Coleção pessoal de camilacustodio

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Aprisionei em minhas mãos uma pequena porção. Levei comigo por onde andei, e a cada abrir e fechar das pálpebras, meus sonhos inundavam-se.

Guardar momentos na palma da mão, sacar ao bel prazer com o único intento de aprisionar o tempo que escorre tão rápido e pra sempre.

Nas voltas que o mundo dá, a luz do esclarecimento vem nos brindar com cintilantes verdades, que sanam incompreensões de outrora. Basta aguardar a sábia ação do tempo.

Com os dedos gastos de cavucar a terra à procurar raízes, simplesmente calo e contemplo o amanhecer do instante. O amanhã a gente reiventa.

Agora que achei um atalho, sinto muito, mas não vou olhar para trás.
Carrego comigo apenas aqueles retalhos de algodão, que enxugaram o suor póstumo e as lágrimas que nunca derramei.

E se eu puder te colher maduro do pé, os meus dias terão gosto do teu querer, me perderei nas estrelas cintilantes do azul do céu...

Vou colher esperanças perfumadas de dias inesquecíveis, colher beijos, suor de trabalho, sorrisos, melodias e claro, o meu sossego.

Haverá algo para se orgulhar? Haverá algo a se lembrar? Haverá ecos do além?
O que passou, está imóvel em algum lugar do tempo, suspenso...

Eu plantei palavras, as sementes de minha alma, em cada terreno fértil que encontrei...
O que colherei?

Sobreponho-me à realidade que se impõe, caçoo dela, rechaço suas falhas, mas entrego-me.
Afinal, ela é soberana e majestosa, não me imagino noutra.

Para apagar marcas, é preciso desapegar-se.
E para cultivar o desapego é preciso o primeiro passo, a primeira reza e o último beijo...
É preciso fechar os olhos e parar de sentir com o coração.

Sob o mesmo céu, em um espaço suspenso pelo tempo, verdades em comum se acariciaram.
Do beijo, nasceu enorme desejo de beber até a última gota.

Não quero matar saudades. Quero alimentá-las.
Se crescerem e criarem raízes em mim saberei da substância do sentimento, garantirei minha subsistência, sentirei sustância, estarei mais perto do amor...

Se me despe a fantasia, se me arranca a poesia, desnudada permaneço, encruada. Preciso de fogo, nem que seja o de banho-maria.

Pálida imagem sombreada de luzes...
Assim são minhas emoções e lembranças, que tingem minha mente oscilando entre tantas cores que vivi.

Camisa do avesso: há dias que ela me abraça e abriga; dias que me rasga e sangra a ferida.
Tão simples a vida deveria ser vestida!

Para maior discernimento, uma pitada de distância e despreendimento.
A verdade é um quebra cabeça com mil bocas e sons. Um tempero de tempo e sentidos sempre atentos.

Só há um sentido em comum entre todos os homens deste mundo: amar e ser amado.
O amor é essencialmente vital, assim como o ar.

Só queria poder soltar meus cabelos ao vento.
Mas ele pode soltar os fios que guardam momentos sutis, silenciosos e cheio de segredos.
Amarro então.

Não serei refém dos espaços.
Alio-me, sempre que necessário, ao abraço.
Nem que seja o meu próprio.