Coleção pessoal de FrancisIacona
O intolerante e o intolerado têm visões diferentes sobre a questão que causa a intolerância. Ambos estão convictos de que estão com a razão. Ambos vivem mundos diferentes. Esse estado de beligerância apenas terá fim quando ambos se dispuserem a fazer um mergulho na mente do outro e verificar o que ali se passa. Quando a motivação de um for conhecida pelo outro, a discórdia cessará.
Tenho observado um verdadeiro paradoxo na lutas das minorias da sociedade e de seus simpatizantes : usa-se da intolerância em defesa da tolerância às suas causas.
Por que é mais fácil socorrer o coletivo, desconhecido e muitas vezes distante que socorrer o individual, conhecido e bem próximo de quem lhe pode prestar socorro?
Para o coletivo, as pessoas não medem esforço. Contas bancárias, abertas não se sabe por quem, começam a receber uma quantidade imensa de depósitos como donativos. Já o individual, por todo esforço que faz na rua, pede, implora, e, no mais das vezes recebe a indiferença como ajuda. O homem comum parece imitar o político que em suas ações visam o "povo", "a massa" e não o homem isolado e deste, desconhecem por completo seu modo de viver.
"A mais pequenina dor que diante de nós se produz e diante de nós geme, põe na nossa alma uma comiseração e na nossa carne um arrepio, que lhe não dariam as mais pavorosas catástrofes passadas longe, noutro tempo ou sob outros céus. Um homem caído a um poço na minha rua mais ansiadamente me sobressalta que cem mineiros sepultados numa mina da Sibéria".
Eça de Queirós, sobre as distâncias da dor
Parece que o sentimento de dor nos dias de hoje está diferente dos dias de Eça. Hoje, por qualquer catástrofe real ou imaginária divulgada pela mídia, as pessoas estão sempre dispostas a colaborar para amenizar a suposta dificuldade porque estejam passando nossos semelhantes dentro ou fora de nosso país. Por outro lado, para o homem deitado na calçada desnudo e com fome poucas pessoas se dispõem a socorrê-lo. E imaginando todos os indivíduos isolados nesta situação e fazendo deles um coletivo daria uma quantidade maior de pessoas que aquelas envolvidas nas tragédias divulgadas. Acho que nos dias de hoje não é a distância que determina a dor e sim o fato de ser individual ou coletivo. Socorrer o coletivo é socorrer a massa e a massa não tem rosto e dela não se espera retribuição. Já o socorro ao individual espera-se retorno e as pessoas não querem correr o risco de não serem retribuídas? Esta é uma questão para a qual ainda não obtive uma resposta. Por que as pessoas gostam mais de socorrer o coletivo desconhecido e muitas vezes longe, do que o individual, conhecido e próximo de nós?
" Não adianta pintar a cerca do chiqueiro, os porcos continuarão porcos".
do livro "Memórias de um condomínio"
A maior arma contra o preconceito é dúvida.
A dúvida é inimiga da certeza.
A certeza é companheira daquele que tem pouco conhecimento, carregando-o dos mais diversos preconceitos.
Por sua vez o preconceito é o maior entrave na conquista de novos conhecimentos e da liberdade.
Quanto ao nosso conhecimento,
Quanto mais sabemos, mais consciência temos de que desconhecemos muito e que muito temos a aprender.
Quanto menos sabemos, mais nos achamos convencidos
de já sabemos muito e custa-nos admitir ideias alheias e
contrárias às nossas.
O sentimento derivado da grandeza de espírito é
inversamente proporcional ao derivado da pequenez
Quanto mais grandes somos, menos importantes nos
sentimos e mais humildes nos tornamos.
Quanto mais pequenos somos,
mais importantes e orgulhosos nos sentimos.
'As pessoas que mais nos prejudicam são aquelas que nos ocultam a realidade' escreveu Agatha. E entre tais pessoas estão sem dúvida os bajuladores que aproveitam de nossa vaidade e nos faz acreditar em uma realidade falsa.