Alberto Duarte Bezerra

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Pra entender Caetano

Alberto Duarte Bezerra

Como ativista político! Não vá por ai!
O problema é que para entender Caetano é complicado!
Caetano pensa que é!
Mas na realidade ele é alguma coisa assim como...
Abstrato ou algo, mais ou menos assim!
Tem uma opinião convicta, mais ou menos formada, mas para entende-lo, é necessário entrar no contexto das suas elucubrações que estão nos recônditos cerebrais, nem sempre assimiladas, se pensarmos de forma superficial ou mesmo profunda.
Por isto mesmo, não podemos problematizar os conceitos aparentemente emitidos, entendidos e sedimentados em suas divagações ou discursos.
Ele contextualiza a suas posições de forma profunda e inseridas em conceitos sólidos mas que em certas circunstâncias não podem ser levadas a crédito de formas sectárias pois o pensamento e as convicções podem de certa forma serem flutuantes se levarmos em conta o atemporalismo das afirmações que merecem vez por outra serem fragmentadas ou inseridas em um ensaio global.
Para chegar a uma conclusão, ele reflete profundamente de uma forma etérea, em pensamentos respaldados, porém propositadamente inconclusivos, sempre disposto a um revisionismo momentâneo, com cautela, mas sem abrir mão do encargo ao apreço à lógica cartesiana ou talvez quem sabe, ao mutacionismo.
As vezes uma coisa parece que é, mas na realidade não é bem assim!
Ela pode estar inserida em um contexto que as vezes não percebemos mas que faz parte do global que não enxergamos nas entrelinhas ou quem sabe, nem se faz necessária sua explicitação. Será?
De certa forma é assim.
Mas também pode não ser. Temos que refletir nos inserindo ou mesmo nos distanciado de toda a problemática a ser discutida para chegarmos a um posicionamento que nem sei se vale a pena, que reivindiquemos esta postura e certezas de nós mesmos.
E lá vai o "velho baiano"!
Se você não entendeu nada, não se preocupe!
Eu escrevi e também não!
Caetano é assim!
Continue a compor e a cantar Caetano.
Aí, você é excelente!

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Chico

Alberto Duarte Bezerra

Chico (Buarque)
Onde está você
Sai debaixo da pedra
Não brinca de esconder
Vem olhar a lua
Que já vai nascer
Ajuda apagar a chama
Que está a arder
Vem ver o rebuliço
Acontecer
Sai daí
Vem merecer
Vem honrar o passado
Não deixa seu fogo apagado
Esmorecer
Amola tua faca
Afina teu grito
Toma teu porre
E fica acordado
Só não fica calado
Senão, você vai perder

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Espantos

Alberto Duarte Bezerra

O que quer esta gente?
Que me chama, insistente,
E tenta me arrastar,
Não, onde quero ir,
Mas tão longe e divergente,
Do que tento caminhar.

O que faz esta gente?
Neste mundo, descontente,
Que se vive a macular,
A tudo desarruma,
E só bebe displicente,
Bebe tudo, sem saciar.

O que olha esta gente?
Vendo o agora, lá a frente,
Que é severo no seguir,
Que abnega o festejar,
E se para de repente,
Não sabe recomeçar.

O que acha esta gente?
Acha que a vida é tão somente,
Uma forma de ganhar,
Não abdica, não se basta,
Vive a olhar adiante,
E não aprecia o passar.
O que será desta gente?

Inserida por albertobezerra

Dominguinhos

Tu era da roça,
Nem sei se estudou,
Mas pro povo vivente,
Como cantou!

Teu sorrir espantava,
O desalento, a amargura,
E tua música alegre,
Fazia a vida mais pura.

Se havia tristeza,
Ou falta de saber,
Com a tua sanfona,
Ensinava até a ler.

Ler a alma da gente,
As belezas da vida,
De um modo tão simples,
Ver mais fácil a lida.

Gigante na força,
Dizendo do seu mundo,
Do povo que padece,
Mas a Deus,
Sempre agradece.

Obrigado, Dominguinhos,
Vai com Deus.

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Lágrimas

Alberto Duarte Bezerra

A lágrima traz um recado...
Do que se está a sentir,
Quando palavras somente,
São incapazes de explicar,
Aclarar, transmitir.

São fragmentos de emoções,
Que antes contidas na alma,
Irrigando nossas sensações,
E transbordando, as lavam.
Nos consola, acalma

Vem também com a alegria,
Das emoções que se sente,
Da quimera ou nostalgia,
Nos faz sentir,
Mais vivo, mais gente.

