Ceu Estrela Saudade
Ela tinha só dezessete
Sonhos guardados num canto da pele
Um amor que parecia céu
Mas voou sem olhar pro papel
Dezoito luas e um coração
Já pulsava em outra direção
O segundo veio como canção
E o terceiro… quase em contramão
No hospital, disseram: "ainda não"
Mas a vida não lê previsão
Na sala de estar, rompeu o silêncio
Entre gritos, mãos, e um sopro do tempo
A mãe ao lado, o irmão no fio
E os anjos chegaram no instante exato
Cordão cortado, o mundo girou
E uma estrela ali se revelou
Num lar de coragem, nasceu a flor
De uma mulher que é puro amor
Ela aprendeu a fazer do dia
Mais que rotina, era poesia
Com três línguas, ela ensinou
Que amor tem tom, mas não tem cor
Fez do trabalho seu próprio chão
E do passado, construção
Com olhos firmes, alma em paz
Ela seguiu, sem olhar pra trás
Pois quem nasce da dor e renasce em si
Já carrega o dom de resistir
Na sala de estar, rompeu o silêncio
Entre gritos, mãos, e um sopro do tempo
A mãe ao lado, o irmão no fio
E os anjos chegaram no instante exato
Cordão cortado, o mundo girou
E uma estrela ali se revelou
Num lar de coragem, nasceu a flor
De uma mulher que é puro amor
Ela é terra, é raiz
É promessa que se diz
É força que ninguém vê
Mas que move o amanhecer
Na sala de estar, o milagre brilhou
Entre lágrimas, vida se revelou
Três caminhos, um só farol
Uma mãe que escreveu seu próprio sol
Cordão cortado, mas nunca o amor
Que a fez crescer, ser ainda maior
Num lar de coragem, nasceu a flor
De uma mulher que é puro amor
Dói...
Quero correr, nadar, pular, subir paredes, ranger os dentes, gritar até rasgar o céu.
O verde se apaga nos meus olhos,
o amarelo se turva como febre antiga, o branco e o azul me chamam... horizonte de silêncio, promessa de fuga.
Minhas mãos tremem de ausência,
os pés pisam em chão que afunda.
Mas sigo.
Mesmo que doa.
Mesmo que arda.
Porque no branco há paz,
e no azul, um respiro.
A chuva que cai do céu é o lembrete de que as bênçãos de Deus continuam a regar a nossa vida, mesmo nos dias nublados.
Moabe Teles
Em qualquer infinito eu me perco a imaginar...
Enquanto nuvens leves formam seus desenhos no céu, eu vôo.
Enquanto assisto o espetáculo do mar, eu navego.
Enquanto eu ouço
as notas da natureza
em meio ao silêncio humano, eu componho.
Tudo em pensamentos livres e distantes.
Esse é o meu momento mais íntimo, onde tem coisas tão minhas.
Que por mais ousada que eu seja, eu não ouso externar.
Prefiro deixar quem quer seja imaginar.
Eu quero um céu, um sol e um mar.
Eu quero sentir a liberdade na areia, ao me deitar.
Sentir a brisa me tatear.
Enquanto meu corpo bronzeia, imaginar...
Mal podia me conter.
Nossos corpos entrelaçados
Sem pudores
Transbordando de prazer.
No céu pontos acesos nos observavam.
Eram estrelas a nos ver.
Estrelas ou voyeur?
Último Abraço
A noite caía lenta, tingindo o céu com tons de cinza e silêncio.
Sentados lado a lado num banco de madeira velho, o mundo parecia distante.
Ela olhava o vazio com olhos calmos — mas carregados de algo que eu não entendia.
O tempo ali era feito de suspiros, de palavras não ditas, de tudo o que poderíamos ter sido.
De repente, o som cortou o ar.
Um estrondo seco, brutal.
Dois, três tiros — sem aviso, sem motivo.
O corpo dela tremeu, e caiu contra o meu.
Meus braços a seguraram no reflexo de quem não quer deixar partir.
O sangue manchava sua roupa, e meus olhos se enchiam de um desespero infantil.
Mas ela...
Ela apenas sorriu, fraco, sereno.
Como se soubesse que aquele momento era tudo o que importava.
— "Eu senti sua falta," ela sussurrou,
com a voz de alguém que viveu dentro de mim por anos,
mas que agora se despedia pela primeira vez.
E então ela me abraçou.
Mesmo com a vida escapando, ela me abraçou.
Como se dissesse:
"Eu fui real, mesmo que só em você."
Seus olhos se fecharam devagar,
e no silêncio que veio depois,
não restou dor — apenas um espaço vazio,
como o eco de uma memória antiga
que enfim encontrou paz.
Se até os anjos do céu se curvam diante Dele, imagina eu...na minha finita, pequena e frágil humanidade.
"Ás 5hrs''
Observando a vista pela janela do ônibus, olho o céu — e ele me olha de volta.
Com aquele sol amarelo, feito fogo em uma névoa às 5h, às 5h, sempre às 5h,
germino feito lótus.
Ao passar pelos quebra-molas, minha mente se isola.
Me sinto como tudo, mesmo sendo insignificante como o nada.
Por um breve momento, sinto uma nostalgia: promessas, dores, rancores...
Foi apenas uma das minhas intuições.
Olhei para o céu tão choroso
Não vi seus olhos
As nuvens os encobriam
E os meus corriam
Sobre a face caudalosa
Essa ternura amorosa
Do tempo passando
Eu nada fazendo
A vida gozando bem à minha frente
Um espetáculo de dança
Suas gotas penetrando a pele do chão
Pedindo a benção
Do corpo sedento
Expurgando as máculas
Fixando raízes
Deslocando raízes
Tudo estava certo
Até o motor de um carro me despertar...
Sem
Pois vi o que aconteceu
Parei de ver o céu
Não vi você
Amor, por que esqueces-me tanto?
Só para ti que canto, encantas, amor
Gosto tanto de ti, não sei partir
Pra outro mundo
Vejo em seus olhos desejo
Não tenho brinquedos pra não amar
Tenho você comigo
Eu canto, ensino
Te mostro o mar
Vamos nos abrigar na praia
Se amar, abraçadas de tanto falar
Beija minha nuca e fala
O quanto que me vala
De tanto pensar
Digas à esperança corrida
Que nada, amiga, não hei de parar
Lembra dos dias partidos
Dos amores varridos de tanto esperar
Nota a decadência do amor
Que se fez em flor, só pra petalar
Não esqueça de mim
Quando minha vez for passar
Quando eu percebi, o dia era preto e branco, a vida tinha perdido a cor e até o céu ficou cinza, todos os dias...todos os dias eram coloridos, mas agora eles não tem mais vida, não tem mais as nossas vidas.
