Carta de Saudade
O Silêncio dos Vagalumes
Foram-se os vagalumes,
não por medo da noite,
mas porque sua luz já não cabia
em mãos que desaprenderam o assombro.
Foram-se como preces mudas,
sem rastro, sem vestígio,
levando consigo a infância dos olhos
e a última centelha do espanto.
A cidade caminha sobre sombras,
e os passos ressoam na ausência do que era vivo.
Onde antes um lampejo fugaz
rasgava a pele do escuro,
agora há um breu domesticado,
submisso ao clarão sem alma
das lâmpadas que nunca dormem.
Mas quem sabe, em outra noite,
quando os homens cessarem o peso
sobre as coisas miúdas,
eles voltem.
E, sobre as ruas, redesenhem em claridade
o que o silêncio agora esconde:
o simples milagre
de brilhar sem porquê.
Queria ficar naquele primeiro mês em que me encantei por você, ou até mesmo na primeira vez q te vi por vídeo chamada... Seu sorriso me fez esquecer de tudo. Eu ficaria ali por horas e horas te ouvindo e não te entendendo. Completamente hipnotizada pelo movimento dos teus lábios. Onde nos perdemos?
Porque qndo penso em você, penso na pessoa da primeira semana em que me encantei de imediato, e vez ou outra eu baixo a guarda pra tentar reencontrá-la. Não acho. Saudades das brincadeirinhas com voz boba, ou de um boa noite firme com vocativo "Cordeiro". Dos ensinamentos da vida.
Eu tenho saudade da pessoa não tinha tantas certezas sobre futuro e que gostava de conversar aleatoriedades
Sombra do destino
No abraço da noite um coração ingênuo se permite sofrer,
alinhado com a saudade se mantém preso na frequência do você,
enlaçado pelo romantismo lágrimas derramei ao olhar pela janela e não ver que estamos demorando em mais uma noite de sereno.
Com a força do pensar, com os sentimentos mágicos e através da vibração que domina a força condutora do amor, seguramente eu te doaria os anéis de Saturno, eu encolheria o planeta Júpiter transformando-o em uma joia para te presentear, tenho certeza que aqueceria o planeta Vênus com a energia magnética que carrego apenas para ser usado como nosso lar.
No silêncio do outono mais uma noite precocemente se vai levando subitamente a sombra do meu destino, porém, impiedoso com império das lágrimas e decidido a lutar mesmo quase sem forças e alheio a esperança, voltarei por quantas noites for necessário e cada vez mais preparado para cobrar do destino um novo amanhecer.
Quando a Noite Cai
Quando a noite cai
e o frio desce devagar,
vem com ele a angústia —
silenciosa,
sutil,
letal.
Quando o frio me visita,
sinto falta do teu calor,
aquele que apagava
toda dor,
todo medo,
toda solidão.
Quando percebo tua ausência
no eco da casa vazia,
bebo tuas palavras guardadas,
e nelas,
me cura a poesia.
Quando olho ao redor
e não te encontro,
as lembranças surgem —
nítidas, quentes,
com o gosto do nosso
último beijo.
E quando tudo silencia,
até o tempo se recolhe…
Fecho os olhos —
e, inevitavelmente,
é em ti
que meu pensamento dorme.
**"Madrugadas de Ausência (Versão Final)"**
As horas noturnas escorrem lentas, e meus pensamentos — esses visitantes indesejados — insistem em perfurar o silêncio. Há dias não me reconheço no espelho: a força que exibo é apenas um disfarce que desmorona na solidão. Eu daria tudo, até meu próprio nome, para dobrar o tempo e reescrever nosso fim. Talvez, num ato de loucura ou redenção, eu encontrasse as palavras que faltaram.
*Saudade.* Três sílabas que pesam como um mundo. Você era meu porto seguro, meu norte em noites sem estrelas — e agora é apenas um eco, um fantasma que habita meus "e se". Talvez esperasse que eu despertasse a tempo, mas eu, mergulhado em minhas próprias sombras, não via a luz que você me estendia. Sei que agora floresce em outros braços, e essa certeza é uma faca que torço no peito toda vez que o relógio marca 3h17 e eu, insone, revisito nosso passado.
