Coleção pessoal de MuriloMelo

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Um tanto inquieto por causa dessa mania de passar as mãos no cabelo, um pouco revoltado por não dizer tudo o que pensa.

(...) Que agora você inventou de aparecer em todos os trechos de músicas melosas, em todas as sinopses de livros de romance, em toda esquina que toque jazz. Tudo tem seu nome, seu rosto, seu gosto. Tudo é você.

Olha, eu te entendo. Não precisa ficar se explicando demais. Isso já é normal pra mim. Eu não sou bonito, eu não sou legal, eu não sei lidar com o novo, eu não tenho um corpo sarado, eu não tenho pretensão de ficar rico, eu não popular, estou longe de ser o mais engraçado e nem tenho um sorriso encantador como o seu. Eu sei que sou uma pessoa difícil de gostar, de entender, de conviver. Tudo bem, eu entendo você.

Tenho chorado bastante esses dias, sabe?! Eu não grito, eu não berro, eu não soluço. É um choro interno, ninguém ouve. Tenho chorado, mas não sei se pela sua falta, ou pela sua causa.

Você me ensinou que te amar é ter mais desesperos do que sorrisos.

Te amar é como dar passos ao precipício todos os dias. Por você eu me jogo no abismo, mas você nem me salva.

(...) Tua ausência me transborda. Nos perseguimos na rua, no jazz da esquina, na literatura e entre casais felizes na confeitaria. Uso a camisa que esqueceu na última visita, experimento as bermudas largas que você deixou misturadas às minhas roupas no armário, mas é segredo (...).

O problema é que volta e meia me pego nesse mesmo ciclo vicioso. Eu não tenho jeito. Demonstro os mesmos sentimentos, meto os pés no lugar das mãos e me iludo com o que não deveria. É como se, toda vez que eu tentasse desistir, contrariando a mania de me conformar em ficar sozinho, você me desse motivos para continuar (...).

(...) Talvez você andou lendo sobre mim antes de me conhecer. Acho mesmo que andou ouvindo meus discos, analisando meus gostos, copiando a minha moda, porque não é possível que isso seja real. Penso que é quase um desafio encontrar alguém que sinta a mesma coisa que eu, que veja as mesmas coisas que eu, que planeje as mesmas coisas que eu. É raro encontrar alguém que te ame não pelas coisas que você mostra, mas, por aquelas que você nem percebe que tem.

(...) Teria, por exemplo, um milhão de motivos pra fugir de pensar em você, de rejeitar suas aparições em meus sonhos (...). Mas, em todos esses lugares, você vai comigo. Você segura a minha mão na hora de atravessar a rua, você deita no meu colo quando eu menos espero. Você me olha triste quando eu encaro o relógio pela milésima vez, você sente orgulho de mim quando eu domino um assunto. Me admira quando eu solto uma gargalhada, vira o rosto se alguém se interessa por mim. Você me espera na porta do carro, come devagar só pra me fazer companhia. Você aparece quando eu acordo e me presenteia com um lindo e sincero sorriso. Aparece em todos os filmes de romance, em trechos de livros também. Eu até acho graça disso tudo, porque, virou normal essa coisa de passar a sentir a sua presença, mesmo quando estou sozinho (...) Você não sabe, mas eu vejo você o tempo todo.

Os lábios e as bordas do meu coração estão salgados de SALdade.

Ele não sabia, acho que não me reconheceu. Mas aquele garoto lindo e sorridente da festa, que todos viravam o rosto para acompanhar o brilho dos olhos, era eu. Deixei de ser aquele menininho que fazia drama por tudo, que precisava compulsivamente transformar cada parte da vida em textos melancólicos, para ser feliz lá fora, nos braços de quem me amava de verdade.

Acabou que eu não coube em seus planos, na sua escolha (...). E em lugar nenhum.

Esse medo de acabar não te tendo é tudo o que eu tenho para hoje, amanhã e acho que para depois também.

Eu amei até os codinomes que você inventou para mim. Mas nós vivemos um romance marcado pelo fim antes do começo

E até no cigarro que ascendo enquanto estou distraído te trago comigo.

Eu só pulei do barco porque pensei que você pudesse ser meu porto. Mas não se preocupe, agora ou nado, ou dá em nada.

Eu falava pra mim mesmo em voz baixa: “você é forte, você consegue, vai em frente”. Mas eu estava ferido em vários sentidos, em várias circunstâncias, em vários vagos. Ferido por pessoas, por palavras, por sonhos bobos, por atitudes que eu jamais esperaria, por tão pouco. Meu coração estava em cacos, colhidos por uma série de fantasmas que nem eu reconhecia mais. Eu me conformava porque eu sabia que no outro dia o sol nasceria de novo, as flores amanheceriam com mais cor, o vento sopraria, assanharia meus cabelos e, talvez, levaria minha dor. Mas eu estava enganado.

Atormentado e confuso com tudo aquilo, invadi a primeira loja que vi pela frente e gritei ao vendedor:
– Tem como dividir a saudade em algumas parcelas? Tem? Me responde, moço!

Que daqui pra frente, se eu tiver que errar que seja um erro inteiro. Que eu caia de uma só vez e suje o corpo de lama por completo, não só as mãos. Que eu chore dois dias e desista da vida por uma semana. E que eu tenha a certeza de que devo me levantar, ao invés de ficar em cima do muro duvidando do meu futuro. Essa estrada foi feita para ser trilhada, não temida. Chega de meios erros, meios termos, meio isso e meio aquilo. Chega da incerteza, do quase que mantém os pés no ponto de partida e trava. Chega de acreditar pela metade. De metade, já bastou você na minha vida, e isso eu não quero nunca mais.