tadeumemoria

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O Deus dos homens não é mulher nem homem

Inserida por tadeumemoria

TRÊS DIAS
Um dia eu morri por três dias
E no paraíso minha tia Zilda ainda falava
De Engenheiro Pedreira como se fosse uma
Daquelas longínquas cidade do faroeste americano
Imaginei que tudo fosse um engano
E no meu sonho vi no jardim do paraíso
Jésse e seu irmão Frank James
Pensei: -que que esses salteadores fazem aqui?
Vi José "Malamuerte" Almada,
Caçador de recompensa
Que apavorava no Novo México;
E um punhado de ladrões de gado
Que sitiavam Tombstone, no Arizona
"O que esses bandidos fazem aqui no céu?
Parecia meio cruel mas ali mesmo no Guandu
No leito caudaloso do rio, os presuntos boiavam
Levando o terror causando calafrio
Era a faxina que o esquadrão da morte
Executava nas cercanias
Muita gente morreu para essa limpeza,
Talvez mais do que devia,
Mas ninguém nada via, ninguém nada sabia...
E pela manhã a sabiá cantava,
As flores floresciam
E tia Zilda aguava as trepadeiras,
As samambaias e as flores do jardim
Cantava uma canção antiga
Como se fosse eterna a vida, e a vida era assim...

Inserida por tadeumemoria

A BADALADABALADADABALAACHADA
AFizera um verso esquisito que chamava de funk
Usava um cabelo esquisito e se dizia punk
Mas durante a madrugada,
Durante a "parada,"
Uma súbita parada, intuía o perigo
Mas naquela onda, chapado tinha uma insana valentia...

A badalada balada da bala achada
Aconteceria para a tristeza de poucos e de muitos a alegria
A badalada balada da rajada

Aquilo não era funk
Aquilo não tinha nada de punk
Mas dançava esquisito aquele som aflito
Cheio de brilhos mas sem nenhum estribilho

Ágata, a gata namorada, amante sem morada
Cecília, a filha sorria suave uma valsa
A dizer "te amo" muda de ritmo, de vida

Mas a rajada, aquilo não era funk
Mas sacudia um balanço, um frio, um sono
Um abandono na madrugada...
Uma sirene gritava um desespero
Mas "já era tarde..." alguém dizia...

Inserida por tadeumemoria

Não fiz nenhum curso,
Não frequentei universidade,
Não mudei de município,
Fui sempre da mesma cidade,
Pouco frequentei escola,
Soltei muita pipa e ainda penso
Que jogo um pouco de bola

E o que vejo na mídia
Tem a dimensão do perigo,
Namorei uma tal de Lídia
Que nunca namorou comigo,
Assim virei poeta
Namorando a solidão
No vulto de muitas meninas
Que existiram nas minhas rimas
Fascinaram como as primas
Mas não passou de ilusão

Inserida por tadeumemoria

No final da tarde de um sábado
tinha um riso meigo,
o Silvio Santos,
os santos de brancos e negros
tínhamos os cinemas
e as praças de Nova Iguaçu;
um olho na mira
e o indicador no gatilho
e a me acolher
a solidão de Del Castilho
foram tantos os enganos
santos e profanos
a ilusão tem sua ternura,
suas loucuras
suas promessas
seus encantos
estou tão sozinho
a rasgar o cetim do passado
no final da tarde de um sábado
pensando amanhã é domingo
e o que foi lindo... se foi lindo, se foi.

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faz um vento frio, tão frio...
daqueles que tira a noção,
sinto um vazio mais vazio
que a própria solidão;
talvez isso seja não ser mais ninguém,
talvez eu seja exatamente isso,
este não ser exatamente nada,
mas este frio é um sinal
de que enquanto eu sentir esse vento
uma força superior conduz esta nau...

