Carta de uma Futura Mamae

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BBBESTEIROL

Desde que inventaram que o tal de BBB é "uma aula de sociologia", os intelectualóides BBBmaníacos enrustidos vêm se assumindo. Pela promoção da idiotice, agora é inteligente ser idiota. Parece que burrice mesmo é nos assumirmos alienígena: Pessoas que chegaram ao século 21 sem "abrir a mente" para o besteirol generalizado que mede bem o "Q.I." da sociedade contemporânea.
Na leva deste conceito, são sociólogos os fofoqueiros; os indiscretos; os vigilantes da vida alheia. Dão aulas de sociologia os indivíduos vulgares; os desbocados; os "comedores" e as "comidas" que se permutam sob os edredons de um programa que massifica a sacanagem. Torna ídolos os "garotos" e as "garotas" do programa.
Graças ao BBB, nossos alunos estão" antenados". Conhecem como nunca, sociologia. Estão aptos, inclusive, a lecionar para os professores dessa disciplina. E os professores, propriamente, precisam mais do que nunca se municiar de BBB, para passarem nas provas cotidianas aplicadas pelos alunos.
Senhores da resistência, rendam-se ao BBB! Não sejam BBBestas! O mundo já não vive sem essa lição de vida que só os "docentes" daquela "casa" têm a dar com tanta eficiência! Capacitem-se! Sejam atentos, aplicados, e garantam em seus currículos a formação que lhes falta. Já que a idiotice é moda, deixem de ser idiotas e se tornem também... idiotas.

Inserida por demetriosena

DEUS EXTRAQUADRO

Há um deus complicado, metódico e burocrático apresentado por greis. Parece uma estrela de cinema: Quem quiser que o busque nas alturas. Galgue os degraus da prece, do elogio e do louvor. Fure o cerco dos assessores ou santos, para suplicar bênçãos que uma boa mãe, um pai, um grande amigo terreno dão de bom grado, sem nenhum ritual ou convenção. Nenhuma exigência de quesitos como fé, lealdade cega, sacrifício e crença dogmática.
Mas há um Deus que me atrai nos seres humanos que amam sem ter que amar. Fazem o bem sem mandamento. Religiosos ou não, crentes ou ateus, refiro-me aos homens e as mulheres de boa vontade ou índole, que são e seriam dessa forma conhecendo ou não as escrituras sacras. Pessoas capazes de promover a paz e prestar solidariedade sem qualquer interesse no paraíso e nenhum temor de fazerem jus ao inferno, se forem diferentes.
Eis o Deus em que acredito. Esse que alcanço fisicamente ao tocar a face de uma criança e sentir as mãos de um velho... Ao abraçar um amigo e ter prazer com a mulher que amo. Um Deus extraquadro, que as paredes dos templos não garantem. Podem tê-lo, mas não detê-lo, pois Ele pertence a corações de bem; mentes livres; espíritos desarmados... É nessa criatura, o próximo, e não no criador incógnito, abstrato e distante, que acredito.

Inserida por demetriosena

ARTIGO GENÉRICO DA SACANAGEM

Uma cidade cujo poder público é dono da iniciativa privada... O judiciário teme o legislativo... A oposição política tem código de barras... Bandidos cuidam da segurança e o povo gosta, é uma cidade sem cidadãos.
Numa cidade sem cidadãos, qualquer esmola compra um voto; qualquer promessa infundada ganha crédito e a massa não cansa de sofrer... Por isso repete os votos vendidos, de cabresto, nos mesmos nomes ou em nomes vinculados aos velhos clãs do vício, do abandono,a mentira e a corrupção.
Estou numa cidade sem cidadãos... E não adianta lutar isoladamente - mesmo assim não desisto - contra os que roubam minha cidadania. Estou no todo; sou artigo genérico da sacanagem que viciou este povo.