Chore pois!
Que as lágrimas serão bem vindas.
Seja pelo coração partido,
Pela felicidade ou louvor,
Pela saudade ou dor.
Chore!
Elas nos colocam mais perto de Deus,
Mais perto do amor.

Inserida por albertobezerra

Saudades

Alberto Duarte Bezerra

Meu Deus!
Como é bom chorar de saudades,
De quem se tem saudades!
Como é bom chorar pelos bons momentos,
Quando tivemos oportunidade de vive-los!
Como é bom sentir o coração explodir de amor,
Quando este sentimento fez,
E faz parte de nossa vida!
Como é bom lembrar,
Das mãos que nos afagaram,
Dos abraços que diziam tudo,
Dos beijos dados e recebidos,
Do exemplo de trabalho,
Das determinações,
Das renuncias feitas,
Para facilitar a jornada dos amados.
Dos colos,
Dos sorrisos, das brincadeiras,
Dos conselhos sábios e carinhosos,
Do amor.
Como é bom sentir o rolar das lágrimas pelo rosto,
O seu gosto meio que salgado,
Quando elas são fruto,
De bons sentimentos e lembranças,
Que temperaram com alegrias a nossa vida.
Como é bom poder agradecer a Deus,
Ter a sensibilidade de perceber desta forma,
O desenrolar da vida.
Aceitar os seus caminhos,
E seguir em frente com saudades.
Vai mãe!

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Alma de Palhaço

Alberto Duarte Bezerra

Gentileza,
Quem és tu?
És semente dos mais puros sorrisos,
De momentos tão doces,
De espíritos mansos,
Calmante de almas.

E a beleza?
Onde quer que exista,
Que meus olhos possam ver,
Que minha alma a possa sentir,
Que eu a possa viver.

Seja concreta ou travestida,
Ou mesmo dissimulada,
Onde quer que esteja,
Vou buscar,
Procurar,
Ou fazer.

E a alegria?
Que eu a possa criar.
Que eu a possa escolher.
E ela me faça sorrir,
Compartilhar,
E a saiba viver.

E se não for alegria?
Que eu saiba chorar,
Que eu saiba sentir,
Que eu possa aprender.

E o que é a beleza?
E o que é a alegria?
Que eu possa saber.

Inserida por albertobezerra

O Poeta

Alberto Duarte Bezerra

É o melhor dos atores
Que recôndito em sua alma
Revela suas dores
Tendo-as vivido ou não
As carregam nas cores

Quando sobre amores
Aí então, nem se fala
É de uma paixão fulminante
De belezas, de saudades
Ou dissabores

Para falar de alegrias
E espantar o sofrer
Fala de amar, de sorrir, de viver
E com alegorias
Encantam o nosso ser

Para falar de prazer
Do deleite, da sabedoria
Canta a graça do mar
O frescor da brisa
Falam das flores em poesia

Mas não importa
O que ele sente
Se é verdadeiro ou não
Importa se o que ele escreve
Toca o seu coração

Sendo assim
É um presente
O que ele põe no papel
Ele escreveu pra te dar um pouco
Do que ele tem como céu

Inserida por albertobezerra

Vida e Morte

Alberto Duarte Bezerra

Não pense que a vida é só isso,
Porque ela não é não,
Ela tem muitos mistérios,
Mais valia e emoção.

Espero que um dia,
Possas me dar razão,
E assim tirar as amarras,
Que calam a boca e turvam a visão.

Ela não começa,
Com o choro do nascer,
Ela começa sim,
Quando a aprendemos a ver.

Ver o que tem valor,
O que não é fugaz,
Apesar dele também,
Fazer parte do que a gente traz.

Traz e leva pra frente,
Como uma bagagem de mão,
E onde quer que a gente esteja ou faça,
Pauta o nosso coração.

Coração que se alegra,
Ou padece de aflição,
Depende das estradas,
Ou se andamos com atenção.

O certo é que um dia,
Chega a morte pra nos chamar,
Mas se viveu como uma poesia,
Faça dela o último verso,
E não temas em andar.

Inserida por albertobezerra

O Pintor

Alberto Duarte Bezerra

Perguntaram ao pintor,
O que ele queria dizer,
Com seu quadro mostrado,
Pra todo mundo ver.