A dor que carrego é orgulhosa: não se expõe em lágrimas fáceis. Esconde-se nas entrelinhas do meu riso, nos copos vazios da mesa de bar, no hábito de ainda olhar para o celular esperando uma mensagem que nunca virá. Aprendi que o tempo não cura — apenas ensina a conviver com a cicatriz.
Somos agora dois estranhos que compartilham um museu de memórias. Como explicar que já naveguei por todo o teu ser? Conheci a geografia do teu riso, as tempestades nos teus olhos, os segredos que você sussurrava no escuro. Seu abraço era minha única pátria — e hoje sou um exilado do seu calor.
*Sinto falta do ritual de cuidar de você:*
— Das gargalhadas que eu roubava dos teus lábios mesmo nos dias cinza;
— Do modo como ajustava o cobertor sobre seus pés frios;
— Da coragem que você me emprestava só por existir.
Nossas lembranças são como um filme projetado em paredes úmidas: cada cena, um paradoxo de dor e gratidão. Obrigado por me ensinar que o amor pode ser tão vasto quanto o mar — e, ainda assim, caber no espaço entre duas mãos entrelaçadas.
Três anos. Mil e noventa e cinco dias de eu me enganar dizendo que "já passou". Seu nome ainda brota em mim como hera em ruínas: devagar, implacável. Descobri que você espera um filho — e essa notícia me transformou em um atlas de mundos paralelos, onde em algum universo esse bebê teria meus olhos e seu nariz perfeito.
Você voou para os sonhos que um dia plantamos juntos. Eu, aqui, rego as sementes que sobraram com lágrimas estéreis. Segui em frente porque a vida exige movimento — mas meu coração é um relógio de areia que insiste em virar sozinho, sempre de volta a você.
*"Fleur de ma vie"*, você permanece:
— Na canção que toca no elevador do shopping;
— No cheiro de jasmim que algum vento traiçoeiro me traz em agosto;
— No vão da minha cama, que ainda guarda o formato do seu corpo.
E se um dia nossos caminhos se cruzarem novamente, prometo sorrir com os olhos (como você me ensinou). Até lá, continuarei escrevendo cartas que nunca enviarei — porque algumas saudades são tão profundas que precisam ser vividas no silêncio.
---
**
Uma história se faz,
quando os caminhos se encontram,
Uma fusão, que se faz presente.
A cada instante, uma energia crescente.
Sempre fiel à sua natureza,
Não poupa a sua beleza.
Tão pouco finge, e com todo amor se envolve,
Entregando a mais pura pureza.
Em um espaço conquistado,
Que aos poucos chegou,
Mostrando-me nele,
Quanto amor doou.
Aonde passa, marcas deixa,
Umas de Amor, outras de Fervor!
Seu olhar penetrava, e quando sentia,
Minha alma gritava.
Tão mais que seus grunhidos,
Era a chama que em mim queimava,
Presente em cada gesto,
Na lealdade que me abraçava.
O amor se encaminha,
Sem pensar, apenas toma seu lugar,
No céu, destinado ao firmamento,
Onde todos que olham lembram dos momentos.
Saudosa escrita
Através da janela aberta ventos saudosos chegaram,
Escrita em linhas tortas, versos sujam o papel,
Do celular, fotografias foram mergulhadas em sentimentos,
Na mesa, o café frio, a peça intima perfumada, rabiscos lacrimejantes,
Ventos fecham as janelas, muralhas crescem além da conta,
Amargos, são os detalhes da história recente,
Doces, são as migalhas das lembranças sem prosa,
As linhas, levam a uma estrada deserta abaladas pela saudade.
"Eu não sei o porquê, mas as lembranças, estão cada dia mais fracas e a bebida, mais forte.
Talvez, o plano de tentar lhe esquecer, esteja dando certo, talvez tal plano, me traga a morte.
É; realmente; as lembranças estão mais fracas e a bebida, mais forte.
O problema, é que não quero te esquecer e foi nesse jogo de azar, em que lancei minha sorte.
Sou poeta sem Casmurro, Memórias, Kafka ou Dom Quixote.