Inserida por demetriosena

IMORTAL ATÉ MORRER

O tempo é uma tampa sobre o passado. Ninguém nunca retorna dessa rampa eterna. Sequer acampa sobre o presente, pois esse logo não é. Vira passado, e o presente já é outro. Somente o futuro continua lá; sempre lá, desafiando nossa caminhada.
Uma vida é simplesmente o joio por entre o trigo, no campo das vivências que a cada dia nos impõe. Cá comigo, afirmo que a mesma é joia rara. Se acaso nos causa uns arranhões, alguns graves, morrer não ganha minha questão. Não tem como ganhar.
É que o mundo é franco. Preto no branco. Mas muitas vezes dá um branco em meu preto e não resta fundo. Mesmo assim vou à frente, porque o tempo não pode me tampar. Tomei a decisão de apostar na imortalidade que o sonho empresta.
No fim das contas, nossa imortalidade é provisória. Por isso temos que aproveitá-la e não morrer enquanto a morte não chega.

Inserida por demetriosena

Sonhei com uma casinha branca de portas e janelas azuis. Sonhei com cachorros, flores, filhos e pássaros. Sonhei com o cheiro de café invadindo a casa e o beijo de meu amor ao amanhecer.
Lhe vendi meus sonhos, a realidade nunca foi igual, mas chegou a ser linda um dia.
Amei, chorei, sorri, vivi. Me enganei, me realizei, me surpreendi, vi, revi, desiludi.
A casa azul nunca existiu, o ninho de pássaros você destruiu, e as flores nunca consegui cultivar.
Mas me sobrou uma filha e um cachorro.
É tudo o que me resta dos sonhos que você destruiu.

Inserida por PretaMarx

A pessoa que me colocou no mundo foi incapaz de ser uma mãe para mim. Isto é triste, mas é a realidade. Por outro lado, Deus, o Universo, a Vida ou o Destino, seja lá o que for em que você acredite, te colocou na minha vida no momento em que eu mais precisei de mãe. Por um momento, por um acontecimento, por um período, ou até mesmo ainda hoje. Não importa por quanto tempo, através de você me senti suprida, amparada, cuidada e amada.
Custódia, Jacira, Rosana, Nice e Madalena vocês tem minha eterna gratidão por tamanha generosidade. Que Deus abençoe cada uma de vocês e que recompense pelo que fizeram por mim. Não pude esperar o dia das mães para dizer....
Gratidão, sempre!!!

Inserida por PretaMarx

"O Chamado da Centelha"

Desde o princípio dos tempos, a alma humana carrega uma inquietação silenciosa — um anseio por algo que o mundo material não pode oferecer. Essa sede não é de prazer, de posses ou de poder, mas de lembrança. Pois esquecemos quem realmente somos.

Segundo os antigos gnósticos, vivemos num mundo ilusório, forjado por um demiurgo — uma inteligência inferior que, embora poderosa, está cega à plenitude do Espírito. Este mundo, com suas regras, dores e ciclos repetitivos, é uma prisão feita de matéria e esquecimento. Aqui, nossa essência divina — a centelha do Pleroma, do Todo — foi aprisionada em corpos de carne e moldada por crenças limitantes.

Mas dentro de cada ser humano, ainda brilha essa centelha. É ela que sussurra em meio ao caos. É ela que nos leva a questionar o sentido da vida, a não aceitar o sofrimento como destino, e a buscar — ainda que sem saber — o retorno à Origem.

O Gnosticismo não nos convida a crer cegamente, mas a conhecer. A gnose é um despertar interior, uma revelação íntima que rompe os véus da ilusão. Quando buscamos dentro, além dos dogmas, além das formas, encontramos aquilo que é eterno: a verdade viva, que estava oculta em nós desde antes do tempo.

Conhecer a si mesmo é lembrar-se de Deus — não o deus deste mundo, mas o Deus verdadeiro, sem nome, sem forma, além de toda dualidade.

E quando despertamos, deixamos de ser peças no tabuleiro. Tornamo-nos filhos do Alto, conscientes da missão de libertar nossa luz e ajudar outros a fazerem o mesmo.

Pois o caminho da gnose é solitário, mas não é egoísta. O verdadeiro iniciado não se eleva para fugir do mundo, mas para transfigurá-lo — com compaixão, consciência e verdade.

E então, ao reencontrar a Luz que jamais nos abandonou, compreendemos: nunca estivemos realmente perdidos. Apenas adormecidos.

