Cerrado

Cerca de 4503 frases e pensamentos: Cerrado

velhice

a hora que o tempo tem
com tanta pressa se vai
disparou, e nela contém
um suspiro que desvai
o prazo que ainda resta
nada sei, e pouco abstrai
então, nesta tal aresta
não adianta ser samurai
antes que finde a festa
uai! E vire o que seria
orquestre a tua seresta
e viva cada verso da poesia
antes que se torne indigesta
pois não terás está cortesia...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
30 de setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

sagitariano

novembro, ah essa gente
fogo que chamusca o olhar
engole a alma vorazmente
ah! tão difícil faz-se escapar

este polvo que nos contorna
nos tantos braços, abarca
e numa franqueza nos enforna
cálidos, que no corpo marca

(gente com tal certo amor diário
um ameno amorável... de Sagitário!)

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

INANIA VERBA

Ah! Quem há de querer, meus versos vazios
O que a emoção não diz, e a mão não poeta?
Cânticos numa só tormenta, em uma só reta
Que lamenta, sangra, porém, se tornam frios...

A quimera agita, regurgita, e na alma espeta
A rima espessa e torta, sem simétricos feitios
Abafam a ideia leve, sem os olhares gentios
Que, calam o espírito, num augúrio profeta

Quem o molde o terá pra encaixar no fado?
Ai! quem há de expor as frustrações malditas
Do sonho? que anina e não mais se levanta...

E a inania verba muda, e o amor ali calado
E as confissões que talvez não sejam ditas
No silêncio, emudecem, atadas na garganta.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, início de outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

bafios

eu era simplista
bastava a valeria
na agonia fui artista
poetando com maestria
na busca de conquista
baixas, também alegria
sem querer ser alarmista
no é fugaz, até a ousadia
abaixou a crista
e as dores em cortesia
fizeram da queixa ritmista...
e o dia, leveza vadia.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
8 de outubro, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

FIM DO ANO

E o número assim termina
outra vez, cada vez mais voraz
É o tempo em sua sina
Que seja, então, mais eficaz
O novo floresce, o velho declina
Vai-se mais um, vem-se outro atrás...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

nega

não apresso mais
arriei a armadura
cansei do jamais
d’alma em candura

paz...

tudo vai à frente
a sorte lá traz
o silêncio presente

e o tempo voraz!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2019
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

REMENDO

Foi o devaneio que guilhotinou
os sonhos. Os fez sem aparato
E se estão intactos, aqui estou
invisível no evidente anonimato

Desenhei quimeras com giz
sem tronco, cabeça e braços
Colhi amor que ninguém quis
pra remendar os meus pedaços

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

PAMONHA

Pamonha...
Iguaria do quintal do Goiás
Na tradição ponha
A moda, aliás
Saborosa
Do milho verde, assaz
Na palha, trouxa cheirosa
Cremosa
Apetitosa
Também,
das Gerais
Quentinha e requentada
É sempre mais...
Tradição nos arraiais
Da culinária ais, lais
Dos milharais
No costume instituído
Quem nunca, jamais
Servido!
é demais...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

poeminha escuro

era tão distante
a vida tão presente
o tempo passou volante
que o berço virou ausente
agora um breu tão forte
o sol no horizonte poente
e tão perto, ficou a morte...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
outubro de 2019
cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

FINADOS

Perdida é a paixão no finados, ó Deidade!
Dentro do silêncio das lembranças, o choro
Dos que já se foram. Vácuo no peito em coro
E as orações repetindo o lamento, piedade!

Tantas flores pra tantas covas, pesar em goro
Tantos prantos pra tantas dores, familiaridade
Desfiando suspiros, em tal trágica fatuidade
No ocaso de glórias num plangor tão canoro

Devagar é o enterro no aflitivo perdido laço
Onde os olhares, passam, sem dar passo
Murmurando no vazio que o coração brade

Cada qual pega na alça do triste compasso
De conta em conta na magoa num repasso
Deixado as lágrimas e, arrastando saudade

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

BRASÍLIA (Distrito Federal)

Do planalto, ergue Brasília
De vasto céu e mar de estrela
Contrastes sua maior ironia
Se rubra tão senhora outrora donzela...

