Coleção pessoal de DavidFrancisco

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Gregório de Nissa (331 - 394)
Gregório de Nissa foi o primeiro sintetizador dos dogmas cristãos.
Ele diferenciava fé e conhecimento e o conhecimento tem perante a fé uma posição secundária. A fé tem por fundamento a manifestação pela qual Deus se fez conhecer e essa manifestação não precisa ter por fundamento a lógica para sua comprovação. Essa fé é o parâmetro de comparação para estabelecermos as medidas da verdade e do saber. Cabe à ciência tornar disponível para a fé o conhecimento que irá facilitar o entendimento da própria fé. Entre esses conhecimentos que a ciência deve disponibilizar está o de tornar evidente a existência de Deus.
Nos estudos teológicos o filósofo preocupou-se em assentar o fato de Deus ser único, pois nesse fato baseia-se a perfeição de Deus também enquanto trindade - Pai, Filho e Espírito Santo. Em sua explicação para a unicidade e a trindade divina Gregório diz que pelo nome falamos sim de três pessoas e falamos de três divindades, mas se o nome de Deus significar essência então existe a unicidade de Deus, porque em essência os três nomes são um só, pois tem a mesma natureza e a mesma substância.
Gregório explica que Deus, uma substância única, imaterial e permanente, criou o mundo formado por diversos elementos materiais inconstantes da mesma forma que o corpo é formado pelo resultado da soma de todas as suas partes. O corpo tem elementos como grandeza, cor, qualidade, quantidade e figura, mas esses elementos por si só não formam um corpo. Deus é o responsável por juntar todos esses elementos em uma única coisa, o corpo. Dessa forma Deus criou o mundo através de uma atitude, de uma ação de amor, pois o mundo não poderia ficar sem um propósito que lhe fosse peculiar. O mundo dessa forma participa também do bem que vem de Deus. É a imagem de Deus.
Mas o homem foi criado livre e o que lhe confere a liberdade é a razão, pois através da razão é que os seres humanos vão poder diferenciar o bem do mal e fazer as suas escolhas. Se não existisse liberdade não existiria também pecado e a virtude, pois para que ambos existam é necessário que exista a capacidade e a liberdade de fazer as escolhas certas.
Mesmo o homem sendo pecador, ele vai voltar a viver um dia no seio de Deus. Como todas as coisas vieram de Deus, um dia também elas voltarão a Deus. O homem um dia vai voltar às suas origens, ou seja, vai voltar a Deus. Mesmo os pecadores e maus, após padecerem sacrifícios para expiar seus pecados, retornarão a Deus. A essa teoria Gregório chama de apocatástase, segundo ela as purgações e sofrimentos no inferno não podem ser eternos e o objetivo é tão somente a expiação dos pecados. Quando os tempos tiverem fim Deus vai restabelecer e tirar do pecado todos os homens e esse vai ser o término da história da salvação.
Gregório acredita ainda que o homem é um microcosmo do universo, nele encontramos correspondência entre o corpo humano e o universo. Mas o homem não é a imagem do universo, mas a representação de deus e como tal está situado acima de todas as outras criaturas do mundo.
E é justamente por sermos representações à semelhança de Deus que poderemos conhecê-lo praticando a virtude. Se formos virtuosos estaremos imediatamente no céu, pois ele não é um lugar físico, mas espiritual.

Devemos viver para Deus e não para nós mesmos.

Para a criatura o melhor momento para encontrar seu criador é quando ela se torna nula.

Fílon de Alexandria (10 a.C - 50 d.C)