Inserida por MarceloViana

BELOS DIAS MORTAIS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Hoje o dia nasceu belo. Mais uma vez, irremediavelmente belo. Um céu profundo, maravilhosa e distantemente azul. Belo de morrer... ou de fazer morrer.
O sertanejo, de olhar também distante, mas não azul, para e olha pro nada. Quem sabe tenta não ver, ali bem perto, as carcaças mortas e ainda vivas do gado que um dia ele tangeu para lugar nenhum. Esse mesmo lugar nenhum em que agora descansa não por cansaço, mas por desânimo. Por não haver mais do que se canse.
Por mais belo e azul, pouco importa. O céu não seduz o sertanejo. Desmancha em seu coração a esperança do dia feio... turvo... do céu cinzento e triste com que ele sonha. Só a tristeza de vários dias sombrios e molhados será capaz de alegrar o chão agreste... alegrar e florir. Fazer parir o pomar e o pasto... gerar o milagre da ressurreição.
Os dias belos e alegres, e o céu azul do sertão geram medo e revolta. Levam trevas, angústia e desespero ao coração sertanejo.

Inserida por demetriosena

SUJO DE FLOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Era uma rua fétida. Insuportável: viam-se pelo chão, velhas fraldas imundas; ratos mortos; muitas poças de lama em dias de chuva, e muita poeira nos dias ensolarados. Às margens, o capim crescia desordenado e cobria uma vala que a prefeitura nunca fazia manilhar.
O agradável contraste naquela rua era o belo quintal da professora Janice. Via-se pela cerca de arame uma grande área de chão arborizado. As árvores eram nada menos do que alguns pés de flamboaiã que se mantinham floridos quase o ano inteiro. Eles cobriam de pétalas o chão arenoso e grato por tamanha beleza.
De vez em quando a professora Janice era vista mal humorada, vassoura em punho, varrendo as flores que atapetavam o chão de seu tão belo quanto admirado quintal. Admiração não somente pelas flores, mas também pela sombra extensa, com leves pitadas de sol que tornavam tudo mágico. Era mesmo impossível passar pelo quintal da professora Janice e não dar uma boa olhada.
Passei um bom tempo sem ir ao bairro em questão. Logo, sem admirar o quintal da rua imunda. Quando voltei a passar por lá, foi grande a surpresa pelo que vi: o quintal da professora Janice, agora cercado por um muro de pouco mais de um metro e meio, não tinha mais as árvores. Como não resisti, aproximei-me para ver melhor e vi o chão todo pavimentado, sem nenhum arbusto; nenhuma roseira; maria sem vergonha... qualquer planta.
Finalmente, o imóvel da professora estava mais imóvel do que nunca: não tinha vida; os pássaros foram embora; também se foram as borboletas. Restou a casa, bem mais ampla e luxuosa, cercada pelo chão pavimentado e quente, além dos banquinhos de cimento expostos ao sol torrencial.
Curioso, perguntei a um menino da rua imunda se a professora Janice não mais morava no local. Ele respondeu que sim. Encorajado por sua boa expressão, me deixei indagar se ele sabia o motivo de a professora ter mandado cortar todas as árvores do lugar.
- Olha, moço; saber, mesmo, não sei não... mas ela vivia reclamando porque as árvores davam trabalho... deixavam seu quintal todo sujo de flor.

Inserida por demetriosena

HONRA AO MÉRITO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Reflita sobre quantos entes queridos de uma vida inteira você magoa, profundamente, por uma só pessoa, também querida, mas duvidosa, porque lhe faz escolher entre ela e o mundo restante. Caso conclua que vale a pena, continue, mas faça outra reflexão, com vistas ao futuro, cuja conclusão é compulsória; única; inevitável: solidão, na maioria das vezes, é uma triste conquista pessoal.


Respeite autorias. Ao divulgar o que não é seu, sempre cite o autor.

Inserida por demetriosena

TEMPO DE SER GENTE

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Faz tempo que decidi não ser uma pessoa sem tempo. Não ao ponto extremo de silenciar ou responder com monossílabos à manifestação de um amigo feliz, preocupado, triste ou solidário que me aborda, pessoalmente ou por instrumento remoto. Especialmente quando esse amigo tem consciência - e demonstra - de que provavelmente o meu tempo é curto, ainda que não seja.
Mesmo com tantos afazeres, tenho tempo de não ser esquivo; de querer saber do que se trata; de não expor meu clássico e delicado "chega pra lá" em quem faço pensar que me é querido. Hoje quero manter quem me quer bem; quem me admira sinceramente e faz questão de uma palavra, um olhar... uma breve atenção - sem tensão -, porque isso é algo raro nos dias de hoje.
Tenho tempo de não julgar que um amigo é um chato; que um admirador não tem noção; que a demonstração de alegria de quem me aborda é algo incômodo a depender da hora, circunstância ou lugar. Desde que passei a ter tempo e medir a importância dessas pessoas em minha vida, me tornei feliz... como julgava ser, no meu falso trono de pessoa sem tempo para ser pessoa.

