Coleção pessoal de IsabelMoraisRibeiro

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AMO-TE NOS SABORES

Amo-te .....
No risoto de farinheira
Ou nos peixinhos da horta
Olhando para os teus lábios
Anseio o seu salgado sabor
Amo-te....
No perú com frutos secos
Ou lombo de porco assado
Assim descubro o gosto do teu amor
Sem limites dos teus braços
Amo-te.....
No arroz de pato
Ou no camarão frito com molho de côco
Quero os teus lábios junto aos meus
Para sentir o doce sabor dos teus
Amo-te.....
Nas farófias com banana
Ou na tarte de creme de amêndoa
Quero a suavidade do teu corpo
Na intensidade do meu, teu desejo
Amo-te.......
Nas pescadinhas douradas e amejõas
Quero os teus lábios na entrega das noites de velúpia
Amo-te.......
No pão de ló de Ovar ou pudim de pão com maçã
Quero os teus lábios com gotas de amor
De muito sabor sedutor
Amo-te.......
No cabrito assado com cebolinho e alecrim
O sabor dos teus lábios deixa a saliva
Doce de alegrias maduras
Amo-te.......
No bolo de canela e erva doce
Ou no molotof de limão
Quero sentir o teu toque no meu corpo
Da tua maneira louca
Amo-te.........
No risoto com queijo brie cogumelos e legumes
Quero viajar nos teus lábios sentir o teu doce sabor
Amo-te........
Na torta de Laranja ou no bolo de fécula de batata
Quero provar do teu abraço e fazer-te o meu esplendor
Amo-te..........
Na açorda de marisco ou nos choquinhos à algarvia
O teu corpo incendeia o meu ser, arde no sabor dos teus lábios.
Amo-te e depois.......gosto de ti mais nada.

DEUS MEU


Que angústia está meu Deus

Que me tolda o pensamento

Que vil aperto que me afoga

A mente nas lágrimas que verto

Rude dia, tormento este o meu

Das tristes lágrimas que não verto

Não sei que dor agreste é esta

E que demónios eu combato

Despenho o vazio que possuo

Encerro a dor reverto em alegria

Ah meu Deus eu só lamento.

Não quero
Que pensem como eu penso
Mas quero que me respeitem
Por eu ser e pensar muito diferente.

Viver é um rasgar de sentimentos
- É remendar-se para vida
E voltar a rasgar-se para o amor.

VELHA MORTALHA

Mar velho feito em mortalha
Que na fria carne rasgada
Embalsamas todas as dores
Entre os murmúrios tristes
Voz escura na calada garganta
Nas tramas obscuras da queda
Ondas serenas de maremotos
Nos carinhos remotos em fúria
Lágrimas tuas em gritos roucos
Tormentas tolas numa ambrósia
Vagos espaços nas lentes perdidas
Os arcanjos cantam proclamam amor
Pobres vidas perdidas nos enigmas
Velha mortalha feita no profundo mar
Entre os portões de ferro nos sonhos
Transladam o delírio no fim risonho
Velho mar que embalsamas a mortalha
Dos erros das tristezas em murmúrios
Voz calada nas tramas obscuras da vida.

PODRIDÃO IMPOSTA

Chovia com força vidros
Vermelhos de sangue
Partiam todos os cristais
Soltos da velha janela
Tentava caminhar
Sem ser cortado no vermelho
Sangue de tinta
Entre as escritas letras pretas
Prosa sem medo
Sem o dever de suportar a dor
O cervo tremia do caçador
Predador ansioso da mente
Caçador de sonhos,
Perdido na vastidão das almas
De mãos sujas de barro
Lenços de asas que fazem voar
No novo cinismo rompendo o ócio
Na partida já pronta
Desmorona no queixo caído
Na barba desfeita do despeito
Entre o seio da incredulidade
Desespero da fome à noite
Lágrimas soltas de sangue
No sacrifício dos versos obscuros
Sangue no chão, onde o mal
Germina envenena e contamina
Infiltraram-se assim escravizando
As palavras, as letras
No vento gelado de intenções maldosas
Choviam punhais
Que nos feriam rasgando a carne
De poemas já livres
Da maldade, da podridão
Que era imposta nos nossos dias.

PEDAÇOS

Flores laços de cetim
Queimadas em cinzas
Afogo-me nas palavras
Enterro-me no trabalho
Nas telhas dos sonhos
Já não almejo o perdão
Sou repleta de erros
Mato todas as lágrimas
Nas letras que me sugam
A vida da minha mente
No meu obscuro corpo
Já sem sons da saudade
Ao ver a tua bela nudez
A minha alma se deleita
Na nossa louca insensatez
O vazio gritou palavras
No silêncio sem sentido
Gemidos de mim, de nós
Afogo-me no teu corpo
Enterro-me nos teus braços
Sou repleta de imperfeições
Amo as flores de cetim
Já não almejo o perdão
Mato todas as lágrimas
Nas palavras feitas de amor.

FOME TENHO

Tenho fome
- Fome -
De tudo.....de todos
Do que és.....do que foste
Do que tu pensas
Dos que ficam
Dos que partem
Das coisas boas
Do silêncio.....do barulho
Do fogo....da água
De mim.....de ti
De te ter comigo
Do presente.....do futuro
Do deserto.....da serra
Do campo.....dos lobos
Do amor.....da paixão
Da paz .....de viajar
Fome de viver, de amar.

Esta noite quero acordar contigo
Para ver o sol pela manhã.

Fica comigo esta noite
Dá-me um abraço para eternidade
Um beijo para calar os meus desejos

Faz de mim
Meu amor a tua metade
Faz do meu peito
Do meu corpo, o teu lar

Carta aos meus doces filhos

Quando eu já for velhinha
Eu não serei uma velhinha comum
Vocês já sabem, afinal não gosto
muito de ficar quieta ou de fazer tricô
Porque nunca tive paciência para tricotar
Quando eu já for velhinha
Não quero que se preocupem comigo
Não se sintam na obrigação
de visitar-me aos fins de semana
Façam isso quando sentirem realmente vontade
de me ver, saudades do meu abraço,
do meu carinho, do meu beijo.
Ou ainda quando sentirem
saudades da minha comidinha.
Eu estarei na companhia do vosso
querido pai, o amor da minha vida.
Vocês sabem que os meus olhos olham
para vocês com muito orgulho
Quando eu já for velhinha
Quero ficar na minha casa mesmo
Que seja velha como eu
Vocês sabem que eu valorizo
E amo a minha liberdade
Quero que vocês me olhem e sintam orgulho
Mas me deixem viver como eu quero
Conforme a minha vontade
Não pensem que sou egoísta.
Meus filhos, perdoem-me
Se alguma vez eu falhei com vocês
Eu amei-vos e tentei amar-vos
Da melhor maneira que eu soube
Quando eu já for velhinha
Quero muitos netos para mimá-los muito
Não me critiquem se eu exagerar nos carinhos
Afinal, vocês tiveram, muitos mimos, carinhos
Abraços... como eu vos amo, meus amores
Quando eu já for velhinha
Não sintam pena de mim quando estiver fraca.
Sem forças, não se sintam responsáveis por mim.
Eu vivi como eu quis.
Meus queridos e amados
filhos da minha alma, sangue do meu sangue,
do meu coração.
Meus amores, vivam as vossas vidas com amor.
Respeitem os outros, trilhem os vossos caminhos
As vossas estradas, amem, trabalhem
Tenham êxito, sejam corajosos
Sonhem muito e alto
Acreditem sempre em vocês
E sejam muito felizes
Meus amados filhos, meus grandes amores.

