Valter Bitencourt Júnior

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Dia de hoje

No outro rumo,
No amor, a separação
Te torna uma mentira
Ingênua, convencional
Que te consome e absorve
Até tu te integrar
Por inteiro
Por um ser
Que te enlouquece,
Te aquece,
Te adora
Dos dedos dos pés
Deslizando até o pescoço
Te alimenta
E cresce contigo o fogo,
Faz dos brancos das nuvens
Inesquecível rascunho
Desse esplêndido
Dia de hoje!

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

À flor da pele

Onde foram os espelhos
Da comparação
Pra me fazerem
Lembrar o passado lasso,
Ver todas as diferenças
Retratadas
A beleza é uma quimera estética
O que vale é o que reflete
Por dentro.
Manchas rubras se derramaram
Nesta terra
Nossa raça é cerúlea
Por ironia.
Somos de garbo,
Vencemos muitas prendas!

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

Felicidade

Só quero seu sorriso
Transbordante nas areias
Cristalinas, feito um raio
A cegar os meus olhos,
E sentir na chuva da
Primavera você brotar
Como uma flor rósea!
Quero retomar você…
Em poesias, em seus dias
Rotos.
Quero no espelho
Ver você sorrir pra mim
E para todos feito um reflexo
Encharcando o dia de uma
Grande aurora.

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

A questão é que nem todo preso vão terem recursos para pagar a própria cadeia, principalmente os que vivem na rua e são marginalizados pelo sistema e boa parte da sociedade.

Amor vagabundo

O seu corpo molhado
Banhado por cachoeira,
Sua pele macia
Entrelaçado a minha!
Laço árduo...
Corpo quente...
Beijos ardentes...
... Alma inspirada!
...
Aonde vai voando
Deixa-me lasso?

Alma

Entra em meu corpo ingênuo
O aroma da natureza
E bate uma serena guerra
Profundamente!
Entra em meu corpo singelo
Umas das grandes sensações
Divinas
Purificam a minha alma oculta,
E no final pergunto
O que é alma?
O ar me deixa sem respostas.

...

Sobrevoo na plenitude.

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

Desgraça alheia

O nariz corroído,
Os pulmões manchados
Por fatores poluentes;
Por fatores químicos,
Cérebro em tumores,
Enxaqueca, ilusão,
Esquizofrenia, delírio,
Ironia, overdose, alucinações,
Suor, tentativa de cura,
Abstinência… Dores,
Tormentos, internação,
E na saída nunca é o mesmo,
E na volta dos vícios
Um finado…

Fugitiva

Sinto-me o sol
Quando o tempo me aproximar
Porém, fugitiva,
Não te aproximas
Para não te queimares
Louca paixão!
Que enlouquece
E revira
O meu ser solitário!

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

Luz do dia

Desvenda-me como um poeta.
Na minha vida
Jamais avistaria isto
Neste meu ser crítico, lasso, lamentável...
Farei com que a poesia entrelace
No meu ser triste,
Pra que possa avistar sentimentos abstratos
A que não dou mínima importância
Que, no fundo, é uma alexandrita
Quando na luz do sol o seu verde
Traga-me esperança
Na luz artificial da noite o seu vermelho
Dê-me amor!
Oh! Luz do dia dê-me
Do meu ser poeta
Um dia de alegria
Pra que possa
De verdade amar
Meus semelhantes.

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

Mesmo que distante

Trilhar um longo percurso
Na busca da essência.
Vê-la distante, e acompanhá-la.
Assim… Querer-lhe perto

Em cada momento.
O desejo faz parte de quem
Tanto se quer, e quando
Se quer, vai na busca

Vou partir… – em sua busca,
Somente não sei qual destino tomar.
Não desistirei em momento algum.

Lá, em algum lugar a encontrarei
Para matar a minha sede
E a minha angústia.

Valter Bitencourt Júnior
Passagem: Poesias, 2017

Pegada

Meu peito é nada mais nada menos
Que um mar de ondas.
- Vai e vem pelas areias
Sem fim. Meninos pequenos

A construir castelos, e a criar
Em suas imaginações, dragões
E eu com a minha amada, a beijar
O tempo... E peixes por entre rufões

Águas marinhas a fazer o encanto,
Conchas a espalhar-se pelo chão,
E o vento a fazer do meu peito lamento

Minha amada partindo, vai paixão,
Nada posso dizer vai, deixando pranto
E assim acordei do sonho, presas no coração.