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POEMA DE AMOR
Não é tão fácil escrever um poema
Escrever um poema não é tão fácil assim
Você reza três novenas pro santo do dia
E três novenas pra são Serafim

Pensa na namorada que um dia foi embora
Na solidão que invadiu os seus dias
Diga que tudo isso faz parte da vida,
Que no mais, tudo é belo, que tudo é alegria

Então comece falando da beleza do amor,
Do seu sorriso de luz e dos olhos de céu
E se a vida amarga um pouquinho,
Não chega a ser amarga como um copo de fel,

Fale da esperança que você tem,
E se não tem nenhuma, tem esperança de ter
E se você tem ou não tem tudo isso
Um poema de amor você pode escrever...

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SÓLIDA SOLIDÃO
A minha solidão é a multidão
De olhos, bocas, risos,
Falam, proclamam, sentenciam sisos
A minha solidão abandonada
No olhar do mendigo,
Nas suas vestes rasgadas,
Sua pele suja e rugas sugadas;
Estratégia pra viver e pra morrer
Na sólida solidão do seu não ser;
Ninguém o vê, ninguém o olha,
Que ser esquisito!
Se tudo é lindo e o mundo é tão bonito
E sua miséria se perde
Em um ou outro olhar terno
E essa solidão se acabará no rigor
Sem compaixão de algum inverno
E nessa dor se perpetuará minha solidão

Inserida por tadeumemoria

Eu ainda tenho uma certeza: azul é o céu
e a certeza de que estou bem perto
do que é perto de felicidade...

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sempre tive medo
de confissões mais íntimas,
cumplicidade de palavras doces
e acreditar nesse pulsar voraz
deste velho coração ...

Inserida por tadeumemoria

Talvez: define exatamente o que não sou...

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SEM REAIS
Com cem reais eu compro
Dúzia e meia de jumentos,
Cada jumento trabalha por dez homens
E tem apenas um centésimo dos seus gastos,
Com cem reais, por um mês
E quinzena eu os alimento,
Quem precisa de homens,
Se temos vastos pastos
E resistentes cascos;
Com cem reais compro
Não sei quantas rapaduras,
Farinha e centenas de avoantes,
E antes que chegue o inverno,
Viro poeta e aprendo
A sonhar com a invernada
E nada que se diga de seca
Atravessa aquela cerca,
Nada que se fale de estio
Secará meus lagos ou rios
Com tudo isso compro o olhar
E a gratidão de severina
Compro as fantasias
E tudo que ela imagina;
Suas aspirinas e novalgina pra suas febres,
Compro a eternidade e suas utopias;
Mesmo que a seca mate meus jumentos;
Que as rapaduras me tragam diabetes
E o IBAMA me processe pelas avoantes;
Antes de todas as doenças
E todas as sentenças
Serei romântico e farei dez filhos,
Que me darão setenta netos
Aos quais ensinarei que com cem reais
Sob o sol causticante
E ilusões de algum inverno
Compra-se amor e sentimentos ternos
Os prazeres dalguma severina
E a aridez da vida naufraga nessa luta,
Nos sonhos, na fé, nos carinhos divinos
Dessa brisa que Deus acaricia na pele mestiça
E postura valente do povo nordestino

Inserida por tadeumemoria

REFLUXO
tinha a solidão da lua no olhar,
o azul do que não discernia a clarear
o dia e o que não entendia

tinha o perfil suave de uma ave
a planar sozinha e soberana,
era a beleza simples, absoluta e singular

esquece os meus desejos,
os versos, o universo dessas emoções,
a vida é muito mais que uma cachoeira
o fluxo e o refluxo de um rio...

a vida continua depois do fim do mundo
depois dessa represa a vida continua
continua pra quem percebe
que esteve bem perto
do que é perto de felicidade
ficou essa ilusão que nem é ilusão
mas é o suficiente pra romper a névoa
que embaça o pensamento,
sigo firme nessa incerteza
que sustenta o insustentável:
é só desejo que eu vejo, é só desejo...
vem o alvorecer mas a solidão da lua
continua na luz do olhar

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A vida continua depois do fim do mundo

Inserida por tadeumemoria

O nunca habita as dependências das renúncias...