Filósofo sem Platão, Epicuro, Aristóteles.
Tento justificar o assassinato de nossas lembranças, como Raskolinikov.
Imoral, atemporal, não existe tempo, tampouco religião, quando me perco em seu olhar e meu coração bate mais forte.
A cada copo, a cada taça, a cada gole.
Meu coração, está cada dia mais fraco e a bebida, mais forte.
A cada trago, a cada dose.
Sinto na boca, o gosto da morte.
Desmaio em meus pensamentos, ouço sua voz em todo canto; da sua pele, sinto o macio do toque.
Rogo a Deus, para me livrar do azar de te amar, mas parece-me, ele deixou-me à própria sorte.
As orações, estão cada dia mais fracas, Pai, e a bebida, mais forte.
'Sei, que nada sei', bem da verdade, só sei que a amo; perdão Sócrates.
Só crê que, 'O homem é o lobo do homem', quem não sabe do que é capaz, uma mulher; tolo Hobbes.
Já não suporto; a saudade, está cada dia mais intensa e a bebida, mais forte.
Rogo, talvez com sorte, eu hei de ser, rainha da minha vida, o seu consorte.
Enquanto não, miseravelmente falho em meu plano, meu amor, hoje bebo e a bebida, parece não fazer mais efeito e a lembrança de ti, em mim, nunca fora tão forte..."
Eternidade em Fragmentos
Um dia não estarei mais entre a humanidade,
Em pouco tempo, quem guardou meu ser,
Partirá, e assim, em meio à saudade,
Serei esquecido, como um sonho a se perder.
Mas mesmo assim, nas luzes de cada cena,
Continuarei existindo em cada fotografia,
Capturada pelo meu olhar, a alma plena,
Reflexos de vidas que eternizam a alegria.
Mesmo sem rostos que reconheçam meu nome,
Meu registro fotográfico sempre brilhará,
A cada imagem que o tempo consome,
Minhas histórias na memória ficarão a dançar.
A cada vídeo que editei com carinho,
A poesia que escrevi em noites de solidão,
Serão ecos de um mundo que eu tinha como um ninho,
Vozes que ressoam na imensidão da criação.
Mesmo que não saibam quem eu fui ou sou,
Minhas palavras e imagens permanecerão aqui,
Guardadas nas almas que o destino encontrou,
Como estrelas no céu, sempre a reluzir.
Assim, quando minha partida chegar ao fim,
E as memórias se esvaírem como o mar na areia,
Saberão que estive aqui, mesmo sem um sim,
E que minha essência vive na arte que semeia.
Coração partido, mas o som tá batendo,
Procuro qualidades, sempre fluindo,
Os defeitos tão no espelho, que vão refletindo,
Mas espero alguém pra somar, o tempo vai ouvindo
minha saudade
Amor é meta, mas sem ostentação,
No morro ou na pista, sempre de mão em mão,
Saudade no peito, vira inspiração,
Dividir o café, nossa sintonia então.
O amor é simples, é dividir o café,
É ver manhã chegar com sabor e fé,
Reconhecer a saudade em todas as manhãs,
que guarda em pé!
É o funk no peito, junto ao que é.
Trap e batida, sentimento que invade,
Rimando sobre noites e nossas verdades,
Se for pra somar, aceito a metade,
Amor que é vivido, não pela metade.
Na favela ou no asfalto, paixão é pulsação,
Entre muros de concreto ou no vasto chão,
A química vibra, nossa conexão,
Procuro no comum, escrevendo canção.
O amor é simples, é dividir o café,
É ver manhã chegar com sabor e fé,
Reconhecer a saudade em todas as manhãs,
que guarda em pé!
É o funk no peito, junto ao que é.
Fragmentos para um amor morto
Teu nome
ainda arranha
meu sono.
No prato vazio,
mastigo tua ausência
como pão duro.
Minha boca chama —
mas só responde
o silêncio.
Um lençol,
um cheiro,
uma falta.
Teu corpo foi,
mas tua sombra
não desaprende.
Grito teu nome
e ele volta
sem carne.
A noite me veste
com tua ausência:
lã fria,
sangue lento.
Guarde as sensações…
Guarde as sensações…
É o que fica de tudo que vivemos.
Sensação de alegria, tristeza.
Mas a sensação de bem estar de um momento especial é tão boa, traz aquela lembrança com todo sentimento que foi sentido na hora.
Quando vejo uma foto sinto a sensação do momento em que ela foi tirada.
Hoje vi uma foto da minha mãe com o penteado que eu fiz nela.
A sensação é a de que eu tinha acabado de mexer no cabelo dela… tão ralo e tão lindo. Minha mãezinha tão linda… não consigo acreditar que ela já se foi.
O Maior Amor de Todos 💐
Quase quarenta anos de história,
tantos risos, abraços e momentos em que os corações se entrelaçaram,
como se o tempo fosse apenas uma parte de algo maior,
algo eterno.
Hoje, a saudade é profunda,
mas o amor que você e eu compartilhamos
não precisa de presença física para existir.
Ele está em cada lembrança,
em cada passo que dei ao seu lado.
A música que tocava em nossas vidas,
agora se transforma na canção que ressoa dentro de mim.
O maior amor não está na ausência,
mas em tudo o que construímos juntos,
nas lições que ele deixou,
na força que você me ensinou a encontrar em mim mesma.
O amor verdadeiro não se apaga.
Ele se reinventa, se transforma, mas sempre permanece.
E eu, que aprendi tanto com você,
carrego em meu peito a maior lição de todas:
que o amor próprio é o alicerce
para enfrentar o que a vida traz,
e para continuar acreditando, mesmo quando tudo parece difícil.
Embora você tenha partido,
o amor que dividimos não acabou.
Ele vive em mim, em tudo o que sou agora.
E sei que, em algum lugar, você ainda me olha e me guia,
me lembrando de que o maior amor de todos
é aquele que nos ensina a ser fortes,
a acreditar e a seguir,
mesmo sem a sua presença ao meu lado.
Sempre amarei você.
Com saudade e gratidão, sua esposa e filhos.
Carta para Mim Mesma 💐
Querida,
Às vezes, a vida nos coloca diante de desafios tão grandes que parece que a força nos escapa. Mas, mesmo nos momentos mais difíceis, percebo que sou mais forte do que imagino. Cada dia que passa, acordo mais revigorada, com uma sensação renovada de que posso, sim, seguir em frente, apesar da saudade e da dor.
A perda de alguém tão amado deixa um vazio que nunca será preenchido da mesma forma. Sei que nunca encontrarei outra pessoa como ele, mas aprendi que o amor não se apaga; ele se reinventa. Ele se transforma em algo eterno, presente em todas as lembranças, nas lições que ele me deixou e na força que ele me ensinou a encontrar dentro de mim mesma.
É verdade que ainda sinto a ausência dele todos os dias. Mas a saudade, mesmo sendo dolorosa, também é uma prova de que o amor vivido foi profundo e verdadeiro. Ele está presente em cada parte de quem eu sou agora, em cada passo que dou. E mesmo sem sua presença física, sei que ele me guia, me ensina, me lembra de que sou capaz de seguir em frente.
Não há como negar que a dor e as lembranças são parte de mim, mas elas também me tornam mais forte. O que ele me ensinou sobre o amor próprio, sobre a força que existe dentro de mim, me sustenta em momentos de fraqueza. Aprendi que o maior amor de todos é aquele que nos ensina a ser fortes, a acreditar e a seguir em frente, mesmo quando tudo parece difícil.
Hoje, ao olhar para tudo o que vivemos, sinto uma enorme gratidão. Não só pela memória dele, mas pela vida que compartilhei ao lado dele. Cada risada, cada abraço, cada momento... tudo isso fez parte de algo maior, algo que, apesar de parecer ter acabado, continua a viver dentro de mim. E eu carrego isso com tanto carinho, com tanta gratidão. Ele me ensinou a valorizar a beleza da vida, a força do amor e a importância de acreditar em mim mesma.
E, mesmo com todo o amor que eu sinto, não posso esquecer de que a saudade é algo que vai acompanhar meus passos por muito tempo. Mas não é uma saudade que me enfraquece. Pelo contrário, é uma saudade que me fortalece, que me lembra da importância de tudo o que vivemos e do impacto imenso que ele teve em minha vida.