Ele disse que faltava,
Palavras pra explicar,
E como falar não era seu forte,
Dizia com o pintar.

Palavras as vezes são doces,
E tocam o coração,
Mas pintar também tem seu jeito,
De provocar emoção.

Encontre sua própria leitura,
Sem preconceito no olhar,
Se liberte das amarras,
Deixe a mente voar.

Maravilhe-se, não se reprima,
Se disponha a contemplar,
Se nada disso der certo,
Contente-se com o apreciar.

O pintor é um poeta,
E também um escritor,
Só que em vez de versos e letras,
Ele usa traços, formas e cor.

Inserida por albertobezerra

Fazer Poesia

Alberto Duarte Bezerra

Vou dizer como se faz
Uma poesia com emoção
Pegue lápis e papel
E abra o seu coração

Vá pensando em coisas belas
Mas também serve o sofrer
Escreva tudo que sente
Pra depois não esquecer

E assim, vá adiante
Lembrando do seu viver
Vá ordenando as ideias
Escrevendo o que quer dizer

Não tenha medo, o que importa
É o que sentiu no caminhar
Se a estrada foi reta ou torta
É você quem vai contar

Sei que você já viveu
Muita alegria, muito sentimento
Agora enfeite com belas palavras
O que sentiu em cada momento

Fale das belezas da vida
Ou o que viveu no padecer
E que mesmo nas horas disformes
Ainda podemos aprender

Viu como é fácil
Escrever uma poesia
Vamos, comece agora
Divida sua fantasia

Inserida por albertobezerra

Flores

Alberto Duarte Bezerra

Dizem que aos homens,
Não se mandam flores,
Mas não sigo o que dizem,
Sigo meus gostos,
Minhas vontades e meus valores.

Não sei porque tanta ardileza,
Por um conceito tão pouco,
Pois tudo que é bom tem valor,
Quando feito por garbo,
Por fineza ou louvor.

Por isto meu amigo,
Aí vão elas, as flores!
Pra lhe dar um pouco de alegria,
Pra deleitar sua visão,
E espantar as dores.

Inserida por albertobezerra

Vicissitudes

Alberto Duarte Bezerra

A alegria é infinda,
Se conduzida pela mão,
E levada pela vida,
Com a devida atenção.

A tomando por pequena,
Por cobiça ou ambição,
Ela nos escapa,
É fugaz, de ocasião.

Com o sofrer, é querer.
Se a gente quer, fica com a gente,
Ou o deixa passar de mansinho,
Se do âmago renascer.

E qual seria a dimensão,
Da emoção que a gente sente?
Será que a gente que escolhe,
O essência do sentimento?

Nosso ânimo se vicia,
Nas escolhas que a gente faz,
E vai sentir falta do sentir,
Do que a alma satisfaz.

Inserida por albertobezerra

Agora

Alberto Duarte Bezerra

Eu e você,
Simplesmente.
A essência,
Que me sacia,
E faz da minha utopia,
Ser agora,
E ser tudo,
O tempo e o mundo,
Envolto por nós,
Dentro do agora ,
Sem vazios,
Nem fantasias .

Eu e você,
Simplesmente.
Só nos dois,
Pura harmonia,
Letra e música,
De uma só melodia,
Que sublima,
E que sacia.

Como a rosa,
Que amanhã,
Depois de amanhã,
Para o mês quem sabe,
Ou talvez o ano que vem,
Poderás estar murcha,
Ou talvez nem mais existas,
Mas o que importa tudo isso,
Se hoje tu me enche de esplendor.

Inserida por albertobezerra

Voam

Alberto Duarte Bezerra

Voa a ave tranquila,
sobre os ares que descansam sobre o mar
e rompendo seu caminho ao acaso,
não vê ondas, não vê peixes nem o mar.

Águas verdes, azuis passam,
mas nas águas não cogitas mergulhar,
apenas voa, voa e vai em frente,
sem saber o porquê deste voar.

Passam terras,
E maravilhas florescem sobre o mar,
Animais, plantas, peixes e flores,
Mas não olha, não vê formas nem cores,
Apenas voa, voa, sem parar,

A mãe pássaro que partiu ainda há pouco,
mas com algo entre os bicos irá voltar.
As árvores que com seus galhos sempre fazem,
uma sombra pro seus frutos repousar.

E você que já passou e já foi pra tão longe,
que não notou, que não sentiu e nada viu,
a esta hora deve estar a sucumbir,
a esperar outra jornada pra parar.

