Bebi
Índice Poético
Meu Deus,
Me perdoe
Porque o vinho que bebi em dezenas
Me deu um tapa
E pela madrugada
Em metamorfose
Eu vi o corredor
E entrei nele de cabelos longos
E o dragão que habitava nele
Chamuscou meus fios
E eu
Em transformação
Fui à vidente
Para decifrar as linhas
E ela nada me disse
E virei vatapá
Mistura
E no compasso de tudo
Num vôo sem direção
Eu fiquei envidraçada
E a partir de um todo
A verdade
Se perdeu
Em uma história sem fim,
Dentro de uma taça
Onde escorre a vida
E tudo é
Refluxo
Do que vivemos.
Livro: Não Cortem Meus Cabelos
Autora: Rosana Fleury
Na madrugada que te perdi
Nem bebi,nem chorei, esperei.
O alvorecer do dia, nublado
e chuvoso,o meu pensamento turvo
desconectado da realidade queria sorrir
O VINHO DA JUVENTUDE ESCARLATE
O vinho que eu bebi em sua boca me enlouqueceu.
Era de uvas frescas colhidas em tempos da juventude escarlate.
Em tempos que o trem apitava ao longe anunciando sua chegada.
Eu na estação à procura...
Não era mais o menino de alma singela e pura,
mas o homem esbelto com seu paletó aos ombros,
em busca da menina de tranças.
E eu não mais a criança!
Não mais o vestido floral.
Era um tempo de estio, não mais um jardim estival.
Jardim que juntos plantamos para selar nosso amor
de criança...
Hoje quando o trem apita, ouço da vida um prenúncio:
Não mais o trem que chega, e sim, avisa sua partida.
E bebo o vinho embriagante da sua boca, na lembrança.
As nuvens da minha dor dissolveram-se e bebi na luz. Com os meus pensamentos recobrados virei-me para examinar a face da minha médica. Girei os olhos e os fixei nela e vi que era a minha enfermeira, na casa de quem eu fora cuidado desde a minha juventude – a Filosofia.
Esse vinho de sabor a rolha,
bebi-o todo.
Sorvi beijos delirantes na boca
daquela garrafa menstruada,
fiz amor com aquela que, para mim,
era a mais bela e barata das poesias.
A fantasia bastava-me. Ah…!
Se não fosse o delírio bêbado,
qual seria o meu consolo,
o meu conforto, o meu abrigo?
Maior tortura do que morrer,
seria viver, ou pensar na existência,
ou recordar o que ela foi.
Qualquer um choraria esta infelicidade
se vivesse dentro dela… Mas eu não,
eu prefiro acalmar a alma com versos tintos.
Assim, tudo o que tenho para recordar
é deliciosamente esquecido.
Sinto pena das pobres almas bem vestidas,
que calçam passos apressados e doidos
na direção do metro, das suas casas para o trabalho
e do trabalho para as suas casas.
Essa multidão que corre e não me repara,
nem desdenha, esses são os verdadeiros tristes falidos,
as verdadeiras almas mortas.
Esses corpos fabricados pelos convencionalismos
saturam o ar com a exuberância superficial dos seus perfumes,
que não impedem a propagação do real cheiro podre de si mesmos.
As suas más caras, imersas em máscaras de maquilhagem,
instintivamente recordam-me palhaços,
só que estes não fazem rir. Coitados… Dão pena…
Debruçados, carregando nas costas
todas as obrigações que o quotidiano obriga,
amaçados pelo tempo que se vai estreitando
cada vez mais, e cada vez mais esses filhos do tempo
vão morrendo, suicidando-se passivamente,
parecendo felizes nos negócios, com avultada fortuna,
casamento consagrado e várias propriedades magníficas.
Enfim… Ridículos! Ridícula dormência.
Nas montras tudo os atrai, tudo se vende e tudo se compra.
Esquecem-se que os vendidos são eles,
e que o que gastam não é dinheiro, mas tempo de vida.
Fazem daquilo que possuem, o que são,
afinal, se é isso que lhes ensinam,
como poderia ser de outra forma?
Mas, quem sou eu para iniciar a revolta
contra os princípios-modelo da sociedade capitalista?
Comprem! Comprem mais! Gastem mais!
Sejam ignorantes completos das coisas da vida!
Trabalhem, coisifiquem-se suas máquinas-objeto!
Morram sufocados pelo ocultamento de vocês mesmos!
Sejam infelizes!
Para todos os efeitos, sou um mero bêbedo que ninguém vê e ouve…
A verdade é esta: está frio e é noite, as ruas estão húmidas da chuva.
Onde irei dormir hoje? Penso demasiado…
Preciso de vinho.
Sabe aqueles dias que parece que nada segura?
Acordo e a primeira coisa bate
Bebi demais, falei demais, contas demais
Não sei se passo de...
Hoje pensei em te dizer tanta coisa
Vi alguém que lembra você na rua
Penso demais, tanto demais, já não sei mais
Eu que fui com tanta sede ao pote ... bebi tanta água que viciei... agora pra matar minha sede não é qualquer um ..não é qualquer água... tem que ser a água que jorra da tua fonte de prazer ...
🎼Bebi teu desprezo, engoli meus ciúmes, bebi tua ira, cortei minha língua com uma faca de 2 gumes.
