Carta para a Pessoa Amada
Ame sempre
Quem ama de verdade não deve trair,
Levando a pessoa amada a chorar.
Deve sim! Fazê-la sempre sorrir,
Mostrando sinceridade até no olhar...
Cada ação deve buscar o bem do ser amado,
E nunca negligenciar, para não machucar...
A outra parte que declara o amar tanto.
Portanto na vida, não se deve tropeçar...
O jogo do amor é bem complicado,
Quando a paixão aflora, deixa tudo cor de rosa.
Mas se não tiver cuidado, ela vai embora.
Deixando para traz um rastro de amargura dolorosa.
Fruto de uma paixão desmedida
Que agora precisa de cura.
Amar? Sempre foi com pé no chão,
Já a paixão é sofrer com a ilusão.
Momentos ardentes e pra lá de bom...
Causador de feridas que nunca cicatrizam.
Contudo a fidelidade é a única saída, evita confusões!
E faz você se apaixonar, sempre pela mesma vida...
Por que você ainda insiste em esperar que a pessoa amada te faça feliz? Que mania é esta que desenvolvemos de depositar a nossa felicidade no outro?
Acredite, quem vive acreditando nisso, acaba encontrando a frustração. A sua felicidade só depende de você e de mais ninguém. Ter alguém na sua vida pode te deixar mais feliz, mas não diga que ela é a sua única razão para ser feliz.
Seja feliz simplesmente por existir, por ter uma vida. Seja feliz por poder acordar todos os dias com uma nova chance de realizar os seus sonhos. Acredite: pessoas felizes atraem pessoas felizes. Então, faça a sua felicidade.
Como saber amar uma pessoa e como saber que você sendo amada?
1° Coisa é você ter certeza absoluta de que você esta gostando realmente dessa pessoa.
2° É saber quais são as intenções dele para com o seu relacionamento.
3°É ter convicção do amor que esta surgindo dendro de você para com essa pessoa.
3°É a ter convicção do amor que esta surgindo dendro de você para com essa pessoa.
4 É valorizar o seu sentimento para não sofrer novamente.
O que é amar
Amar não é sufocar.
Amar é zelar pelo sentimento da pessoa amada é dar o melhor de você e fazer ela se sentir importante na sua vida.
Amar é compartilhar o melhor do nosso sentimento com quem amamos.
É mostrar para a pessoa o quão importante ela é na sua vida.
Amar é querer estar ao lado da pessoa sempre.
O amor não sufoca o amor nos acolhe nos conforta e nós dá forças.
Quem não sabe amar se sente sufocado por não conseguir amar quem está ao seu lado.
Nunca irei me sentir sufocado ou saciado do seu amor.
Mas uma coisa quero que você saiba estarei aqui de braços abertos para te acolher sempre.
Amar é:
Amar é: Compartilhar a vida, a felicidade e receios com a pessoa amada;
Amar é: Buscar forças no abraço, no carinho e nas palavras da pessoa amada sempre que for necessário;
Amar é: Ter tempo para namorar, para passear, para balada, enfim...tempo para cultivar a relação;
Amar é: Fazer amor, intimidade sempre que possível, pois o ato de fazer amor de fato, com carinho, com intensidade, com vontade, é algo que fortalece a relação;
Amar é: Nunca abandonar;
Amar é: Cuidar da pessoa amada do mesmo jeito e intensidade que você deseja ser cuidada(o) por ele(a);
Amar é: Conversar olho no olho;
Amar é: Simplesmente abraçar e dormir juntos;
Amar é: Ficar deitada(o) no colo do outro, conversando sobre amenidades e olhando a vida passar;
Amar é: NUNCA deixar que a palavra "eu" seja mais usada do que a palavra "NÓS";
Amar é: Planejar algo de bom com a pessoa amada.
Amar é: Sentir a pessoa sempre do seu lado, mesmo nos momentos difíceis.
Menos que tudo isso acima, junto e misturado, alguns podem até considerar Amor, mas é um amor raso, superficial, egoísta e é algo que ninguém merece nem sentir, nem receber.
No início como sempre tudo belo e maravilhoso, gostoso esta com a pessoa amada o tempo inteiro, fazer coisas juntos são divertidas e prazerosas.
O beijo, é atravez dele que tudo começa é onde a química rola , é por ele que se sabe que vai dar certo pois a chama acende e tudo comeca a se encaixar perfeitamente.
Um dia chuvoso se tornava um motivo para ficar agarradinho debaixo do cobertor .
Vários momentos felizes são registrados e compartilhados por meio de fotos e vídeos para serem guardados como lembrança, para que no futuro sejam mostrados para outros entes familiares e amigos .