Hoje, me sinto mais forte. Me sinto revigorada. Sei que a dor da perda nunca vai desaparecer completamente, mas a cada dia, com mais amor, carinho e gratidão, vou encontrando formas de seguir em frente. E, de algum jeito, sei que ele estará sempre comigo, me guiando, me protegendo, me amando, de uma forma que só o amor verdadeiro pode fazer.
Com saudade e gratidão,
Sua esposa e filhos
Não me velou em vida.
Não me venha agora com flores póstumas de memórias mortas. Não me traga fúnebres lembranças de amores velados em desesperança. Diga-me, acaso foste tu, a luz nos meus dias sombrios? Ou fostes apenas o frio cálido das minhas noites infindas, perdido no teu ser? Se não velastes o meu mórbido desespero, não me traga cores primaveris como afagos solitários no meu leito eterno de descanso vazio.
"Agora foi, agora é hora"
Eu não gosto de você.
Não sinto atração por você.
E poderia até dizer que te odeio…
Mas isso não seria verdade.
Sinto falta das nossas memórias,
de tudo que vivemos —
mesmo sabendo que isso não vai voltar.
Somos pessoas diferentes agora,
com mentes diferentes,
mais maduras do que antes.
Hoje, não somos mais o que fomos ontem.
E nunca mais seremos.
Mas... tá tudo bem.
Não.
Não está.
Porque toda vez que você me ligar,
eu vou atender.
Sem pensar duas vezes.
Mesmo você estando com outra,
mesmo que eu também esteja com alguém...
Você ainda vai ser o meu "e se".
Agora foi.
Agora é hora.
obs: eu fiz essa nota para uma pessoa que amei muito e hj não amo mais mas sinto falta do que éramos e do que poderíamos ser
Hoje é o seu aniversário, 08 de maio.
E por mais que a vida tenha colocado distância entre nós, meu coração ainda sente que essa data também é minha.
Porque te conhecer foi uma espécie de renascimento pra mim.
E mesmo que agora a gente esteja em margens diferentes do mesmo rio, eu continuo ouvindo o som da sua presença dentro de mim.
Essa semana a gente se falou depois de meses.
Meses de silêncio. De saudade disfarçada.
De tentar seguir em frente com metade do peito.
E quando você apareceu de novo… foi como abrir uma janela num quarto onde eu já tinha me acostumado com a escuridão.
A luz não veio pra machucar.
Veio pra lembrar que, apesar dos cacos, ainda existe algo vivo entre a gente. Algo que o tempo não levou.
Não voltamos ao que éramos — e talvez nem devêssemos.
Mas pela primeira vez, a gente tirou as máscaras.
Deixamos a verdade entrar.
Sem culpa. Sem cobrança. Só a verdade.
Só nós, e esse sentimento que, mesmo machucado, ainda respira.
E eu não posso negar: você foi o amor mais bonito que já me aconteceu.
Mesmo na dor, mesmo nos erros, mesmo nos rompimentos — você foi lar.
Você me cuidou como ninguém.
Me amou nos meus dias pequenos.
E ficou… mesmo quando eu só queria sumir.
Talvez a gente tenha se perdido porque tentou se amar com pressa.
Porque o mundo exigia muito da gente, e a gente não sabia ainda como se proteger.
Talvez o amor tenha sido maior que o nosso preparo.
Mas sabe… se for amor mesmo, ele espera.
Ele não exige presença o tempo todo — ele confia.
Ele vira silêncio que acolhe.
Vira lembrança boa no meio do caos.
E se um dia a vida decidir nos reencontrar, que seja pra gente se amar com mais calma.
Com mais maturidade.
Com mais paz.
Hoje, tudo o que eu quero é te agradecer.
Por ter sido porto quando eu só conhecia tempestades.
Por ter ficado. Por ter me enxergado.
Por ter feito parte da minha vida com tanta verdade.
Desejo que você seja feliz de verdade.
Que encontre um caminho onde a sua alma possa respirar inteira.
Que sinta amor, que receba amor — e que nunca se esqueça do quanto você é especial.