ENCONTREI O SABOR

Nos teus olhos encontrei o amor
No frango com castanhas
Encontrei o sabor dos teus lábios
No lombo com abacaxi
Encontrei no teu corpo o calor
No borrego no forno
Encontrei tudo que nos completou
No pão recheado de presunto
Encontrei os teus abraços
No polvo assado no forno
Encontrei o teu sorriso
Nas sardinhas à tanoeiro
Encontrei-me a viajar na tua mente
Nos rolinhos de couve com gengibre
Encontrei a suavidade da paixão
No entrecosto assado no forno
Encontrei a intensidade do teu amor
No bacalhau com natas e queijo
Encontrei a entrega do teu coração
Na perna de peru no tacho com couve-flor
Encontrei a lucidez do teu amor
Amo-te na sopa à lavrador

POEMAS CATIVOS DE ALECRIM E LAVANDA

O tempo do tempo é consumido como ar
Na rotina do seu amargo arrependimento
No arrasto do vento, no tempo da luz
Pragmática de um beijo, morre sem nada dizer
De uma história, sem prosa, sem verso
Num único versículo, entre o perfume das rosas
Talvez o silêncio esconda, poemas sofridos de amores
Sem sentido das palavras que alguém roubou
Sem reconhecer o culpado no próprio esquecimento
Perderam a fé na abandonada mente, no condenado corpo
Telhados de inverno cheios de quimera de um amor proibido
Morto no esquecimento de uma alma, esquecida dando dor a tristeza
Nas horas, nos minutos, de sussurros cativos da solidão
Que existe uma prosa lírica em cada sílaba em cada palavra
Liga ao coração como uma oração de esperança
De louvor ao amor num aroma fresco de alecrim e lavanda

O HOMEM

O homem vive escravizado e parece que gosta
Na origem das capacidades ainda não realizadas
Representa o início das incertezas nos recursos
De ganhos potenciais, de habilidades muito inúteis
Na presença de Deus, nas conquistas já alcançadas
Seres imperfeitos nas capacidades não significativas
O homem não consegue a perfeição, é escravo de si
Sabe que vai morrer sem despedidas, sem palavras
Será somente uma sombra, um dia, numa curta viagem
Seremos novos, velhos empurrados para simples buracos
Com desejos, sem desejos, com rancor, sem rancor
No fim o vinho do porto ganhou o seu velho sabor
Dos gritos em delírio de dor, rasgando os soluços
Das mulheres de terço nas mãos em corrente de oração
Toda a morte é um tributo na aparência desnecessária.

Um bom vinho é poesia engarrafada
No aroma perfumado do bater no coração (---)

SORRI E AMA

Olha levanta a merda do teu rosto
Sorri pelo menos uma vez na vida.
Limpa a merda das tuas lágrimas
Todos temos dores que nos engolem o coração
Olha para tudo que te rodeia e ama
Todos nós temos histórias de vida para contar
Sorri e ama neste caminho de pedras, fragas e silvas

Deus é a luz de uma lâmpada
(...) que ilumina o meu coração, a minha vida

Enquanto por ti esperava (...)
Os delírios do meu coração te chamavam.

MUTILADOS RUBROS DE VINHO

Restos mutilados na velha cor dos rubros vinhos
Gramática desarticulada acompanhada de lágrimas
Rasga a mortalha do peito no último arrependimento
Nas brumas dos caminhos esta o gemido silencioso
De um tonto místico profeta, na sua liturgia angustiante
Cicatrizes abertas no trilho da memória do sítio incerto
Tecerei uns sonhos irreais como feridos de batalhas perdidas
Penetramos no sentido da vida seríamos menos miseráveis
Nos anseios os tigres de garras que dilaceram o pior pesadelo
Duvida do suor com as lágrimas salgadas pedaços de si mesmo
Pobres de palavras para exprimir a mentira na dor do que
É escuro, sujo sem o conforto nas horas de sofrimento na verdade
Do tempo, de uma alma plantada do mundo que anda perdida
Não tem norte, nem vida, sente-se já crucificada dolorida
Sem sorte, sem sonho, sem destino, restos mutilados
Numa gramática de batalhas, esquecidas, perdidas
Escondidas no sentimento de uma alma em luto
Sem nunca ser compreendida nos rubros vinhos de cor.