Inserida por albertobezerra

Maria de João

Alberto Duarte Bezerra

Acorda, vamos Maria,
Você tem que levantar,
São quatro horas, é quase dia,
E você tem que trabalhar.

Acende e bota água no fogo,
E faz o litro de café,
Não esquece de acordar o João,
Que é pra ele ir trabalhar.

Chama também os meninos,
E manda pra escola estudar,
Depois prepara o de comer,
Pra todo mundo almoçar.

Desmancha aquele teu vestido velho,
E faz uma roupa pro Edgar,
Não esquece de amamentar o Tonho,
Que é pra ele não chorar.

Vai lavar roupa e buscar água no rio,
Leva também os meninos pra se banhar,
Quando voltar dá um jeito na casa,
Pra quando o João chegar.

Agora já é noite, deita Maria,
Deita pro João te amar.
Já é tarde, dorme Maria,
Dorme pra acordar.

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Cecília Meireles

Alberto Duarte Bezerra

Ah, Cecilia!
Como não me encantar,
Pelos versos que escreveste...
E que nos leva a sonhar.
Falas do amor forte que abrasa,
Do braço que forte, se levanta,
Da alma que alegre, canta.
Das lutas boas a fazer,
Da conquista do que se quer ter,
Não displicente, por merecer.
Da certeza de não aceitar,
Ver o amor escapar,
Por entre os dedos da mão,
Por caprichos, descaso,
Egoísmo ou ocasião.
Falas da alma que se acalma,
E mesmo ferida, espera,
Por outros momentos que virão.
Falastes da construção dos dias,
Dos tempos que se vão,
Do que foi deixado pra traz,
Dos resgates, da oração.
Se vivestes ainda,
Minha mulher, não sei não...!
Iria morrer de ciúmes,
Não iria gostar disto não!
Mas falo brincando, sabe você,
É ela quem me faz crer,
Num grande amor,
Num viver!

Inserida por albertobezerra

Para Martinha

Alberto Duarte Bezerra

De que valeria a vida,
Sem a tua doce companhia.
De que valeria a beleza,
Se meus olhos não pudessem a ver,
E em seu lindo rosto enxergar.
E a beleza deste luar,
Que Deus nos presenteou,
Neste dia de alegria,
Em que estamos a comemorar,
Trinta e um anos de certezas,
E o significado do amar.
E lá vem ela, a lua,
A nos fazer companhia,
E conosco festejar,
Cheia, que hoje escolheu,
O dia do seu chegar.
E iluminando majestosa,
A trilha da nossa jornada,
Deste lindo caminhar.
De que valeria uma poesia,
Se não tivesses a tu para dedicar,
E poder agradecer a vida,
A felicidade de te encontrar.
Não sou eu nem você,
Que estamos comemorando este dia.
Somos nós dois, num só viver,
Em uma só alma que escolhemos estar,
Compartilhar,
Viver a vida,
E ser.

Inserida por albertobezerra

Imortais

Alberto Duarte Bezerra

A morte não tem pena!
Acha que nos bastou,
E leva para eternidade,
Alguém que nos emprestou,
Por um pedaço do nosso andar,
E com sua arte ou saber,
A nossa vida enfeitar.

E reclamando sua volta,
Chega e sem hesitar,
Nos arranca, leva embora,
Pra noutro lugar morar,
Aquele que aqui passou,
Com sua música, arte ou poesia,
Com trejeitos do amar.

Enfeitaram a nossa vida,
De cores, sons e paixão,
E com sabedoria,
fizeram sorrir o coração.
Foram,
Deixando em nossas lembranças,
O legado das suas andanças.

Ficam seus nomes,
Suas obras,
Gravadas, escritas em rocha,
O tempo não vai apagar,
A permear os nossos dias,
Tornando mais fácil o caminhar.
O que nos resta?
Lembrar, lembrar, lembrar,
E nunca esquecer!

Inserida por albertobezerra

Drummond diria

Alberto Duarte Bezerra

Já em férias,
Deste tempo por aí,
Após longa jornada,
E de tantas poesias,
Que falaram da vida,
De reflexões e dos dias.
Quem diria!
Que mesmo depois de ido,
Restou-me uma maneira de viver,
Aferra-me ainda uma alegria.
De me prestar ao amparo,
De dar ainda agasalho,
A almas,
Em tristeza ou agonia.
Por isto, acho eu,
Que de todo não parti,
Pois ficou meu recado,
Ficou um pouco de mim.
Um jeito de servir.
Oferecer um ombro amigo,
A quem espera um socorro,
Ou a um espírito em desconsolo.
Estou aqui!
Pode vir!
Ampara-te em meu colo,
E tua cabeça na minha!
Consolar-te-ei.
E só de estar envolto,
Nesta áurea de humanidade,
Onde quer que eu esteja,
Estarei feliz.
Em extasia!

