo escultor
são letras Vivas de vivências
são traços de amor e de dor
a voz é o que se escuta
da alma-corpo-coração
a arte é a escultura
do que vive esta nação
o olho que enxerga e vê
o ouvido que ouve e sente
a pele que mora e lê
o peito que grita não mente:
- queremos comida no prato
- queremos tal paz e harmonia
- queremos expressar a vida
- queremos pulsar Poesia!

⁠poema in-vertido


de todas as mais belas maneiras
ver frutificar a vida
deixar os sonhos espalhados pela estrada inteira
sentir o gosto do perfume da bela roseira
enquanto corro com os lobos no caminho de pedras
meus passos vagam soltos:
… na busca pela quimera
o grande desafio não é viver
é ser genuína em cada olhar
é estar presente em cada amanhecer
é pulsar de amor outros corações
é distribuir sorrisos a quem encontrar
eis alguns das minhas mais doces a l u c i n a ç õ e s…

⁠A poesia resiste
Persiste
Insiste
Dentro e fora de mim

A poesia é alma
Acalma
Espalma
Sua veste sem fim

A poesia flutua
Nua
Crua
Entre o não e o sim

Há poesia!
Ah, Poesia!
A poesia vive, enfim!


noi soul
Pulsão Poética

⁠a arte me rasga
e me costura
então, apresenta a cura
para além da casca
amargura
vivente dentro de mim

a arte me goza
e me expele
então, sustenta a pele
para além da coça
repele
a queda sem nunca ter fim.

________
noi soul
Pulsão Poética

⁠tem quem se afaste de você
por não suportar suas sombras
tem quem se afaste de você
por não suportar sua luz

os que permanecem ao seu lado
apesar das suas contradições
e complexidades
podem ser chamados de
verdadeiras amizades...