Coleção pessoal de mafeprobst

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A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo.

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...

Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são os nossos chatos prediletos.

Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Desde que pus as malas dentro do carro, soube que te perderia. Quando a certeza me assolou, meu coração não doeu, como já aconteceu tantas vezes antes e, assim acredito, seja apenas por eu estar pré-consciente de um futuro não mais presente. Presença. A tua, meu bem, que não é mais e que não me dói mais, embora lateje louca nos dias de chuva e te conto que cai temporal devastador todo fim de tarde. É o instante que arregalo os olhos e sinto o coração tornar-se pequenino dentro do peito, com todos os medos mais inocentes e as saudades, minhas, mais doces. Tu és a minha saudade mais bonita e me é estranho te perder, pois sempre te tive feito vela acesa dentro de mim, ritmando meu coração pra lá de descompassado e que sabias ler de olhos fechados, apenas decifrando a pulsação. E eu sinto falta disso, de quando fomos sem ser. E agora, que mudei, tudo se perdeu e assim entendo que aquele nosso encontro na praia não foi um reencontro — mas uma despedida.