Coleção pessoal de carollinevieira

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Mexa-se

Saber recuar, saber avançar... Parece simples, mas não é. Os dois passos exigem um auto-controle que não encontramos nos livros ou nos conselhos que recebemos. Às vezes queremos tanto uma coisa, que não enxergamos outras opções, não enxergamos as enormes e surpreendentes chances de dar tudo errado. E elas são mais presentes do que a gente imagina. Eu mesma, muitas vezes quero, e muito. Mas querer só não adianta. Precisamos aprender a recuar. Precisamos entender quando um ciclo se fecha, ou quando não temos mais para onde remar. Não é vergonha desistir no meio do caminho, remar sozinho cansa muito... Não aconselho a ninguém. Mas também existem momentos em que se você ficar parado, olhando a vida passar, acaba se perdendo nela. Avançar também é preciso. Deixar coisas, pessoas pra trás. Aprender a andar pra frente é fundamental pra valorizar o que se tinha ou tem. O recuo, na verdade, é uma forma de avanço também. É preciso muita maturidade para voltar um passo, reconhecer que ainda não está preparado. Voltar uma casinha pode te livrar de tanto aperto... Além de te abrir pra novas possibilidades, pra um cantinho que você nem imaginava que existia, porque se fixou em um e se cegou para o resto. O importante mesmo é não perder o movimento. Não importa se é pra frente ou pra trás, se continuar no mesmo lugar você nunca saberá aonde pode chegar.

Sumiu, e agora?

Você conhece a pessoa, acaba se envolvendo, e tá... Tudo lindo. Até que um belo dia ela resolve se desligar, para de procurar, não puxa mais assunto e continua vivendo a vida normalmente, como se tivesse acordado do sonho. O que será que aconteceu? Você se pergunta o tempo todo. Procura uma vez, sente a falta de assunto ou de interesse do outro lado, e fica caçando erros, como se eles fossem justificar o descaso. Mas será que ele é mesmo justificável? O que podemos fazer pra inverter a situação, você me pergunta. E eu te respondo de uma maneira bem objetiva: nada. Não adianta e nem precisa ficar contando a mesma história em diversas versões diferentes pros seus amigos, esperando que uma alma caridosa traga alguma palavra de conforto ou próxima do que você queria ouvir. A resposta é simples, e mais do que óbvia. E no fundo a gente sabe disso. A verdade é apenas uma: quem se importa, faz questão. Dá um jeito. Não tem essa de desculpa e muito menos de sumir como se fosse algo natural. Se você fez sua parte, procurou e não teve o retorno esperado, fique tranqüilo. Na dúvida, não procure. Se ela voltar atrás, e resolver dar um sinal de vida, vai fazer valer cada minuto de preocupação. Se sumir de vez, vai estar te fazendo um favor.

Homens de 30

Minha amiga tá na casa dos 29, chegando aos 30 naquele desespero de não querer conhecer garoto novo nem por um decreto. Tem que ser de 30 pra cima. Essa semana dispensou um bonitinho e gente boa por não atender ao tal pré-requisito. Mas por que 30? Na nossa cabeça, os homens de 30 são mais maduros, tem uma vida mais estável e estão em busca da mulher pra quem darão seu sobrenome. Na nossa cabeça, né? Teoricamente, isso deveria ter alguma verdade, já que tiveram mais tempo que os outros pra curtir a vida. Mas não tem. A maturidade depende da própria pessoa, e pode surgir aos 15 ou aos 40. A estabilidade depende única e exclusivamente do quanto a pessoa está disposta a correr atrás dos seus interesses, e também anda junto com a maturidade. E a mulher pra casar, ah a mulher... Isso vai depender apenas de uma coisa: amor. Quando o cara se apaixona de verdade por alguém, a ponto de não se importar com o resto dos seres do planeta, ele não vai pensar duas vezes em agarrar a oportunidade. Ninguém quer correr o risco de perder algo especial. Com isso, concluímos que essa coisa de idade nada mais é do que (mais) uma ilusão da cabeça da gente. Esse pensamento muda em 30 segundos. E por falar em 30, ah, esses homens de 30...