Mais nem tudo é como deveria ser, basta um fósforo a riscar para as inúmeras desavenças começar, o que era ficar juntinho, grudados passa a ser sufocante e estressante.
O que era divertido passa a ser chato e sem graça.
Com o tempo as desconfianças e cobranças começam e nada mais se encaixa.
O beijo não é mais o mesmo, torna-se apenas selinhos esporádicos .
A chuvinha que antes era o aconchego se transforma em tempestade e fica tudo cinza escuro e sombrio.
A relação foge do controle como cavalos em estouro de manada, sem rumo e sem direção.
As fotos e vídeos caem no esquecimento e em algum momento são deletadas e lá se vai o que seria um registro para vida toda.
As discussões começam sem motivos onde até a primeira vogal que serveria para dizer amor vira a primeira vogal do arrependimento.
As amizade negativas se aproximam como um câncer maligno para ajudar a definhar ainda mais a relação e, aquele suspiro de reconciliação ja não é mais suficiente e tudo vem ao fim.
Eu sou aquele tipo de pessoa que quando ver concorrência e um possível retorno da pessoa amada, pelo contrário de virar um paranóico ciumento. Observo, deixo rolar e me afasto. Porque se realmente aquela pessoa te ama, em vez de te deixar pra escanteio, viveria no mundo feito por vocês dois e jamais daria moral pra outro alguém.
E que ouse sair do meu mundo, pois uma vez saindo não volta mais.
Quem dera !!
Se Pudéssemos escolher
Quem seria a pessoa amada ...
Não teríamos conflitos
Não tenhamos Gostos diferentes..
Tudo seria perfeito...
Não teríamos discussões
Sempre estaria tudo bem
Mas nos esquecemos de que...
As opiniões divergentes
Os Gostos diferentes..
As personalidades únicas cada um de nós teria
Nos forçaria a pensar mostraremos que as diferenças podem nos criar novas e novas possibilidades de escolhas..
Você é diferente de mim...
E eu te pergunto....
E daí???
São justamente essas diferenças que vão nos ajustar um ao outro....
Portanto viva a diferença..
Viva os conflitos....
Viva as personalidades diferentes....
Viva o diálogo....
Viva o relacionamento...
Isso é amor....
AMADA EU SOU PRETA!
Ainda outro dia... Uma pessoa me perguntou... Eli! Onde ficam escondidos, estes pretos e pretas bonitos (de ver, mas eu não me vestiria Assis, nem colocaria meu cabelo deste jeito!!!), que desfilam no bloco Ilê Aiyê? Não os vejo, em nosso dia-a-dia? Respondi - Em seu pré conceito...Amada, em seu pré conceito... Precisa que reveja seus conceitos e assim, os verá... Os pretos! Que você não vê, nas ruas, da sua cidade natal (que transpira essência ancestral de uma matriz africana) , esta no que, você vê refletindo a frente de seu espelho(se não conhece sua história, não sabe quem és); em como você me ver(por amigos! quase não se tem preconceito...enquanto não nos diz a verdade); nas crianças que brincam na rua (os pivetes), em que você mora (mora em um bairro de periferia), e vão a escola; no cidadão que chega do trabalho(o peão, marmitéiro), e toda sua família( o pessoal da laje, ou do bar); na dona de casa, que vai ao mercado (a que, se vira para comprar tudo, que esta precisando em casa , com o pouco que tem em $... a guerreira); na mãe solteira(as novinhas e outras), seus filhos( os moleques); nos adolescentes da periferia, que são mortos a todo instante(todos trabalhando ou não marginais e usuário. ..lembra?); nos moradores de rua(sem assistência e já sem resistência se entregaram); nos trabalhadores de modo geral(que o empresariado capitalista exploram); no estudante( que enfrenta diariamente uma batalha com um sistema educacional publico, visando ter seu direito a educação e ter, o reconhecimento por parte da população e do poder publico, de que ainda é necessário uma reparação, através de cotas para o acesso a faculdade publica ); no empresário no esportista (os que contornaram e acharam uma brecha de oportunidade no bloqueio); somos todos nos(Brasileiros e Brasileiras); os nascidos nesta diáspora inegavelmente afro descendente...Mas que eu tantos outros respeitamos legalmente e humanamente, o direito de todos, optarem pela etnia, que lhe cabe dentro da ótica dos seus próprios conceitos, limitativos de conhecimento da sua historia e consciência de quem és...Infelizmente ou felizmente esta pessoa hoje me evita...mas estou aqui seguindo pretamente e felizmente meu caminho de preta..Eli Odara Theodoro
Abram-me todas as portas!