É Brasília
dos ipês, da arquitetura, és magia
tão bela...
O por do sol dourado
agita o candango, vê-se da janela...
Tuas asas são do cerrado
urbano e domésticas
És tão poético e outras poéticas...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Abril de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

REVERÊNCIA

minha tristura
saúda a lágrima
e nesta usura
a vida é estima
na ternura
se em baixa ou em cima
saúdo a loucura...

no silêncio, um covil
solidão
tudo é funil
só amor é coração
e possível
com emoção...
O resto falível!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

AMANHÃ

pendulando a hora
vai-se
o dia embora
sem tir-te
penhora
e além de...

segundo a segundo
entardecer noto
tão rotundo
tão remoto
do hoje moribundo
pro amanhã ignoto...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DIFERENTE

Pois quero parir a um soneto
Sangrado do amor adjacente
Que seja preciso e reluzente
E vire insígnia no meu projeto

Terá que vir do sol poente
De verso livre e irrequieto
Num abstrato tão concreto
Que me doe integralmente

Em cada tom, infinito teto
De textura tão irreverente
Que nunca vire obsoleto

E de tão querer o diferente
A mesmice torna decreto
E o soneto, repetido objeto

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO CAIPIRA

Fogão de lenha na poesia a poetar
Panela a chiar, vastidão pela janela
Cheiro da noite no negror sem tramela
Desprendendo olor na roça aformosear

O entardecer se tingindo de canela
No céu estrelas soturnas a navegar
Em uma sensação de paz, de amar
Amassando jeito matuto na gamela

É só silêncio, cigarro de palha a pitar
Saudade esfumaçada na luz de vela
Arando sensos num canoro devanear

Depois, uma pitada de solidão donzela
Acalentando as lembranças a revigorar
Ah, gostoso a vida caipira na sua tutela

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DA RAZÃO

Na prepotência do querer ser altivo
Que arde na desavença em chama
E queima no ódio que não se ama
Acinzentando num desafeto cativo

É um tal sentimento insano, adjetivo
Que então contamina a alma na lama
Do egoísmo, que o zelo nunca clama
O acolher nos abraços, e ser passivo

Que devoto tanto, esse, que flama
A injustiça, num arbítrio explosivo
Tiranizando o viver em um drama

Onde há razão no ato opressivo?
Quando o Verbo, oferta proclama:
- Amar com amor para estar vivo!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

CAUSA (soneto)

Ah soneto porque agruras quer poetar
No diálogo da ledice com a amargura
Nem tanta alegria, nem tanta tristura
Sou devaneador que se põe a sonhar

Se o rimar então chora porventura
Também riem nos versos ao cantar
Tenho o céu e o cerrado pra inspirar
E o amor no coração, principal figura

E neste motivo vai o meu caminhar
Veloz ou lento, moldo está escultura
Desenhando o fado no ser e no estar

Então, antes que tudo seja ventura
Completo a lacuna com meu olhar
E no tempo, vou cingindo a costura...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO PASSADO

Nem o tempo pode voltar
Nem ninguém tal querer
O passo dado vai varrer
O passado no caminhar

Se quiser voltar e ver
Saudade irá encontrar
O ontem perdido no ar
E a vida sem se viver

No olhar, o velho e tal pesar
No coração, revés a abater
E a alma sem se transformar

Então, sigamos no outro ter
Pro vário podermos amar
Passar... um novo alvorecer!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

IMORTALIDADE DA SAUDADE (soneto)

Saudade: tal como uma faca crivada
Na alma, abrindo em uma agre fenda
No coração nostálgico, rude moenda
Sonial, insiste tirana com vergastada

A tua dor foi concebida em oferenda
Ao peito, e fazendo de sua morada
Brinda com a melancolia em prenda
A sofrença da lágrima esbravejada

Imorredoura, se mantém sem venda
Reencenando num tudo, num nada
No silêncio duma esvaecida legenda

Sempre renascendo, e tão indesejada
Porém, é proposta de pouca emenda
E de imortalidade no dissabor estacada

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

a coitada

fui ali na janela
ouvir a chuva
magricela
tão turva
ela estava chiando
ai, como sussurra
fica só reclamando
da secura, e hurra
e empurra a poeira
do telhado
escorre pela beira
da rua, e desanuviado
refrescado, na sua eira
ah! feliz, está o cerrado...
e numa tranqueira enleada
a chuva desce a ladeira
a coitada!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
outubro de 2919
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol