Coleção pessoal de borboleta74

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(...) tenho sempre a sensação de que meu coração sairá pela boca – e tenho urgências imensas. Sobretudo, tenho urgência em ser feliz! E não gosto de esperar que as coisas se resolvam por si só; quero tocá-las com tudo aquilo que há em mim e fazer acontecer o agora. Mas a vida na sua estranheza toda nos convida, algumas vezes, a compactuar com o tempo.

Nas palavras encontro o meu eixo e na reflexão abrigo a minha alma. Nunca pensei que essa paixão sufocada durante anos pudesse, hoje, trazer o conforto e a felicidade que busquei durante toda a minha existência. Agora percebo que existo como ser no mundo porque penso, ajo e transformo a minha natureza inquieta em versos, prosas e crônicas. Pelo meu pensamento, expresso em palavras, descrevo a realidade como a percebo e vejo a minha alma transitar pelos caminhos conforme a sua vontade. Livre, como deve ser o passeio de um pássaro que vai para onde quer, quando quer, sem se preocupar com o tempo…

eu que sou frágil ao extremo – embora tenha força suficiente para permanecer -, quando sou vazio desértico, me desfaço em mil pedaços que são levados pelo vento… Mas o tempo reconstrói; o tempo modifica; o tempo recolhe os nossos vazios; o tempo reúne os nossos pedaços e recompõe a nossa essência. Esse tempo que reconhece o nosso imenso valor diante da vida. Esse tempo é amor que ilumina desertos!

De vez em quando a voz dos sentimentos cala; fica muda… De vez em quando, a visão desfocada dos acontecimentos embaça o nosso próprio conceito de entendimento. E a gente se desentende… Desentender-se da vida toda que existe em nós, faz com que, de tempos em tempos, a gente se transforme, sem querer, em um enorme deserto inabitável para os sentimentos. Lugar vazio, árido… Lugar onde o tudo para e o nada acontece.

Ali, entre um intervalo e outro, na pausa dos sentimentos, na divisão dos momentos, conseguia identificar fragmentos de amor verdadeiro. Àquele que é a essência íntima de todas as coisas; que resiste a imensidão do tempo; que espanta o medo das incertezas; que nos convoca à generosidade da entrega e faz a vida valer a pena. Esse amor realmente existia!

Durante algum tempo acreditei que contabilizando afetos alcançaria a plena felicidade. Que declarando que amava, alcançaria a plenitude do amor verdadeiro. Que aquilo que sentia valia mais que os outros sentimentos. Equívocos de alma pequena! Às vezes, os ecos de enganos gritam dentro da gente, mas não estamos aptos a ouvi-los; porque o som da nossa própria voz dizendo, em sintonia errada, dificulta o entendimento e traz ruído aos sentimentos. Hoje não ouço nada, apenas confio! Confio naquilo que chamamos de instinto. Confio e escrevo! E escrevo, simplesmente, porque não conheço outra maneira de dizer, senão através das palavras…

(...) nos momentos de fraqueza, o melhor a fazer é calar a voz dos sentimentos para deixar falar a voz da razão… E às vezes a razão diz – daquele seu jeito determinado – que o silêncio é a melhor resposta quando a incerteza resolve demorar um pouco mais dentro do coração.

(...)o que temos de mais essencial é aquilo que guardamos no fundo da nossa alma e atende pelo nome de generosidade. Um desejo íntimo do sentimento pelo sentimento, capaz de frear a intolerância, minimizar as diferenças e romper os muros construídos pelo ressentimento. Essa sublime generosidade distribui sentimentos de ternura, multiplica os afetos e dá vida a nossa inesgotável capacidade de amar…

Mas perdoar, ou melhor, deixar para lá, às vezes, vale a pena. Vale a pena, também, se desfazer de algumas coisas antigas, cuja única finalidade é ocupar espaço; obstruir a passagem; impedir o fluxo dos sentimentos. De vez em quando fazer uma faxina por dentro é realmente necessário! É bom deixar o lado de dentro livre para ser preenchido com o que há de melhor em termos de sentimentos. E se tiver amor verdadeiro, então… Aí sim vale todo o esforço!

Enquanto há vida, há esperança! Mas a esperança só existe para aquele que não se acovarda diante da complexidade da vida. Ela se acovardou… Eu não! Eu não preciso da verdade para ser feliz. Não preciso porque a verdadeira felicidade está em mim… E quando não a percebo por algum motivo, respiro fundo e aguardo. Aguardo com a certeza de que ela não se perdeu. É que na verdade tudo precisa do seu contrário para existir plenamente.

