Coleção pessoal de albertobezerra

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Meus Sentidos Intensos

Alberto Duarte Bezerra


Se sentir voltar no tempo,
Feliz como uma criança,
Cheia de graças amenas,
Em folguedos simples que sejam,
Dar risadas, soltas, alegres,
No brincar a dois com ela.

E buscando desta forma,
Uma razão pros meus sentidos,
Que permeiam o meu querer,
E plenos em meu corpo,
Buscando respostas a esta ventura,
Com o que deles fazer.

Assim não teria valia, a música,
A poesia que encanta,
As palavras belas,
Não fossem os ares,
Não fossem os ventos,
A propaga-las,
A leva-las num murmúrio,
E as deixando aos ouvidos dela.

Não fossem os lábios, os olhos,
O rosto em aquarela,
Brincando com os tons, da forma mais bela,
Que magia teriam as cores,
Não estivessem no rosto dela.

E esta profusão de gostos,
Que minha gula reclama,
Não teriam tantos sabores,
Não estivessem nos lábios doces,
Nos salgados carnais,
Que quero mais,
Do corpo dela.

E esses aromas inebriantes,
De feromônios vibrantes,
Que aceleram o meu pulsar,
Que não canso do cheirar,
No corpo dela.

E não seriam tão provocantes,
Não fossem dela,
Estes toques, estas carícias excitantes,
Que convidam a um desfrutar,
E incontidas se acumulam,
Extravasando de repente,
Num apelo de gritar,
Com ela.

Sinônimo de Mulher

Alberto Duarte Bezerra

As flores,
Todas elas,
Desde ainda pequenas,
Nos fazem acreditar.
Que adiante,
Por sua vida,
Todas!
Cada uma delas.
De um modo particular,
Terão seus perfumes,
Suas belezas,
Uma forma de sorrir,
Um belo modo de ser.
De enfeitar nossa vida,
De tornar mais fácil o viver.
Seja por encantar nossa visão,
Ou alegrar os nossos dias.
Por despertar uma paixão,
Ou proporcionar a calma.
A nos por no colo,
A dar repouso a nossa alma.
A cuidar dos nossos dias,
A impedir o descuido,
Fazer imperar a alegria.
A nos arrancar das mesmices,
Das formas vazias,
Das nostalgias.
A despertar vontades,
De lutas travar,
De conquistas ter.
Para juntos então,
Poder brindar a vida,
E com alegria,
Viver!

Meu desenho

Alberto Duarte Bezerra

Ai se eu pudesse!
Teu rosto no sol, desenharia,
Também na lua,
Para não ter-te somente ao dia,
E lá pela noite,
Ainda a ela iria pedir,
Que nunca minguasse,
E que só cheia seria,
Assim poderia ver teu rosto,
Por todas às noites,
E em todos os dias.
E se porventura,
Nuvens viessem ofuscar,
Tapar a visão,
Do teu rosto lá desenhado,
Soprarei com todas as forças
Pra com o vento, afastar,
Estes limbos inoportunos,
Que pretendem atrapalhar,
A visão tão bela,
Do teu rosto, poder olhar.

Auroras

Alberto Duarte Bezerra

Ainda que assim, pareça,
Num acertar de contas apressado,
Sob um olhar incompleto, fugaz,
Numa visão de soslaio,
No que o tempo deixou pra traz,
No que restou do passado.
Ao olhar de momentos,
Em horas de desconsolo,
De incompleta leitura,
Num julgamento severo,
Numa sentença mais dura,
Das passagens já idas,
Andadas, vividas.
Não, não foram tempos vazios,
Épocas perdidas.
Não foram eles em vão,
Tampouco assim, sem razão.
Por certo te deixaram marcas,
Ainda que não queridas,
Mas passaram, foram embora,
E te trouxeram até aqui, pro agora,
Guardam tesouros teus.
Carregas ora, legados,
Que te ensinam o próximo andar,
A esculpir o teu ser,
A te conduzir no caminhar,
Moldaram o que és hoje,
E te levam no viver,
Aumentando o teu somar.
E quanto a uma falsa quietude,
Que desconfia tua alma habitar,
Numa tentativa de te abater,
Do teu ânimo se apossar.
Não ficas aí, a sentar em seu colo,
Sentindo o congelar do vento,
E deixando de ver a Aurora.
Saias daí, andas!
Vais embora!
Não ficas aí num lamento,
A fazeres acertos agora,
Pois ainda não é tempo,
Não é chegada ainda a hora.
Andas!
Vais ver o vaguear dos rios,
Andar por belos vales, talvez,
E se preciso for,
Escalar outras montanhas,
E não te cansas, outra vez!
Vais!
Segues em frente, vais embora,
Vais buscar outras paisagens,
Não deixas o inverno te acamar,
Vais ao encontro da primavera,
Vais procurar os campos de flores,
Sentir os seus cheiros, apreciar suas cores.
E não te esqueças, levas contigo a alegria,
E deixas pra traz as dores.
Vais!
Não ficas a sentar no tormento,
Não insistas em calcular,
Não é tempo de desalento,
Tampouco ainda de balanços,
Não é hora de parar.

Sopros

Alberto Duarte Bezerra

Palavras,
Ah, palavras!
Que brotam da minh'alma,
Em frases que parecem já feitas,
Encomendadas, não sei,
Chegam-me ao ouvido, enviadas,
Desbravando seu caminho,
Vindas lá de dentro,
Num turbilhão, sem parar.
E sem escolher dia ou hora,
De vir, se abeirar,
Se avizinham a mim,
Reivindicando o meu soprar.
E a inquietação me aborda,
Sem ao menos licença pedir,
Tomam conta dos meus pensamentos,
Me invadem, sem cessar.
Vão chegando sem disfarces,
Irrompendo meu silêncio,
Já anunciando um chegar.
E de uma forma desmedida,
Numa ânsia de falar,
Abro pois, caminho a elas,
Pra dar o recado encomendado,
Dizer, o que vieram contar.
E eu contente as obedeço,
Assistindo o seu desfilar,
Que vai fazendo de mim um personagem,
Obediente, sem disfarces,
Controverso e destemido,
Que não teme interpretar.
E desse jeito sinto, de forma plena,
Como se fossem minhas,
As dores que não quero sentir,
Alegrias que quisera viver,
Saudades de tempos alheios,
As quimeras, as fantasias,
Também as angustias,
Que não gostaria de ter.
Sinto as paixões dos amantes,
A solidão dos apartados,
A sabedoria dos prudentes,
A ingenuidade de uma criança,
Os encargos e prêmios do viver.
Lembranças de momentos idos,
Desalento por amores perdidos,
As belezas do viver,
As inquietações do ser.
E desta forma, vivo estes momentos,
E os divido, com palavras minhas,
Contando pra vocês,
Da forma, como mandado,
Estes sentimentos tão humanos,
Dormentes, escondidos,
Às vezes, aprisionados.
Da forma que consigo traduzir.
Como os sinto.
Como consigo dizer.

Não chores ainda

Alberto Duarte Bezerra

Não,
Não chores ainda,
Esperas mais um pouco,
Que já estou a ir,
E não gostaria de ter que partir,
Vendo desalento em teu rosto,
Estas lágrimas, este desgosto,
Esta tristeza sem fim.
E se queres fazer meu gosto,
Sorrias para mim.
E deixa que eu possa levar comigo,
Um último sorriso teu,
Um último momento de alegria,
Neste, já tão breve adeus.
Poupa-me de ter a agonia,
De saber que parto para sempre.
E ver que te deixo triste,
Tão sem chão, descontente.
Deixa-me a divagar, um pouquinho,
De que ainda que eu vá embora,
Encontraras outras formas,
De buscar outros caminhos,
Outras maneiras, enfim,
De encontrar afagos da vida,
Mesmo que longe de mim.
Deixa-me relembrar nesta hora,
Das coisas que são e foram belas,
Que por aqui construí,
Que aqui pude viver,
E sempre soube, não me seriam eternas.
E se me dessem a escolher,
Por certo, jamais iria,
Por cá, ainda ficaria,
A usufruir desta vida,
Prolongando este permanecer.
Mas saiba você,
Que aceito esta sina certa,
E já que tem que ser assim,
Vou-me embora, sem contrafeito,
Com o que aqui vivi,
Com o que aqui pôde ser feito.
E vou-me, resignado,
Agradecido, quase satisfeito.
E nessa despedida,
Deixa-me que possa ter a graça,
De um breve momento terno,
E crer que este sono que farei eterno,
Seja uma forma de um longo sonhar,
Já prestes a começar.
E que eu possa levar para este sonho,
As boas lembranças que vivi,
Que juntos compartilhamos,
Nas estradas do nosso andar.
Fica aqui, junto a mim,
Me dá a sua mão,
E deixa-me ainda poder olhar para ti,
Sentir o calor que do teu corpo emana,
Sentir o carinho teu,
Que minha carência, reclama.
E nesta lucidez que ainda me resta,
Neste momento único e final,
Quero ter a fantasia,
De deixar esta poesia,
A despedir-me donde me vou,
Como um último cantar,
Com brio, e sem sofrimento,
E fazer deste momento,
Uma forma de..........
.................................

Dúvidas

Alberto Duarte Bezerra

Dúvidas,
Não fossem elas!
Estaria eu farto,
Abundante de credos.
A sentar no trono da empáfia,
Deixando de ver com clareza,
A metamorfose do tudo,
O verso mutante do mundo,
Que lá está,
Sustentando a face visível,
Do anverso que ora se impõe,
Mas sem o asserto, calado,
Escondido, abnegado,
Decai,
Envergonhado!
Dúvidas,
Benditas sejam!
Impedi-me o encerrar das contas,
As certezas definitivas,
As descrições convictas,
Que não convém, arvorar-me ter.
De achar que o meu entender,
Está acima de tudo,
A dizer com bravata, do mundo,
De dentro duma penumbra,
Onde posso estar, sem ver.
Dúvidas,
Não fosses tu!
Apoucaria o meu saber,
Me condenaria, a deixar de ter,
Vontade de protestar,
Das incertezas do meu olhar,
Sob sombras, que ora parecem claras,
Sem ao menos, me perguntar.
Dúvidas,
És companheiras do saber!
Murmuras lá dentro em mim,
Num protesto silencioso,
Esperas, não vás assim!
E com voz mansa, mas com firmeza,
Freia o precipitar da soberba,
E assim me concedes,
O direito de crescer,
Crescer sem fim.
Dúvidas,
Falas para mim!
Vai, meu filho.
Vai enfim!

Drummond diria

Alberto Duarte Bezerra

Já em férias,
Deste tempo por aí,
Após longa jornada,
E de tantas poesias,
Que falaram da vida,
De reflexões e dos dias.
Quem diria!
Que mesmo depois de ido,
Restou-me uma maneira de viver,
Aferra-me ainda uma alegria.
De me prestar ao amparo,
De dar ainda agasalho,
A almas,
Em tristeza ou agonia.
Por isto, acho eu,
Que de todo não parti,
Pois ficou meu recado,
Ficou um pouco de mim.
Um jeito de servir.
Oferecer um ombro amigo,
A quem espera um socorro,
Ou a um espírito em desconsolo.
Estou aqui!
Pode vir!
Ampara-te em meu colo,
E tua cabeça na minha!
Consolar-te-ei.
E só de estar envolto,
Nesta áurea de humanidade,
Onde quer que eu esteja,
Estarei feliz.
Em extasia!

Imortais

Alberto Duarte Bezerra

A morte não tem pena!
Acha que nos bastou,
E leva para eternidade,
Alguém que nos emprestou,
Por um pedaço do nosso andar,
E com sua arte ou saber,
A nossa vida enfeitar.

E reclamando sua volta,
Chega e sem hesitar,
Nos arranca, leva embora,
Pra noutro lugar morar,
Aquele que aqui passou,
Com sua música, arte ou poesia,
Com trejeitos do amar.

Enfeitaram a nossa vida,
De cores, sons e paixão,
E com sabedoria,
fizeram sorrir o coração.
Foram,
Deixando em nossas lembranças,
O legado das suas andanças.

Ficam seus nomes,
Suas obras,
Gravadas, escritas em rocha,
O tempo não vai apagar,
A permear os nossos dias,
Tornando mais fácil o caminhar.
O que nos resta?
Lembrar, lembrar, lembrar,
E nunca esquecer!

Para Martinha

Alberto Duarte Bezerra

De que valeria a vida,
Sem a tua doce companhia.
De que valeria a beleza,
Se meus olhos não pudessem a ver,
E em seu lindo rosto enxergar.
E a beleza deste luar,
Que Deus nos presenteou,
Neste dia de alegria,
Em que estamos a comemorar,
Trinta e um anos de certezas,
E o significado do amar.
E lá vem ela, a lua,
A nos fazer companhia,
E conosco festejar,
Cheia, que hoje escolheu,
O dia do seu chegar.
E iluminando majestosa,
A trilha da nossa jornada,
Deste lindo caminhar.
De que valeria uma poesia,
Se não tivesses a tu para dedicar,
E poder agradecer a vida,
A felicidade de te encontrar.
Não sou eu nem você,
Que estamos comemorando este dia.
Somos nós dois, num só viver,
Em uma só alma que escolhemos estar,
Compartilhar,
Viver a vida,
E ser.

Cecília Meireles

Alberto Duarte Bezerra

Ah, Cecilia!
Como não me encantar,
Pelos versos que escreveste...
E que nos leva a sonhar.
Falas do amor forte que abrasa,
Do braço que forte, se levanta,
Da alma que alegre, canta.
Das lutas boas a fazer,
Da conquista do que se quer ter,
Não displicente, por merecer.
Da certeza de não aceitar,
Ver o amor escapar,
Por entre os dedos da mão,
Por caprichos, descaso,
Egoísmo ou ocasião.
Falas da alma que se acalma,
E mesmo ferida, espera,
Por outros momentos que virão.
Falastes da construção dos dias,
Dos tempos que se vão,
Do que foi deixado pra traz,
Dos resgates, da oração.
Se vivestes ainda,
Minha mulher, não sei não...!
Iria morrer de ciúmes,
Não iria gostar disto não!
Mas falo brincando, sabe você,
É ela quem me faz crer,
Num grande amor,
Num viver!

Maria de João

Alberto Duarte Bezerra

Acorda, vamos Maria,
Você tem que levantar,
São quatro horas, é quase dia,
E você tem que trabalhar.

Acende e bota água no fogo,
E faz o litro de café,
Não esquece de acordar o João,
Que é pra ele ir trabalhar.

Chama também os meninos,
E manda pra escola estudar,
Depois prepara o de comer,
Pra todo mundo almoçar.

Desmancha aquele teu vestido velho,
E faz uma roupa pro Edgar,
Não esquece de amamentar o Tonho,
Que é pra ele não chorar.

Vai lavar roupa e buscar água no rio,
Leva também os meninos pra se banhar,
Quando voltar dá um jeito na casa,
Pra quando o João chegar.

Agora já é noite, deita Maria,
Deita pro João te amar.
Já é tarde, dorme Maria,
Dorme pra acordar.

Voam

Alberto Duarte Bezerra

Voa a ave tranquila,
sobre os ares que descansam sobre o mar
e rompendo seu caminho ao acaso,
não vê ondas, não vê peixes nem o mar.

Águas verdes, azuis passam,
mas nas águas não cogitas mergulhar,
apenas voa, voa e vai em frente,
sem saber o porquê deste voar.

Passam terras,
E maravilhas florescem sobre o mar,
Animais, plantas, peixes e flores,
Mas não olha, não vê formas nem cores,
Apenas voa, voa, sem parar,

A mãe pássaro que partiu ainda há pouco,
mas com algo entre os bicos irá voltar.
As árvores que com seus galhos sempre fazem,
uma sombra pro seus frutos repousar.

E você que já passou e já foi pra tão longe,
que não notou, que não sentiu e nada viu,
a esta hora deve estar a sucumbir,
a esperar outra jornada pra parar.

Agora

Alberto Duarte Bezerra

Eu e você,
Simplesmente.
A essência,
Que me sacia,
E faz da minha utopia,
Ser agora,
E ser tudo,
O tempo e o mundo,
Envolto por nós,
Dentro do agora ,
Sem vazios,
Nem fantasias .

Eu e você,
Simplesmente.
Só nos dois,
Pura harmonia,
Letra e música,
De uma só melodia,
Que sublima,
E que sacia.

Como a rosa,
Que amanhã,
Depois de amanhã,
Para o mês quem sabe,
Ou talvez o ano que vem,
Poderás estar murcha,
Ou talvez nem mais existas,
Mas o que importa tudo isso,
Se hoje tu me enche de esplendor.

Vicissitudes

Alberto Duarte Bezerra

A alegria é infinda,
Se conduzida pela mão,
E levada pela vida,
Com a devida atenção.

A tomando por pequena,
Por cobiça ou ambição,
Ela nos escapa,
É fugaz, de ocasião.

Com o sofrer, é querer.
Se a gente quer, fica com a gente,
Ou o deixa passar de mansinho,
Se do âmago renascer.

E qual seria a dimensão,
Da emoção que a gente sente?
Será que a gente que escolhe,
O essência do sentimento?

Nosso ânimo se vicia,
Nas escolhas que a gente faz,
E vai sentir falta do sentir,
Do que a alma satisfaz.

Flores

Alberto Duarte Bezerra

Dizem que aos homens,
Não se mandam flores,
Mas não sigo o que dizem,
Sigo meus gostos,
Minhas vontades e meus valores.

Não sei porque tanta ardileza,
Por um conceito tão pouco,
Pois tudo que é bom tem valor,
Quando feito por garbo,
Por fineza ou louvor.

Por isto meu amigo,
Aí vão elas, as flores!
Pra lhe dar um pouco de alegria,
Pra deleitar sua visão,
E espantar as dores.

Fazer Poesia

Alberto Duarte Bezerra

Vou dizer como se faz
Uma poesia com emoção
Pegue lápis e papel
E abra o seu coração

Vá pensando em coisas belas
Mas também serve o sofrer
Escreva tudo que sente
Pra depois não esquecer

E assim, vá adiante
Lembrando do seu viver
Vá ordenando as ideias
Escrevendo o que quer dizer

Não tenha medo, o que importa
É o que sentiu no caminhar
Se a estrada foi reta ou torta
É você quem vai contar

Sei que você já viveu
Muita alegria, muito sentimento
Agora enfeite com belas palavras
O que sentiu em cada momento

Fale das belezas da vida
Ou o que viveu no padecer
E que mesmo nas horas disformes
Ainda podemos aprender

Viu como é fácil
Escrever uma poesia
Vamos, comece agora
Divida sua fantasia

O Pintor

Alberto Duarte Bezerra

Perguntaram ao pintor,
O que ele queria dizer,
Com seu quadro mostrado,
Pra todo mundo ver.

Ele disse que faltava,
Palavras pra explicar,
E como falar não era seu forte,
Dizia com o pintar.

Palavras as vezes são doces,
E tocam o coração,
Mas pintar também tem seu jeito,
De provocar emoção.

Encontre sua própria leitura,
Sem preconceito no olhar,
Se liberte das amarras,
Deixe a mente voar.

Maravilhe-se, não se reprima,
Se disponha a contemplar,
Se nada disso der certo,
Contente-se com o apreciar.

O pintor é um poeta,
E também um escritor,
Só que em vez de versos e letras,
Ele usa traços, formas e cor.

Vida e Morte

Alberto Duarte Bezerra

Não pense que a vida é só isso,
Porque ela não é não,
Ela tem muitos mistérios,
Mais valia e emoção.

Espero que um dia,
Possas me dar razão,
E assim tirar as amarras,
Que calam a boca e turvam a visão.

Ela não começa,
Com o choro do nascer,
Ela começa sim,
Quando a aprendemos a ver.

Ver o que tem valor,
O que não é fugaz,
Apesar dele também,
Fazer parte do que a gente traz.

Traz e leva pra frente,
Como uma bagagem de mão,
E onde quer que a gente esteja ou faça,
Pauta o nosso coração.

Coração que se alegra,
Ou padece de aflição,
Depende das estradas,
Ou se andamos com atenção.

O certo é que um dia,
Chega a morte pra nos chamar,
Mas se viveu como uma poesia,
Faça dela o último verso,
E não temas em andar.

O Poeta

Alberto Duarte Bezerra

É o melhor dos atores
Que recôndito em sua alma
Revela suas dores
Tendo-as vivido ou não
As carregam nas cores

Quando sobre amores
Aí então, nem se fala
É de uma paixão fulminante
De belezas, de saudades
Ou dissabores

Para falar de alegrias
E espantar o sofrer
Fala de amar, de sorrir, de viver
E com alegorias
Encantam o nosso ser

Para falar de prazer
Do deleite, da sabedoria
Canta a graça do mar
O frescor da brisa
Falam das flores em poesia

Mas não importa
O que ele sente
Se é verdadeiro ou não
Importa se o que ele escreve
Toca o seu coração

Sendo assim
É um presente
O que ele põe no papel
Ele escreveu pra te dar um pouco
Do que ele tem como céu