Coleção pessoal de cecilialispector

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Não sabemos para que viemos, mas aqui estamos nós, e estamos vivendo. Não sabemos ao certo o nosso papel nessa história, mas estamos nos empenhando para fazermos a coisa certa. Quantas vezes já colocamos tudo a perder? Quantas vezes erramos? Quantas vezes nós nos batemos no mesmo erro até superá-lo? Quantas vezes acreditamos estar vivendo o fim? Mas que vida seria essa? Uma vida sem angústia, sem medo, sem ansiedade, sem dúvidas, sem erros, uma vida sem amores, sem desamores, uma vida sem luta, uma vida sem derrota, uma vida sem vitória? Que vida seria essa? A vida é isso, amigo, somos colecionadores de dores. Mas não se esqueça de uma coisa, valorize cada paisagem, tudo que seus olhos estão vendo agora podem estar vendo pela última vez, conte os seus passos até chegar em casa, estes podem ser os últimos. Perca o fôlego a cada gargalhada, não sabemos o dia de amanhã. Também estremeça a cada lágrima, pode ser a sua última oportunidade de senti-la. A única coisa que sei é que a vida só tem um começo e o um fim, e você precisa viver enquanto ainda tem tempo. O sol brilhará para você, e a tempestade por mais forte que seja, irá cessar. Não viva esperando pelo fim, viva para que o fim não se aproxime tão cedo.

Desculpe, mas eu não sou muito fã das pessoas. Nunca fui, na verdade. Nunca fui de esperar muito dos outros. Gosto mesmo é do silêncio, eles reorganizam meus pensamentos. Quando estou sozinha simplesmente consigo respirar melhor. É uma fobia estranha, talvez, lugares lotados de pessoas me socam o estômago. Olhares. Ah, como eu odeio quando olham para mim. Nunca sei o que estão pensando e isso é apavorante, não me iludo com sorrisos, tampouco me prendo a palavras, as pessoas sempre tem algo a esconder, simples. Por isso elas me incomodam tanto, porque elas nunca são tão verdadeiras quanto aparentam ser. Minha alma poderia ser tão cristalina quanto um lago de águas claras e rasas, mas eu posso ser tão sombria quanto um bosque escuro e silencioso, o que sou depende de onde estou, de com quem estou. Sou tão mutável quanto errante. E quando estou sozinha simplesmente estou em paz, estou tranquila, e até me arrisco a dizer que feliz. Quase ninguém se respeita, as pessoas são imunes a dor alheia. Não se comovem, não sentem por ninguém... Desculpe-me por isso, mas prefiro estar sozinha, me convenci de que é melhor assim.

Ultimamente tenho passado a maior parte do meu dia sozinha, e isso me dera bastante tempo para pensar. Tenho pensado a respeito da solidão, quantas vezes você está sozinho e sente como se não estivesse? Quantas vezes você não está sozinho, mas se sente só? O que é isso, afinal? Quando estamos realmente sozinhos? A solidão está dentro de nós. E com o tempo ela deixa de machucar e passa a fortalecer, com a solidão aprendemos a nos resgatar de nossas próprias fraquezas, é quando estamos sozinhos que desenvolvemos defesas. Nunca entregue seus jogos na mão de outro alguém, por mais que você o ame.E no final das contas você percebe que a solidão ensina mais do que machuca. Lições dolorosas são as que mais surtem efeito. Aprenda, só quando estiver sozinho você irá se reconhecer, porque é quando ninguém olha que somos livres para sermos nós mesmos. Com o tempo você vai aprender que na solidão estará sua própria liberdade, com o tempo você aprende que é cada um por si e a solidão por nós.

Porque o coração nem sempre é mocinho. Foi por isso que corri, tentei fugir, mas quando tem que ser, não adianta, será.

Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra. Nem pena do mundo eu consigo mais sentir. Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa!

E você não sabe quantos sorrisos eu já dei só de pensar em você.

Dias tristes, vontade de fazer nada, só dormir. Dormir porque o mundo dos sonhos é melhor, porque meus desejos valem de algo, dormir porque não há tormentos enquanto sonho, e eu posso tornar tudo realidade.

Mas não te procuro mais, nem corro atrás. Deixo-te livre para sentir minha falta, se é que faço falta… Tens meu número, na verdade, meu coração, então se sentir vontade de falar comigo ou me ver, me procura você.