Quanto às relações que estabeleço, entrego-me sem a menor cerimônia… Entrego-me a instantes inteiros com a certeza de ter feito a coisa certa. Mas, às vezes, me engano! Me engano pelo simples fato de acreditar… É que acredito em tudo aquilo que passa por mim. E parte do que passa, algumas vezes, fica. Mas não quero viver da memória. Quero viver daquilo que existe; daquilo que sai, toca e cria vida;

Por sorte, depois de muito circular entre um vazio e outro, aprendi que reciclar decepções e transformar os sentimentos é bom; que tocar a vida para sentir a sua textura produz em minha alma um encantamento sutil diante das verdadeiras possibilidades; um encantamento que confere a minha existência efêmera um pouco mais de sabedoria. Sabedoria para não ser mais surpreendida, quando algo é oferecido como um estranho ato de generosidade.

Não sei fazer poesia, porque sou verso torto. Sou do tipo que verseja madrugada adentro e vai dedilhando as palavras até encontrar melodia. Mas, às vezes, não ouço! Não ouço o som sutil dos seus acordes. Não ouço porque tenho um coração no meio, que pulsa intenso, inteiro; e bate descompassado quando encontra palavra bonita. Aquela palavra imensa, que traduz sentimento verdadeiro, seja ele bom ou ruim.

Com frequência alimento o meu espírito com um desejo vasto – quase incontrolável – daquilo que denomino amor. Suponho que existir plenamente sem a presença dele seja uma tarefa quase impossível. Mas há quem consiga existir apenas. Eu só existo por amor! E dele faço os meus instantes inteiros…

a vida ensina o valor de cada coisa, e com o tempo a gente aprende… Aprende a sentir com suavidade e delicadeza o seu encanto; aprende a não desperdiçar nenhum instante de ternura e abraçar com coragem, tudo aquilo que ela derrama sobre a nossa existência, como um ato de amor e generosidade.

depois de tanto insistir, tento não me guiar pelas águas turvas do medo, porque faço da vida morada dos meus sonhos e transformo os meus desejos mais íntimos em possibilidades infinitas. Entrego-me a fluidez dos instantes e deixo o tempo transcorrer a seu critério, mesmo desejando, algumas vezes, que ele passe bem depressa e satisfaça a minha ansiedade de descobrir antes dele as respostas para as minhas tantas perguntas.

(…) viver na luz é realmente uma escolha, mas nem todos têm o mesmo privilégio, porque se sentindo pequenos demais, não conseguem enxergá-la. Esquecem-se, porém, que a magia da vida está na forma como a percebemos. E que a vida que reside em nós é pura luz, mas só notamos quando a tocamos com os nossos melhores sentimentos. O que nada tem a ver com subjugar ou oprimir os sentimentos alheios, para fazer prevalecer os nossos. É muito mais do que isso; é algo que transcende a simples realidade objetiva. É tocar e sentir; é viver e vivenciar; é doar e entregar com alma, com verdade.

Quanto à preferência, prefiro flores em dias comuns, beijos a qualquer hora, bilhetes escritos em guardanapos de papel, após longas conversas, entre um gole e outro, um belisco e outro, numa mesa de bar. Prefiro os abraços apertados durante a caminhada, aqueles que ainda nos surpreendem, e jamais perdem o seu valor, mesmo depois de muito tempo. Prefiro dias sem planos, conversas sem contexto, finais de semana sem data e hora. Prefiro a simplicidade das coisas, diante da complexidade da vida.

Tudo é vida desde a sua origem e esta vida está do lado de dentro, embora não consigamos avistar o óbvio. Quase sempre aquilo que buscamos está ao alcance dos nossos olhos, entretanto, a vontade de alcançar aquilo que está longe é tão grande que impossibilita essa visão. Vemos sempre um único caminho, que é aquele que queremos seguir para se alcançar o objetivo e esquecemos que existem muitos caminhos que levam a um mesmo lugar. E o amor é a única coisa que vale a pena e, por ele, vale correr riscos, trilhar caminhos distintos e inversos, tropeçar, cair e levantar… Tudo começa e termina nele. O amor é a chave do universo, da boa comunicação, da comunhão entre os seres.

O maior valor do homem está em reconhecer nos seus semelhantes as diferenças e respeitá-las como diferenças. E não se comparar com o outro, mas com si mesmo e com o melhor que pode ser. Não há ninguém melhor e nem pior, mais ou menos interessante; mais ou menos inteligente; há diferenças, só isso. Cada indivíduo carrega dentro de si um universo particular, formado pelos valores herdados, pelas crenças, pelo conhecimento adquirido e pelas experiências vividas.