Chorei o teu descaso, lambi minhas ferida, foi apanhando da Gira que encontrei minha saída.
Não venha me falar de piedade e compaixão. Todo esse veneno transformou em gelo meu coração.
Saudade...
Foi o que eu bebi
O resto da semana inteira.
Saudade.
É sempre o mal de quem fica.
Saudade...
É dor cortante por dentro.
Uma maldade
Sentir o toque,
O cheiro,
O afago
De algo distante (...)
Saudade
É ver você em todos os lugares,
Em todos os cantos
Todos os olhares.
É ouvir sua voz de longe...
O seu sorriso
Num alguém qualquer...
Saudade
Deveria ser proibida
Para sentimento humanos.
É uma dor
Que me corrói
E me destrói.
Existem sim
As saudades boas,
Gostosas,
Esperançosas.
Mas essa... especificamente
A que sinto agora
É a saudade
Da demora.
Saudade, 03 de Agosto de 2017
Gosta de coisas tão simples como eu
Bebi do que já bebeu
Gosta de contar história
E eu conto quem que perdeu
Um alguém como você
Quem teve a sorte fui eu
À Mesa da Vida -
Hoje comi cansaços à mesa da vida
bebi silêncios de folha caída
esperei um amor que afinal já não vem!
Ontem a minha infância que triste memória
parecia distante, tão longe essa história
mas sinto-me só, dos seus olhos refém!
Trago no coração tanta mágoa perdida
trago a minh'Alma à mesa da vida
não vejo o caminho, não tenho ninguém!
Ai os meus sonhos são tristes e vagos
folhas caídas à margem dos lagos
o vento as levou e a vida também!
Não entendo certas pessoas, tem hora que está com depressão, outra hora já está com um copo de bebida alcoólica na mão. Talvez isso seja a resposta o porquê você nunca é feliz.
Eu não estive só,
mas bebi,
rouca e inerte,
no cálice da solidão.
Sigo, por vezes, calada,
adornada de loquaz verniz.
Alternando períodos,
Simples ou compostos,
Vibrando, sempre,
a emoção de uma aprendiz.
Eu nunca usei drogas
Ou bebi, a ponto de perder a razão.
Mas já amei demais,
Deve ser a mesma sensação!
você é minha saudade.
você é a saudade que me
leva a beber.
beber cachaça nunca bebi,
vodica também somente já
experimentei, e não gostei.
mas precisei dá um jeito
de afogar minha sólidão.
minha saudade me propõe
uma viagem sem destino,
sem lenço, sem documento
somente de bagagem vazia.
ao chegar em uma determinada
cidade que desconheço,
hospedande-me em um hotel,
pedi uma dose de uísque e
o garçom logo me serviu.
eu bebi... bebi e depois de beber pedi outra dose. o garçom trouxe varias no mesmo copo, para eu tomar, pois ele percebeu que uma só nao ia fazer efeito.
então ingeri mais uma vez, uma grande quantidade de uísque.
mais eu fiquei um pouco lúcida.
mas eu bebi tanto, tanto uísque, que embriagada eu fiquei, até parecia que eu não ia mais viver, e que eu ia ser uma defunta. mas vivi... pois os goles que eu dei não foi para morrer, mas para aliviar os maltratos
outro dia chato compondo minha vida
Eu bebi uma garrafa
Eu tentei ficar sóbrio rumores começaram a se espalhar dentro de mim o dia acordou gritando ,algo me irradia revela-se refinarias de sal cósmico em queda
alguém decidiu que eles viriam passear em outros espaços profundos,e não consigo juntar as palavras quando te encontro.
Madrugadas de Lisboa -
Na fria madrugada de Lisboa
meu berço de saudade à beira mar
bebi o cálice do fado, fui à toa
andando p'las vielas sem parar.
Há guitarras a rasgar o coração
esperando de Lisboa num desejo
as colinas são lamento e solidão
nas noites que adormecem sobre o Tejo.
Eu vejo o teu olhar em cada fado
eu sinto-te Lisboa no meu peito
meu corpo como a rua tão pisado
silêncio que adormece no meu leito.
Lisboa porque corres onde vais
à hora de cantar a tradição
que alguém deixou um dia pelo cais
pairando no teu cais de solidão.
Ouvi Legião,
Ouvi Tim
E Djavan...
A semana inteira eu bebi saudade de você.
Morri na segunda, renasci na terça-feira
E o ciclo se fez contínuo assim,
Te odiei e te amei
Tudo ao mesmo tempo.
De vez.
Longe de você vi que tudo ao meu redor
Está manchado com seu toque.
E com as lágrimas que ficaram
Pintei um quadro de tudo que vivemos.
Queria te olhar nos olhos,
Pedir desculpas, dizer que nada disso aconteceu...
Pedir perdão por ter medo
Do que poderia vir a acontecer
Sem nem ter acontecido.
Do que poderia se tornar.
O medo me consumiu...
Medo de não querer te magoar,
Já magoando.
Nossa relação é muito preciosa
Pra arriscar com meus medos
E possíveis devaneios.
Tudo até aqui foi puro e genuíno,
Saiba disso.
Enfim,
É isso...
Você está em tudo
E preciso lutar contra mim mesma
Para arrancar o que sobrou.
Ciclos, 14 de março de 2024
Andressa Muniz