As pessoas tem uma mania chata de acreditar que podem consertar tudo. Eu não tenho conserto. Eu não sou como uma sucata que você pode restaurar e substituir as peças velhas por novas. Eu simplesmente sou assim, rasurada e assustada, você não pode me apagar do tempo e me reconstruir. Eu não vou desaparecer, não assim. Só me aceite assim, bem assim, desse jeito que sou. Eu já tentei ir embora de mim mesma, já tentei cortar os defeitos e ampliar as qualidades, eu já tentei, quem nunca? Vivemos tentando coisas novas até obtermos algum resultado, seja ele positivo ou negativo. A vida é isso, um jogo. E como todo em jogo há regras... Essa é a minha. Não tente me mudar, eu não consigo mudar, não posso mudar. Eu sou destroçada, desengonçada, eu não sei me portar diante das situações, nem sempre as palavras me caem bem. Eu me retraio, me calo, guardo. Sou prisioneira do que sou, estou presa dentro de mim, os meus sonhos se matam, meus fantasmas se deprimem, meus demônios enfraquecem. A solidão é a única que está aqui, e ela canta para mim. Eu posso ouvi-la agora, tão suave quanto o suspirar de um anjo...

Eu sofro sendo assim, eu sofro porque, quando você acha mais da metade do mundo babaca, você passa muito tempo sozinho.

Eu não preciso de você nem para andar e nem para ser feliz, mas como seria bom andar e ser feliz ao seu lado.

De tão forte, a dor tornou-se parte de mim. Não dói tanto, não tanto quanto antes. Convivo com ela dando piruetas nos destroços de quem eu sou. Para sustentá-la ela me cedeu alguns antídotos. Enquanto durmo, ela passeia em segredo pela noite, mas pontualmente ela volta pela manhã e antes que eu possa abrir os olhos, ela já oscila na lágrima fraca que apontasingelamente em meus olhos fechados. Se eu parar por um minuto e me permitir sentir mais do que posso suportar a ouço cantarolando pelas ruínas de muros que um dia ergui e que não eram tão fáceis de derrubar. Mas agora, tudo parece mais fácil, não há pelo o que lutar, não há pelo o que viver, eu cheguei ao meu tempo final. E ela está ali, presente na rouquidão da minha voz, timidamente entrosadaem meu riso amargo, se banhano meu derramar mais silencioso de uma lágrima, se cala quando escrevo, observa enquanto leio. Ela está aqui e eu tenho uma grande certeza, além daquela que partirei para os braços da morte como uma doce menina ao encontrar com sua mãe após perde-se dela, a dor é a minha eterna companheira.

Amar dói tanto que você fica humilde e olha de verdade para o mundo, mas ao mesmo tempo fica gigante e sente a dor da humanidade inteira. Amar dói tanto que não dói mais, como toda dor que de tão insuportável produz anestesia própria.

Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como podia ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava.

Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo.

(...)
Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existe morte para o que nunca nasceu.

(...)
Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e não por minha causa. E isso era lindo. Você era lindo.

Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e não por minha causa. E isso era lindo. Você era lindo.

Simplesmente isso. Você, uma pessoa sem poesia, sem dor, sem assunto para agüentar o silêncio, sem alma para agüentar apenas a nossa presença, sem tempo para que o tempo parasse. Você, a pessoa que eu ainda vejo passando no corredor e me levando embora, responsável por todas as minhas manhãs sem esperança, noites sem aconchego, tardes sem beleza.

(...) sinto falta de quando a imensa distância ainda me deixava te ver do outro lado da rua, passando apressado com seus ombros perfeitos. Sinto falta de lembrar que você me via tanto, que preferia fazer que não via nada. Sinta falta da sua tristeza, disfarçada em arrogância, de não dar conta, de não ter nem amor, nem vida, nem saco, nem músculos, nem medo, nem alma suficientes para me reter.

Prometi não tentar entender e apenas sentir, sentir mais uma vez, sentir apenas a falta de lamber suas coxas, a pele lisa, o joelho, a nuca, o umbigo, a virilha, as sujeiras. Sinto falta do mistério que era amar a última pessoa do mundo que eu amaria.

Eu gosto das pessoas pelo prazer de gostar e não porque deu tempo de gostar delas.