Inserida por albertobezerra

Dúvidas

Alberto Duarte Bezerra

Dúvidas,
Não fossem elas!
Estaria eu farto,
Abundante de credos.
A sentar no trono da empáfia,
Deixando de ver com clareza,
A metamorfose do tudo,
O verso mutante do mundo,
Que lá está,
Sustentando a face visível,
Do anverso que ora se impõe,
Mas sem o asserto, calado,
Escondido, abnegado,
Decai,
Envergonhado!
Dúvidas,
Benditas sejam!
Impedi-me o encerrar das contas,
As certezas definitivas,
As descrições convictas,
Que não convém, arvorar-me ter.
De achar que o meu entender,
Está acima de tudo,
A dizer com bravata, do mundo,
De dentro duma penumbra,
Onde posso estar, sem ver.
Dúvidas,
Não fosses tu!
Apoucaria o meu saber,
Me condenaria, a deixar de ter,
Vontade de protestar,
Das incertezas do meu olhar,
Sob sombras, que ora parecem claras,
Sem ao menos, me perguntar.
Dúvidas,
És companheiras do saber!
Murmuras lá dentro em mim,
Num protesto silencioso,
Esperas, não vás assim!
E com voz mansa, mas com firmeza,
Freia o precipitar da soberba,
E assim me concedes,
O direito de crescer,
Crescer sem fim.
Dúvidas,
Falas para mim!
Vai, meu filho.
Vai enfim!

Inserida por albertobezerra

Não chores ainda

Alberto Duarte Bezerra

Não,
Não chores ainda,
Esperas mais um pouco,
Que já estou a ir,
E não gostaria de ter que partir,
Vendo desalento em teu rosto,
Estas lágrimas, este desgosto,
Esta tristeza sem fim.
E se queres fazer meu gosto,
Sorrias para mim.
E deixa que eu possa levar comigo,
Um último sorriso teu,
Um último momento de alegria,
Neste, já tão breve adeus.
Poupa-me de ter a agonia,
De saber que parto para sempre.
E ver que te deixo triste,
Tão sem chão, descontente.
Deixa-me a divagar, um pouquinho,
De que ainda que eu vá embora,
Encontraras outras formas,
De buscar outros caminhos,
Outras maneiras, enfim,
De encontrar afagos da vida,
Mesmo que longe de mim.
Deixa-me relembrar nesta hora,
Das coisas que são e foram belas,
Que por aqui construí,
Que aqui pude viver,
E sempre soube, não me seriam eternas.
E se me dessem a escolher,
Por certo, jamais iria,
Por cá, ainda ficaria,
A usufruir desta vida,
Prolongando este permanecer.
Mas saiba você,
Que aceito esta sina certa,
E já que tem que ser assim,
Vou-me embora, sem contrafeito,
Com o que aqui vivi,
Com o que aqui pôde ser feito.
E vou-me, resignado,
Agradecido, quase satisfeito.
E nessa despedida,
Deixa-me que possa ter a graça,
De um breve momento terno,
E crer que este sono que farei eterno,
Seja uma forma de um longo sonhar,
Já prestes a começar.
E que eu possa levar para este sonho,
As boas lembranças que vivi,
Que juntos compartilhamos,
Nas estradas do nosso andar.
Fica aqui, junto a mim,
Me dá a sua mão,
E deixa-me ainda poder olhar para ti,
Sentir o calor que do teu corpo emana,
Sentir o carinho teu,
Que minha carência, reclama.
E nesta lucidez que ainda me resta,
Neste momento único e final,
Quero ter a fantasia,
De deixar esta poesia,
A despedir-me donde me vou,
Como um último cantar,
Com brio, e sem sofrimento,
E fazer deste momento,
Uma forma de..........
.................................