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Há alguns anos atrás por muito tempo eu pensei que podia voar; que seria um condor sobre o relevo fluminense; era uma ideia meio insana; parecia uma debilidade mental e assim fui intimado a uma terapia com um psiquiatra. por seis meses, duas por semana e quatro por mês frequentei a clinica do Dr Jartov hasstoff conceituado psiquiatra de descendencia russa. Passados seis meses e alguns dias, ao chegar na Clínica encontrei-a fechada; uma adolescente que reside no dificio e namora com o rapaz da cobertura, que não quis revelar seu nome , jura que viu jartov pulando da cobertura, mas seu corpo jamais foi encontrado. Acho que Jartov aprendeu a voar...

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Esta leveza de ser leve pesa...

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O mundo é imenso de coisas ínfimas e de carências...

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Ainda não tinha o terminal de ônibus, já faz alguns anos, num daqueles rompantes Laura saiu abruptamente e nunca mais apareceu; cheguei a sonhar com seu rosto adornado surgindo com sua cabeleira dourada sobre a superfície da lagoa numa espécie de medusa; eram pesadelos que me traziam insônias
e me aceleravam os batimentos cardíacos trazendo-me uma espécie de apneia, depois quando eu conseguia me restabelecer corria pra varanda e ficava contemplando aquele véu prateado pela lua; vinham- me as lembranças de histórias mais tristes; visagens criadas pelo tempo, de amores consumidos pelas águas, nas vozes marcantes e inconfundíveis de meus antepassados; era bem possível que para terceiros tudo ganharia um tom folclórico e lendário, mas quem ouvira de suas bocas, dadas as devidas proporções, percebia-se, tudo era verídico. Portanto nunca era surpresa quando um corpo aparecia boiando nas águas da lagoa; mas esse não foi o caso de Laura; não foi o encanto da lagoa ou o desencanto com a vida que a levou. Talvez exatamente o contrário; talvez o encanto com tudo que soprava na brisa e aquele murmurar apaixonante que movia silhuetas quando a lua cochilava sob alguma nuvem; aquele encanto que soprava notas de alguma música, trazendo a ilusão gratuita de que a vida pode ser bela; talvez isso. Meditando assim, perdi a conta das vezes que vi os primeiros raios da aurora, ouvindo feirantes armando suas barracas, na esperança vã de ganharem a vida com a venda de seus produtos. Ganhar dinheiro jamais será ganhar a vida; assim passaram-se os anos, de modo que Laura era uma figura arredia atrás das portas; uma moldura desalinhada que mal suportava a foto desbotada; uma curiosidade que suspirava na minha alma a querer saber onde lhe levara tanta pressa de viver. encontrava sempre alguém que fazia parte daquele grupo que bebia e se derramava à noite, então o sorriso indeciso de Laura voltava a bailar às margens da lagoa como um fantasma teimoso; mas agora eu tinha Mirna, de olhar suave e fala mansa, que me falava de grandes poetas e cantarolava boleros enquanto se balançava na varanda como se a vida fosse eterna.

Numa noite depois de um evento no passeio público, nos dirigíamos à praça do Ferreira, quando num dos bares que tocava em alto volume uma música brega eu a vi, estava sozinha, sentada a uma mesa e ostentava um copo de cerveja que ergueu num leve cumprimento arremedando um sorriso; percebi como ela sofrera a ação do tempo, como o tempo pode ser cruel! Seria melhor nunca mais tê-la visto e ficar com aquelas lembranças bonitas. Agora aquela angústia se sobrepunha e Laura não passava de uma lembrança melancólica.