Inserida por demetriosena

PROIBIDOS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Temos algo em segredo, espremido por nós,
uma voz que se tranca nas cordas vocais,
um querer que não quer, mas não sabe calar
o silêncio estridente no luar dos olhos...
Somos esta novela que não tem mais fim,
porque não desnovela o desejo secreto,
é um sim negativo que se perpetua
no concreto abstrato a situar o caos...
Sentimento que tem que não fazer sentido
e não pode ser lido na vida viável,
só nas folhas voláteis de nossa quimera...
Mas a dor monta stand nos traços tristonhos
que desbotam seus sonhos de seja o que for,
seja lá como for, impossível pra nós...

Inserida por demetriosena

MÓBILES

Demétrio Sena, Magé - RJ.

É tristonho romper uma velha empatia,
desatar algum laço que nunca existiu,
porque foi fantasia de pano abstrato;
foi apenas um sonho sem razão de ser...
Dei meus gritos em vão pra caverna sem fundo
que jamais emitia recibos de voz,
uma foz desaguou a esperança no abismo
e perdi a visão do paraíso em ti...
Pendurava meus móbiles no teu silêncio;
só queria pensar que te ouvia dizer
pra entrar e fazer o meu ninho em tu´alma...
Mas os ventos varreram qualquer ilusão,
pela vasta erosão enxerguei a distância
dessa proximidade que nunca existiu...

Inserida por demetriosena

FÚRIAS PASSIONAIS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não se melindre nem fique assustado se uma pessoa do gênero oposto, com quem você nunca teve um romance, nunca foi casado nem teve grande amizade ou envolvimento em negócios, trabalho, sequer projetos, começar de repente a persegui-lo com um ódio inexplicável. Sem fundamento nem sentido. Na verdade, o sentimento negativo dessa pessoa não é tão inexplicável, tão sem fundamento nem sentido como sempre quer parecer.
Sabe aqueles clichês de novelas? É, aqueles mesmo, nos quais uma mulher detesta um homem, ou vice-versa, sem mais nem menos, do nada, e assim estabelece uma perseguição sistemática: difama, inventa razões sem pé nem cabeça, e tempos depois o folhetim revela que nada mais é do que uma paixão recolhida. Um sentimento de afeto arrebatador, que a previsão ou certeza de uma rejeição sumária faz trocar pelas demonstrações públicas e ostensivas de cólera. Sentimento avesso ao que vai no fundo; bem lá dentro do coração gravemente machucado.
Pois é; aqueles clichês não são exatamente clichês. Ou até são, mas de tão reais e reincidentes. E se de repente alguém surgir dessa forma em sua vida, feito um furacão disposto a destruí-lo, não revide com a mesma fúria. Faça ver, definitiva e carinhosamente, que a paixão não é correspondida. Se for, viva logo essa paixão. caso ache que vale a pena, corresponda levemente; permita uma fantasia, um momento, mas com cuidado para não iludir; não fazer juras pelas quais leve a crer na consistência que o caso não tem.
Do contrário, aí sim; você corre o risco de fazer uma inimiga, um inimigo fundamentado; cheio de razões que você deu. E se ninguém é obrigado a ser de alguém, não importa: psicopatas não têm esse conceito, e lá no fundo, já nem do coração, mas da mente, você terá sempre a culpa, talvez não o dolo, mas pelo menos a culpa de haver despertado aquele monstro adormecido que ninguém quer enfrentar depois de conhecer o anjo externo.