Injustiça

Vem em forma de bicho feroz,
Dirigido por um ser subordinado.
Por que devoras sonhos
realizados
Se a minha vida é o meu trabalho
Agora destruído?
Joga meus esforços
Por água abaixo,
Injustiça!
Nessa vida me sinto perdido,
A maré me sufoca,
Os pássaros me beliscam,
Os meus olhos já não brilham...
O que me resta,
O que me falta
Nesses duros e cansados dias?

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

Monólogo

Gostoso é o nosso
Expressar:
Íntimo, quente, prazeroso, suave...
Nos lastimáveis momentos
Subitamente nos afastaremos
Para não fustigar as flores
Para não romper as rosas...
Quero enfatizar o amor,
Fantasiar a nossa vida.
Rapidamente não te avisto
Bato-me com os dentes
Faz-me derreter os olhos,
Não conseguindo
Avistar beleza.
E faço a minha vida
Um monólogo
Sombrio sem respostas.

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

Muitas das vezes as pessoas se apaixonam pela beleza externa e esquece de que tem de conhecer a beleza interna também, o belo é uma questão de vista, principalmente quando ele é externo, conhecer a beleza interna é ir além, é enxergar a alma do outro.

Coisa da vida

Atrás da porta, mãos no joelho
Coração batendo.
Mistura de todas as cores,
E seus olhos a vê a sintonia,
De cada matiz. Espaço fechado,
Gelo, em seu mundo.
Suave... Cortinas voando,
E folhas farfalhando.
- Pára fecha os olhos,
Não sente? - Cuidado,
É melhor não andar.
- Eles estão em fúria,
E não bem se sabe o que querem.
Precisam regressar para outros planos,
Antes tem de concretizar
O que o destino não concretizou em vida.
- E você, tem de fazer isso,
A seta pede, e nada mais pode fazer.
Excesso de barulho, mão no ouvido,
Problema de concentração,
Erros, desenhos de arco-ires,
Mas poderia ter sido o cara da reunião,
Que morreu, e não foi,
É foi bem melhor fazer nuvens, pessoas
Dando risada. - E aquela pessoa ali?
Não, nada pode fazer.
O último ser estragou tudo.
E nas, ruas o rotulo de doido.
Isolamento, pressão psicológica, agressão
Cicatrizes, e nada pode ser dito.
- Eles estão por toda parte!
- Eles circulam, e poucas pessoas veem!
- Eles estão entre os vivos!
É preciso calar, ficar calmo,
Arrepios, calafrios, são eles.
Na igreja, santos pego
Para o acampamento, rezas,
Na busca de se libertar.
Latim, sinais de cruzes.
E muito frio, em um tempo de
Temperatura alta.
- Mas, é o destino,
Quem mandou,
Foi nada mais nada menos que o destino,
E a sina é dar continuidade,
Para que possa partir,
Precisa fazer o que não conseguiu fazer em vida,
E salvar outra vida,
Que ainda não partiu.
- Você somente precisa fazer isso.
Em todos os cantos vestígios,
Precisa escutar, vozes, e vozes
A confundir a mente,
Gravador, ligado, ultima gravação
Sobre um paciente,
Repetição, e repetição, cortes
A busca de algo, que possa
Solucionar o caso,
Pode ser um caso de esquizofrenia,
O paciente pode necessitar de medicamentos,
O quadro é sério, ou não!?
Nunca se sabe.
Energia a seguir por entre dois polos,
E quando tudo parecia que estava perdido
Que de fato pode acreditar.
Hoje morreu um jovem,
Depois de ter se debatido, e se mutilado
Não bem se sabe o motivo da sua morte,
E o único que fez toda a gravação
Foi tido como louco, e se matou
Depois.

Boa noite

Boa noite, para todos estes grilos barulhentos
Que não me deixam dormir, e vivem na minha janela
A fazer barulho, como se fosse as cigarras das 18h da noite.
Boa noite, para todos os que vivem acordados,
Na internet, ou quem sabe esperando o jornal da 0h,
Prestes a virar um lobo, e a sair uivando por aí.
Boa noite, a todos os bêbados, que vivem a embriagar-se por aí,
E nem sempre encontram o destino de casa, estes também são humanos.
Boa noite, para aquele que está pensando na amada altas horas da noite,
E baforando o cigarro para o ar, prestes a sufocar quem encontra-se
No seu lado. Não importa, o que você tanto está pensando neste exato momento,
Se você quer o meu bem ou o meu mal, boa noite,
Para todos os que vivem, e querem continuar vivendo, deslocando-se
De um lado para outro feito ciganos,
Ou quem sabe um aventureiro qualquer, a subir montes, e filmar na noite
A beleza, que não dá para ser vista pelo dia,
Que pode raiar a qualquer momento,
Mas, há quem diga que a noite é longa. Boa noite, para aquele casal,
Que está se beijando faz 4h, e não está nem aí, para a crise,
- E que crise? Qual? Boa noite para o churrasco noturno, para o Uísque,
De cada noite, para a Vodca, para a cerveja,
E a todos que estão se divertindo, ouvindo música com letra de múltiplos sentidos,
E os compreendo, a vida não foi feita para levar tudo a sério.
Boa noite, para o galo, que está dormindo, e que vai cantar às 5h da madrugada,
Para que o homem do leite acorde...
Boa noite para todos as prostitutas, que estão doidas, esperando alguém que
Pague uma noite de amor, para depois, pagar o imposto, boa noite
Para todas as pessoas boas, boa noite, para todos os profissionais, que vão levantar cedo
Para pegar o ônibus lotado.
E a vida sempre vai seguindo, e em cada momento, vai passando, e sendo
Transmitido que todos se amam principalmente quando
Se é noite. Boa noite, para as mulheres do brega, para as mulheres nuas
Como o tempo, a mostrar a pureza e beleza, natural,
Boa noite, para todos que buscam compreender a vida, e se sufoca,
Numa dose de cachaça, feito um filósofo louco,
Boa noite para o meu próprio ser, porque eu também mereço.
Um brinde para o meu ser apaixonado,
E para o seu ser também.
- Boa noite!

Valter Bitencourt Júnior
Passagem: Poesias, 2017.

Meu ego

Quero muito mais
Do que um café com açucar,
Quero um café amargo,
Que penetre em minha
Memória, e leve-me além,
Muito além da minha
Imaginação.
Ou quem sabe uma dose
Qualquer,
Que rasgue a minha garganta,
E faça eu dizer
– Coloque outra,
Hoje chegarei em casa embriagado!
Quero muito mais do que beijos,
Cafuné, um simples consolo
De que nem tudo é como
Deve ser, que tudo pode mudar
Ao longo do tempo,
E que o tempo sabe falar,
E quando fala é sábio.
Quero muito mais do que uma pedra,
A argumentar o que se passa no
Mundo – não quero saber de nada!
Quero tudo o que eu tenho direito,
Quero principalmente o coração
Do universo, quero tudo
Para depois entregar-lhe de presente,
E doar-me a você.
Quero muito mais, e o seu querer,
Quero o seu querer,
E juntos vários quereres a se
Complementar – eu e você!
Quero tudo àquilo que for puro,
Quero a água da cisterna
Para beber,
E depois me benzer,
E seguir em frente.
Quero que a minha mente
Regresse apenas
Para ver os melhores momentos
Da minha vida, e quanto aos piores,
Ahhhh, quero sorrir, e dizer,
Que muito tenho vencido na vida.
Meu eu egoísta, quer muito mais,
Quero o que de fato me pertence,
Quero possuir o que de fato me
Pertence, ou tudo àquilo
Que creio eu me pertencer:
– Quem sabe o seu amor?
Oh, vida, de quimeras!
Um asilo já não nos caberia
Mais.

Valter Bitencourt Júnior
Você Pode: Antologia, 2018

Sede

Quero uma poesia que penetre em minh’alma,
E me faça por entre lágrimas
Sentir o gosto do riso:
– Nada foi perdido!
Quero mais que uma poesia,
De amor, – não quero poesia
Sem lâmina, sem sabor,
Sem cheiro, sem sangue,
Sem o pulsar de coração,
Sem elementos de vida,
De esperança. (Quem sabe apenas
Um ponto – o silêncio,
Menos suspiro e reticência
– ataque fulminante).
Quero mais do que palavras,
Quero o abraço que faça-me
Perder o fôlego, me sentir ofegante.
Quero licença poética,
E quebrar a censura, e ser livre
Para poder mandar alguém
Para onde eu quiser,
E também ser mandado
Ao bel prazer.
Quero o “vá ser livre”,
E “vamos sermos livres juntos”
(E que a liberdade não nos separe),
Quero a vírgula fora do lugar,
Só para confundir
E ser confundido.
Quero poder falar na forma
Que eu quero e bem entender,
E dizer que a gramática
Não me contaminou
Por inteiro,
– Quero ser critico
Da minha própria pessoa!
Quero uma poesia
Que sinta a minha dor,
E chore comigo,
Como se hoje fosse
O último dia,
– Hoje já passou…
Amanhã quero um conhaque,
Um cigarro qualquer,
E uma mulher,
Que não viva me fazendo
Juras de amor,
E minta todos os dias
Me amar.
Quero sentir o perigo da rua,
Da curva da poesia,
E da amada.
Embriagado, quero
Mais que poesia,
Muito mais do que poesia.
– Hoje vamos nos divertir!
– Até chegar no espaço!
– Fecha os olhos.
– Esquece esse mundo.
Palavras soltas,
Sem dono,
Em busca de serem encontradas.

Valter Bitencourt Júnior
Você Pode: Antologia, 2018

Beleza

Mulheres que se apaixonam
Por flores,
É mulher
Que se semeia,
E nasce a cantar!
Mulheres de vários amores,
Mulheres sem se apaixonar!

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

A sua boca

Quem sou eu
Para escarrar a sua boca,
Se sou, fascinado
Por ela!

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

Acontecimento da vida

Nunca vi
Nada tão escuro
Como hoje.
Talvez entrara
Em uma ilusão,
E os acontecimentos
Da vida
Ajudaram.

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.

Parte

Rede a expandir-se
Em cada lado um ponto.
Cores formas, sentidos
Quadrados sem aroma.
E toda a sua forma estética,
E sobre cada sintonia
Um caminhado, esbouço,
Traçado, melancolia,
Cerveja, e ousadia.
Curvas, rebolado,
Folhas caindo no chão,
Ventania, cabelo voando,
Meninas e meninos comendo
Algodão-doce, nuvens
Viajando, e o mar sobre ondas,
peixes namorando
Jovens sorridentes, estrelas
Brilhando, retrato partido,
Sendo reconstruído, em cada momento
Versos intercalados, e tantos outros
Elementos.

Valter Bitencourt Júnior
Passagem: Poesias, 2017.

Passarela

Beija-flor a beijar a rosa.
E a menina encantada
Dançando balé, enquanto
Todos estáticos admiravam.
Carro buzinando, garoto
Querendo vender balas,
E outros fazendo malabarismo,
Postes acesos fora de hora,
Prédios que fecha o azul do céu,
Onde a minha visão poderia
Buscar ver algo além…
Rádio ligado em toda parte,
E a música que fica na minha memória
Parece que varia.
Escola a tocar a sirene, estudantes
Indo para casa.
Eu aqui parado a escrever
O que nunca tenho visto
Na minha vida.

Valter Bitencourt Júnior
Passagem: Poesias, 2017

Paz

Porque foram as ramagens de folhas
Que sussurraram vagarosamente
Sem que ao menos pedisse, e livre
Aceitei todo o aroma
Que exalava o vago perfume.
E todo o tecido de lã
Que costurava o vento.
Algodão a voar pelo ar
E um banho de neblina;
Surgia das cachoeiras,
Por entre os seixos, o disfarçar
Do dia, o esconder da beleza por
Entre o róseo de cada instante.
Eu a mim desmanchar por entre
As nuvens, moro por entre os castelos
Suntuosos, preso por entre a prisão da noite,
A minha imaginação pensa
Vivenciar cada elemento...

Sou uma criança, a brincar de barquinho
De papel...

Sinto-me sensível,
Sinto-me fraco,
Quero voar!

Desculpa...

Desculpa!
Se o meu amor por ti
Não é eterno,
Passamos as mãos
Em uma ilusão contínua,
Mas tudo quer dar um basta.
Desculpa!
Se não sei ou não soube
Dar-te meu amor,
Apesar de existirem
Muitos afetos...

Valter Bitencourt Júnior
Toque de Acalanto: Poesias, 2017.