Coleção pessoal de noi_soul

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⁠des-encontro
o meu alguém está em casa
esperando com a mesa de jantar posta
ele passou um café
preparou os pratos
colocou uma flor ao lado da minha cadeira…
o meu alguém está em casa
aguardando eu retornar para lhe fazer companhia
rirmos juntos das bobagens do dia
e descansar nos braços um do outro
sem medo de julgamentos…
o meu alguém está em casa
com a porta aberta a aguardar minha chegada
eu o vejo olhar o relógio
estou atrasada… já é tarde e ele me liga
muitas chamadas não atendidas…
o meu alguém está em casa
olhando pela janela,
na expectativa de me ver atravessar a esquina
e minha sina
é não ver seu doce olhar…
o meu alguém está em casa
me esperando
me chamando
mas ele ainda não sabe
– meu amor, me perdoe!
… nunca mais irei chegar!
o meu alguém está em casa
tão despedaçado quanto eu…
– eu não queria que fosse assim!
se, ao menos, ele pudesse me escutar
eu diria… eu diria:
– meu amor, estou aqui… olha pra mim...

⁠Perdi mais um pouquinho do tempo que eu já nem tinha...

⁠nem adianta eu ser sincera
quando, na real, eu quero
é machucar…

palavras doem
corroem a alma
às vezes um tapa
pode ser menos vulgar…

nem adianta eu começar...

⁠maiêu-tica

estou prestes a ter uma ideia genial
PSIU!
silêncio!
preciso me concentrar
está vindo… está vindo
estou quase parindo
a ideia que ao mundo agitará
q u a s e
q u a s e
q u a s e l á
respira, inspira, expira
cadê a caneta?
cadê o papel?
celular, cadê?
ela está vindo
está vindo
v i n d o
veio!
viu?
alguém pegou?
não?
NÃO?
não acredito!
que pena… que aborrecimento!
já passou…

⁠... tenho vergonha
de mostrar os versos malfeitos
de outrora
e divulgo estes hoje
porque amanhã me envergonharei
dos versos
(Mal) feitos
de agora...

⁠Dos detalhes é que vivemos... Somos instantes e, como instantes, passaremos...

...então, nos entreguemos à agridoce experiência do viver!

⁠é bom amar quando é recíproco
...
se não há resposta
não se subjugue
ao silêncio do outro...

⁠consola-me saber
que a vida é maior que eu
… flutuo no tempo-espaço
como uma piscadela da galáxia
– da menor galáxia do universo!
não tenho importância
na quase infinda dança dos astros
e essa liberdade me encanta…
é a liberdade da descoberta
da minha bela insignificância!
ah, como é leve existir apenas
enquanto os dardos me apontam
e minhas mãos aprontam a cena
– uma igual história!
um conto qualquer, outro poema
e já não preciso dar conta dos meus dilemas!
ah, como é bonito ser apenas
enquanto as folhas bailam
e meus pés andantes acenam
– um instante à toa!
um fragmento, uma suave pena
e já não preciso de fugas nem de aplausos
– UM SALTO!
E nova moradia se faz em mim:
a vida é boa…
a vida é boa
… a s s i m!

⁠Pena que palavras não fossilizem!
Quem pronunciou a primeira delas?
Se ao menos elas existissem
Palavras, meros sons que reverberam...

⁠dimensão do tempo profundo
alargado pelo início do mundo
mostra apenas a direção de ida
numa dança sem saída
descreve a rota do meio
sem tese e sem rodeio
acende a luz da experiência
num átimo da existência
corre mão até o infinito
desperta em forte grito
traz do nada o mesmo pó
numa onda traça o nó
dimensão do tempo profundo
alargado pelo início do mundo
descreve o ritmo do pulso
num instante do seu curso

⁠eu continuo me perdendo de mim
– e qual mão me salvará
se não a do meu próprio
sentir...

⁠Perco os melhores poemas enquanto mastigo o pão
entro no devaneio das preciosas palavras
– Para quê?
Não me recordarei depois…
E, enquanto mastigo a massa cozida, coesa, comprida
invento canções e alaridos
das rimas sou anjo cupido
e não há caneta e papel
nem mesmo azeite com mel
para celebrar a poeta
– a poeta que sou lá!
no mundo onde ninguém me vê
na escuridão das intempéries
no exausto labor do encontro
de tudo o que poderia vir
e nunca veio
de tudo o que poderia ser
e nunca é
com tempos verbais débeis
ou verborragias
com lacunas e frestas
com enfeites ou peças
nada existindo outra vez
e o pão escorrega seco goela adentro
talvez ele encontre os versos em mim
que eu
… eu ainda não me dei.

⁠Eu gosto de ser diferente por vaidade, vaidade do ego.
Alguns dizem me admirar por isso.
Outros me acham estranha demais.
A maioria? Não está nem aí pra mim.
Graças a Deus!

c.a.i.n.d.o

⁠É difícil resistir ao instinto
Estou desabando
Caindo
Desatando
Caindo
Descambando
Caindo
Despetalando
Caindo
Desajustando
Caindo
Descarrilando
Caindo
Destemperando
Caindo
É difícil resistir ao instinto

⁠en-Caixa
entre cápsulas e comprimidos
são tantos planos forjados
são sonhos arrependidos
são veias acinzentadas
entre cápsulas e comprimidos
são penas e assinaturas
são perdas e tecituras
são aquarelas desbotadas
entre cápsulas e comprimidos
o relógio perde o tempo
o velho morre ao relento
eu continuo a estrada
entre cápsulas e comprimidos
o sinal toca na escola
o sapato perde a sola
meu tudo vira um nada
entre comprimidos e cápsulas...

⁠Hoje me dei conta do quanto te admiro, meu amor.
Sua sensibilidade e sua força.
Sua voz e seu silêncio.
Sua calma e sua coragem.
Sua verdade e seus devaneios.
Hoje me dei conta do quanto te amo, meu admirável.

Meu? Não, você não é meu. Mas tenho sorte por ter você nesta caminhada chamada Existência.

Minha vida tem sido bem mais plena desde que me permiti viver o melhor da vida no presente, com seus altos e baixos, alegrias e tristezas, encontros e despedidas. A certeza que tenho é que entre o nascer e o morrer há vida. E eu quero desfrutar de cada instantinho desta preciosidade.

⁠Fechar os olhos é confiar
se entregar de peito aberto
alma leve
se jogar no abismo
coração pulsante
se envolver no abraço
corpo solto

passos incertos
aposta alta
jogo arriscado
fruta agridoce

Fechar os olhos é eternizar
o momento do enlace
a procura do instante
o tempo medido em vidas
a vida em suas nuances

⁠o poeta observa o mundo
sempre com olhos atentos
transforma o que vê em poesia
em versos derrama alento

⁠estou aqui
tentando não sucumbir
pensando em fugir para um labirinto
de onde não quero caminhar

- finjo fugir -

de você
para você
com você...