Agarre a si mesmo

Eu tenho pena desses caras que querem agarrar o mundo com as mãos, como se fosse perfeitamente possível ser feliz assim. Como se as pessoas fossem coisas, que você guarda na gaveta quando cansa, mas que sabe que vai estar ali à disposição quando der vontade. Uma espécie de brinquedo, que só serve enquanto não aparece um jogo mais sedutor, ou que desperte uma curiosidade maior. Esse tipo de gente não sabe como é gostoso saborear alguém, conhecer mais a fundo. É o tipo de pessoa que vive pulando etapas, se afoba e não consegue dar nem setenta por cento de si para tornar um momento mágico. Vive de metades, terços, quartos. Deve ser muito triste essa vida vazia, onde você não se permite desvendar os mistérios, não sabe como descobrir os pontos fracos, as manias, os gostos e gestos de quem escolheu ter ao lado. Porque por mais que você encontre uma pessoa especial, nunca será suficiente. Vida de gente medrosa, que prefere a certeza do vazio a uma tentativa de algo que possa valer a pena. Prefere quantidade à qualidade. Como se números fossem maiores que sentimentos. Ô povinho burro e egoísta. Não dá nem pra ter raiva. Ao mesmo tempo em que se tem muito, não se tem nada. Não se tem ninguém. Convenhamos, talvez nem se tenha. E não sendo seu de verdade, como se doar pra alguém?

Liberdade a seu favor

Pro inferno esse discurso de liberdade barata de vocês. Como se uma ligação ou uma mensagem fossem diminuir o tempo com os amigos, a cerveja gelada no bar ou se tornasse alguma promessa de casamento. Não sei em que planeta vocês vivem, pra acreditar que ser atencioso hoje em dia é sinônimo de compromisso. O imbecil que acredita que vou cair nesses joguinhos vai no mínimo é cair do cavalo. Não é um favor ser gentil e se preocupar com o outro, é um dever. Aprendam. Se não aprenderam em casa, que repitam a lição algumas vezes. Ninguém gosta de pessoas que não estão nem aí pra hora do Brasil, que não se importam com o bem-estar alheio, ou que tem medo de demonstrar o que sente. Carinho não é um favor. Pra mim são um bando de covardes, que preferem omitir o que sentem com medo de se entregar, porque se entregar é coisa de gente corajosa e não é qualquer um que aguenta o tranco. É tarefa puxada, mas que traz uma recompensa que só quem se joga é capaz de entender. Mal sabem o que estão perdendo. Quero alguém pra ser inteiro e me dar o direito de ser também. Porque não tem graça estar na sua, sem poder ser sua. Não tem graça ser na teoria e não poder ser na prática. Se for pra ser, que seja de verdade. E bom o suficiente pra fazer casa segundo valer a pena. Que venha pra libertar, e uma liberdade que não precisa ser dita o tempo inteiro pra ser compreendida. Apenas sentida.

Lembra?

Acho que "a semana tá corrida" é a pior das justificativas para responder a uma ausência. É óbvio que tá, a semana, o dia, as horas. O tempo corre, meu amor. Mais do que isso, ele voa. O que não significa que não sobre um minuto do seu dia pra lembrar de quem te faz bem, ou que você alega fazer. Quando gosto ou estou com alguém, acordo e vou dormir pensando na pessoa. Isso não é obrigação e nem deve ser um dever, mas é uma forma de reconhecer quando algo é importante pra mim. E eu, de verdade, acredito do fundo do meu coração que quando essa coisa é mesmo importante, a gente lembra. Lembra no caminho do trabalho, lembra na hora do almoço, até na hora do banho. A gente olha pro telefone e lembra. E quando lembramos, temos vontade de ter por perto, seja pessoalmente, seja em uma simples ligação ou mensagem. Porque é essa vontade de viver tudo o quanto puder, essa urgência toda de querer tudo pra ontem, é o que move a gente. E uma mensagem não mandada, é uma mensagem desperdiçada. Um dia sem falar é um dia perdido. A semana eu nem preciso dizer. Por isso, não me vem com esse papo torto de que a semana tá corrida, que é pra eu não correr de vez de você. Fica esperto. Porque aí, adivinha? Você vai lembrar.

