Bolero de Ravel Carlos Dummond de Andrade

Cerca de 136530 frases e pensamentos: Bolero de Ravel Carlos Dummond de Andrade

Niguém pode se queixar
de não ter um amigo,
podendo ter um cão.

Inserida por Larykelly

Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.

Marla de Queiroz

Nota: O pensamento costuma ser erroneamente atribuído a Clarice Lispector. Acredita-se que a confusão aconteça pois a poeta Marla faz uma referência a Clarice em seu texto.

...Mais
Inserida por claralacerda

Suponho que nunca teria visto um homem; não sabia, portanto, o que era o homem.

Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881).
Inserida por milenasoares

Eis a mulher amada! Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas.

Inserida por scaleno

Que náusea de vida!
Que abjecção esta regularidade!
Que sono este ser assim!

Inserida por lobothais

Beleza é fundamental.

Vinicius de Moraes

Nota: Trecho da poesia "Receita de Mulher", de Vinicius de Moraes.

Inserida por mgc

A melancolia compõe-se de oscilações morais, das quais a primeira atinge a desesperação e a última o prazer; na mocidade é o crepúsculo matutino, na velhice o da tarde.

Inserida por gtrevisol

A influência exercida sobre a nossa alma, pelos diferentes lugares, é uma coisa digna de observação. Se a melancolia nos conquista infalivelmente quando estamos à beira das águas, uma outra lei da nossa natureza impressionante faz com que, nas montanhas, os nossos sentimentos se purifiquem: ali a paixão ganha em profundidade o que parece perder em vivacidade.

Inserida por gtrevisol

(...) e aí estás tu privado de Deus. E recusado. Vejo-te sentado no portal, tendo atrás de ti a porta da tua casa fechada, totalmente separado do mundo, que não passa do somatório de objectos vazios. Porque tu não comunicas com os objectos, mas com os laços que os ligam.
Como é que havias de subir até aí, quando te desprendes disso com tanta facilidade?

Inserida por gtrevisol

Mas para isso precisaria de um gênio criador, porque teria de carregar o homem de qualquer coisa, da mesma maneira que eu o carrego de uma inclinação para o mar que fará dele construtor de navios. Só assim cresceria essa árvore que depois se iria diversificando. E ele havia de pedir de novo a canção triste.

Inserida por gtrevisol

Já me não entendo com essa gente dos comboios suburbanos; esses homens que homens se julgam e que, no entanto, como as formigas, estão reduzidos, por uma pressão que não sentem, aos hábitos que lhes criam.

Inserida por gtrevisol

Que hei-de eu fazer dessas alforrecas que não têm ossos nem forma? Vomito-os e restituo-os às suas nebulosas: vinde ver-me quando estiverdes construídos.

Inserida por gtrevisol

Data daí a opinião particular que tenho do canapé. Ele faz aliar a intimidade e o decoro, e mostra a casa toda sem sair da sala. Dois homens sentados nele podem debater o destino de um império, e duas mulheres a graça de um vestido; mas, um homem e uma mulher só por aberração das leis naturais dirão outra coisa que não seja de si mesmos.

Machado de Assis
Dom Casmurro (1899).
Inserida por rodkalenninfe

Pátria brasileira (esta comparação é melhor) é como se disséssemos manteiga nacional, a qual pode ser excelente, sem impedir que outros façam a sua.

Machado de Assis
Gazeta de Notícias, 8 maio 1892.
Inserida por julianemaciel

As glórias de empréstimo, se não valem tanto como as de plena propriedade, merecem sempre algumas mostras de simpatia.

Machado de Assis
Gazeta de Notícias, 16 out. 1892.
Inserida por julianemaciel

Não seria propriamente um efeito da arte, concordo, e sim da natureza; mas que é a natureza senão uma arte anterior?

Machado de Assis
Gazeta de Notícias, 18 nov. 1894.
Inserida por julianemaciel

⁠Difícil ser próximo de quem está perto.

Dançamos; dançamos valsa, salsa, bolero; aqueles sentimentais, que pareciam compostos pelo que vivemos; trilha sonoras de nossas vidas. Dançamos samba; eu observava os teus remelexos, teus trejeitos, o teu decote, o teu corpo... acho que falei do brilho dos teus cabelos mechados, do teu batom de framboesa, acho que elogiei teu perfume, teus sapatos de couro de cobra, encantei-me com a ametista nos teus brincos de ouro branco, tua saia de viscose, tua gargantilha de ouro, acho que mencionei os lustres do ambiente, a neblina que escorria pela vidraça, as bebidas coloridas nas taças, que mais pareciam ornamentos às mesas. Rimos dos casais que perdiam a compostura, de uma ou outra gafe, de alguém que escorregou na pista; acho que declamei um poema, um daqueles que você gostava, mas nunca se lembrava e acabava engolindo um ou outro verso; mencionei o último hit de Adele, a sensibilidade de Cecília, a amargura melancólica de “O RETRATO” esperei tanto por aquele momento e tanto fantasiei; tanto te falei, mas nada disse; mas será que eu tinha mesmo algo a dizer...?

Meu amor foi tão sincero
que nem ela acreditou,
e ao som de um bolero,
em devaneios fraquejou.
O ciúme é uma tormenta
tempestade em alto mar,
represa que arrebenta,
e o sentimento pode afogar.
Quero a paz da madrugada
chega de aturar ingratidão,
nessa noite tão estrelada,
tenho de volta meu coração.
Agora vou dar um tempo
em sonhos e fantasia,
até o total esquecimento,
do que restou dessa agonia.
Vou viajar na poesia
chega de contestação,
falar de amor e alegria,
desejo e muita paixão.
Em minhas horas vadias
em bares vou encontrar,
violão, mulheres e boemia
para a saudade matar.
Vou ver decotes ousados
e lábios cor de carmim,
voltar aos anos dourados,
que por amor esqueci.
Beijar na boca fogosa
de quem só pensa em viver,
querendo ser uma rosa,
para quem queira colher.
Cantando a mesma canção
que tanto te encantou,
vou despertar a emoção,
que teu ciúme apagou.
Em belos motéis coloridos
vou passar de mão em mão,
ouvindo falsos gemidos,
embriagando-me de ilusão.
Então quando a loucura findar
regressando a realidade,
irei desesperado te procurar,
quase morto de saudade.
Sob a luz do teu lindo olhar,
temendo que digas não,
teu perdão irei rogar,
porque és minha paixão.
Te darei uma bela rosa,
em teus braços irei jurar,
que na vida caprichosa,
para sempre irei te amar.
E da lição que o mundo
tristemente me ensinou,
não esquecerei um segundo,
que nada substitui teu amor.
De meus sonhos a única realidade é que te amo de verdade.

Bolero de inverno no cerrado

No cerrado, seco, o sol da manhã
Nos tortos galhos, o ipê, a cortesã
De um inverno, em uma festa pagã
Desperta o capricho do deus tupã
Degustando a aurora tal um leviatã

E numa angústia, o orvalho, num afã
Do céu azul, num infinito, de malsã
Craquela o dia no seu tão árido divã
Do duro fado, tão pouco gentleman
E tão árido, tal uma agridoce romã

E vem o alvor, com o frígido de hortelã
Bafejando poeira cheia de balangandã
Tintando a flora em um rubro poncã
Zunindo o vento tal um som de tantã
Num bolero ávido por um outro amanhã...
São gemidos, uivos, sofreguidão
Correndo pelo sulco do cascalhado chão
Emergindo desse pântano, ressequida solidão.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 27 julho 2018
Brasília, DF

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp