Coleção pessoal de albertobezerra

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Alma de Palhaço

Alberto Duarte Bezerra

Gentileza,
Quem és tu?
És semente dos mais puros sorrisos,
De momentos tão doces,
De espíritos mansos,
Calmante de almas.

E a beleza?
Onde quer que exista,
Que meus olhos possam ver,
Que minha alma a possa sentir,
Que eu a possa viver.

Seja concreta ou travestida,
Ou mesmo dissimulada,
Onde quer que esteja,
Vou buscar,
Procurar,
Ou fazer.

E a alegria?
Que eu a possa criar.
Que eu a possa escolher.
E ela me faça sorrir,
Compartilhar,
E a saiba viver.

E se não for alegria?
Que eu saiba chorar,
Que eu saiba sentir,
Que eu possa aprender.

E o que é a beleza?
E o que é a alegria?
Que eu possa saber.

Saudades

Alberto Duarte Bezerra

Meu Deus!
Como é bom chorar de saudades,
De quem se tem saudades!
Como é bom chorar pelos bons momentos,
Quando tivemos oportunidade de vive-los!
Como é bom sentir o coração explodir de amor,
Quando este sentimento fez,
E faz parte de nossa vida!
Como é bom lembrar,
Das mãos que nos afagaram,
Dos abraços que diziam tudo,
Dos beijos dados e recebidos,
Do exemplo de trabalho,
Das determinações,
Das renuncias feitas,
Para facilitar a jornada dos amados.
Dos colos,
Dos sorrisos, das brincadeiras,
Dos conselhos sábios e carinhosos,
Do amor.
Como é bom sentir o rolar das lágrimas pelo rosto,
O seu gosto meio que salgado,
Quando elas são fruto,
De bons sentimentos e lembranças,
Que temperaram com alegrias a nossa vida.
Como é bom poder agradecer a Deus,
Ter a sensibilidade de perceber desta forma,
O desenrolar da vida.
Aceitar os seus caminhos,
E seguir em frente com saudades.
Vai mãe!

Lágrimas

Alberto Duarte Bezerra

A lágrima traz um recado...
Do que se está a sentir,
Quando palavras somente,
São incapazes de explicar,
Aclarar, transmitir.

São fragmentos de emoções,
Que antes contidas na alma,
Irrigando nossas sensações,
E transbordando, as lavam.
Nos consola, acalma

Vem também com a alegria,
Das emoções que se sente,
Da quimera ou nostalgia,
Nos faz sentir,
Mais vivo, mais gente.

Chore pois!
Que as lágrimas serão bem vindas.
Seja pelo coração partido,
Pela felicidade ou louvor,
Pela saudade ou dor.
Chore!
Elas nos colocam mais perto de Deus,
Mais perto do amor.

Dominguinhos

Tu era da roça,
Nem sei se estudou,
Mas pro povo vivente,
Como cantou!

Teu sorrir espantava,
O desalento, a amargura,
E tua música alegre,
Fazia a vida mais pura.

Se havia tristeza,
Ou falta de saber,
Com a tua sanfona,
Ensinava até a ler.

Ler a alma da gente,
As belezas da vida,
De um modo tão simples,
Ver mais fácil a lida.

Gigante na força,
Dizendo do seu mundo,
Do povo que padece,
Mas a Deus,
Sempre agradece.

Obrigado, Dominguinhos,
Vai com Deus.

Espantos

Alberto Duarte Bezerra

O que quer esta gente?
Que me chama, insistente,
E tenta me arrastar,
Não, onde quero ir,
Mas tão longe e divergente,
Do que tento caminhar.

O que faz esta gente?
Neste mundo, descontente,
Que se vive a macular,
A tudo desarruma,
E só bebe displicente,
Bebe tudo, sem saciar.

O que olha esta gente?
Vendo o agora, lá a frente,
Que é severo no seguir,
Que abnega o festejar,
E se para de repente,
Não sabe recomeçar.

O que acha esta gente?
Acha que a vida é tão somente,
Uma forma de ganhar,
Não abdica, não se basta,
Vive a olhar adiante,
E não aprecia o passar.
O que será desta gente?

Chico

Alberto Duarte Bezerra

Chico (Buarque)
Onde está você
Sai debaixo da pedra
Não brinca de esconder
Vem olhar a lua
Que já vai nascer
Ajuda apagar a chama
Que está a arder
Vem ver o rebuliço
Acontecer
Sai daí
Vem merecer
Vem honrar o passado
Não deixa seu fogo apagado
Esmorecer
Amola tua faca
Afina teu grito
Toma teu porre
E fica acordado
Só não fica calado
Senão, você vai perder

Pra entender Caetano

Alberto Duarte Bezerra

Como ativista político! Não vá por ai!
O problema é que para entender Caetano é complicado!
Caetano pensa que é!
Mas na realidade ele é alguma coisa assim como...
Abstrato ou algo, mais ou menos assim!
Tem uma opinião convicta, mais ou menos formada, mas para entende-lo, é necessário entrar no contexto das suas elucubrações que estão nos recônditos cerebrais, nem sempre assimiladas, se pensarmos de forma superficial ou mesmo profunda.
Por isto mesmo, não podemos problematizar os conceitos aparentemente emitidos, entendidos e sedimentados em suas divagações ou discursos.
Ele contextualiza a suas posições de forma profunda e inseridas em conceitos sólidos mas que em certas circunstâncias não podem ser levadas a crédito de formas sectárias pois o pensamento e as convicções podem de certa forma serem flutuantes se levarmos em conta o atemporalismo das afirmações que merecem vez por outra serem fragmentadas ou inseridas em um ensaio global.
Para chegar a uma conclusão, ele reflete profundamente de uma forma etérea, em pensamentos respaldados, porém propositadamente inconclusivos, sempre disposto a um revisionismo momentâneo, com cautela, mas sem abrir mão do encargo ao apreço à lógica cartesiana ou talvez quem sabe, ao mutacionismo.
As vezes uma coisa parece que é, mas na realidade não é bem assim!
Ela pode estar inserida em um contexto que as vezes não percebemos mas que faz parte do global que não enxergamos nas entrelinhas ou quem sabe, nem se faz necessária sua explicitação. Será?
De certa forma é assim.
Mas também pode não ser. Temos que refletir nos inserindo ou mesmo nos distanciado de toda a problemática a ser discutida para chegarmos a um posicionamento que nem sei se vale a pena, que reivindiquemos esta postura e certezas de nós mesmos.
E lá vai o "velho baiano"!
Se você não entendeu nada, não se preocupe!
Eu escrevi e também não!
Caetano é assim!
Continue a compor e a cantar Caetano.
Aí, você é excelente!