Fílon estava convencido de que a fé judaica e a filosofia grega coincidiam em diversos pontos, em especial na busca da verdade. Para ele existe um Deus único, incorpóreo e que não tem princípio. Deus criou o Logos, que é a atividade intelectiva de Deus, e ao Logos devemos a criação do mundo. O Logos é o que está entre Deus e os homens, é o intermediário da relação entre os dois. O Logos é o ser mais antigo, o primeiro a ser criado por Deus e é também a sua imagem.
Deus transcende a tudo o que é conhecido pelo homem, ele vai além dos limites da experiência material. O homem tem por fim voltar a se unir a Deus que é perfeito e do qual nós não temos a capacidade de compreensão. Para se unir a Deus o homem tem que se libertar da sua ligação com o corpo.
O homem é constituído por corpo, intelecto e espírito originário de Deus. A inteligência humana pode ser corrompida, e quando é corrompida ela se torna terrena, mas se ela se ligar ao espírito divino ela vai descobrir a verdadeira vida. Segundo Fílon o homem pode levar sua vida de três formas, a primeira é ligada ao corpo como extensão física, essa é a forma mais básica e inferior. A segunda é a dimensão da razão, que é a nossa alma ligada ao intelecto, o homem nessa dimensão utiliza a razão para direcionar sua vida. E a última e superior forma é a ligada ao divino, nessa dimensão a alma e o intelecto tornam-se eternos à medida que estão ligados ao espírito divino.

Para Plotino (204-270 ac), mesmo o mal tem a sua razão de ser, pois sendo ele inevitável, significa que ele é necessário. Ele atribui ao mal também uma função ética, ele vê no mal uma espécie de expiação por uma culpa original.

A natureza não tem mãos para fabricar as mãos.

Os olhos não veriam o sol se não fossem parecidos com o sol e a alma não verá a beleza se ela não for bela.

Ensinar é indicar o caminho, mas na viagem cada um vai ver o que quiser ver.

Três coisas conduzem a Deus: A música, o amor e a filosofia.

A beleza e o bem devem ser buscados no mesmo caminho.

A morte liberta nossa alma, pois o corpo é sua prisão.

Nada pode destruir a nossa inteligência se ela não quiser que assim o seja. Nenhuma força bruta pode ser dificuldade para o nosso intelecto. Somente os juízos ou ideias fundamentadas podem ser obstáculo para mudar o rumo das nossas opiniões. Falsas avaliações podem também nos levar ao erro. Mas se nossa inteligência for bem conduzida ela pode ser o nosso local de proteção e abrigo onde encontraremos a plena paz. (Da filosofia de Marco Aurélio)

Vivemos somente por um instante para depois cairmos no completo esquecimento e no vazio infinito do tempo.

Aquilo que não traz utilidade ao enxame, tampouco é útil à abelha.

O homem ambicioso tem seus fundamentos nas ações dos outros. O homem voluptuoso, nas suas sensações e o homem sensato, em sua próprias ações.

Uma liberdade garantida deve ter por fundamento coisas sobre as quais temos o domínio, coisas como desejo, opiniões e sentimentos. Devemos suportar o que não podemos modificar e tentar modificar o que precisa ser modificado das coisas que dominamos como desejos ou ideias irracionais. ( Da filosofia de Epicteto)

A virtude que alcançarmos através da razão vai nos dar liberdade, mas para isso precisamos também nos tornar independentes das coisas que estão no exterior de nós mesmos. Somente podemos confiar nas coisas que estão sob nosso poder, sobre as quais temos controle. Os bens materiais, a posição social e até mesmo nosso corpo são coisas externas, pois não podemos controlá-los. Não podemos deixar que essas coisas dominem nosso espírito porque se isso acontecer vamos também perder o controle sobre ele.
(Da filosofia de Epicteto)

Deus é sabedoria, inteligência e como tal segue a razão, a razão é um bem. Deus cuida de todas as coisas e de cada pessoa em particular. Obedecer Deus significa obedecer a sabedoria pois nela está o bem. Fazer a vontade de Deus é seguir a razão. Quando nos submetermos à vontade de Deus, ou seja, à razão, encontraremos a liberdade.
(Da filosofia de Epicteto)

Para Epicteto Deus está dentro de nós através da alma. Deus é a alma que está em nós e portanto nunca estamos sós, pois Deus está conosco. Deus é nosso pai e como tal devemos obediência a Ele. Foi Ele que nos deu a dádiva de existirmos e devemos a ele o reconhecimento dessa dádiva. Mas não precisamos para isso da religião, pois dependemos de Deus e não de outros homens. Podemos e devemos atingir a moral e a virtude através da razão em uma busca independente, pois podemos nos governar por nossas próprias leis. (Da filosofia de Epicteto)

As grandes coisas precisam de tempo para serem criadas.