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Sopros

Alberto Duarte Bezerra

Palavras,
Ah, palavras!
Que brotam da minh'alma,
Em frases que parecem já feitas,
Encomendadas, não sei,
Chegam-me ao ouvido, enviadas,
Desbravando seu caminho,
Vindas lá de dentro,
Num turbilhão, sem parar.
E sem escolher dia ou hora,
De vir, se abeirar,
Se avizinham a mim,
Reivindicando o meu soprar.
E a inquietação me aborda,
Sem ao menos licença pedir,
Tomam conta dos meus pensamentos,
Me invadem, sem cessar.
Vão chegando sem disfarces,
Irrompendo meu silêncio,
Já anunciando um chegar.
E de uma forma desmedida,
Numa ânsia de falar,
Abro pois, caminho a elas,
Pra dar o recado encomendado,
Dizer, o que vieram contar.
E eu contente as obedeço,
Assistindo o seu desfilar,
Que vai fazendo de mim um personagem,
Obediente, sem disfarces,
Controverso e destemido,
Que não teme interpretar.
E desse jeito sinto, de forma plena,
Como se fossem minhas,
As dores que não quero sentir,
Alegrias que quisera viver,
Saudades de tempos alheios,
As quimeras, as fantasias,
Também as angustias,
Que não gostaria de ter.
Sinto as paixões dos amantes,
A solidão dos apartados,
A sabedoria dos prudentes,
A ingenuidade de uma criança,
Os encargos e prêmios do viver.
Lembranças de momentos idos,
Desalento por amores perdidos,
As belezas do viver,
As inquietações do ser.
E desta forma, vivo estes momentos,
E os divido, com palavras minhas,
Contando pra vocês,
Da forma, como mandado,
Estes sentimentos tão humanos,
Dormentes, escondidos,
Às vezes, aprisionados.
Da forma que consigo traduzir.
Como os sinto.
Como consigo dizer.

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Auroras

Alberto Duarte Bezerra

Ainda que assim, pareça,
Num acertar de contas apressado,
Sob um olhar incompleto, fugaz,
Numa visão de soslaio,
No que o tempo deixou pra traz,
No que restou do passado.
Ao olhar de momentos,
Em horas de desconsolo,
De incompleta leitura,
Num julgamento severo,
Numa sentença mais dura,
Das passagens já idas,
Andadas, vividas.
Não, não foram tempos vazios,
Épocas perdidas.
Não foram eles em vão,
Tampouco assim, sem razão.
Por certo te deixaram marcas,
Ainda que não queridas,
Mas passaram, foram embora,
E te trouxeram até aqui, pro agora,
Guardam tesouros teus.
Carregas ora, legados,
Que te ensinam o próximo andar,
A esculpir o teu ser,
A te conduzir no caminhar,
Moldaram o que és hoje,
E te levam no viver,
Aumentando o teu somar.
E quanto a uma falsa quietude,
Que desconfia tua alma habitar,
Numa tentativa de te abater,
Do teu ânimo se apossar.
Não ficas aí, a sentar em seu colo,
Sentindo o congelar do vento,
E deixando de ver a Aurora.
Saias daí, andas!
Vais embora!
Não ficas aí num lamento,
A fazeres acertos agora,
Pois ainda não é tempo,
Não é chegada ainda a hora.
Andas!
Vais ver o vaguear dos rios,
Andar por belos vales, talvez,
E se preciso for,
Escalar outras montanhas,
E não te cansas, outra vez!
Vais!
Segues em frente, vais embora,
Vais buscar outras paisagens,
Não deixas o inverno te acamar,
Vais ao encontro da primavera,
Vais procurar os campos de flores,
Sentir os seus cheiros, apreciar suas cores.
E não te esqueças, levas contigo a alegria,
E deixas pra traz as dores.
Vais!
Não ficas a sentar no tormento,
Não insistas em calcular,
Não é tempo de desalento,
Tampouco ainda de balanços,
Não é hora de parar.

Inserida por albertobezerra

Meu desenho

Alberto Duarte Bezerra

Ai se eu pudesse!
Teu rosto no sol, desenharia,
Também na lua,
Para não ter-te somente ao dia,
E lá pela noite,
Ainda a ela iria pedir,
Que nunca minguasse,
E que só cheia seria,
Assim poderia ver teu rosto,
Por todas às noites,
E em todos os dias.
E se porventura,
Nuvens viessem ofuscar,
Tapar a visão,
Do teu rosto lá desenhado,
Soprarei com todas as forças
Pra com o vento, afastar,
Estes limbos inoportunos,
Que pretendem atrapalhar,
A visão tão bela,
Do teu rosto, poder olhar.

Inserida por albertobezerra