Ele tinha um ego maior que ele. Ela tinha uma teimosia maior que o próprio ego. Ele sabia ser romântico quando tinha que ser, embora nem todos fossem capazes de enxergar essa qualidade. Ela dominava a grosseria, mas quando ouvia uma palavra romântica, se tornava a mais doce das criaturas. Ele era prestativo, fazia questão de ajudar de todas as maneiras quem necessitasse de ajuda. Ela era preguiçosa, preferia ficar observando e babando tanto cuidado e zelo ali de perto. Ele tinha muitos amigos. Ela tinha poucos, mas tinha o suficiente para se satisfazer e se sentir privilegiada. Ele tinha mania de mexer no cabelo. Ela não podia encontrar um espelho. Ele tinha o costume de aumentar o tom da voz. Ela tinha o hábito de chorar em voz baixa. Ele sabia dançar. Ela era uma negação em qualquer movimento. Ele adorava vodka. Ela preferia a cerveja. Ele dava um banho na cozinha. Ela mal sabia fazer um miojo. Ele era de exatas. Ela de humanas. Ele gostava de ler. Ela amava escrever. Ele preferia campo. Ela curtia praia. Ele era viciado em esporte. Ela em chocolate. Ele tinha um abraço que valia mais que mil palavras. Ela tinha o dom de usar as palavras no momento certo. Ele errava. Ela amenizava o tamanho dos erros. Ele acertava. Ela ressaltava cada pequeno acerto. Ele se importava. Ela sabia melhor do que ninguém. Ele amava. Ela também.

Mas a verdade é que eu vivo me perguntando por que não consigo desistir. Não consigo entender porque ainda me sinto a pessoa mais sortuda do mundo quando recebo uma ligação sua, mesmo não sendo frequente. Não entra na minha cabeça como me satisfaço com o pouco que você vem me oferecendo, e como esse pouco – ainda assim – consegue suprir tudo o que eu preciso pro meu dia ser mais feliz. Já ouvi de muita gente que eu mereço mais do que isso. Mais do que ligações e encontros como segunda opção, mais do que meias palavras. Acontece que tudo que vem pela metade da sua mão, me faz inteira. Vai entender. Aprendi desde pequena a não desistir do que me faz sorrir, e talvez por isso não consiga te largar de mão. Você é o responsável pelos meus maiores sorrisos. De um jeito torto, diferente do resto. Parece que você sabe o momento certo de aparecer, sabe a hora certa pra tudo. De repente, some. Fico mal, me perguntando por que esse tipo de coisa só acontece comigo, por que tudo vive dando errado. E aí você volta. Com aquele jeitinho de sempre, com o sorriso de sempre, me fazendo aquele bem de sempre. Alguns garantem que fiz a escolha errada ao me entregar pra você. Mas apesar dos desencontros e da falta de clareza dessa história, quando paro pra pensar em tudo que passamos entendo porque continuo aqui. Entendo que somos especiais um pro outro de alguma forma. Sabe por quê? Você até pode ir, mas sempre vai saber pra onde quer voltar. E sempre volta.

Outro dia, conversando com um amigo, disse que não aguentava mais ficar sozinha. Que tinha que namorar. Na verdade, nunca fui acostumada a ficar solteira muito tempo, era daquele tipo que emenda um relacionamento no outro com muita facilidade. Comecei a reparar nos milhares de casais que se formavam a minha volta, enquanto comigo parecia dar tudo errado. Vivia me perguntando qual foi o tipo de praga que meu ex ou qualquer infeliz jogou pra cima de mim, mas sempre ficava sem resposta. Ao longo da conversa, ele me perguntou qual era a diferença de estar solteira ou namorando. Fiquei pensando em milhares de coisas, comentei da falta que fazia ter alguém pra passar um domingo na cama vendo filme abraçado, da saudade que tinha de ir ao cinema de mãos dadas, de ter alguém com quem dividir minhas conquistas e aquele papinho todo de gente carente. E aí ele me perguntou se eu precisava – de fato – estar namorando, para ter tudo isso. De repente, a pergunta permaneceu horas na minha cabeça. Ele disse que achava que a minha preocupação maior, era em ter alguém pra poder chamar de namorado, era a ideia de poder assumir um relacionamento ou encarar uma relação de forma séria, e não simplesmente ter alguém. E que quanto mais eu ficasse procurando e insistindo na ideia, mais difícil seria de enxergar o que tem à minha volta. Fiquei calada, porque no fundo sabia que era mais ou menos por aí. Às vezes nos preocupamos tanto em dar títulos, nas aparências, que esquecemos o que realmente importa, estar bem, independente de como. Peguei a resposta dele de exemplo, e parei de ter pena de mim. Se não estou me envolvendo sério com ninguém agora, é porque ainda não passei o tempo suficiente que preciso passar comigo. Tô aprendendo a usufruir mais da minha própria companhia, e acredite, tá sendo ótimo. Gasto minhas horas livre no salão, rindo com meus amigos, aprendendo a ser feliz com a única pessoa que pode me fazer feliz de verdade, e que em hipótese alguma vai me abandonar: eu mesma. E você, ao invés de se lamentar, deveria fazer o mesmo.