Inserida por tadeumemoria

Eu queria dizer algo sobre aquele tempo, sobre aqueles momentos, sobre o que conjecturávamos, sobre o que discutíamos, sobre o que discordávamos. Eu queria dizer alguma coisa, quando olhava os teus olhos cheios de promessas e possibilidades, que o teu sorriso tornavam acessíveis; eu queria dizer alguma coisa, quando as luzes de neon da cidade refletiam nas tuas maçãs e nas tuas franjas, e estávamos alheios às vitrines que exibiam objetos de desejos a quaisquer mortais; a vida buzinava, apitava,alarmava, as igrejas badalavam seus sinos; matrimônios e comemorações; a vida se derramava feito champanhe num drink inesquecível e embriagador com muita gente que ria, dançava, falava, olhava comia ia e vinha; era mágico e eu queria dizer alguma coisa... que se perdia em coisa alguma na evolução dos momentos, nesse pulsar indecifrável de emoções que conduz nossos destinos; eu estava sempre ali querendo dizer alguma coisa que se afogava numa surpresa, numa emoção, num novo encanto que tornaria irrelevante e inoportuno o que eu dissesse; eu queria dizer alguma coisa que expressasse o júbilo... eu quis dizer alguma coisa... eu quis sim, eu acho que quis... mas foi só isso.

Inserida por tadeumemoria

Ela disse bom dia
Com ar de simpatia
Ou só por dizer
Logo mais me diria que bobeira
Acho que disse asneiras
Vai chover
Se chover eu lembro do seu rosto,
Se não chover eu lembro
Do seu jeito
De qualquer jeito vou lembrar de você
Amanhã você passa de novo
E me diz algo novo ou não diz
Mas à sua passagem
Tudo é a mais bela paisagem
E o mundo é feliz

Inserida por tadeumemoria

VIDA DIDÁTICA
Eram pilhas de livros: problemas um, problemas dois, problemas três;
Tinha as coisas do arquivo pra se guardar todo mês,
O controle do estoque; do que foi gasto com limpeza,
Nossa vida didática não era assim uma beleza.
Afora a solidão, tinha o Gandhi, espesso e de letras pequeninas
Nunca tive coragem de ler tanta filosofia;
Me encantava mais com os seios e as pernas das meninas
Da confecção, meu coração sozinho perdido nos decotes,
Vida sem perspectivas a fazer e desfazer pacotes
Fui sempre tão romântico na minha solidão,
Fui sempre tão sozinho no meu sonhar
Sempre sonhei na simplicidade de ser feliz por amor, de ser livre por viver...
Gandhi, não aprendi filosofia não, minha vida era didática demais
Os livros que não li empacotei e enchi caminhões
Que conduziram aos ricões mais distantes deste meu país
Minha filosofia era lutar; porquê? eu não sei...
Talvez por Aquela força sutil do amor...
Aquela força sutil e irrefreável do amor...
Aquela força inabalável que soprava na brisa
Depois de um dia de trabalho pensando no baralho
E na companhia fraterna e palavras suaves de ternas filosofias...

Inserida por tadeumemoria

BETH

A verdade é dolorosa, as vezes amarga,

Mas necessária; mas agora

Só por alguns momentos dê-me uma ilusão lilás

Como os olhos de miss Taylor

Quem sabe mais de ilusões...?

Quantos casamentos... mas diante da tela,

Quem era mais verdadeira?

Quero a ilusão púrpura

Como uma plantação de alfazema

Depois me fala a verdade, mas me fala com jeito,

Um sorriso e uma falsa esperança...

Como se eu fosse criança galopando em carrosséis

Fala-me primeiro das pequenas verdades

Dos jardins de infância,

Do jogo de esconde-esconde,

Da verdade adolescendo,

Dos desejos inconcebíveis e gulas da puberdade

O resto eu percebo, minha verdade ficou adulta,

A realidade adúltera, os tons pink da tua presença

Foi sumindo aos poucos no fim do ocaso

Meu anjo você ainda é pura,

Você só carrega uma verdade pesada e muito escura

Mas aquele halo ainda povoa a minha lembrança

E a castidade que reluzia na tua presença

Está nas recordações mais ingênuas do meu passado

Guarda essa verdade só pra você mesmo

Pesa demais ver-te verde, tez de seda, temporã

Sob o plúmbeo peso da realidade e o sol ardente da manhã

Inserida por tadeumemoria

A vida é uma verdade sem sua presença...

Inserida por tadeumemoria

Sempre quis a solidão da lua
que a rua escura...

Inserida por tadeumemoria