Por força que hei de passar!
Minha senha? Walt Whitman!
Mas não dou senha nenhuma...
Passo sem explicações...
Se for preciso meto dentro as portas...
Sim — eu, franzino e civilizado, meto dentro as portas,
Porque neste momento não sou franzino nem civilizado,
Sou EU, um universo pensante de carne e osso, querendo passar,
E que há de passar por força, porque quando quero passar sou Deus!
CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Morte, não podes chegar a hora que bem entender e levar quem bem quiser,
já usastes a desculpa da doença, da idade, do acidente, que mais faltas inventar ?
E o próximo veraneio, e o almoço do próximo domingo ?
E o plano de parar de fumar ?
Porque acabas a festa sem a ultima dança, sem a ultima musica,
sem a ultima chance ?
CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Agora alguém vai ter de molhar aquelas plantas
vão ter de mexer nas gavetas, nas fotos, nas roupas e em tudo mais.
Tantas coisas que se tinha pra fazer.
Morte, não sei de onde tiras esta idéia.
A troco do que?
CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Porque me jogas contra Deus,
Aviso que não conseguiras
que desperdícios insistes em causar
Saibas que nunca iras tirar as lembranças de quem eu amo.
Morte, não te orgulhes, embora te aches poderosa
tu pra mim já estas MORTA.
Assim mesmo em letras garrafais.
Poema de Alexandre Pessoa - 2019
Há dias de tanta angústia
Que não sei do que ela é.
Não sei se me sobra o sonho.
Não sei se me falta a Fé.
É uma angústia que nasce,
Como de um solo, de mim,
Que parece ser eu todo
Com razão de ser assim.
E esmaga-me toda a alma,
Confunde todo o meu ser
E tudo gira em meu torno
Sem eu o compreender.
Mágoa como um portão velho,
Ferrugem da quinta em fim,
É uma angústia que cai,
Como num solo, por mim…
Hora absurda
O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas...
Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso...
E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraíso...
Meu coração é uma ânfora que cai e que se parte...
O teu silêncio recolhe-o e guarda-o, partido, a um canto...
Minha ideia de ti é um cadáver que o mar traz à praia..., e entanto
Tu és a tela irreal em que erro em cor a minha arte...
Abre todas as portas e que o vento varra a ideia
Que temos de que um fumo perfuma de ócio os salões...
Minha alma é uma caverna enchida pela maré cheia,
E a minha ideia de te sonhar uma caravana de histriões...
Chove ouro baço, mas não no lá-fora... É em mim... Sou a Hora,
E a Hora é de assombros e toda ela escombros dela...
Na minha atenção há uma viúva pobre que nunca chora...
No meu céu interior nunca houve uma única estrela...
Hoje o céu é pesado como a ideia de nunca chegar a um porto...
A chuva miúda é vazia... a Hora sabe a ter sido...
Não haver qualquer coisa como leitos para as naus!... Absorto
Em se alhear de si, teu olhar é uma praga sem sentido...
Todas as minhas horas são feitas de jaspe negro,
Minhas ânsias todas talhadas num mármore que não há,
Não é alegria nem dor esta dor com que me alegro,
E a minha bondade inversa não é nem boa nem má...
Os feixes dos lictores abriram-se à beira dos caminhos...
Os pendões das vitórias medievais nem chegaram às cruzadas...
Puseram in-fólios úteis entre as pedras das barricadas...
E a erva cresceu nas vias férreas com viços daninhos...
Ah, como esta hora é velha!... E todas as naus partiram!
Na praia só um cabo morto e uns restos de vela falam
De Longe, das horas do Sul, de onde os nossos sonhos tiram
Aquela angústia de sonhar mais que até para si calam...
O palácio está em ruínas... Dói ver no parque o abandono
Da fonte sem repuxo... Ninguém ergue o olhar da estrada
E sente saudades de si ante aquele lugar-Outono...
Esta paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada...
A doida partiu todos os candelabros glabros,
Sujou de humano o lago com cartas rasgadas, muitas...
E a minha alma é aquela luz que não mais haverá nos candelabros...
E que querem ao lado aziago minhas ânsias, brisas fortuitas?...
Porque me aflijo e me enfermo?... Deitam-se nuas ao luar
Todas as ninfas... Veio o sol e já tinham partido...
O teu silêncio que me embala é a ideia de naufragar,
E a ideia de a tua voz soar a lira dum Apolo fingido...
Já não há caudas de pavões todas olhos nos jardins de outrora...
As próprias sombras estão mais tristes... Ainda
Há rastos de vestes de aias (parece) no chão, e ainda chora
Um como que eco de passos pela alameda que eis finda...
Todos os ocasos fundiram-se na minha alma...
As relvas de todos os prados foram frescas sob meus pés frios...
Secou em teu olhar a ideia de te julgares calma,
E eu ver isso em ti é um porto sem navios...
Ergueram-se a um tempo todos os remos... Pelo ouro das searas
Passou uma saudade de não serem o mar... Em frente
Ao meu trono de alheamento há gestos com pedras raras...
Minha alma é uma lâmpada que se apagou e ainda está quente...
Ah, e o teu silêncio é um perfil de píncaro ao sol!
Todas as princesas sentiram o seio oprimido...
Da última janela do castelo só um girassol
Se vê, e o sonhar que há outros põe brumas no nosso sentido...
Sermos, e não sermos mais!... Ó leões nascidos na jaula!...
Repique de sinos para além, no Outro Vale... Perto?...
Arde o colégio e uma criança ficou fechada na aula...
Porque não há-de ser o Norte o Sul?... O que está descoberto?...
E eu deliro... De repente pauso no que penso... Fito-te
E o teu silêncio é uma cegueira minha... Fito-te e sonho...
Há coisas rubras e cobras no modo como medito-te,
E a tua ideia sabe à lembrança de um sabor de medonho...
Para que não ter por ti desprezo? Porque não perdê-lo?...
Ah, deixa que eu te ignore... O teu silêncio é um leque —
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,
Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...
Gelaram todas as mãos cruzadas sobre todos os peitos...
Murcharam mais flores do que as que havia no jardim...
O meu amar-te é uma catedral de silêncios eleitos,
E os meus sonhos uma escada sem princípio mas com fim...
Alguém vai entrar pela porta... Sente-se o ar sorrir...
Tecedeiras viúvas gozam as mortalhas de virgens que tecem...
Ah, o teu tédio é uma estátua de uma mulher que há-de vir,
O perfume que os crisântemos teriam, se o tivessem...
É preciso destruir o propósito de todas as pontes,
Vestir de alheamento as paisagens de todas as terras,
Endireitar à força a curva dos horizontes,
E gemer por ter de viver, como um ruído brusco de serras...
Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!...
Saber que continuará a haver o mesmo mundo amanhã — como nos desalegra!...
Que o meu ouvir o teu silêncio não seja nuvens que atristem
O teu sorriso, anjo exilado, e o teu tédio, auréola negra...
Suave. como ter mãe e irmãs, a tarde rica desce...
Não chove já, e o vasto céu é um grande sorriso imperfeito...
A minha consciência de ter consciência de ti é uma prece,
E o meu saber-te a sorrir uma flor murcha a meu peito...
Ah, se fôssemos duas figuras num longínquo vitral!...
Ah, se fôssemos as duas cores de uma bandeira de glória!...
Estátua acéfala posta a um canto, poeirenta pia baptismal,
Pendão de vencidos tendo escrito ao centro este lema — Vitória!
O que é que me tortura?... Se até a tua face calma
Só me enche de tédios e de ópios de ócios medonhos...
Não sei... Eu sou um doido que estranha a sua própria alma...
Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos...
As pessoas nascem querendo pertencimento
Querem ter amigos, querem ser amadas, querem ser aceitas
Levam a vida querendo encontrar alguém que a ame que a respeite, que faca o sorriso acontecer
E no meio desse trajeto encontram pessoas que entregam tudo que ela não deseja
E quando isso ocorre a pessoa pode perder o ânimo pode perder o brilho nos olhos, perder o entusiasmo
Pois cada pessoa que passa por sua vida só confirma que o mundo tem mais podridão pra dar e oferecer
Do que aquela felicidade de uma criança pura e ingênua e assim o mundo vai se tornando cada vez mais distante da pureza de um olhar de uma criança
Perdão amor
Estou pensando uma forma pra te dizer tudo que sinto,
Não sei, resolvi apenas assumir o que fiz...
Errei admito e agora quero o seu perdão.
Agente faz besteiras...
Arrepende-se, fica sem um grande AMOR...
Talvez por temer lhe perder acabei lhe magoando
E pior ainda me machucando.
Procurei a palavra certa e a hora errada
Mais precisava abri meu coração e falar
Entre ficar com você e a verdade eu escolhi a verdade
Estou preparada pro que for mais ainda não sei viver sem seu amor.
Por favor, meu amor.
Fica comigo, me dá teu perdão.
Ouça o meu coração bate forte
Nunca esqueci do que me disse
Por isso temo em perdê-lo
Errei como posso ainda querer o teu perdão
Amor eu te amo e ficar sem você não quero não
Então perdoa me ama de novo
Não faz isso com meu coração
Te amo me dar seu perdão.
ANÁLISE
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911
Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
Fernando Pessoa, 29-3-1931
todos os dias que passam
sem passares por aqui
são dias que me desgraçam
por me privarem de ti
tem um livrinho onde escrevo
qdo me esqueço de ti
é um livro de capa preta
onde inda nada escrevi
o canário ja nao canta
não canta o canario já
aquilo que em ti me encanta
talvez nao me encantará
Loucura de sonho naquele silêncio alheio!...
A nossa vida era toda a vida... O nosso amor era o perfume
do amor. . . Vivíamos horas impossíveis, cheias de sermos
nós. . . E isto porque sabíamos, com toda a carne da nossa
carne, que não éramos uma realidade. . .
Éramos impessoais, ocos de nós, outra coisa qualquer. . . Éramos
aquela paisagem esfumada em consciência de si própria. . .
E assim como ela era duas — de realidade que era, e ilusão
— assim éramos nós obscuramente dois, nenhum de nós sabendo
bem se o outro não era ele-próprio, se o incerto outro vivera.
. .
Quando emergimos de repente ante o estagnar dos lagos sentíamo-
nos a querer soluçar. . . Ali aquela paisagem tinha os
olhos rasos de água, olhos parados cheios de tédio inúmero de
ser. . . Cheios, sim, do tédio de ser qualquer coisa, realidade ou
ilusão — e esse tédio tinha a sua pátria e a sua voz na mudez e
no exílio dos lagos... E nós, caminhando sempre e sem o
saber ou querer, parecia ainda assim que nos demorávamos à
beira daqueles lagos, tanto de nós com eles ficava e morava, simbolizado
e absorto. . .
O silêncio que sai do som da chuva espalha-se, num crescendo de monotonia cinzenta, pela rua estreita que fito. Estou dormindo desperto, de pé contra a vidraça, a que me encosto como a tudo. Procuro em mim que sensações são as que tenho perante este cair esfiado de água sombriamente luminosa que [se] destaca das fachadas sujas e, ainda mais, das janelas abertas. E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou.
Toda a amargura retardada da minha vida despe, aos meus olhos sem sensação, o traje de alegria natural de que usa nos acasos prolongados de todos os dias. Verifico que, tantas vezes alegre tantas vezes contente, estou sempre triste. E o que em mim verifica isto está por detrás de mim, como que se debruça sobre o meu encostado à janela, e, por sobre os meus ombros, ou até a minha cabeça, fita, com olhos mais íntimos que os meus, a chuva lenta, um pouco ondulada já, que filigrana de movimento o ar pardo e mau.
Abandonar todos os deveres, ainda os que nos não exigem, repudiar todos os lares, ainda os que não foram nossos, viver do impreciso e do vestígio, entre grandes púrpuras de loucura, e rendas falsas de majestades sonhadas... Ser qualquer coisa que não sinta o pesar de chuva externa, nem a mágoa da vacuidade íntima... Errar sem alma nem pensamento, sensação sem si-mesma, por estrada contornando montanhas, por vales sumidos entre encostas íngremes, longínquo, imerso e fatal... Perder-se entre paisagens como quadros. Não-ser a longe e cores...
Um sopro leve de vento, que por detrás da janela não sinto, rasga em desnivelamentos aéreos a queda rectilínea da chuva. Clareia qualquer parte do céu que não vejo. Noto-o porque, por detrás dos vidros meio-limpos da janela fronteira, já vejo vagamente o calendário na parede, lá dentro, que até agora não via.
Esqueço. Não vejo, sem pensar.
Cessa a chuva, e dela fica, um momento, uma poalha de diamantes mínimos, como se, no alto, qualquer coisa como uma grande toalha se sacudisse azulmente aberta dessas migalhinhas. Sente-se que parte do céu está já azul. Vê-se, através da janela fronteira, o calendário mais nitidamente. Tem uma cara de mulher, e o resto é fácil porque o reconheço, e a pasta dentífrica é a mais conhecida de todas.
Mas em que pensava eu antes de me perder a ver? Não sei. Vontade? Esforço? Vida? Com um grande avanço de luz sente-se que o céu é já quase todo azul. Mas não há sossego — ah, nem o haverá nunca! — no fundo do meu coração, poço velho ao fim da quinta vendida, memória de infância fechada a pó no sótão da casa alheia. Não há sossego — e, ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter...
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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