Pra mim não existe nada mais sexy e atraente do que um homem inteligente. Aqueles tipos que seguram o tranco e não fogem na hora de uma discussão. Acho fascinante o poder que esses caras têm de encarar a ira feminina. A maioria constuma cair fora, larga a mulher falando sozinha, ironiza ou perde a paciência com muita facilidade. Acho incrível quando o cara consegue encarar esses tipos de situação de forma madura, na base da conversa. Sem aumento no tom da voz, sabendo argumentar, ouvindo e tentando entender o outro lado, afinal toda história tem pelo menos dois lados e versões. Geralmente são caras como esses que sabem o que fazer a respeito para as coisas darem certo. Afinal de contas, não existe fórmula mágica pra se ter sucesso em uma relação. O segredo é saber ouvir. Às vezes as palavras podem nos colocar em muitas situações desagradáveis e em saias justas, mas pior do que seu excesso é a sua falta. Até porque, convenhamos, assim como não existe a tal fórmula mágica, até onde eu sei ninguém aqui anda com uma bola de cristal dentro do bolso. Não tenha a prepotência de achar que as pessoas podem adivinhar o que você pensa ou sente, não perca seu tempo deixando de ouvir o que elas têm a dizer. Fale também. Embora não se perceba, o silêncio ainda continua sendo o texto mais fácil de ser lido errado.

Um dia você me conta essa graça toda que você vê em sair e beber com os amigos como se não houvesse amanhã? Aproveita e me conta também o quanto é legal essa vida de beijar cada dia uma boca diferente, ter um abraço diferente, um nome diferente pra chamar. Tenho a curiosidade de saber qual o prazer que se deve ter em não poder gravar sequer o número do telefone da pessoa com quem se está saindo. Me conta também como é não ter nenhuma dessas meninas que são incríveis na cama pra poder levar às festas de família, acreditando ser a pessoa certa pra se apresentar aos pais. E quando você se cansar de toda essa mesmice que a vida que você escolheu te proporciona, e você começar a enxergar que ter alguém ao lado vale muito mais do que todo esse álcool e saias coladas na noite... Você me conta? Talvez aí eu não queira mais saber. Mas tudo bem, não custa nada tentar. Pode ser que um dia desses, você queira me contar a falta que fez a ligação de parabéns ao saber que você foi promovido. Pode ser também que um dia você queira dizer como é importante ter alguém pra te ajudar a colocar os pés no chão. Pode ser que um dia você sinta saudade daquela mensagem de boa noite. Aquela que te fazia dormir com um sorriso no rosto. Pode ser também que um dia você queira me encontrar. Coisa que você não encontra em qualquer lugar, você sabe. Ou será que encontra? Vamos esperar pra ver. Aí será que você me conta?