Inserida por demetriosena

A LIXA

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Um abismo secreto se abriu entre nós,
uma voz evadida se perdeu no espaço,
porque todos os sonhos calaram a cor
na preguiça do amor ante as dores reais...
Fomos menos que a força daquela vontade,
caminhamos pra fora dos planos de vida,
quando nossa verdade furou a esperança
no futuro, no mundo, nos pés e no chão...
Nunca fomos de fato quem juramos ser,
não soubemos nascer de todos os finais
e fechamos as portas pra toda magia...
Somos este passado apesar do presente,
uma lente que agora já não é de aumento,
pois o tempo lixou toda nossa ilusão...

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NOSSO EU

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Há um eu desmedido aqui dentro de nós,
uma câmara inflável de pura vaidade,
sem nenhuma verdade que ampare a quimera
e nos livre dos nós; dos apertos do ser...
Temos todos os nadas que brotam de tudo,
nossos gritos de guerra nos tornam mais servos,
criam nervos nos olhos e sangue na voz
cujas cordas discordam de qualquer canção...
Não fazemos sentido e não sentimos isso,
nem olhamos no espelho de nosso vazio,
nosso mero pavio da bomba do caos...
Somos maus; maus ou bons ante os olhos do mundo,
pois o fundo do poço aqui dentro é só lama
e ninguém é bom fruto; da pele ao caroço...

Inserida por demetriosena

O DIA DO SONHO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Uma vez, e depois, as imagens do instante;
viveria do selo sobre a flor-da-pele;
da lembrança, do implante no vão da saudade
que seria o tempero da vida e do tempo...
Só queria esse gosto pra levar comigo,
pra saber que senti tal sonhada emoção,
tive o seu coração a pulsar no meu peito
e morri de viver; fui feliz como nunca...
Sempre o velho desejo de não desejá-la;
revestir minha pele pra cessar o fogo;
me fechar na senzala dos instintos meus...
Mas queria o momento para ser meu marco;
ser o barco à deriva levando em segredo
esse dia embalado pela eternidade...

Inserida por demetriosena

JOGO DE AFETO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

É bem difícil tomarmos a iniciativa de oferecer a uma pessoa querida o benefício do afastamento, ao percebermos que a nossa presença constante, previsível, já está saturando essa pessoa. No entanto, é imperioso que assim façamos o quanto antes, para prevenirmos o desgaste maior, que não tarda e logo se agrava nestes casos.
Um afastamento suave, sem rancores, cobranças, atitudes abruptas ou passionais, e no tempo certo, logo há de ser alvo do reconhecimento, a gratidão, e quem sabe a saudade ou nostalgia da pessoa querida. Pessoa para quem somos também queridos, ou não teria existido a relação que chegou ao ponto em que chegou.
Para nunca mais viver esse desconforto, resolvi me forjar procura. Não me demonstrar oferta. Não bater à porta e me ostentar como promoção; artigo afetivo em queima de estoque. Doravante, quem me quiser faça o pedido; passe no caixa; peça entrega. Fique ansiosa, insegura e cheia de planos para cada vez que a encomenda chegar.

Inserida por demetriosena

FUGITIVO DO AMOR

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Desenhei este amor pra brincar de sofrer
uma dor colorida e com traços velados,
pra viver um enredo que valesse a pena
e ter sonhos alados; distantes do chão...
Tive medos tecidos em linhas de vento,
nostalgias voláteis de puro frescor,
dei ao meu sentimento a duração serena
do sentido que a vida permitiu fazer...
É por isso que agora preciso sair;
minha mãe já me chama para tomar banho,
almoçar e cair no cochilo da tarde...
E também é melhor não apanhar da vida
por brincar em excesso e me ferir a sério
no mistério do amor que supera o brinquedo...

Inserida por demetriosena

PLANTIO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não existe uma vida sem alguns buracos;
um enredo perfeito, real nem escrito;
carnaval sem seus cacos de cascos e copos
que nos contam passagens de glória e tragédia...
Mesmo assim pinto rumos pra vê-los melhor
ou invento brinquedos de agir e pensar,
faço versos de amor e decanto as maldades;
elas ficam curáveis em minha esperança...
É a vida que tenho pra chamar de minha;
que me deu de presente, passado e futuro
a magia do escuro transformado em luz...
Os buracos são férteis e planto mais vida;
uma vida sem vida não vale seu tempo
e quem planta se apronta para renascer...

Inserida por demetriosena

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