Não sei qual começo dar a este texto, nada parece se encaixar, uma singela introdução poderia cair bem nestas linhas, mas me faltam as palavras certas para produzi-la. Mas, por favor, espere um minuto – ou um pouco mais –, eu preciso organizar os meus pensamentos. Tudo bem. Agora sim... Diga-me, você ainda está aí? Oh, sim. Fico feliz. Posso começar agora? Ótimo.
Quando o seu melhor está no silêncio, quando o vento fala por você, quando nenhuma palavra parece descrever, não com a intensidade precisa, aquilo que lhe passa. Quando a nevasca ocorre não lá fora, mas sim dentro de você. Quando você sente-se acolhido longe dos outros, quando se sente livre dentro do seu quarto, longe dos olhos alheios, quando as paredes são cúmplices de seus desabafos, quando só o escuro presencia a sua fraqueza... Quando anoitece, você vai dormir e só ali, no seu canto, você pode chorar. As lágrimas não caem, parecem congeladas dentro de você, você funga, de tão cansado você não consegue chorar. E então você dorme.
Quando seus amores enfraquecem, quando seus sonhos morrem, quando a chuva não cessa, quando o vento bate em sua janela na madrugada, você se refugia em seus próprios braços. Tudo parece distante, nada está ao seu alcance. Seus passos mecânicos são direcionados para frente porque você aprendeu a continuar, não importa os danos, as dores, os medos, os erros, você continua. E talvez, quem sabe, algum dia você possa sorrir outra vez. Mas sabemos nós dois que aquele sorriso jamais será o mesmo, tão tímido e acanhado, mal toma seus lábios, torto e desengonçado, escondendo histórias que jamais serão contadas, porque você é o grande mistério da vida.

Permita-me contar-lhe um segredo. Eu já tentei ser uma garota normal, e sou, dentro da minha anormalidade, eu sou normal. Mas, eu falo que já tentei ser como os outros. Sim, por conveniência eu já cedi as aparências, fingi por muito tempo ser o que não sou, emiti emoções que eu não senti, menti sobre sentimentos que não me pertenciam, hipocrisia ou não, só tentei encontrar um lugar em meio aos demais. Por que eu não posso ser como todo mundo? Por que eu sou a única que não ri da piada? Por que sou a única que não consegue se situar? Qual o meu problema, afinal? Obriguei-me a rir com eles, obriguei-me a sorrir para eles. Sim, eu seria como todo mundo. Encontraria o meu lugar entre eles, e, estranha ou não, ensaiaria o meu comportamento para parecer igual. E sim, eu fiz isso. Me saí bem, até. Pensei por um tempo, mas só pensei, ter um lugar entre eles. Mas, meu Deus, o que estou fazendo? Obrigando-me a ser igual? Convertendo-me a uma vida que não é minha apenas para ser aceita? Eu gosto do escuro da noite, do silêncio dos olhos, gosto do meu café amargo, gosto das músicas tristes. Sou nostálgica, melancólica, amarga... Sou eu, eu sou eu, eu preciso ser eu. Não há outro assim. Eu já olhei nos olhos da escuridão, e eu posso jurar, eles sorriram para mim. Mas qual louco acreditaria em mim?

E chega uma hora que você cansa, sabe... Cansa de sofrer pelas mesmas pessoas, brigar pelas mesmas coisas e isso nunca ter um fim. Cansei de ter sempre que ser aquela que pede desculpas mesmo sem ter culpa alguma, cansei de chorar pela estupidez dos outros mesmo quando você se esforça ao máximo para ajudar. Chega um momento que você cansa de deixar sua vida de lado para estar sempre ali, para aquela pessoa e ela simplesmente lhe tratar com estupidez e grosserias. E quer saber! Eu acho que cansei.

Palavras de um Suicida

Transtorno!!!
Agonia!!!
Quem é você?
Necessidade...
Caridade...
Humanidade...
Amor?
Porque estou sem dor?
Dói tudo, mas não sinto nada.

Oh!!! Obsessão, ilusão, compulsão.
Louco, eu? Não.
Apenas nesse momento.
Aflição, relação, paixão, desilusão.

Quem sou eu?
Zeus? Deus? Ou apenas mais um EU?
Tristeza, moleza, fraqueza.
Vem me amar...
Mar, bar, jantar, amar.
O que será de mim?
Fim, afim, Nada pra mim?

Fecho os olhos não sinto nada.

Será que isto é,
Sorte ou Morte?

Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. O trator da felicidade. Atropelei o mundo e eu mesma. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e… quer saber? Nem eu. Chega. Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care.