Queria dizer pra ele o quanto gostei daquela noite, mesmo que não tivesse acontecido nada demais. Aliás, nada demais em termos. Não sei o que as pessoas esperam de um encontro ou uma saída dessas pra jogar conversa fora, só sei que pra mim foi o suficiente pra querer repetir a dose. Me encanta essa coisa da simplicidade. Tinha tudo pra ser uma noite legal, mas foi mais que isso. Uma noite leve, com conversas intermináveis onde nem de longe se notava o tempo passar. Um misto de risadas, descobertas, empatia. Um daqueles dias que eu poderia passar horas e mais horas ali, sem fazer o menor esforço, só pelo prazer da companhia. Sem segundas intenções ou tentativas de qualquer coisa senão um papo bom. Não sei dizer ao certo se houve interesse das duas partes, e pra ser sincera, não me preocupo. Quando converso sobre esses assuntos com algumas amigas, a maioria chega entusiasmada contando mínimos detalhes, e acaba se irritando quando o cara não tenta se “aproximar” ou demonstrar certo interesse. Se sentem rejeitadas. Eu não. Enxergo e penso diferente. Acredito que o fato do cara não ter tentado nada talvez seja motivo de sorte. Ter como intenção te conhecer, saber da sua história, saber seus gostos, pra mim vale muito mais do que alguém que te chama pra sair pra te dar uns beijos e cair fora. Sem essa de criar expectativas. Vamos deixar a vida surpreender? O segredo é deixar as coisas acontecerem. E vou te falar, elas acontecem. Acontecem quando têm que acontecer, com quem tiver que acontecer, se tiver que acontecer. Pra que forçar a barra? O jeito é esperar pra ver.

Amar, mesmo tendo todos os motivos do mundo para odiar alguém. Vocês sabem que são incompatíveis, já se provaram isso milhares de vezes, e ainda assim, não para de pensar em infinitas possibilidades de ficarem juntos. Parece contraditório, mas não é. Burrice? Talvez não. O amor é exatamente isso. Ultrapassa o entendimento, faz a gente sair do comum, mudar nosso pensamento em questão de segundos com um simples gesto de carinho. A gente briga, fala bobagem, mas troca tudo por um abraço ou uma palavra doce. Troca tudo pra se sentir querido e amado de novo. Um olhar diferente já nos faz esquecer toda e qualquer ferida do passado, mesmo que ela volte a ser lembrada lá na frente. Quando a gente ama, sente por dois, sofre por dois, sorri duas vezes. O amor não tem dúvida, não se engana. Ele sabe direitinho que quer pra si. Se a dúvida começar a aparecer, não sei não. Aí tem. Quando a gente ama não se importa com a opinião alheia, nem com uma segunda pessoa. Não adianta pedir conselho pra amigo, porque embora você saiba tudo o que ele vai falar, e que na maioria das vezes não deixa de ser verdade, o coração fala mais alto. Sempre vai falar. Não é masoquismo, é o sentimento mostrando que a sua força é maior. Temos o péssimo hábito de achar que podemos controlar o que sentimos, mas no fundo sabemos que somos controlados pelas nossas emoções. Amar é perder a razão. É se perder, pra talvez assim, conseguir se encontrar.

Assim você me complica, né? Não faz assim. Não chega de mansinho com esse jeito que só você tem, que consegue me tirar do sério apenas com um sorriso. Não vem dizer tudo o que eu quero ouvir de alguém na hora que eu mais preciso, não tô acostumada com isso. Não me mima que eu vou acabar me acostumando e depois não vou saber como agir sem você por perto. Não me abraça dessa forma, que se você resolver ir embora não sei como vou preencher ou ocupar esse lugar tão especial que você criou nesse tempo e eu nem sabia que existia. Não me aperta desse jeito, me fazendo me sentir a mulher mais desejada do mundo. Não me acorda com tantos abraços e beijos, que só de pensar neles me arrepio dos pés a cabeça. Não se aproveita dessa risada gostosa, que me faz feliz só de fazer parte da minha manhã, pra fazer o que quiser de mim. Não faz mais do que você já fez, porque se melhorar eu juro que estraga. Só fica assim, paradinho. Na minha. Continua aqui, sem mudar nem um milímetro. Só continua existindo... E deixa o resto comigo.

Às vezes a saudade é tanta, que eu fecho os olhos na esperança de te ver de novo. Todos os dias me pergunto como vou viver sem seus abraços, sem ouvir sua voz. Mesmo sabendo que já faço isso todos os dias durante um bom tempo. Não me acostumo. É impossível me acostumar com essa sensação de fragilidade e impotência. Não gosto de falar essas coisas, me soa dramático demais. Você me conhece, nunca gostei de drama. Mas é como se eu vivesse um dia de cada vez acreditando que mais cedo ou mais tarde a gente vai se encontrar de novo. E acredito. Acho que é isso que me mantém de pé e me dá forças pra continuar. Mas mais do que por mim, todos os dias penso em realizar os nossos sonhos por você também. Penso no seu sorriso quando me vê conseguindo alcançar tudo o que planejamos, porque acredito que embora não estejamos juntos fisicamente, no fundo, nunca estivemos separados. Eu penso e sinto por dois. Por nós. É inevitável não pensar em você em pelo menos um minuto do meu dia. Você me ensinou o que há de mais especial na vida de uma pessoa: me ensinou a amar. Nunca pensei que pudesse existir um amor como esse, e pela primeira vez, deixo o tom de revolta de lado e venho aqui somente agradecer. Amanhã faz um ano que você se foi, e hoje eu entendo o porquê. Você partiu daqui pra viver pra sempre. E vai continuar vivendo, pra sempre dentro de mim.

E se eu te disser que tô cansada desses jogos? Que essa tal de instabilidade não combina comigo? Eu bem que tento me adaptar e fazer tudo de acordo com o seu devido momento, mas chega uma hora que cansa, sabe? Me incomoda essa coisa de evoluir e regredir em um espaço tão curto de tempo. Se você me quiser, quero que me queira por inteiro. E que demonstre. Não tenho o poder de ler a mente das pessoas e tãopouco a paciência de ficar em cima de alguém sem saber das suas reais intenções. Nunca gostei de sentir que tô pressionando, até porque não suporto ser pressionada. Demorei um bom tempo pra cair a ficha, concordo. Por muito tempo não dei a atenção que merecia, e nem eu mesma sei o motivo. Só sei que a partir do momento que eu decido me envolver, eu me jogo. Não tenho medo de cair de cabeça, meu medo é de gente que deixa o medo falar mais alto que suas vontades. Gosto das coisas simples, pra quê complicar? Esquece as obrigações, esquece os títulos, esquece o resto. Se concentra no que realmente importa. Mas não adianta agir de um jeito e acordar de outro. Cuidado com as ordens de prioridade, e da maneira como você encara elas. Tô aqui agora, posso não estar amanhã. Antes eu acreditava que temos todo tempo do mundo pra tudo na vida, hoje aprendi que a única coisa que não vale a pena é ficar parado deixando ele passar.

E até hoje não me sai da cabeça aquela noite. As risadas, os abraços, as discussões bobas e sem sentido que no final das contas sempre resultavam num beijo bom. Foi um daqueles momentos que se eu pudesse, viveria pela vida toda. Queria entender esse dom que ele tem de colocar magia nas coisas de um jeito tão incrível. É simples, leve. Era como se o mundo parasse naqueles instantes e só existisse nós dois. De fato, foi o que aconteceu. Daquele dia em diante, não consegui ocupar meu pensamento com mais nada senão em ter aqueles minutos, horas outra vez. Pra minha surpresa, tivemos um final de semana que nunca imaginei ter, e sinceramente, acho que não saberia como descrever também. Só sei que cheguei diferente de manhã no trabalho. Mais bem disposta e feliz comigo mesma. Alguns me perguntam o que tenho, qual o tal “segredo”. Outros afirmam que estou apaixonada. Agora sem pretensão de tentar adivinhar ou dar nomes ao que estou sentindo, prefiro me contentar em dizer que estou realizada. Depois de tanto tempo e tantas tentativas, ele conseguiu de mim o que muitos tentaram e não chegaram nem perto. Me fez acordar sorrindo só de saber que estaria ali.