Você é raro. Você é luz.
"Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you."
(Coldplay)
Feliz aniversário, meu amor.
Ainda que eu não esteja mais ao seu lado, meu coração não se esquece de tudo o que fomos.
E se for pra sermos de novo… que seja quando nossos corações estiverem prontos.
Inteiros.
Leves.
E dispostos a cuidar — como o amor merece ser cuidado.
Te amo. E sempre vou.
Com todo o meu coração.
O que já passou...
Quando eu era criança,
Via o mundo como um caleidoscópio,
O sol refletia alegria,
tinha um olhar de esperança.
Com o passar dos anos,
tudo se tornou uma memória borrada,
via apenas os danos,
virei uma alma condenada.
Como queria voltar a ser criança,
que não tinha uma memória criada,
nem uma mente arranhada,
apenas vivia de alegria e graça.
O Encontro no Ônibus
Estava eu, mais uma vez, indo para a casa de minha avó. Para tanto, preciso pegar dois ônibus ou ir a pé até o ponto do segundo. Com muita cautela, vou. Passo atenciosamente de rua em rua, esquivando-me das esquinas como quem evita lembranças indesejadas.
Decido ir a pé. Chego ao segundo ponto um pouco cansado, o corpo denunciando a caminhada, e logo vejo meu ônibus se aproximar. Entro, pago e me assento. Como em qualquer outro dia, encaro a janela como uma tela em branco, onde os cenários passam rápido demais para serem compreendidos. Imagino tudo, porém nada de importância.
Um bairro se passou quando sinto um toque no braço, leve como o roçar de um galho ao vento. Vinha de alguém que se assentava do meu lado direito. Penso que foi apenas um esbarro casual e volto ao meu devaneio, mas novamente sinto. Dessa vez, decido me virar e entender o que estava acontecendo.
Era uma senhora, pequena e franzina, de mãos trêmulas e olhar perdido. Tentava, com delicadeza, chamar minha atenção. Algo havia de diferente em seu olhar — um brilho úmido que parecia conter todo o peso do mundo. O marejar de seus olhos já me inundava, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, ela segurou minha mão com firmeza, como quem busca âncora na tempestade.
Sem dizer uma palavra, ela apenas suspirou fundo, como se aquele gesto contivesse anos de histórias acumuladas. Seus dedos enrugados e frágeis envolviam minha mão como se segurassem um último pedaço de esperança. Por um instante, o mundo se reduziu àquele toque, e o barulho do ônibus se tornou um murmúrio distante.
Aos poucos, seus lábios se abriram, e num sussurro quase inaudível, ela disse:
— Você se parece com meu filho...
Houve um silêncio denso, como se o universo contivesse o fôlego. Não sabia o que responder, e talvez ela nem esperasse uma resposta. Apenas segurava minha mão, fixando o olhar num ponto indefinido do corredor.
— Ele partiu faz tanto tempo... — murmurou, com a voz quebrada pela saudade.
Um nó se formou na minha garganta. Respirei fundo, sentindo o peso daquele instante. Então, num gesto instintivo, apertei a mão dela com carinho e disse:
— Eu estou aqui... Pode me contar sobre ele, se quiser.
Ela pareceu surpresa, como se aquela simples oferta fosse um presente inesperado. Seus olhos marejados se voltaram para mim, e um sorriso tímido despontou, como um raio de sol por entre nuvens carregadas.
— Ele tinha esse jeito quieto... sempre olhava pela janela, pensativo. Gostava de imaginar histórias. E quando eu estava triste, ele só segurava minha mão, como você está fazendo agora.
Senti meu coração pulsar mais forte. Eu não era apenas eu — naquele instante, eu era um fragmento de memória viva. Ela continuou falando, e a cada palavra seu rosto se iluminava, como se a lembrança trouxesse o calor de um reencontro.
— Ele dizia que as nuvens eram mapas de terras mágicas — disse ela, sorrindo leve.
— Sempre acreditava que, se prestássemos atenção, descobriríamos um caminho que só os sonhadores enxergam.