Agora eu entendo o pânico de algumas pessoas com as palavras “se apaixonar”. Fiquei tanto tempo sem saber o que era isso, que quando ouvia alguém falar achava algo normal, mas que eu não dava a sorte de acontecer comigo. Nunca entendi a maneira da maioria de encarar a situação como algo negativo. Costumava dizer que as pessoas tinham sorte de se apaixonar, que eu queria lembrar o que era isso de verdade. Sempre achei lindo poder gostar de alguém, essa coisa de renovação, sentir um friozinho na barriga ao encontrar a pessoa, voltar a ser menina de novo. Ouvir música e só pensar em uma pessoa, escrever com um personagem principal como foco. Acho que quando ficamos muito tempo sem sentir nada, quando acontece sentimos dez vezes mais. Pelo menos é o que parece. Não me lembrava mais como era sofrer esperando por uma ligação. Aliás, pra ser sincera, nunca fui boa com essas coisas. Não sei jogar. Acho uma idiotice querer brincar com a própria vida e os sentimentos, porque muita gente não sabe brincar e a brincadeira acaba não saindo da maneira mais divertida. Brincar com coisa séria pode doer, e talvez por medo dessa dor eu tenha me escondido na minha armadura. Como se isso fosse me proteger de alguma coisa. Não acho que tenha sido a melhor escolha, mas faz parte também. Sentir nada é bom às vezes, a gente aprende a valorizar quando se sente algo especial. Quanto a ser correspondido ou não, isso é um detalhe. Não parece, né? Mas é. Antes eu me importava mais com o que o outro iria pensar do que com o que eu mesma sentia. Grande engano. Pra você estar apaixonado e ser feliz de verdade, ser somente correspondido não é o suficiente. Antes de tudo você precisa aprender a lidar com o sentimento. Esse é o principal desafio, que muitos nem tentam desvendar. Não esqueça, pessoas se vão, mas você e o que você resolve fazer consigo mesmo, fica. O segredo é, antes de tudo, se compreender. Só assim você poderá compreender o outro pros dois saberem o que fazer a respeito pras coisas darem certo.

Eu tinha visto nele a calma que eu precisava em alguém. Eu não aguentava mais representar, me encher de álcool e festas fingindo que estava tudo bem, quando na verdade o que eu mais queria é ter um braço pra me apoiar. Ter um abraço que me faça parar o mundo, como há muito tempo não fazia. Não tava aguentando mais agir diferente do que eu queria, do que eu podia. Eu tinha visto nele, a oportunidad
e pra ser feliz de novo. Não me pergunte o por quê, essas coisas não tem explicação, a gente sente. Não foi o primeiro, nem o último que eu conheci de uns tempos pra cá. Mas foi o único que marcou de um jeito diferente. Não é o mais bonito, o com mais dinheiro, nem tem nada que chame tanta atenção. Acho que o que mais me atrai em meio a isso tudo é a tranquilidade que ele me passa. É uma calma ainda que intensa, é uma intensidade calma. Contraditório, e ao mesmo tempo muito coerente. Eu queria e ponto. E queria muito. Não era mais capricho, era certeza. Mesmo sabendo das dificuldades que existiriam, mesmo sabendo da distância, a verdade é que todo resto ficou muito pequeno comparado ao bem que ele me fazia. Ele era totalmente diferente de tudo que eu já conheci. O foco dele pras coisas, o jeito, a importância que ele dá pros pequenos gestos, o cuidado com a família, com o futuro. Nunca vi um cara tão certo do que queria. Ao mesmo tempo que eu ficava encantada, isso me assustou. Assustou de um jeito bom, me brilhou ainda mais os olhos e me tornou mais exigente comigo mesma. Ele era uma incógnita na minha cabeça. Sempre soube como agir, e dessa vez, me senti perdida, sem jeito. Não sabia o que falar, como procurar, sem ferir o espaço dele ou parecer que não me importo. Todo cuidado me parecia pouco. A minha vontade era de tocar lá na porta dele e falar pra gente não perder mais tempo. Era de deixar claro que o amanhã não me interessa, que a gente vive no presente. Que a cada mensagem que recebo ele arranca um sorriso do meu rosto. Que quando lembro dos nossos momentos juntos eu tenho vontade de parar no tempo. Eu queria olhar nos olhos dele e dizer o quanto ele era especial, mesmo sem que ele sequer imagine. E que a cada vez que nos falamos, meu coração bate mais forte, de um jeito que a distância entre Rio e São Paulo se torne tão curta quanto o caminho que eu faço todo dia entre meu trabalho e a faculdade. Não sabia o que falar, como falar, nem se deveria falar. Mas de alguma maneira, agradeço por poder sentir.

Odeio essas pessoas que tentam deixar um gostinho de quero mais... E conseguem.