Sorri também, e sem perceber, comecei a compartilhar minhas próprias memórias de viagens e pensamentos perdidos olhando pela janela. Ela escutava atenta, como quem encontra companhia na dor e na saudade.
Quando o ônibus freou bruscamente, ela soltou minha mão com delicadeza, como se devolvesse à realidade o que fora apenas um breve consolo. Antes de descer, olhou para mim com um sorriso pequeno, mas sincero, carregado de um agradecimento mudo.
— Obrigada... Você me fez lembrar que o amor não morre... Só se transforma em saudade.
Olhei para ela e, com um sorriso sincero, respondi:
— Talvez ele ainda segure sua mão... de algum jeito, através de quem traz um pouco dele no olhar.
Ela desviou o olhar por um momento, tentando conter as lágrimas. Mas quando voltou a me encarar, havia uma serenidade nova ali, como se minhas palavras tivessem encontrado um canto acolhedor dentro dela.
Fiquei observando-a partir, pequena e delicada, desaparecendo na multidão. O ônibus seguiu viagem, mas aquela sensação permaneceu em mim — uma mistura de melancolia e gratidão por ter sido, ainda que por poucos minutos, um porto seguro para alguém que precisava ancorar suas lembranças.
No caminho até a casa de minha avó, pensei sobre a força que existe em simplesmente estar ali para alguém. Às vezes, somos chamados a ser companhia em meio ao tumulto da cidade, como se a vida nos empurrasse para encontros que não esperávamos, mas que, de alguma forma, precisávamos viver.
E ali, entre a dor e o alívio, aprendi que às vezes somos porto, outras vezes somos naufrágio — e, no intervalo entre os dois, a vida nos permite tocar o coração de um desconhecido, deixando nele um pouco de calma, e levando conosco a certeza de que a humanidade sobrevive nos detalhes.
Do Vazio, Transbordo
Do vazio, preencho-me,
como tela que se pinta sozinha,
colorido com as mais belas cores
de uma paleta que nem escolhi.
Sou arte que se faz sem intenção,
um quadro que respira
e dança com os tons
que o acaso me deu.
Do vazio, transbordo,
como rio que se perde
entre margens inconstantes,
a fluidez de um só
corpo que se desenha
com as tintas do improvável,
na liberdade de ser
mais que apenas vazio.
Quando a vida me cobre
com véus de incerteza,
esboço-me em traços largos
e deixo que o tempo
pincele meus contornos.
Não sei se sou obra completa
ou fragmento em constante mudança,
mas aceito o caos
como parte da criação.
Sou o intervalo entre
a matéria e o conceito,
o pulsar do imprevisto
na estrutura que se rompe.
Quando me olho de fora,
percebo que sou mais
do que a soma de escolhas,
sou o reflexo que escapa
entre as fendas da razão.
Há beleza no que escorre
sem forma definida,
no gesto que se faz
pela inquietação do existir.
Sou composição inacabada,
mas inteira naquilo
que jamais cessa de se criar.
E assim,
de um espaço que era nada,
sou cor, sou movimento,
um corpo que não cabe
em linhas retas
nem em molduras fixas.
Sou a contradança
entre o vazio e o transbordar,
a essência que se molda
na ausência de certezas,
como verso que se escreve
no tempo que passa
sem pedir licença.
E se ao final
me perguntarem o que sou,
direi que sou fluido,
transição que se esparrama
entre o ser e o deixar de ser.
Um conceito escorrendo da mente
que, ao tocar o chão,
se torna rio que não desiste
de encontrar o mar.
Porque ser é também desaguar
em possibilidades infinitas,
é não temer a dissolução
e encontrar na própria mudança
a raiz que jamais se fixa.
Sou processo que se faz
enquanto a vida se move,
uma arte sem moldura,
uma verdade sem contorno,
transbordando de mim
no vazio que me acolhe.
E se por acaso
me perguntarem novamente,
não direi mais que sou completo,
nem que estou pronto.
Direi que sou como a água,
que ao abraçar a terra,
transfigura-se em rio,
em mar, em chuva,
mas nunca deixa de ser
essencialmente líquida,
livre para se moldar
e expandir,
pois mesmo quando se evapora,
não deixa de ser presença,
não deixa de ser vida.
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